Ele podia reconhecer aquela voz a quilômetros de distância, ainda que estivesse de olhos vendados. Aquele som maravilhoso de contralto povoava seus sonhos noite após noite. Apenas ouvir aquela voz angelical lhe fez sentir uma quentura no coração a qual pensou jamais sentir e desejar novamente formar uma família com ela. Aqueles pensamentos estavam se tornando mais comuns e corriqueiros do que queria admitir. Afugentou aquela ideia maravilhosa e ao mesmo tempo impossível.

— Foco Grissom! Não é hora de se ter fantasias a respeito de algo que você não pode ter – ele pensou consigo, balançando a cabeça.

— Você cuida muito bem da menina como se ela fosse sua filha. Com certeza será um ótimo pai – ela repetiu a afirmação, abandonando o local onde estava parada anteriormente, parada no batente da porta e andando em sua direção.

— Não sabia que você estava aí Sara – ele comentou.

— Estava vendo você cuidar da criança. Qual é o nome dela? – indagou apontando para a menina.

— O nome dela é Mary Ann, mas resolvi chamá-la de Mae. Acho Mary um nome muito forte para uma criança.

— Gostei do apelido. Combina com ela – Sara concordou sorrindo – Alguém já lhe disse que você leva jeito com criança?

— Não, nunca.

— Pois eu digo. Você leva jeito com criança. Não sei se eu conseguiria cuidar de uma dado o meu histórico. Você sabe... Toda aquela questão com meus pais e o lar adotivo não me fazem ter certeza de que eu seria uma boa mãe algum dia.

— Tenho certeza de que você será. Ninguém nasce sabendo como ser pai ou mãe e a sua experiência me dá a certeza de que você será uma excelente mãe porque fará exatamente o contrário do que seus pais fizeram com você – ele argumentou  lhe lançando um meio sorriso, fitando-lhe os olhos.

— Obrigada! – ela agradeceu, devolvendo-lhe o sorriso – O que vamos fazer agora? Com quem você deixará Mae?

— Com ninguém. A Levarei conosco. Não a deixarei com Greg nem mais um minuto.

— Acho que ele ficará agradecido. Nosso rato de laboratório definitivamente não tem dom para cuidar de crianças – ela comentou e soltou uma sonora risada. Grissom se juntou a ela.

Ele guardou as coisinhas de Mae na bolsa, pegou-a no colo, pegou a chave do carro e dirigiu-se a Sara:

— Bom, estamos prontos, podemos ir. Mas antes de sairmos, preciso falar com Archie.

Eles seguiram para a sala de análises audiovisuais. Lá se encontrava um jovem de aproximadamente 25 anos, de cabelos negros e lisos, olhos puxados que indicavam sua descendência oriental.

— Archie, encontrou alguma coisa no vídeo da câmera de segurança que te entreguei? Alguém aparece? Algum sinal de quem deixou Mae na porta da minha casa?

— Olá Grissom. Não obtive êxito. Examinei quadro por quadro, aumentei os pixels das imagens, mas não consegui visualizar nada que pudesse nos ajudar. Uma mulher aparece no vídeo, mas parece que ela conhecia muito bem onde estava a câmera porque ela esconde o rosto – Archie explicou.

— Bom trabalho Archie – ele agradeceu – Qualquer novidade me ligue.

Voltando-se para Sara, ele disse:

 — Vamos?

 — Vamos! – ela concordou.

E seguiram para o estacionamento onde a SUV do Departamento, automóvel o qual ele tinha autorização para usar, se encontrava parada. Ele abriu a porta, colocou Mae no bebê conforto afivelando-a para que permanecesse em segurança, entrou no veículo junto com Sara e partiram para conversar com um suspeito.