Scream - Survival escrita por The Horror Guy


Capítulo 15
After The Rain


Notas iniciais do capítulo

Ainda que a tempestade de terror se acalmasse, novas situações inusitadas se desenrolam.



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Na delegacia, Violet estava sentada com os cotovelos apoiados na mesa. A sua volta estavam várias outras mesas ocupadas por outros policiais. O Lugar parecia um caos, era gente andando para tudo que era lado. Ainda com os cabelos bagunçados, suja de barro, a menina um tanto desanimada só queria mesmo era ir para casa. Seus pais estavam de pé atrás dela. Sua mãe ficava puxando suas mexas de cabelo tentando tirar o barro já seco presos em seus fios. Xerife Nicholas permanecia hiperativo e transtornado com a situação, com certeza já tinha tomado dois generosos copos de café, e ainda nem eram 20:30. Confirmava todo o acontecido de hoje com Violet:

—Então, você o salvou... e depois Alissa...
—Deu uma de Paul Walker e acelerou aquela bagaça até a gente tirar o assassino da estrada, foi isso mesmo.
—E você não viu o rosto dele?
—Já disse, estava usando uma máscara! É um manto negro. Você devia no mínimo interditar a loja de fantasias.
—Está me dizendo como fazer o meu trabalho?
—Você está fazendo o seu trabalho?


Nicholas suspirou esfregando os olhos, se contendo para não ter um reação exaltada.

—Tudo bem.. pode ir. -Ele apontou para frente onde ficava a saída.
—Obrigada.

Violet se levantou, acompanhada por seus pais, feliz por eles não quererem matá-la por causa do carro. Parece que a desculpa de "O Serial Killer pegou o carro e acabou com ele" foi o suficiente para que seus pais não tivessem um chilique, apenas agradecerem por sua filha estar bem, e ainda ter salvo a vida de um amigo. Ela passava aliviada por entre as mesas se virando para o lado onde Alissa, sentada num banco esperava seus pais.

—Obrigada, Alissa.

A ruiva sorriu balançando positivamente a cabeça fitando Violet que se retirava da delegacia. Alissa estava esperando seus pais virem buscá-la, e de onde estava, acompanhava ao longe Dylan sentado em outra mesa, com seus pais chorando desesperados enquanto ele dava seu depoimento sobre o ocorrido como se estivesse contando uma aventura, tudo isso com a boca cheia do hambúrguer comprado por seus pais na lanchonete em frente a delegacia, do qual ele devorava ferozmente. E Vez ou outra cuspia involuntariamente pedacinhos de pão e alface que escapavam de sua boca enquanto falava:

—Foi muito tenso.. o carro veio e "Pow"! E a Alissa virou e "Pow" nele, e eu a Violet tipo "Ahh!! A gente vai morrer!" e ai "Pá!" o carro derrapou... foi insano!

Ele continuava mastigando com as bochechas lotadas, o policial tomando seu depoimento estava se segurando para não rir ouvindo o garoto contar a história. Os olhos do menino transmitiam uma certa inocência e ele contava toda a história sem perceber o quão engraçado soava.

Nicholas abria a cela:

—Vamos garoto. Não tenho o porque de te manter aqui.

Marty, se levantou fitando o Xerife completamente agradecido.

—Sua mãe veio te buscar.
—Obrigado...
—Fique em casa. E por favor, se seu amigo Keaton entrar em contato, mande-o direto para cá. Ou terei que partir numa caçada atrás dele... e não queremos isso não é mesmo?
—Não senhor.
—Muito bem. Vai. Fica à vontade, pode dar o fora.

Marty passou por Nicholas seguindo em frente, aliviado em deixar aquela cela para trás. O Xerife se dirigiu à cela ao lado. Edward estava sentado num canto, abraçando os joelhos torcendo para ser libertado.

