Scream - Survival escrita por The Horror Guy


Capítulo 21
And Then There Were None - Part 1


Notas iniciais do capítulo

9 porquinhos procuram aflitos, um a um.
Até que... depois não havia nenhum.



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O Sol já começava a desaparecer, a luz que adentrava as janelas sumia gradualmente mergulhando a mansão na escuridão que estava por vir. Todos os 9 se aglomeravam no Hall de entrada, ligando as lanternas que, uma a uma, iluminavam o que se via à frente. O Piso velho de madeira, o amplo espaço vazio em que se encontravam, as manchas no teto que sabe-se lá o que eram. Há uns 8 metros à frente, no canto esquerdo, uma grande escada que dava acesso ao segundo andar e a todos os seguintes, subindo em círculos. A Mansão dos Stone possuía 5 andares ao todo, isso sem contar as áreas de sótão. A altura do teto de cada andar era generosa, era de 5 metros e meio em cada piso, provavelmente o teto alto nos andares superiores antes servia para enfeitar com lustres ou coisa do tipo. Mas a área térrea, era de mais destaque, com 10 metros. O Grande e extenso primeiro lance de escadas os aguardava. Ainda congelados tendo a porta ainda aberta em suas costas, eles tentavam um plano de busca. Amelie foi quem lançou:

—Que tal irmos ao porão? Eu estava com Steve lá.
—Nossa, quantos porões será que tem aqui, essa é a questão. -Marty segurava a mão de Keaton, que portava a lanterna.

Claire não perdia tempo:

—Amelie, desculpe mas não acho que o assassino seria burro o bastante para deixar Steve no mesmo lugar, ainda mais depois que você fugiu, com certeza ele sabe que lá seria o primeiro lugar que íamos procurar.
—É Verdade, -Concordou Edward. -Falando nisso, ele deve estar esperando pelo primeiro infeliz que vá até lá, isso tá me cheirando a armadilha.
—Exato. -Claire levantava sua lanterna. -Bem, já disse pra vocês. As regras são que não podemos ficar todos juntos, então, quem vai com quem?

Marty e Keaton levantaram suas mãos entrelaçadas, indicando que os dois seguiriam juntos. Edward pousou a mão no ombro de Dylan dizendo:

—Não sai de perto de mim.

Alissa acariciou os cabelos de Juliett, dando um olhar significativo:

—Eu cuido de você, Juliett.

A Líder de torcida sorriu:

—Obrigada. Alguém vai ter que me levantar pra subir a escada, depois eu e a Alissa nos viramos, ok?
—Eu vou com vocês. -Amelie se prontificou. -Se a Alissa tiver alguma dificuldade eu empurro a cadeira.
—Tá ótimo. -Juliett respondeu.

Violet apontou o a luz da lanterna para Claire:

—Acho que somos uma equipe.

Claire sorriu:

—É, Violet. Essa é a ideia. Então.. -Claire se virou para todos, iluminando cada um com sua lanterna. -Espero que isso não seja uma despedida de verdade...

Os braços se misturavam em meio a abraços e beijos no rosto. Claire, assim como o restante, sentia uma a uma as mãos de seus amigos lhe acariciando, a cada cabeça encostada um no ombro do outro, sentiam-se as respirações pesadas e os batimentos cardíacos fortes por debaixo de suas blusas. Cada abraço terminava um olhar temeroso, triste, porém repleto de esperança. Ao mesmo tempo em que queriam guardar em memória os rosto dos amigos se acompanhavam, queriam deixar seu carinho registrado na lembrança de cada um, caso fossem arrebatados pela morte. Frases como "Se cuida", "Até daqui a pouco" serviam para não dizer Adeus, ainda que por dentro sabiam em suas entranhas que nem todos sairiam do casarão vitoriosos. Essa era uma possibilidade assustadora, e o lance de "Últimas palavras" era inaceitável. Mesmo diante da situação horrenda, tratavam-se como se essa não fosse a última vez que estariam juntos. Claire e Alissa foram as últimas a se abraçar, a loira dizia:

—É isso. Isso acaba hoje.
—Onde tudo começou. -A Ruiva afirmou dando lhe um tapinha nas costas.

