Dormitório 801 escrita por Ste


Capítulo 77
A Meretriz Dourada


Notas iniciais do capítulo

Dêem boas vindas para os novos personagens :3



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Guvensiz andava apressado pelos corredores dos dormitórios masculinos, estava atrasado e tinha certeza que Tohemment logo começaria a apresentar a escola aos novos moradores. O primo de Noah, lembrou.

Dobrou a esquina e três portas depois encontrou Tohe conversando com mais dois garotos. Ambos eram altos, mas um era monstruosamente alto. O menor deles era branco e loiro, seus cabelos eram tão lisos que pareciam ter saído de um comercial de xampu. Cabelos longos numa academia militar? Guz estranhou. Além disso, esse garoto era levemente familiar para Guz, já tinha visto aquele olhar em algum lugar. O desconhecido loiro vestia uma roupa simples, apenas regata e bermuda, mas ainda sim parecia incrivelmente sexy naquele corpo esguio. Ele exalava superioridade e algo mais impuro. Seus olhos eram âmbar, nariz pequeno e arrebitado, lábios assimétricos e finos que carregavam um sorriso malicioso. Guvensiz se arrepiou. O outro era diferente do loiro, aquele sim parecia ter vindo de uma instituição rígida. Seus cabelos - num corte militar - eram de um vermelho quase castanho, a barba estava aparada, usava um boné que fazia sombra nos seus profundos olhos azuis, um nariz grande e afunilado, lábios médios simétricos, queixo quadrado e era grande; Guz conseguiria dizer isso mesmo que ele não estivesse de regata e bermuda - assim como o amigo -, provavelmente praticava algum esporte, como Tohe. Mais novos que Guz, mas pareciam tão mais experientes.

Guvensiz tocou os ombros de Tohemmet para avisar que estava lá, puxando o ar algumas vezes pelo trajeto percorrido numa curta duração.

— Bom dia, Guz. — o ex-armador zombou. — Esses são os alunos transferidos. — apontou para os dois na sua frente.

— Tai'tevor Alieksandrôvitch Nikolaiev. — o ruivo de apresentou. Guz apertou sua mão e sorriu, mas ele não sorriu de volta.

— Acel Evans Lewis. — o loiro sorriu estendendo a mão para Guvensiz e o garoto apertou sorrindo desajeitado. Não gostava do sorriso zombeteiro de Acel. De repente se lembrou de onde o conhecia.

— O primo de Noah. — murmurou. — Ah, eu sou...

— Hetero? — Acel o interrompeu com um sorriso irritante.

— Guvensiz Dabkevicius. — ele se apresentou. Definitivamente não tinha gostado do primo de Noah.

— Eu sei quem você é. — seu olhar era de quem via um alvo para suas piadas inconvenientes. — Tohe estava falando agora mesmo sobre vocês.

Guvensiz sabia que Acel tinha usado aquelas palavras propositadamente. Além disso, incomodava-o o uso do apelido.

— Então, — Tohemmet pigarreou. — como eu ia dizendo... alguns dormitórios têm duas camas e outros, três. Do 800 até o 820, que são os desse corredor, são todos com duas camas.

— Só precisamos de uma, não é, Tai? — Acel murmurou para o ruivo, mas foi ignorado. Guvensiz se sentiu estranhamente contente com a ação de Tai'tevor. O loiro pareceu perceber isso e passou seus olhos por Guz como se o avaliasse.

— Também temos os dormitórios femininos depois dos blocos B e C. — Tohemmet continuou como se não tivesse sido interrompido. — Mas isso vamos ver enquanto andamos pela escola, podemos?

Acel puxou Tai'tevor para o lado e deu espaço para que Tohemmet e Guvensiz passassem.

— Os que conhecem vão na frente. — explicou sorrindo e seus olhos venenosos piscaram para Guz.

Tohe andou e foi seguido pelo amigo, ambos escutaram o grande suspiro que Acel deu quando passaram por ele.

Acel, não... — Guvensiz ouviu a voz de Tai'tevor e se virou rapidamente, temendo o que quer que o outro loiro estivesse aprontando.

O primo de Noah permanecia parado, mas um enorme sorriso demoníaco ornamentava seu belo rosto. Guz franziu o cenho. Acel começou a andar atrás deles, acompanhando os passos dos antigos veteranos com as mãos no bolso.

— Me diga, Guz, há motéis por aqui?

Tohemment sorriu balançando negativamente a cabeça.

O coração de Guvensiz quase parou e o loiro se recusou a olhar para trás, seu rosto estava vermelho. Ouviu um suspiro atrás de si, provavelmente do ruivo.

— Perdão? — respondeu, mas ainda assim não olhou para trás.

— Você sabe, aquele lugar para uma foda com menos de um hora que vamos quando queremos foder escondidos. — Acel explicou casualmente.

— Não sei, talvez.

— Não sabe? Pensei que poderia me indicar algum. — zombou e ficou em silêncio durante um tempo. — Mora longe daqui, Guz? — dobraram mais um corredor.

— Todos moramos, é por isso que usamos os dormitórios. — Guvensiz explicou como se fosse óbvio. E na verdade era.

— Sim, eu sei. Quero dizer, você mora muito longe?

— Estou na casa dos meus tios enquanto resolvo o resto da papelada da escola. É um pouco longe sim. — admitiu. — Tenho que pegar três ônibus para chegar aqui. É por iss...