—Edward... cai fora. -Disse ele girando a chave para soltar o garoto.
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O Xerife estava num empasse tremendo. Sentado em sua mesa sem saber qual o próximo passo a ser tomado. Não poderia manter Edward preso, Marty havia confessado toda a história de Dylan acorrentado, a ligação, o celular de Jill.. tudo o que confirmava de que Edward estava sendo manipulado pelo Serial Killer, compelido a matar Evelyn. Fitava o telefone em sua mesa cerrando os olhos de ansiedade. O Legista ainda tinha que confirmar como Evelyn morreu, isso seria decisivo para saber se Ed devia ser colocado de volta a cela ou não. Porém, algo ainda lhe corroía a mente, Keaton. Ele está praticamente "Desaparecido", não possui um álibi, desde que nenhum dos jovens, nem mesmo o pai do garoto sabe onde ele está. Nicholas abria e fechava as mãos de nervoso compulsivamente, quando enfim o telefone tocou. Atendeu pegando o objeto tão rápido quanto um sapo capturando uma mosca:

—Alô?
—Xerife?
—É ele, pode falar.
—Pois bem. Ahm.. Evelyn Stockard tem uma marca de facada, pouco abaixo do seio esquerdo.
—Então ela não morreu queimada?
—Não. As queimaduras aconteceram após a morte.
—E a faca?...
—Parece ser a mesma das outras vítimas.
—Ah... obrigado. Fiz a coisa certa em soltar o garoto então. Nenhuma faca foi encontrada na cena do crime.

O Segundo telefone em sua mesa tocou neste instante.

—Eu tenho que desligar, obrigado. -Dizia ele ao legista.
—Disponha.

Desligou, pegando o segundo telefone:

—Alô?
—Xerife, temos dois chamados de emergência. -Dizia a voz de um de seus parceiros, na ligação o som de uma sirene era nítido.
—Dois???
—Sim!
—O que são?
—Mais uma vítima... e parece que.. uma das... partes... da vítima foi enviada à Claire Ripley.
—Jesus Cristo. Estou indo.
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Marty, em seu quarto observava a noite pela janela do corredor do segundo andar. A Vista dava de frente ao quintal dos fundos. Estava feliz por não estar mais na delegacia. Porém, se mantinha preocupado. Uma das regras mais importantes do jogo do maníaco fora quebrada. Ele, Edward, Violet, e Alissa foram obrigados a revelar tudo o que sabiam para não serem incriminados. Por mais que o medo ainda estivesse residindo em seu peito, não conseguia parar de pensar em Keaton. Onde ele estaria? Ainda na mansão dos Stone? Sua mãe, já no limite do estresse dormia pesadamente com a porta fechada. Estava tudo tão difícil. Sem Stacy, sem ninguém para confortá-lo. Ainda que Claire fosse uma opção para companhia, hoje pelo menos ela não seria uma opção. Houve um pequeno estalo na janela. "Tack". Marty se afastou levando um pequeno susto, estava tão distraído que qualquer coisa o pegaria de surpresa. De novo, outro estalo "Tack". Respirou fundo colocando o rosto próximo ao vidro, e lá no quintal, Keaton acenava desesperado. Marty fez sinal de silêncio colocando o indicador próximo a boca, e Keaton articulava seus gestos falando mudo para que o amigo fizesse leitura labial:

—"Posso entrar?!" -Keaton fazia mimica apontando para a porta dos fundos.

Marty sinalizou fazendo sinal positivo. Se virou, ficando no topo da escada, esperando que o amigo aparecesse ali. Alguns segundos se passaram, até que o som da porta dos fundos, ainda que bem baixinho, podia ser ouvido. O Ranger ficou mais fino, e por fim, ela se fechou. Pelo visto, Keaton a trancara certinho. Os passos foram ficando mais nítidos até que o garoto apareceu no fim da escada.

—Oi, Marty. -Cochichou ele.
—Oi... sobe.

Keaton pisava com cuidado nos degraus.

—Sua mãe tá dormindo?
—Tá sim... xiiiu..

Terminando de subir, Keaton passou direto se virando indo de fininho para o quarto de Marty, que o acompanhava silenciosamente pelo curto corredor. O Menino entrou rapidinho no quarto enquanto o amigo fechava a porta.