Estava na hora. Viver ou morrer, correr ou socorrer, Se esconder ou atacar. O Massacre de Ashville chega ao 3º ato.
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Alissa empurrava a cadeira de rodas com Juliett, que mantinha em seu colo, a frigideira, pronta para atacar caso algo surgisse do nada. Amelie andava ao lado da cadeira de rodas. As três seguiam em passos vagarosos percorrendo o segundo andar. Passavam por um corredor amplo, enorme, com apenas três portas de cômodos provavelmente vazios e empoeirados. Juliett também portava uma lanterna, a líder de torcida torcia o pescoço deixando-se guiar pela luz de sua lanterna, que a cada segundo apontava uma direção diferente vasculhando as possíveis brechas, laterais e portas. Amelie mantinha o foco, apontava sua luz para frente iluminando o caminho e volta e meia olhava para trás, tendo certeza de que nada as ameaçava. Alissa estava atenta como nunca, suas mãos ocupadas segurando o que pareciam ser guidões da cadeira de Juliett, não a deixavam apontar a mão para direções, por isso seus olhos percorriam todo o perímetro, junto com seus ouvidos atentos a qualquer ruído, passo, ou gemido. Encontrar Steve não era uma tarefa fácil, porém não impossível.

—Gente esse lugar é enorme. -Amelie dizia tensa. Sua mão tremia um pouco, e o flash da lanterna que parecia desorientado em alguns momentos mostrava isso.
—É mesmo. -Alissa concordou. -Só esse corredor aqui já dava pra fazer uma maratona.

Elas conversavam em voz baixa, temendo que fizessem barulho demais. A Ruiva prosseguia a conversa:

—Gente... se você tivesse amarrado e sequestrado alguém, onde o esconderiam? Não ia deixar fácil assim num cômodo, onde só de abrir a porta alguém encontrasse.
—Verdade. -Amelie olhava em todas as direções, até mesmo o teto. -Será que vale a pena procurar nos cômodos? Sair abrindo portas?

Juliett mordeu os lábios:

—Humm.. sei não. Vai que a gente abre uma porta e de repente...
—Juliett, nem fala uma coisa coisa dessa pelo amor de deus. Minha calcinha daqui a pouco vai ficar na cor marrom. -Alissa dizia.
—Desculpe..
—Vocês acham que tem passagens secretas?

Alissa riu de lado:

—Estamos numa casa velha, não numa mansão de cinema.
—Ah sei lá. -Amelie deslizava as mãos na parede para ver nenhuma abertura estranha surgiria. -Nunca duvide de nada.

Um ranger ecoou pelo corredor, indicando que algo pesado acabara de ficar acima do piso.

—O que foi isso? -Alissa cochichou de olhos arregalado se virando para trás, Amelie fez o mesmo apontando sua lanterna para o final do corredor.
—Eu não sei...

As duas observavam o caminho de onde vieram, caladas. A Qualquer sinal de movimento, o plano era correr. Juliett se inclinou para o lado, olhando para trás procurando com os olhos o que as duas tanto olhavam fixamente. Alissa engoliu seco:

—Queria Deus que seja só a madeira velha...
—Ou ratos. -Amelie não se movia.
—Tem ratos aqui? Que nojo...

Um novo ranger, desta vez mais alto ecoou.

—Ai meu Deus. -Alissa fez o sinal da cruz.
—Calma... não deve ser nada. -Amelie sussurrava voltando a direção anterior. -Vamos seguir em frente, devagar...
—Ok...

Juliett recobrou sua postura na cadeira novamente, olhando para frente. Seguindo ainda aquele piso lentamente, as três estavam completamente apavoradas. À Sua frente um pouco mais ao longe naquele enorme corredor, havia uma vidraça de onde muito pouca luz ainda vinha de fora, e dois caminhos a seguir, um para a direita e outro para a esquerda. Olhar em frente era igualmente aterrorizante, podiam imaginar a figura mascarada dobrando um daqueles corredores correndo feito louco, dando de cara com as três segurando aquela faca maldita. A Noite caiu rápido assim como o pavor. A Cada passo naquele lugar que ficava mais escuro, a sensação de nervosismo aumentava. Exatamente como num filme de terror, parecia que um grande susto poderia ocorrer a qualquer segundo, a cada passo. Um ranger longo e forte tomou conta, As três pararam imediatamente com Alissa freando a cadeira de rodas. O piso ainda parecia gritar, quando uma grande batida de impacto as assustou arrancando gritos agudos das três garotas, que saltaram sacudindo os braços. O Grito de Juliett foi ainda mais agudo, também porque ela é quem sentira o susto em maior evidência.