— E choveu? — Acel o interrompeu, apesar de saber a resposta. O sol brilhava com dignidade céu acima. — Na trajetória, choveu?

Guvensiz virou-se para encará-lo, mas Acel e Tai'tevor trocavam olhares.

— Não, não choveu.

Que engraçado.

— O que é engraçado? — Guz se esforçou para perguntar.

— Acho melhor não perguntar. — Tohemmet falou pela primeira vez desde que aquele estranho diálogo se iniciou.

— O que é engraçado? — Guvensiz perguntou novamente quando percebeu que Acel tinha se mantido em silêncio. Quatro pessoas passaram por eles, dois explicando sobre os dormitórios. — O que é engraçado, Acel?

— Acho que não devo falar, devo falar, Tai? — escutou a voz daquele ser irritante.

— Não.

— Tudo bem, vou falar. É engraçado que não conheça nenhum motel por aqui, visto que o sabonete que você e Tohemmet estão usando é obviamente de algum. E é próximo, tanto que seu cabelo nem secou completamente. Acho que três ônibus são o suficiente para secar os cabelos, não é, Tai? Não choveu nem nada. — desceram as primeiras escadas. — Além disso, eu consigo ver os chupões e mordidas no seu pescoço e nos seus braços daqui. Você também não está pisando firme no chão. Suas pernas e seus quadril doem, Guz? Tohe também está com os lábios mais que vermelhos e inchados. Fingiu atraso propositalmente, Guvensiz? Aposto que a ideia foi sua... mas como eu ia dizendo... conhece motéis por aqui?

Guvensiz sentia seu rosto quente e precisou respirar fundo algumas vezes. Agora entendia o desconforto de Noah.

— Eu disse que era melhor não perguntar. — Tohemmet comentou como se não estivesse realmente preocupado com Acel.

— Ignorem-no, por favor. — Tai'tevor pediu.

— Ah, Tai, você também reparou nisso. — Acel protestou. — A diferença foi que eu verbalizei.

Tai'tevor seguiu seu próprio conselho e o ignorou, mas a paz reinou por pouco tempo. Adentrando o último corredor do dormitório masculino, o grupo esbarrou em Noah com uma caixa de papelão nas mãos. O desprezo do ex-capitão pelo primo era quase palpável.

— Primo! — Acel exclamou com um grande sorriso travesso, foi para a frente do grupo, mas Tai'tevor o segurou pela cintura por trás, impedindo-o. — Tai, não fique com ciúmes, Noah e eu somos apenas primos. Não é, Noah? Se bem que eu gosto de como está me segurando, estão podemos ficar assim. Noah! — chamou o primo, que já estava lhe dando as costas, a voz do loiro era teatral e dramática. Abriu os braços como se aguardasse sinceramente o outro. — Soube que sua mudança seria hoje e aproveitei para conhecer a escola, não está feliz em me ver? — O ex-capitão já estava se afastando. — Noah, não faça isso. Não quer que eu conte a eles nosso pequeno segredinho, quer?

Noah parou.

— Olha, Tai, ele está vindo. Quer dizer, está parado. Acho que ele não quer que eu conte o que aconteceu para os amiguinhos dele. Ah, como é que você me chama mesmo, Noah? Aberração promíscua? Promíscua... não foi isso que disse quando eu estava com o seu pau na minha boca. Ou era o meu na sua? Acho que os dois... ao mesmo tempo. — Noah estava furioso enquanto encarava o primo. Largou a caixa. — Oh! Merda, eu falei alto não foi? Era segredo, Noah? Eu nunca sei, você não gosta muito de conversar comigo. Foi porque eu contei para os nossos parentes que a sua namorada tinha um pau? — agora Noah marchava na direção deles. — Primo, não deve ter vergonha. Acredite, precisamos da Margot na nossa família. Provavelmente é a única que presta de todos nós.

— Acel, chega. — Tai'tevor ordenou com a voz severa.

— Chega por quê? Eu nem comecei a falar. Você chupava o pau dela antes da cirurgia, Noah? Eu sempre quis saber, mas você não fala comigo nem me dá o número dela. Se bem que agora eu tenho certeza que é ela quem chupa o seu. Ela sabe que você não consegue segurar por muito tempo? Eu lembro quando foi comigo, você era virgem, não era? Foi horrível. Broxante, na verdade. Mas acontece. Eu até relevei.

Tai'tevor puxou Acel para trás dele quando Noah estava perigosamente perto. O ruivo era mais alto que Noah e o parou pondo as mãos no seu ombro.

— Sabe que eu não posso deixar você fazer isso, Noah.

— Ele teria que se ver com o vovô. — Acel explicou para Guz como se fosse uma curiosidade qualquer. — Bater em mim não é o problema, explicar para o vovô que foi porque eu chupei o pau dele, sim. Morre de medo que eu conte para aquele velho isso, não é, primo? — provocou o outro novamente.

— Espero que realmente valha a pena, Tev. — o primo de Acel apontou para o peito de Tai'tevor e se virou, pegou a caixa e deixou o lugar. Nem se despediu dos amigos.

Acel o viu partindo com uma expressão de pena.

— Bem, — murmurou saindo de trás de Tai'tevor. — onde paramos? Ah, estávamos indo para a biblioteca, não? — e foi na direção indicada puxando o ruivo junto a si.


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