—Cara.. por onde você andou?
—Nos Stone. Eu fiquei com medo de ligar pra Claire ir me buscar e ela me xingar, aí liguei pra Juliett mas ela não entendeu nada do que eu disse. Tava dando um jeito de vir até aqui. Me conta o que aconteceu.
—Eu nem sei direito... só sei que, o Edward foi preso. E que a Sherlock Holmes morreu.
—Sherlock?
—Ah é você não sabe. Tinha uma detetive do FBI na cidade, ela tava de olho na gente. E ela morreu quando foi ver o Edward, é tudo o que eu sei. Quando eu saí ele ainda tava na cela. E antes disso, eu fui lá naquela casa na Turner Lane pra... pra fumar um sabe? E o Dylan tava lá acorrentado, o assassino apareceu e eu dei o fora. Mas ele me viu, e chamou a polícia, fez uma denúncia anônima falando que nós estávamos com o celular da Jill, eu mandei você fugir e foi isso.
—Cacete.
—E o Xerife mandou você aparecer na delegacia... e tem que ser logo, antes que você entre no radar de suspeitos.
—Putz.. e meu pai?
—Tá desesperado, como sempre.


Keaton se sentou na cama, colocando as mãos nos joelhos.

—Nossa... eu tô acabado. Eu fugi correndo, só deu tempo de eu pegar uma garrafa de água e um pacote de biscoito, acredita?
—Eu vou te trazer alguma coisa pra comer.
—Valeu mesmo. Obrigado. Marty, desculpa perguntar, mas... posso tomar um banho? Sério tô desde ontem assim.
—Ahm... -Marty ficou um pouco constrangido, mas logo respondeu. -Claro.

Abrindo seu Closet, pegou seu segundo pijama, junto com uma toalha. Estendeu para Keaton, que pegou meio sem graça:

—Obrigado.
—Banheiro é a primeira porta aqui depois da minha, aproveita que minha mãe tá dormindo.
—Pode deixar.
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Nicholas parava a viatura de frente à casa de Anna, que estava sendo cercada pela polícia. Na rua havia uma aglomeração de pessoas curiosas comentando sem parar e formulando teorias do que poderia ter acontecido. Hoje definitivamente era um dos piores dias da história da cidade. O Xerife respirava fundo ainda dentro do carro, observando a movimentação. Um homem era levado numa maca com um respiradouro para dentro da ambulância, era o pai de Anna que quase morreu de um ataque cardíaco ao encontrar a casa recheada de policiais e receber a notícia do que havia acontecido com sua filha. Nicholas, pensava em como estava ferrado. A Morte de Evelyn fez com que o departamento que ela servia se prontificasse a tomar o caso do "Fantasma de Ashville" como fora apelidado pela força policial local. A Autoridade do Xerife perante o caso seria quase mínima quando o FBI assumisse. Eles chegariam pela manhã, coletariam todas as informações, e ele já podia se ver sendo obrigado a ficar de babá 24hrs de todos os possíveis alvos do Serial Killer, ficando completamente avulso de toda a ação da investigação. E Ainda, temia por ser responsabilizado pela morte de Evelyn desde que fora ele quem a chamara para a cidade. De repente, alguém bateu no vidro do carro. O Xerife pulou de susto:

—Caralho!

Pousando a mão no peito, tentando se recompor, ele abriu o vidro. Um de seus oficiais se abaixou na janela:

—Chefe... a coisa tá feia...
—Quantos anos ela tinha?
—16...

Só conseguia pensar em suas filhas. Tirá-las a cidade, mandá-las para ficar com os tios. Se Bianca ou Amelie fossem parar num daqueles sacos plásticos sua vida estaria acabada. O Suicídio seria um convite generoso.