—O que foi isso?!! -Alissa berrou rapidamente dando um passo atrás.
—Ai... -Juliett suspirava. -Deu merda aqui.. -Disse ela olhando para baixo.

Amelie deu um passo à frente iluminando Juliett com a lanterna, percebendo que uma das rodinhas da frente da cadeira de rodas estava empacada num pequeno buraco. O Impacto seguido pelo ranger fora na verdade um grande estalo do piso velho, que cedeu abrindo um pequeno buraco atolando Juliett no meio do caminho. Ainda que fosse fácil tirá-la apenas levantando a rodinha, tinha sido um susto e tanto. Amelie ria aliviada.

—Ai... caguei... Jesus..

Alissa colocava a mão contra o peito abaixando a cabeça respirando fundo, e Juliett dava gargalhadas incrédulas:

—Meu Deus... pra quê assassino se a gente pode morrer do coração?
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Edward e Dylan perambulavam pelos corredores em forma de labirinto do terceiro andar. Mal sabiam dizer onde estavam ou como retornar à porta da frente. Edward é quem carregava a lanterna, iluminando a maçaneta de uma porta grande. Eram duas portas de correr, provavelmente do outro lado estaria um antigo escritório ou algo assim.

—Dylan... Abre aí. -Ed sussurrava.

O Irmão se prontificou, colocando cada uma das mãos em uma maçaneta, puxando as duas portas cada uma para um lado, abrindo-as com o som de raspar da madeira velha, revelando nada além da escuridão diante deles. O Cômodo, do qual de fora pelo cheiro ficava claro que não estava bem conservado, emanava um odor de mofo. Dylan tampava o nariz, mesmo sendo inútil pois não conseguira segurar o espirro.

—Saúde. -Edward deu um passo a frente tentando iluminar o local. -Esse é um lugar que você esconderia alguém, só pra sacanear quem estivesse procurando?
—Com certeza. -Dylan esfregava a ponta do nariz.

Edward adentrou, apontando a lanterna para todas as direções, só conseguiu ver o que pareciam vários móveis velhos de grande altura. Não conseguindo entender o que eram, ele se virou para a parede próxima a porta e notou o botão de acender a luz.

—Hey, Dylan. Aposta que funciona?
—Não, não aposto.
—Eu aposto. -Ed apertou o botão, e para sua surpresa, um lustre se acendeu iluminando a sala. -Não acredito.
—Eita porra... -Dylan olhava em volta. -Isso era uma biblioteca. Esses velhos eram ricos hein.
—Nem me fale.

Edward desligou a lanterna observando a grande sala, era enorme para falar a verdade. Era ocupada por inúmeras estantes vazias de livros caindo aos pedaços. Ao lado uma da outra, as estantes pareciam formar pequenos corredores entre si. Era uma visão cinematográfica, mas um tanto assustadora dadas as circunstâncias.

—Steve? -Dylan chamou.
—Esquece Dylan. Duvido que ele esteja aqui.
—Achei que tivesse dito que era um bom lugar pra esconder alguém.
—Pois é. Não acho mais.

Dylan foi em frente, tentando não se afastar muito do irmão, olhava para cima admirando o tamanho das prateleiras, imaginando como aquilo devia ter sido legal quando a casa ainda era habitada.

