Until Your Last Breath escrita por Mrs Joker


Capítulo 2
Hypnotize


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/705009/chapter/2

A noite de Harleen foi resumida em recortes de papel por toda a sua sala de estar, curiosamente ela estava lendo formas de psicologia e psiquiatria de pessoas que lidaram com psicóticos e genuinamente os melhoraram. Ela pensava que poderia ajudar o palhaço, e a ideia de ajuda-lo a deixava feliz.

Ela parou um pouco e deixou as revistas no chão, por que ela queria ajuda-lo? Sinceramente, ela tinha a opção de deixa-lo fazer suas piadinhas e ir embora sem se importar. Mas algo nos seus olhos e seu sorriso macabro a fazia querer estuda-lo, examina-lo e colocar seus crimes em uma mesa e faze-lo se sentir culpado, cura-lo de uma vez por todas.

É claro que ela faria isso por seu trabalho e pelas pessoas que ele já machucou e machucaria.

Com esse pensamento ela se sentou e começou a folhear as revistas novamente. Dormiu sob seus recortes, com sua xícara de café ao lado da mão.

(...)

Ela percorria o mesmo caminho do dia anterior, sempre cercada de guardas e com os olhares dos criminosos através dos vidros, surpresos por vê-la novamente - a maioria dos psiquiatras já teriam fugido dessa missão de conversar com o Coringa, até eles sabiam disso.

Ela se prepara para pensar a frente da cela da mulher coberta de plantas, procura por ela mas apenas vê tudo escuro. No dia anterior, na volta, ela não reparou na mulher. E dessa vez ela não a veria, também estava curiosa sobre ela, por que uma pessoa em sã consciência viveria no meio de plantas e conversasse com elas como se fossem sua família? Mas é claro, nenhuma pessoa aqui tem sã consciência. Mas não deixa de ser outro caso interessante.

Eles param em frente a porta de aço que já lhe mostra ser familiar.

— Se precisar de ajuda...

— Eu grito —  Harleen interrompe o guarda, sorrindo de lado — Eu sei.

Ele abre a porta e lhe dá espaço.

Ela guarda o sorriso que acabava de dar, ela precisava parecer firme com ele hoje, sem se desdobrar para algum pedido. Mas ao ver sua figura na cadeira já a encarando, ela percebeu que ia ser mais difícil do que pensava.

— Harley, Harley, Harley. — Ele diz divertidamente, sorrindo todo o tempo

Harleen sente uma pitada de tristeza ao perceber que ele não lembrava seu nome, mas ignorou a sensação.

— Harleen. — Ela corrige se sentando e colocando sua pasta na mesa, ao erguer seu rosto ele a encarava completamente sério, como se a pessoa divertida estivesse deixado a sala

— Eu sei, mas eu prefiro Harley. — Ele responde sem emoção alguma

Ela disse algo que o irritou?

— Hoje Coringa, vamos falar do seu passado.

— Não — Ele responde ríspido e seco — Vamos continuar falando sobre você.

Ela se controla para não juntas as sobrancelhas, estava muito intrigada sobre seu comportamento hoje.

— Não estou aqui para brincadeiras, Mr. J.— Ela responde firmemente

Ele se remexe na cadeira relaxando um pouco. Seria por que ela disse esse apelido ou ele é completamente bipolar?

— Do que você precisa hoje, Harley? — Ele ignora a correção do seu nome e tenta formar um novo sorriso

— Todos tem uma família, por onde anda a sua? — Ela esperava que ele fosse fechar a cara ou mandar um olhar duro, mas ele não se move e não demonstra nenhuma emoção

— Morta. Quer saber como? — Ele a surpreende jogando o corpo para frente, seus olhos brilham esperando uma resposta

— Quero. —  Ela diz olhando em seus olhos, estava um pouco difícil para ela quebrar os olhares hoje 

Ele se ergue novamente, como se estivesse se preparando para contar uma história. Harleen estava pronta para o que viesse, ao menos era o que ela pensava.

— Filho único de um pai alcoólatra e uma mãe submissa, não tive nenhum conforto, nem mesmo o de estudar psiquiatria — Ela se sente um pouco mal pela declaração, mas estava ansiosa por mais e principalmente com a idéia de que ele está se abrindo com ela — Uma bela noite meu pai chegou em casa mais bêbado que o normal, era comum nessas noites minha mãe me trancar no quarto e eu a ouvir gritando e ele quebrando coisas, nas manhãs ela sempre estava com um machucado novo — Harleen se remexe na cadeira, com um nó na garganta, isso é horrível — Mas em uma noite foi pior, depois de me trancar no quarto eu ouvi ela correndo para a cozinha, sei que era a cozinha pois a ouvi mexer na gavetas das facas e pelo que houve em seguida, ela queria se defender — Ele fez uma longa pausa, ela queria pedir que ele continuasse mas se conteve, não queria interromper e arriscar não ouvir mais — Eu ouvi muitos gritos e tentei inutilmente tampar meus ouvidos, então do nada tudo parou, mesmo com dúvidas  eu abri a porta e caminhei até a cozinha, rezando para não encontrar meu pai, mas encontrei algo pior... Mamãe estava morta em seu próprio sangue, meu pai estava ao seu lado, mesmo sendo uma inútil mamãe conseguiu acertar a barriga dele antes de morrer, acho até que morreu por isso... Depois disso eu roubava e matava para sobreviver, foi necessário. — Ele diz por fim abaixando o olhar

Harleen o olha meio incrédula, então era isso! Ele é quem é hoje por causa de sua infância horrível, ele virou esse homem impiedoso pois perdeu sua família tragicamente. Ele era mais uma vítima, segundo seus pensamentos.