—Eu já vou... -Disse ele fechando os olhos cobrindo o rosto com a mão. Sair da viatura significaria o começo dos comentários "Incompetente!", "Palerma!" e "A Culpa é sua!". Algo que ele teria de suportar pela 6º vez. Foram 6 assassinatos num período de 7 dias. Isso sem contar outros ataques que foram quase fatais. O Fantasma não descansaria tão cedo, mas ele também não. Abrindo a porta da viatura, caminhando atravessando a rua, se sentiu aliviado por não haver comentários pejorativos por parte da pequena aglomeração em volta.

Ao se aproximar do jardim da frente, um de seus oficiais o parou:

—Temos um problema.
—Faça a lista.
—Não... você não entendeu. Essa garota não está inteira.
—Eu ouvi sobre isso. Fui notificado que uma parte dela foi enviada à uma colega. Foi o quê? Uma mão?
—A Cabeça.
—O quê? -Após um segundo pasmo, o Xerife continuou. -O Alarme não disparou?
—Não. As portas não estavam trancadas. Apenas o alarme de voz que anuncia os movimentos é que estava ligado.
—E como foram chamados?
—Um vizinho da casa ao lado viu alguém correndo pelo quintal dos fundos, fugindo.
—E isso foi o suficiente para que o cidadão chamasse a polícia? Ele conhecia a família? Sabia que era um intruso?
—Aí é que está. Ele tirou uma foto do sujeito. -Disse o Oficial mostrando a tela do celular para Nicholas, exibindo a foto da figura negra mascarada. A Figura estava embaçada, devido a velocidade que saiu correndo, isso causou arrepios na espinha do Xerife. Aquela era uma máscara que estaria em seus pesadelos esta noite.
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Marty, sentado sozinho no quarto, olhava para uma foto dele com Stacy num porta retrato que ficava ao lado de seu computador numa mesinha ao lado de sua cama. Eles tinham 14 anos quando a foto fora tirada. Estavam na piscina de Stacy com os braços levantados sorrindo. Sorrindo de verdade. Ela jamais soube que ele era Gay, embora tivesse algum tipo de suspeita. E mesmo se ele não fosse, algo entre os dois estava fora de questão. Marty meio que se martirizava por isso. Havia contado à Keaton fazia tempos, mas ainda não se sentia preparado para revelar a melhor amiga. Estranho, porém nem tanto. Hoje, no meio dessa situação toda, carente, com medo, e com uma mãe "Mala" como ele costumava dizer, não tinha ninguém para depositar ou receber carinho. Mas tinha um amigo. Do qual ficaria ao lado até o fim. A porta de seu quarto se abriu lentamente, Keaton surgiu secando o cabelo com toalha, fechando a porta com cuidado.

—Demorei muito?
—Não.

Ter em sua mente, a imagem mental do amigo no banho não era uma boa ideia. "Pare com isso", Marty pensava. Não era à toa que chamavam Keaton de "Nerd Gato". Seus óculos davam um ar estereotipado de garoto que sabe de tudo, porém sua aparência era totalmente o contrário.

—Pra mim? -Keaton apontou para mesinha, onde estava um prato com dois sanduíches e um copo de suco.
—É. -Marty o entregou o prato.
—Valeu mesmo.  -Keaton sorria.

Ele estava realmente com fome. Se sentou ao lado do amigo cruzando as pernas devorando o sanduíche. Marty notara que ele ainda estava sem camisa. E lutava pra disfarçar o olhar. "Ele é seu amigo imbecil, pare com isso." Tendo Keaton sentado, todo inocente e tão próximo de si... Marty corria com os olhos tentando desviar o olhar do corpo do amigo... agora estava cheiroso, usando seu pijama... a palavra "Controle-se, otário" se estampava em sua teste como Neon.
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Claire abria a porta:

—Steve...

O Garoto ficou parado sem reação ao ver a Loira completamente destruída. Com o rosto inchado de choro e a voz de quem estivera gritando a noite toda como se tivesse ido num Show de Rock.

—Claire.. eu... -Antes que ele terminasse a frase. Ela o abraçou fortemente, chorando em seu ombro.
—Eu sei... eu sei que eu sou uma pessoa horrível, e que não mereço a atenção de ninguém. Mas eu estava desesperada, não sabia pra quem ligar...
—Calma... calma eu tô aqui.