—Dylan..
—Oi. -Ele se virou. Edward o fitava de modo estranho. -Fala...
—Você não suspeita de ninguém?
—O quê? De um de nós?
—É.
—Não. Por que eu suspeitaria?
—Qual é. Só sobrou a gente. Ninguém mais além de nós, do colégio inteiro recebeu ameaças.
—Talvez então seja alguém do colégio. Mas não um de nós.
—Dylan, sério. Não precisa ser bonzinho dessa vez. Estamos numa baita furada aqui. Quem você acha que é o assassino?
—Eu.. eu não sei Ed! -Ele disse um tanto nervoso e confuso, virando as costas para o irmão apoiando o cotovelo numa prateleira. -Eu.. confio neles.
—Até no Marty? Você disse que ele apareceu lá na cabana quando você estava acorrentado.
—É, mas ele tentou me salvar. E Saiu correndo quando viu o assassino chegando.
—Talvez tenha sido tudo teatro. Talvez, ele e Keaton podem estar nisso juntos.
—Não.. acho que não.
—Quando você foi atacado, quando eu fui atacado, quando você e as meninas foram perseguidos de carro, a única pessoa que estava "Desaparecida" era o Keaton.
—E por que ele iria querer matar a gente? Pensa no que você está dizendo.
—Só estou dizendo!
—Mas, se é pra ficar apontando o dedo um pro outro então era melhor a gente nem ter vindo. Estamos aqui porque confiamos uns nos outros, somos praticamente tudo o que temos agora. Ou pelo menos achei que era pra ser assim. -Dylan dizia em tom indignado.
—Dylan, você tem que admitir, que essa situação toda é muito estranha. Não estou querendo dizer que o Keaton é o assassino, não é isso. Mas as vezes você é inocente demais, não percebe a maldade nas pessoas. Você tem que abrir os olhos, cara.
—Tá bem. Podemos cortar esse assunto?
—Ok. Encerro por aqui. Mas você tem que admitir uma coisa.
—O quê?
—Tem algo muito errado nisso tudo. Alguma coisa não está batendo. Eu posso sentir.
—Tipo o quê?
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—Marty, vira aqui -Keaton falava baixinho apontando um corredor à direita.
—Ai meu Deus.

Os dois andavam um colado no outro, Marty olhava para frente por cima do ombro de Keaton, quase que se escondendo atrás do menino, que tentava fazer com que ele não se desesperasse.

—Calma.
—Como você me pede pra ter calma? Aqui é o 4º andar?
—É Sim, me dá a mão.

Marty segurou a mão de Keaton, que hesitava em seus passos. Passavam por um corredor aparentemente interminável. A sua esquerda era coberta de janelas que acompanhavam aquele túnel sem luz no fim.

—Onde a gente vai olhar primeiro? -Marty se virava para trás constantemente, desconfiado.
—Não sei. A gente tá mesmo procurando o Steve ou só esperando pra que nada apareça pra matar a gente?
—Os dois.
—Marty, e se a gente for embora? Sair de fininho.
—Tá louco?
—Você quer mesmo ficar aqui?
—Não. Mas quero sair daqui sabendo que o assassino está morto.
—E se for a Claire?
—Já disse! Não pode ser. Claire estava no hospital com a Juliett quando a Stacy foi atacada. E.. devem estar achando que é você.
—Eu? Por que eu?
—Porque você não estava lá. Você nunca estava lá para dizer a verdade...
—Jesus, eu fui tomar um sorvete, tava calor pra caramba naquela noite.
—Eu sei....

Keaton parou, soltando a mão de Marty olhando-o profundamente iluminando seu rosto colocando a luz da lanterna no queixo.

—Marty, fala a verdade. Você confia em mim?

Ele hesitou antes de responder, desviando o olhar.

—Claro.
—Então olhe nos meus olhos e fala.

Marty levou seu olhar para o Nerd, colocando a mão no ombro do garoto:

—Eu confio em você.
—E eu em você. -Keaton pousou sua mão sobre a de Marty em seu ombro, acariciando-a. -Vamos... Tentar achar Steve... espero que ele ainda esteja vivo pelo menos. Senão essa coisa toda foi em vão.
—É. Acha que alguém pode estar ouvindo o que estamos dizendo?
—Espero que não.

Uma batia acima de suas cabeças se deu um com um susto. Keaton tremeu dando um rápido passo para trás, batendo com as costas numa das janelas, Marty segurou seu braço bem forte.

