Wild World escrita por LivOliveira, Lucas Nicholas Jones


Capítulo 2
Lonely Child




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Eu não sabia de onde eu tinha vindo, como e por que eu estava ali. Eu só era um garoto de seis anos no meio de tantas outras crianças. Elas corriam, eu ficava parado. Elas gritavam, eu ouvia o silêncio. Elas conversavam, eu observava. As pessoas gostava delas, porém, ninguém gostava de mim.  

Naquela época, eu não as culpava por isso. Eu ficava em silêncio, ás vezes chorava para tentar abafar minha dor. As outras crianças, me espancavam todo mês. Sabe qual a parte louca? Não ter motivo algum. Talvez você possa rir sobre isso, é um pouco engraçado o fato de te baterem por você ser diferente. 

Dizem que ser diferente é errado... 

Eu sempre achara aquilo injusto.  

Minha mãe me abandonou em uma lata de lixo quando eu tinha apenas horas de vida. As pessoas disseram que era um ato desumano, impulsivo e inconsequente. Eu pouco sei sobre ela; resumindo, nada. Só sei que é uma mulher, cuja me abandonou no lixo como se eu fosse uma mala velha caindo aos pedaços. Eu não fazia questão de estar com ela, só gostaria que me deixasse em um lugar melhor.  

Eu sofrera de uma doença rara na infância: Solidão. Como uma criança podia se sentir sozinho? Eu me perguntara isso á mim mesmo todos os dias. Á noite, eu chorava. Chorava até os olhos ficarem vermelhos e dormir. Eu achava que chorar sozinho era normal, que todos faziam. Mas eu estava enganado. 

Neste ano, dia 25/07, um casal fora visitar o orfanato. Todos tinham que se comportar,, para que tudo ocorra bem. Eu era o único garoto que estava com o olho roxo naquele orfanato. Era óbvio que eu não iria ser adotado. 

Infelizmente, eu estava enganado - eu sempre estivera enganado, na verdade. O casal me adotou, eu não conseguia acreditar naquilo até entrar em sua casa. 

A mulher - não muito alta, meio curvada, com cabelos louros e sorriso contagiante - se chamava Helena. Ela seria minha nova mãe. O homem - alto, meio calvo e cabelo meio grisalho - se chamava Robert. Os dois tinham um filho, James. O garoto tinha 16 anos e era totalmente insuportável. Ele me odiava, isso era óbvio. Eu teria odiado a família de cara, se eu soubesse o que eles iriam fazer comigo um ano atrás. 

 

      ☩             ☩              

 

No ano seguinte, eu já fazia parte da família. Eles faziam panquecas para mim e brincávamos na neve. Claro que James não. Ele bufava de raiva quando me via sorrir.  

 
 Aos sete anos de idade, meus pais inventaram uma viagem para o Havaí. Era a nossa viagem do ano. Estávamos animados para aquilo. Eu estava. 

Acho que me animei demais.  

Eles não pagaram minha passagem, simplesmente me colocaram numa mala vermelha. 

Eu estava apertado lá dentro, uma sensação horrível. Eu ficava sem ar á cada cinco minutos e tinha que abrir o zíper para respirar. Eu fiquei encolhido, com a perna grudada no peito e com a cabeça apoiada no joelho. Eu me sentira um lixo, inútil e incapaz. Acredito que eles tenham pago propina para os policiais.  

Mas, perceba: se tivessem comprado uma passagem para mim, eles teriam economizado uma boa quantia. Mas, não. Eles queriam falar de algum modo para mim que eu não era útil. E eles conseguiram. 

Depois desse acontecimento, eles me deram um novo quarto na casa: O porão.  

O lugar cheirava á rato morto e urina de cachorro. 

Eles me trancavam naquele porão. Eu só saia dali para ir á escola. Eu gritava, chora e implorava para me tirarem dali. Era tudo em vão. 

Eu já achava o mundo injusto, depois eu comecei á acreditar que todos eram que nem minha mãe biológica, podres. 

Todos e sem exceções. Todos eram podres e egoístas.  

Começaram á me explorar loucamente. 

Na primavera, eu fazia o jardim. No inverno, eu limpava a a neve. No outono, eu varria as folhas secas. No verão, eu montava a piscina ou tinha que abanar eles. James dava sorrisos vitoriosos quando me via correndo por aí fazendo coisas das quais meus pais mandavam. 

Quando eu não os ajudava, eu sempre tinha um castigo. 

 Apanhar. 

Robert me batia com o seu velho taco de golfe até me ver imóvel no chão.  

Aquilo doía. Mais interiormente do que fisicamente. 

Meu corpo se recuperava rápido dos ferimentos e lesões. Mas meu psicológico sempre ficara ferido e nunca melhorara. O que Helena, Robert e James fizeram comigo, mudou totalmente minha vida.Com o tempo, criou um ódio dentro de mim por eles. Um ódio forte e grande. Eu os odiava da mesma maneira que odiava á todos no mundo.  

Confesso que eu pedia para morrer, desejava isso todos os dias. As pessoas me detestavam, por que eu me amaria também? 

Ah, se eu soubesse que seria diferente... 

 
 

"Se eu soubesse antes o que sei agora erraria tudo exatamente igual..." 

 


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