Until Your Last Breath escrita por Mrs Joker


Capítulo 1
Tente Entender


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem.



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O estalo dos saltos curtos ecoam sob o enorme espaço escuro e gélido, um arrepio e uma sensação ruim preocupa Harleen. Ela odeia entrar nessa parte do Asylum.

Ela olha para os lados, onde olhos curiosos a encaram e grudam suas mãos no vidro, como se pudessem toca-la de alguma forma. É claro que isso não seria possível, Harleen sabia, mas ela conseguia sentir o desespero deles em querer tentar. Os criminosos mais perigosos conhecidos ficavam aqui, na ala de segurança máxima, e ela veria o pior deles. Ela pressiona com mais força sua prancheta e suas pastas quando lhe ocorre esse pensamento.

Os guardas a acompanham até o final do "corredor", é como se a morte pairasse no ar. Ela, bem observadora, se estremece ao ver uma figura através de um dos vidros, uma mulher ruiva coberta de plantas, cobrindo a maior parte do seu corpo e descendo até as mãos, ela manda um curto sorriso a Harleen, que se encolhe um pouco com suas pastas. 'Isso é tão terrívelmente desconfortável, eu deveria pedir um aumento' - pensa enquanto caminha.

— Chegamos. — um dos guardas anuncia, abrindo passagem para a Dra.

Ela observa a resistente porta de aço a sua frente, olha para os guardas e procura dentro de si um pouco de confiança.

— Obrigada.

— Grite se precisar de ajuda. — O mesmo diz, abrindo a porta

Ela nada responde - como se conseguisse.

Ela entra na sala com certo receio e desconforto, não seria diferente. A porta se fecha em suas costas e ela sabe que os guardas estariam lá fora, não há o que temer, certo?! Ela se vira e vê um homem sentado, com uma camisa de força, de início é a única coisa possível de se ver com a pouca iluminação.

Ao se aproximar, o homem sobe o olhar até a Dra. seguido por um medonho sorriso metálico. Ela o observa através de seus óculos: ele possui cabelos verdes meio desarrumados, tatuagens pelo rosto, uma pele muito clara e uma boca vermelha bem marcada, além de dentes de metais e um ar assassino. Seus olhares se encontram, mas são quebrados pela doutora.

— Boa tarde.

—  Que bom saber que é a tarde, não vemos muita luz por aqui. — Ele diz, sua voz é meio rouca e parece muito confiante, ela se limita a sentar e deixar suas pastas na mesa de metal entre eles

— Não é como se você não tivesse estado aqui antes.

Ele abre um sorriso sarcástico.

— E não é como se eu não fosse sair de novo.

— Você vai?

— Vou, logo. —  O sorriso dá lugar a um tom sério e ameaçador 

— Como? — Harleen arrisca, mesmo sabendo que não teria resposta

— Você me faz muitas perguntas, mas ainda não disse seu nome. — O palhaço diz com o mesmo olhar cínico desde que começaram essa conversa

— Dra. Harleen Quinzel.

— Coringa, mas você já sabe disso.

Harleen evita se mover muito, o desconforto dessa conversa a faz involuntariamente ficar inquieta. E claro, o palhaço percebeu isso.

— Qual o problema, doutora? São os dentes? — Ele diz sorrindo, realmente se divertindo com a situação

— Eu nunca conversei com um assassino como você antes.

 — E nunca mais irá, aproveite.

Ela quebra os olhares novamente. Segurando uma das pastas que estava sob a mesa, ela a abre e diz:

— Assassinatos, roubos, terrorismo, tortura, sequestro, tráfico de armas, munição, bombas, facas e drogas. Além de ter matado cinco políticos e massacrado quatro bancos, três restaurantes, um parque público e explodido quatro prédios, há algo também sobre ter sequestrado dois barcos, mas é só uma hipótese visto que foram parar no fundo do mar e não conseguiram liga-los a você.

Ela tenta resumir sua ficha criminal, ele a observa com certo divertimento e brilho nos olhos, uma boa mistura de orgulho por tudo que fez. Mas claro que nem tudo estava ali.

— Eu lhe proponho o seguinte, Dra. — Ele diz jogando o corpo para frente, Harleen instintivamente recua para trás — Eu lhe conto sobre os barcos e você me conta sobre você.

Harleen respira buscando auto controle, o que há nele que a deixa tão desconfortável? Seria seus dentes? Tatuagens? A longa ficha criminal dele? Ou seus olhos assassinos que brilhavam para ela?