—O que foi isso? -O Nerd Gato olhava para cima iluminando o teto com a lanterna.
—Parecem passos.... -Marty fitava o teto como se o mesmo ameaçasse cair sobre sua cabeça.

Várias pequenas batidas se davam, eram definitivamente passos, alguém estava caminhando bem em cima deles. A Luz da lanterna acompanhava as batidas que iam da direita para esquerda. Os olhos assustados dos dois meninos acompanhavam o som enquanto suas cabeças se inclinavam acompanhando a direção que o som seguia. Ainda paralisados, não davam nenhum pio. Marty soltou o braço de Keaton, cutucando sua cintura.

—O que foi?
—Me dá o canivete.
—Pra quê?
—Você já está com a lanterna, anda me dá o canivete. Me sinto desprotegido não segurando nada.
—Tá bem, pega aí ta no meu bolso.

Keaton sentia a mão descendo pelo seu bolso da frente, mas não esboçava nenhuma reação. Não era hora pra se pensar em sacanagem.

—Pronto. -Marty segurava o canivete.

Keaton abaixou a lanterna ainda com as costas na janela, jogando a luz para frente. Era só uma parede, porém, havia uma porta. Ele Não havia visto nenhuma outra porta naquele corredor, apenas essa. Esta era uma passagem que apenas contornava o 4º andar, os três corredores onde haviam cômodos ficavam no meio. Seguir esse corredor só os faria andar em círculos contornando o andar.

—Espera. -Disse Keaton fitando a porta. Ele caminhou na direção da mesma. -Claire disse que se acharmos Steve o assassino encerra o jogo. E estamos livres, certo?
—Certo. Está pensando no quê?
—Em achar ele logo de uma vez.

A Mão do nerd rapidamente girava a maçaneta. A Porta se abriu revelando um pequeno armário. Era um cubículo vazio e empoeirado sem nada de especial, exceto, por uma escada de madeira posicionada em pé no fundo.

—Olha só... -Disse ele entrando.
—Não acredito que você vai entrar aí. Isso é uma péssima ideia.

Keaton olhou para cima, acompanhando os degraus da escada, que na vertical mantinha-se encostada na parede levando até a algum tipo de sótão oculto. Com a lanterna, foi capaz de ver o topo, não havia teto ali, apenas um vazio de escuridão.

—Marty, segura essa escada que eu vou subir.
—Não vai não.
—Vou sim.
—E você vai me deixar aqui? -O Menino mostrava desespero.
—Eu só vou olhar. Parece ser um tipo de sótão ou cômodo escondido, Steve pode estar ali.
—Não não não não faz isso. -Marty o segurou pela camisa.
—Eu só vou olhar, se eu não ver nada, eu desço. Se eu ver alguma coisa eu grito, e se você ver alguma coisa, grite. Se o assassino aparecer, não se preocupe comigo, corre pra longe, saia da casa vá embora.
—Não, Keaton.
—Marty. Isso tem que acabar hoje. Não tem outro jeito.

Marty o abraçou violentamente, o menino retribuiu lhe dando um beijo no rosto.