Ela estava com o maxilar travado, estava triste e com pena verdadeira do palhaço. Ela queria abraça-lo e dizer que tudo já passou, era como observar um pássaro ferido, sozinho e abandonado.

— As vezes eu penso que é culpa minha... — Ele diz e ela sem conseguir se controlar coloca a mão no rosto dele

— Não pode dizer isso. — Ela diz com um nó na garganta

— ... E as vezes... — Ele levanta o olhar lentamente — Eu queria te-los matado — O olhar de tristeza some e dá lugar a um olhar divertido, que se junta a uma risada medonha

Harleen retira a mão assustada e surpresa, mas logo compreende que ele apenas sorri para afastar sua tristeza. Ela sorri por dentro ao pensar que progrediu com ele, coisa que parecia impossível. Ele cessa o riso e a encara.

— E sua família, Harley?

— Distante, muito distante. — Ela responde, feliz pelo relato do Coringa, impossível se manter firme

— Que bom. — Ele sorri

Bom...?! — Ela pensou e se calou.

— O que aconteceu não foi sua culpa — Harleen diz calmamente — Não pode se culpar para sempre, e nem descontar nas pessoas. Você não pode mudar o passado, mas pode mudar daqui para frente.

Ele a ouve atentamente e ela mantém as mãos cruzadas, até que Coringa solta uma alta risada que estava aparentemente presa.

— Pfff... HAHAHAHHAHAHAHA você precisava ver a sua cara. — Ela arqueia a sobrancelha

— Você acha que não pode mudar?

— Não seja tão inocente, doce Harley. — Ele diz se recompondo

Ela o observa curiosa, ele pode mudar e ela está certa disso, viu isso hoje. Quer dizer, a história era real, certo?

— Um sábio uma vez disse que até no lixão nasce flores. — Harleen diz recolhendo seus materiais, seu único pensamento é o quanto o dia foi produtivo

— Ah sim, sim. Adoro arranca-las — Coringa rebate

Ela sorri de lado. Ela queria deixar os materiais de volta na mesa e se sentar, passar o resto do dia e da noite conversando com ele. Era um sentimento estranho, inexplicável. Qualquer um teria recusado esse trabalho, talvez ela esteja tão louca quanto ele por estar aqui ou talvez até mais visto que está com pena do sanguinário assassino. Mas não importa, amanhã vai ser um novo dia.

— Até amanhã, Mr. J. — Ela diz depois de recolher todos os materiais

Ele abre um grande sorriso, como se pudesse sugar sua alma.

— Amanhã vai ser o último dia, Harley, Harley.

— Como assim? Vai fugir? — Ela diz preocupada e ligeiramente chateada

— Vou.

— Sabe que eu posso contar para o diretor ou os seguranças, né? — Ela diz tentando persuadir, mas antes o rosto sem emoção se torna um rosto ameaçador

— Eu mato você. — Ele responde duramente, ela sente que é verdade

Harleen tenta rapidamente pensar em uma resposta, mas como se responde algo assim?!

— Eu morreria por uma boa causa.

— Não existe boas causas, Harley. Seria mais uma morte em vão, pois eu fugiria de novo. — Ele diz com um ar divertido, Harleen se pergunta como ele faria isso, mas pelas fugas anteriores seria com muito sangue

Harleen dá as costas a ele, ao se aproximar da porta ela escuta uma canção de ninar vinda do Coringa. É uma mórbida versão inglesa de uma canção muito conhecida, ela se vira de volta a ele. Ele não se move, não a olha, apenas continua como se já estivesse sozinho.

A sensação de se sentar e continuar conversando com ele que antes era forte, mandava cada parte do seu corpo a atender. Era como se houvesse um ímã atraindo ela para o abismo, era lógico que era sua curiosidade dizendo isso...

O guarda abre a porta ao ver Harleen pensativa pelo outro lado. Isso deveria cortar seus devaneios mas ela apenas continua parada ouvindo a canção ser cantada, Joker prossegue sabendo que ela está o observando.

— Doutora? — O guarda a chama, ela dá um pulo como se tivesse acabado de acordar de um sono

Ela se lembra que estava indo embora e agradece mentalmente o guarda por faze-la sair dali, parecia impossível por si só.

Mesmo com sua saída e o fechamento da porta, a música não se cessou. Mesmo com o caminhar para longe Harleen podia ouvir subitamente, cada vez mais distante. Mais uma vez se esquecendo de reparar na mulher das plantas.

Ainda na cadeira, Coringa continuava a música e terminava com um longo sorriso, tudo estava dando certo. Mas, ela era uma das pessoas mais intrigantes que ele já havia visto. Como ainda não capturou o Morcego, ele também não a deixaria fugir.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Na história original e clássica o Coringa comove a Harley com uma história de infância que a deixa sensibilizada com o homem, então resolvi adaptar isso.
O título do capítulo se deve a música "Hypnotize" (Hipnotize) da banda americana System of a Down.
Eu gostei da idéia dos acontecimentos ficarem em um capítulo e os pensamentos sobre ele no início do próximo, assim podem ver e comparar como os personagens estão mudando ao decorrer da história.
Vou receber todo o tipo de comentário e minha DM está sempre aberta caso queiram conversar.
Até o próximo ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Until Your Last Breath" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.