A perita criminalista do Departamento de Criminalística de Las Vegas, Sara Sidle, mal conseguiu dormir quando chegou em sua casa depois do último turno, tamanha foi sua emoção. Não deveria ficar tão empolgada por trabalhar junto ao seu chefe em um caso. Mas quem era capaz de controlar seu coração? Que culpa tinha por estar apaixonada por aquele lindo e atraente homem grisalho e dono de incríveis olhos azuis? E daí que ele era seu supervisor? E daí que ele fosse pelo menos quinze anos mais velho que ela? Não se importava com isso. Importava-se apenas com poder estar junto a ele, nem que fosse somente para resolverem algum caso. Importava-se também com criar coragem e lhe dizer abertamente o que sentia por ele. Aguardava ansiosa o momento de revê-lo.

Ela se arrumou com muito aprumo. Escolheu para aquele turno uma calça jeans azul escura bem colada e uma camisa vermelha de manga três quartos, que deixava uma pequena parte dos seios à mostra sem se tornar vulgar. Deixou o cabelo solto e para completar o traje para o trabalho, nos pés trazia um sapado de salto baixo. Passou um pouquinho de maquiagem para realçar a pele e como não podia usar perfume para não atrapalhar no andamento dos casos, quando estava no banho, usou um óleo corporal de fragrância suave. Olhou-se no espelho e gostou do resultado. Ainda que não falasse para seu supervisor sobre seus sentimentos, não havia nenhuma regra no laboratório a qual a impedisse de tentar seduzi-lo e conquistá-lo.

Ela tinha apenas vinte e dois anos. Era jovem. Ela sabia disso, entretanto possuía um currículo de dar inveja a muitas pessoas. Concluíra o curso de Física aos dezesseis anos e fora a primeira da turma. Na época da faculdade participara de um seminário da Academia Forense – pré - requisito para o ingresso na área forense e ela foi a mais jovem do grupo – e trabalhara durante quatro anos como assistente de legista no Laboratório de Criminalística de São Francisco. Já trabalha no Departamento de Criminalística de Las Vegas há dois anos. Viera justamente por causa do chamado de Grissom. Foi ele quem pediu para que ela viesse auxiliá-lo na investigação da morte da perita de nível um que trabalhava lá e a culpabilidade ou não de Warrick Brown no incidente que levara Holly Gribbs à óbito. Eles já se conheciam desde a palestra que ele ministrara na época do Seminário. Não podia dizer que eles haviam tido um caso. Durante o seminário eles saíram juntos algumas vezes e tomaram café juntos uma vez. Mas isso foi o suficiente para fazê-la perceber que Grissom era o homem de sua vida.

Ela chegou ao laboratório como sempre pouco antes do seu costumeiro horário de entrada. Pouco tempo depois seus colegas começaram a chegar. Recebeu muitos elogios por parte dos membros masculinos da equipe, dizendo que ela estava muito “gata” e “gostosa” com aquela roupa. Torcia para que Grissom achasse o mesmo.

Estava nervosa. Por sua cabeça passava milhares de pensamentos. Começou o famoso jogo do “E se...” E se ele não gostar? E se ele não gostar de mim? E se... Seu pensamento foi interrompido pela chegada do protagonista de sua angústia. Vê-lo ali parado fê-la engolir em seco. Não acreditava no que seus olhos viam. Devia ser miragem. Desde quando Grissom tinha filho? Se ele fora capaz de esconder isso, quantas coisas mais ele seria capaz de esconder?

Ouviu a pergunta de Greg prestando atenção na resposta de Grissom. Sem perceber, ela começou a prender a respiração.

— Eu não sabia que você tinha um filho Grissom. Desde quando você se tornou pai?

— Boa noite para vocês também. Eu estou bem, obrigado! – ele respondeu como se não tivesse ouvido a pergunta – Eu não sou pai. Pelo menos não que eu saiba. Essa bonequinha aqui foi deixada na porta da minha casa hoje pela manhã, creio eu.

— Como alguém abandona uma princesinha linda dessas? – quis saber Catherine.

— É o que eu também quero saber – ele respondeu.