—Eu vou ser rápido. Você está com o canivete.
—É melhor eu subir com você.
—Não, se o assassino estiver lá, estaremos os dois encurralados. Mas se ele não estiver, ao menos você vai poder fugir. Segura a escada, vamos fazer isso logo.
—Ok.. -Marty tremia colocando as duas mãos naquela escada velha, temendo que os degraus velhos se quebrassem com o peso de Keaton ou que a máscara surgisse da escuridão sobre suas cabeças.
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—Caralho essa merda desse piso tá me irritando -Claire reclamava de seus passos barulhentos no 5º andar. -Porra quem vê pensa que a gente tá pisoteando no negócio.
—Eu nem ligo pro barulho. -Violet caminhava ao lado da loira tranquilamente. -Só é foda porque o som pode entregar a gente.
—Horrível.
—E agora, pra onde a gente vai?
—Ahm... será que ali tem saída? -Claire apontava para uma entrada à direita mais ao fundo.
—Não sei. A gente tá no último andar?
—Aham.
—Então não deve ter saída.
—Mas esse lugar é imenso, tem várias partes. E Ainda tem aquelas duas torres.
—É verdade.
—Onde você arranjou essas lanternas, Violet?
—Quando a Amelie apareceu na praça quase morrendo, coitada. Ela contou o que aconteceu e aí a gente decidiu bater na sua porta pra tirar satisfação. Amelie tava histérica gritando falando que a gente tinha que vir salvar o Steve e bla bla bla, aí eu pensei "Bom, se a gente vai mesmo, melhor levar alguma coisa pra ver o caminho, porque aquela merda é escura até de dia". Aí passamos numa lojinha bestinha e compramos baratinho. 2 Dólares cada, são uma porcaria mas dá pro gasto.
—Ai Deus. Só vocês mesmo.
—E eu estava certa, é escuro.
—É, mas na festa que eu vim aqui naquele dia que deu merda, não me lembro de estar tão escuro assim, acho que algumas luzes funcionam.
—Acha que é uma boa ideia acender luzes?
—Acho. Melhor que tropeçar num rato.
—Mas isso pode chamar atenção do fantasma.
—Vocês falam "Fantasma" como se ele fosse algo ultra super poderoso, que isso gente. É só um otário embaixo de uma máscara. Assistiu filmes demais e tá aí perdendo parafuso.
—Tem razão.
—Às vezes quando ele me liga ele fica falando de "Assumir culpa" e outro dia ele me chamou de assassina, eu fiquei tipo "Hã?". Boiei.
—Como você sabe que é "Ele"?
—Porque é voz de homem.
—Tá, mas ele usa um aplicativo lembra? Pode ser qualquer um.
—Sim.. mas olhe as opções de meninas que sobraram. Uma tá aleijada, Alissa todo mundo conhece, Você é de boa, Amelie é magrinha e fraca, não conseguiria nem se suicidar direito. Não vejo vocês como possíveis ameaças.
—Só dizendo, Claire. As vezes as aparências enganam.
—Isso é algum tipo de indireta?
—Não..
—Violet, se você tem algo pra dizer, desembucha.
—Desculpa, Claire. Mas não confio na Alissa.
—Como assim? Pirou?
—Sei lá. No dia que ela apareceu de caro pra resgatar eu e o Dylan... não sei. Lembra aquele dia que a gente tava aqui na mansão?
—Lembro.
—Então, ela tava desesperada chorando, morrendo de medo. Daí, eu liguei pra ela no dia que o Dylan tava lá preso naquela cabana e falei algo tipo assim "Olha, o assassino pegou o Dylan, to indo lá. Faz um favor, dá uma passada lá pra ver se a gente não tá morto, se você não ver ninguém dá o fora e avisa a polícia". E tipo, ela foi, sem pensar duas vezes. Com todo o medo que ela tava passando? Nem acreditei mesmo que ela iria. Nem eu iria.
—Ué, agora ela é suspeita porque fez um ato heroico? E outra, ela é amiga do Dylan, assim como você, faria qualquer coisa por ele.
—Eu sei. Mas ela muda de comportamento muito rápido. É isso que eu estou falando. Uma hora ta fazendo escândalo, chorando. Depois, banca a corajosa. Sabe, é estranho.
—Ela sempre foi meio bipolar. As três cantoras preferidas dela são Adele, Lily Allen e Stevie Nicks. Mistura esses três tipos de Vibe numa pessoa só e você tem o furacão Alissa. Ninguém percebe o Leão que mora dentro da Alissa só olhando de fora.
—Como assim?
—Várias brigas minhas, já aconteceu várias vezes dela me defender dando um cacete na pessoa. Eu nem levantava um dedo a Alissa já tava lá espancando quem quer que fosse. Juliett também sempre defendeu a gente, mas Alissa realmente, sempre foi Bipolar. Já to acostumada sabe, não vejo isso como suspeita. É só o jeito dela.
—Sei não.
—E ela estava no hospital com a gente quando Stacy estava sendo atacada, estava falando comigo na Webcam no quarto dela quando a Bianca foi assassinada ao vivo no facebook.
—Mas já passou pela sua cabeça a possibilidade de mais de uma pessoa estarem envolvidas?
—Não... eu ainda não tinha pensado nisso...
—Hum.. eu fiquei com uma coisa na cabeça. Mas quando a Anna, que Deus a tenha morreu, você ficou muito mal e então eu fiquei quieta, resolvi não falar.
—Pode falar.
—Você disse que estavam no hospital quando Stacy foi atacada, certo?
—Certo.
—E você também disse que o assassino enviou mensagens à todos que estavam lá no quarto com a Juliett, meio que alertando que ia matar Stacy.
—Foi, ele mandou letras.
—Era isso que eu estava pensando. Claire, quantas letras tem o nome da Stacy? Faz a conta.
—Um.. dois... cinco! Tem cinco letras, e daí?
—Quantas pessoas estavam no quarto no hospital?
—Eu, Alissa, Edward, o Dylan e a Juliett toda ferrada.
—Tá, agora pensa. Pro assassino mandar as cinco letras com o nome da Stacy é fácil. Qualquer um faz isso, mas essa não é a questão.
—O que está tentando dizer?
—Claire, o assassino sabia que tinha exatamente cinco pessoas naquele quarto. E ele sabia exatamente quem estava lá. Tanto que, cada letra foi pra um celular diferente, não foi? Uma pra você, uma pra Alissa, uma pra Juliett, uma pro Edward e outra pro Dylan. Ele sabia quem estava lá, e em quantos estavam. É isso que eu estou dizendo.