— Me parece uma troca justa, mas por que você me confessaria um crime? Isso só iria prejudica-lo.

— Segunda essa justiça humana eu já estou condenado, um crime a mais ou a menos não vai mudar nada, acho até que vai deixar futuros novatos intimidados. — Ele responde sadicamente, ela sabia que isso foi para ela

— Pois bem, o que quer saber?

— Seu nome... Mas completo.

— Em troca, quero os nomes das pessoas que você mandou aos barcos.

— Vou me esforçar para lembrar, para mim eles são todos iguais. — Ele responde sem se importar

— Harleen Frances Quinzel. — Ele a ouve atentamente — Sua vez

— Eu me lembro o nome de um deles, alguma coisa Maxwell, foram só dois homens aos barcos.

Ele responde e ela percebe que ele está falando francamente, mas era complicado entender suas expressões e seus olhares, ela era uma psiquiatra treinada a entender a mente das pessoas mas dessa vez ela apenas não conseguia ver nada.

— E o que eles fizeram?

— Não doutora, está trapaceando — Ele diz sarcasticamente — Quero saber o que você fez para estar aqui.

— Eu ganhei uma bolsa de psiquiatria após surpreender algumas pessoas com um lado acróbata, Arkham Asylum foi o primeiro lugar que me recebeu.

— Acróbata, huh? — Ele provoca

Ela mantém as mãos cruzadas em cima da mesa esperando uma resposta.

— Eles colocaram uma bomba cada um no compartimento de bagagem do barco, o timer marcava 15 minutos.

— O que você quer saber? — Ela diz ansiosa para saber o por que disso 

— Está animada, gostei —Ele diz com o típico sorriso metálico, ela surpreendentemente não se intimida — Qual sua idade?

Ela arqueou a sobrancelha com a pergunta, mas continuou no jogo dele, deixando ele pensar que estava no controle. 

— 24, por que eles fizeram isso? — Ela diz rápido, ignorando seu olhar

Ele se abaixa mais, encarando ela profundamente.

— Porque minha querida... É divertido. — Ele solta uma risada medonha e assustadora que preenche toda a sala

A Dra. que antes não estava intimidada, sentiu um calafrio subir por todo seu corpo. Cada pedaço de seu corpo tentava alertar ela a sair dali, mas suas respostas só a deixavam mais curiosa, seria o caso mais complexo da sua carreira, ela iria resolve-lo, ela precisava entende-lo. Sua curiosidade falou mais alto e ela se animou como se fosse uma criança em uma manhã de natal, sorrindo e o surpreendendo.

— Acho que terminamos por hoje. — Ela diz calmamente

— Já encontrou o que procurava, querida?

— Não, estamos apenas começando, vai ser uma longa semana, te vejo amanhã — Ela diz recolhendo seu material, Coringa observa seus movimentos, como ela poderia estar curiosa e não... Assustada?!

Harleen se levanta e encara o homem a sua frente, que está com um olhar frio e distante, mas convidativo. Ela aperta sua pasta e espera uma resposta, mas ele apenas sorri e diz:

— Mal posso esperar.

Ela sente uma sensação estranha de medo e conforto, instintivamente levanta a mão até seus óculos, o arrumando. Ela se vira de costas para o homem, caminhando até a porta de saída.

— Mas sabe, doutora — Sua voz fria a faz parar no lugar, ainda de costas para ele, ele continua — Eu poderia apenas ter contado a história, você não precisaria ter falado sobre você.

— Tem razão — Ela diz se virando para ele novamente — E eu poderia ter me levantado e ido embora, todos sabemos que você é um caso perdido. — Ela sorri de lado e se coloca para andar

Na cadeira Coringa a observa intrigado, como ela conseguiu esse tipo de reação da parte dele?! É raro o assassino se surpreender com alguma coisa, ele abre um grande sorriso assustador e ri despreocupadamente, sabendo que mesmo do lado de fora, ela está o ouvindo.

Harleen caminha para longe daquela sala com o rosto e voz dele em sua mente, aperta a pasta contra o peito e sorri pensando que encontrará uma forma de salvá-lo. Ou com a possibilidade que eles irão se ver de novo amanhã. Ela não sabia.

Mas algo os deixavam intrigados um pelo outro, eram como um desafio entre eles sobre quem iria descobrir o outro primeiro. Mas resta a dúvida... Quem vencerá?!


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, vou tentar ser frequente e postar quase - ou todos - os dias (:
Título baseado na música "Tententender" composta por Humberto Gessinger e Duca Leindecker em seu tempo no Pouca Vogal.
Até o próximo.