Ela soluçava:

—A... a polícia foi embora agora à pouco... Alissa estava voltando pra casa da delegacia... ela.. ela foi atacada hoje cedo... eu não queria preocupar ela, ela ainda não sabe! E Juliett ta... aleijada... e.. e.. não consegui falar com o Ed e o Dylan, me desculpa...
—Claire. Fala com calma... o que aconteceu?
—Anna está morta.


Steve afundou a cabeça no ombro da Loira, como se despencasse.
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Keaton estava de pé colocando a camisa se olhando no espelho. Marty se levantou o encarando pelo reflexo:

—Eu sinto que não tenho ninguém.
—Marty, está todo mundo unido nisso. Ninguém vai deixar ninguém pra trás... eu espero.
—Não. Não é isso.
—É o quê então? -Keaton se virou, já vestido.
—É que...

Keaton percebeu que ele estava falando realmente sério, como nunca antes e prestou atenção no que ele dizia como se sua via dependesse disso.

—É... deixa... -Marty ia se afastando quando sentiu a mão do amigo segurá-lo pelo braço.
—Não. Você tava falando, eu quero ouvir.
—Para com isso.. -Marty olhava para mão de Keaton o segurando, queria que ele parasse de encostar nele antes que as coisas saíssem do controle. O Pobre garoto provavelmente não tinha nem noção do que estava acontecendo na mente de Marty nesse momento. Keaton era inteligente, mas para essas coisas, era lerdo que só.
—Parar com o quê? Ficou louco? Marty... eu entendo. Você perdeu sua melhor amiga. Eu não sou burro..
—"É Sim" -Marty pensava.
—Eu sei que Stacy significava o mundo pra você. Até mais do que eu. E, eu sou seu amigo também. Se você sente que, não tem ninguém pra conversar, ou, se sua mãe não pode te ajudar.. cara, é pra isso que eu estou aqui. Você tá com medo, eu tô com medo. É normal, as coisas são assim. Viu? Não tem nada errado. Vai.. cara desabafa.

É, realmente Keaton não havia entendido nada. Também pudera, Marty estava tão contido que olhando de fora não seria possível adivinhar. Marty suspirou, abraçando o amigo:

—Obrigado.

Keaton retribuiu o abraço.

—Não fica guardando tudo pra você. Não é bom. Como Claire diria "Eu vou dar na sua cara"...

A ingenuidade do "Nerd Gato" era tão grande, que o toque carinhoso de Marty em suas costas não lhe acendeu a faísca. De repente, Keaton sentiu algo macio tocando seu pescoço. Percebeu então, o que estava acontecendo, era Marty, transtornado e descontrolado, beijando seu pescoço de leve. Sem saber se iria se mover, pedir pra que ele parasse ou quem sabe estalar os dedos para acordar Marty daquele "Transe", Keaton engolia seco de olhos arregalados. Esperava tudo menos isso. Era até chocante para ele. "O que eu faço?". Temia se sentir culpado e chateá-lo se pedisse para parar, mas ao mesmo tempo aquilo fora tão repentino que ele nem conseguia processar a ideia de que estava mesmo acontecendo.

—Marty... o que você tá fazendo?...

Marty não parava. Os beijos foram ficando mais intensos e a mão do garoto começava a descer por entre suas costas, com o abraço que ia ficando mais forte, mais impossível de escapar.

—Marty... você confundiu as coisas... -Keaton percebeu que sua voz fora ficando num tom mais sonolento e sua respiração ofegante. Queria se mover, sair daquela situação, só não sabia como, enquanto sentia seu coração acelerado dar pancadas contra o peito do amigo colado ao dele.

Até que, Marty parou. Ficando de frente a ele, fitando-o sério. Keaton engoliu seco novamente, parecia um tanto assustado. Os olhos castanhos claros de Keaton permaneciam fixos, e arregalados, enquanto sentia a mão do amigo passar por de trás de sua nuca acariciando seus cabelos. Ambos estavam com respiração pesada. Em silêncio.