Claire paralisou, incrédula. Não acreditava no que estava ouvindo. Até agora isso não tinha passado pela sua mente, e olhando os fatos, fazia total sentido.

—Violet... meu Deus... você está certa! Mas mesmo assim, alguém matou Stacy e não foi nenhum de nós.
—Sim. Estou dizendo que, provavelmente, uma das pessoas que estavam naquele quarto, pode estar envolvida.
—E pensando bem, faz sentido. Porque quando a gente ainda estava no quarto de hospital com a Juliett, a Stacy mandou uma mensagem em vídeo dizendo que ia visitar o Keaton, ela até falou o horário. Todos nós naquele quarto sabíamos onde Stacy ia estar, e a hora certa.
—Exatamente. Se um de vocês, tirando você, claro, é o comparsa, essa pessoa com certeza avisou o assassino sobre onde Stacy estaria, e ainda ajudou a planejar o negócio das mensagens. Porque elas foram muito exatas pra ser coincidência. E olha só, todos vocês, Edward, Dylan, Alissa e Juliett ainda estão vivos. Claire, mil perdões por dizer isso. Mas tenho certeza que um dos seus amigos é o nosso assassino. Se isso foi uma grande coincidência, e eu espero que sim, então beleza. Mas se não foi coincidência...
—Se não foi... não posso confiar em ninguém.
—Nem eu, mas uma coisa eu digo, Dylan não é.
—Certeza? -Claire levantou a sobrancelha.
—Absoluta. Edward não tentaria matar o próprio irmão, e Juliett não é inteligente, e também não iria levar uma flechada de graça. O que me faz pensar, que o melhor suspeito é Alissa.


Claire respirava pesadamente. Não queria que isso fosse possível, mas no fundo, já estava aceitando o fato de desconfiar de Alissa, ainda que isso lhe ferisse o peito. Sua mais fiél amiga era uma assassina? Ou Violet talvez estivesse querendo criar intrigas para tirar suspeitas sobre ela? Claire segurava a faca que Juliett havia lhe entregado, e disfarçadamente continuava a caminhada pensando "Se ela está certa, estou destruída. Mas se ela não estiver certa, eu tenho uma faca." Claire beirava entre raciocinar e aceitar que Violet tinha um bom ponto, e também conciliando sua desconfiança sobre a garota. As duas continuavam a caminhada pelo corredor em silêncio naquele instante.

 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Entramos no ato final.
"And Then There Were none" ou "E Depois não havia nenhum" é a nossa despedida para muitos personagens, e também nosso olá para quem estiver por trás da máscara. Por favor, comente o que achou! Até a manhã galera!



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