Greg não imaginava que uma criança podia ter tanta força nos pulmões e chorar tanto. Onde aquela criaturinha arranjava energia e disposição para chorar por tantos minutos seguidos? Já fazia uma eternidade que Mary se esgoelava. Ele já fizera tudo que era possível para acalmá-la e nada. Nada do que fazia era suficiente para fazê-la calar.

— Nota mental: nunca ter filho – ele disse para si mesmo enquanto balançava a menina na vã tentativa de aquietar a menina que estava aos cuidados de Grissom.

Arrependeu-se amargamente de ter aberto sua maldita boca grande e ter feito a brincadeira idiota. Imbecil! Ele se xingava. Como resultado havia se tornado babá involuntário de uma criança que parecia não ter um botão para desligar. Torcia para que seus colegas lhe trouxessem logo evidências para que ele pudesse analisar e dessa forma se livrar daquela tarefa incômoda.

Não é que ele não gostasse de crianças, não era isso. Ele gostava principalmente se estivessem caladinhas, limpinhas e bem longe dele.  Como filho único, ele nunca teve contato com outras crianças, não teve irmãos e nem contato com seus primos. Com aquela menina chorona a estourar seus tímpanos se perguntava de que valia sua formação em Química em uma das melhores faculdades do país.

— Vamos lá menininha, pare de chorar! O chefinho vai me matar se encontrar você chorando assim e é capaz de ele me despedir – implorou Greg a menina que continuava a berrar.

— Você já experimentou olhar a fralda dela? – indagou uma voz conhecida entrando na sala e dando-lhe o maior susto.

— E-Eh... n-não – ele gaguejou.

— Esse choro provavelmente é porque ela está suja Greg – advertiu Grissom – Trouxe evidências que preciso que você analise. Tome, deixe que eu cuido de Mae – ele entregou o saquinho com a evidência para Greg. O garoto o recebeu.

— Salvo pelo gongo – ele falou baixinho.

— O que disse? – inqueriu o supervisor.

— Nada – ele respondeu e saiu logo em seguida.

Gilbert Grissom voltou sua atenção para a pequenina que ainda chorava a plenos pulmões e estava diante de si. Ela era muito linda. Sentia como se ela já fizesse parte de sua família. Tentou reprimir esse sentimento, porém era inevitável.

— O que minha princesinha tem? Será que está com a fraldinha suja, hein? Deixe o papai ver – ele retirou a calça cor de rosa que ela vestia e puxou um pouco a fralda apenas o suficiente para ver que a menina havia feito uma verdadeira obra de arte.

— Não me admira você estar chorando desse jeito! Você está sujinha, mas vamos já resolver isso, não é? – ele conversou com a menina sorrindo.

Ele colocou o trocador – outro item que comprou – sobre o sofá. Deitou Mary sobre ele, retirou a fralda e com ela retirou o excesso de fezes. Pegou o pacote de lencinhos umedecidos e passou sobre a genitália da menina, limpando-a. Depois vestiu uma fralda limpa e tornou a vestir a calça.

— Pronto! Agora você está limpinha minha princesinha – não resistiu e deu um beijo na barriguinha da menina.

— Você será um ótimo pai – a voz melodiosa que tanto conhecia exprimiu essa sentença e assustou-lhe.