Dormitório 801 escrita por Ste


Capítulo 75
Última noite




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 As Considerações Finais eram um período que as aulas acabavam, os alunos de primeiro e segundo ano voltavam às suas casas, mas os de terceiro ficavam. Não que todos cumprissem a ordem, a maioria não. Os que ficassem deveriam apresentar a escola e o dormitório para os novos alunos, também era preferível contar suas experiências na instituição e que derramassem litros de elogios aos funcionários de lá. Marketing básico.

Tohemmet e Guvensiz resolveram ficar, assim como alguns outros amigos deles.

Como todo final de ano, várias festas rolavam dia sim, dia não. Já que James se mudaria para seu país de origem, os Estados Unidos, ele resolveu dar uma festa memorável. Num casarão, foi montado uma decoração com o tema neon, várias pessoas foram convidadas, tanto do atual colégio como do antigo. E essas pessoas levaram convidados. E os convidados levaram convidados. E a festa tomou proporções inigualáveis - do jeito que James gostava.

Guvensiz e Tohemmet conversavam em um dos corredores, tinham que estar bem próximos para se comunicarem - a música pulsante os interrompia vez ou outra.

— Última noite que dormiremos no 801! — Guz resolveu falar o que tanto perturbava seus pensamentos.

— É! — Tohe estava feliz por ele ter dito isso, há tempos queria entrar no assunto. — Você ainda vem apresentar a escola aos novos alunos?

— E perder a oportunidade de falar mal daqui?

Tohemment riu e se encostou na parede.

— Será que ainda vamos ver o pessoal? — será que eu ainda vou ver você?

— Ainda terão mais festas! — Guz lembrou. — Deve estar extremamente feliz! Tanta gente costuma dar em cima de você?

Tohemmet o encarou.

— Estava me observando, Guz?

— Nas poucas vezes que eu te vi, estava sempre com alguém em cima! — língua afiada.

O armador o observou tomar mais um gole de sabe se lá o quê estivesse no copo dele.

— Sim, — resolveu reaponder. — é sempre assim! E como eu não tenho problema com gênero, costumo me divertir bastante!

Guvensiz corou de irritação.

— Eu não gosto disso! — admitiu.

— O quê? Agora é meu namorado ciumento? 

O loiro engoliu a seco.

— Você é um imbecil!

Virou-se e saiu de lá, esperava com todas as forças que Tohemmet o puxasse e o levasse para algum canto onde poderiam explorar mais uma vez o corpo do outro e se embriagarem na evidente paixão que os consumia. Mas isso não aconteceu.

Algumas músicas depois Guvensiz encontrou Margot, Genna e outra garota conversando e rindo alto. A agora noiva de Noah encarou o amigo e, percebendo que ele não estava bem, resolveu falar com ele.

— O que você tem? – ela perguntou puxando o garoto para o bar.

— Nada.

— Tohemmet agora é nada?

Ele suspirou desviando o olhar.

— Ele não entende. – Guz desabafou. – Eu só queria...

— Que ele fosse seu exclusivamente, mas sem compromisso. Brincar de casinha. Corta essa, Guz! Uma hora ou outra todos saberão da sua sexualidade. Quer que isso aconteça quando estiver sozinho ou agora que tem amigos verdadeiros que te apoiam? — Ele não respondeu. — Guz, eu amo você, cara. Mas não mais que o Tohe. Aquele cara — ela apontou para nenhum lugar específico. — te ama. E te respeita, por ter esperado esse tempo todo. Quem mais faria o que ele fez? Ele foi teu ombro quando precisou chorar, tua muleta quando precisou andar e até te ajudou sobre sua sexualidade. Não sei porquê eu tô falando isso, acho que é o álcool. — ela olhou para dentro do copo que segurava. — Enfim, não vou fazer discurso. Se quer texto motivacional, procura no YouTube. — Margot suspirou. — Tem um cara gostoso que está apaixonado por você. E eu sei que você está por ele. O que te impede? Idiotas retrógrados? Eles estão em todos os lugares. Esqueça-os. — a garota lhe deu as costas, mas logo se virou. — Ah, e Guz, Tohemmet pode não ter te superado, mas ele está tentando. Não permita. 

Ela o deixou sozinho.

Guvensiz ficou parado por um instante, ingerindo tudo o que a garota disse. E teria ficado mais tempo assim, mas seus pés se movimentaram sem uma ordem expressa. E logo ele estava correndo atrás do cara por quem estava perdidamente apaixonado. 


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