—Você não se mexeu... -Marty disse.
—Não... -Keaton respondeu se perguntando o que isso significava.

Marty tentou puxá-lo para perto, mas ele recuou.

—Vai se mexer agora?... -Marty peguntou, tenso. Já se arrependendo do que fez.

Keaton tomou fôlego, e se entregando a desejos que nem sabia que tinha, atacou. Agarrou Marty com força lhe tascando um beijo brutal. Ele era gay? O que tudo aquilo significava? O que está acontecendo? Com uma interrogação enorme na cabeça, Keaton não fazia ideia do que o estava tomando, só sabia de uma coisa. Não tiraria seus lábios da boca do amigo tão cedo... não houve tempo para pensar ou mudar de ideia. Já estava acontecendo. Os dois ainda com os lábios colados, davam passos intercalados. Marty ia para trás levando Keaton consigo. Já sabiam no que isso ia dar, mas por razões desconhecidas, não pararam.
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Claire, chorava com a cabeça deitada no colo de Steve. Os dois, sentados no sofá da sala dela, observavam a lareira acesa.

—Eu fui um canalha com você aquele dia. Desculpa, de verdade.
—Tava todo mundo exaltado, relaxada. Fiquei chocada com sua atitude? Fiquei. Mas é assim que as coisas vão. Sinceramente acho que não fico mais chocada com nada.
—É, entendo. Depois de hoje...
—Eu vou ter ver um psiquiatra depois de hoje. Sério. Outro dia tava assistindo American Horror Story, a segunda temporada era sobre um Asilo, e... do jeito que as coisas vão.. to achando que vou acabar num lugar desses.
—Sempre gostei dessas barbaridades que você fala.
—E eu sempre gostei que mesmo quando tudo vai pra merda, você se mantém firme.
—Lembra quando a gente quase ficou num verdade ou desafio na 6º série?
—Puta que o pariu, Steve, nem me lembre. Hoje já deu muita merda, por favor, não pioremos o que não pode ser piorado. -Dizia ela já com o Nariz entupido.
—Tá bem...
—Você pode dormir aqui hoje? Sério, alguém vai ter que aguentar os meus gritos quando eu estiver tendo pesadelos.
—Ahm... acho que posso sim, sua mãe vai concordar?
—Eu recebi uma cabeça por encomenda. Acredite, o que eu quiser, minha mãe vai obedecer.
—Okey...

O Celular de Claire tocou. A Vibração era sentida no sofá. Ela se ergueu tirando a cabeça deitada no colo de Steve, esticando o braço pegando o aparelho:

—Mas já vou avisando. Mão boba leva tapa, viu? Te arrebento.
—Isso não vai acontecer, eu garanto.
—Deixa eu atender, deve ser uma das meninas. Alô?
—Hello, Claire...
—Filho de uma puta, você tá morto, você já era.

Steve se inclinou:

—Quem é? -Perguntou ele tentando aproximar o ouvido.
—Xiu, cala a boca. É a aberração mascarada. Por que você não mostra a cara infeliz?
—Mostrar a cara? É nesse tom que a estrela fala?
—Estrela vai ser o que vai estar estampado na sua lápide com a sua data de nascimento, junto com a data que você terá morrido, que a propósito, será no dia que eu te encontrar cara a cara.
—Ah é mesmo? Desejo-lhe toda a sorte do mundo com isso garota. Mas o orçamento do filme foi cortado, vou ter demitir mais uma parte do elenco...
—Pode vir... vem com tudo. Eu vou arrancar as suas bolas e mandar pelo correio.
—Oh, lhe desejo toda a sorte do mundo com isso.

Desligou. Claire fitou Steve, seus olhos expressavam uma raiva estupidamente explosiva.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. Amanhã tem mais um. Por favor, comente o que achou. Muito obrigado por acompanhar! Quem é o próximo a morrer?... para quem está torcendo para que sobreviva?



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