Não era Sara quem estava ali parada em sua porta. Ele ficou totalmente atônito porque a mulher que estava diante de si lhe era totalmente desconhecida. Nunca a tinha visto na vida. Era uma mulher baixa, com cara de poucos amigos, cabelo castanho entremeado com muitos fios brancos amarrado em um coque, na casa dos cinquenta anos. Ela trazia uma pasta em sua mão esquerda. Trajava uma saia de sarja preta, uma blusa de seda branca e um blazer preto por cima da blusa. Não usava maquiagem. Não usava nada para disfarçar sua cara de limão azedo. Usava uma sandália de salto baixo.

― Senhor Grissom? – ela o indagou.

― Sim, sou eu – ele admitiu – Desculpe-me, mas eu a conheço?

Ele tinha uma boa memória, pelo menos era o que achava. Tinha absoluta certeza de que não a conhecia.

― Não, o senhor não me conhece. Chamo-me Yolanda Hernandes e sou assistente social – ela apresentou-se.

Ao ouvir a apresentação da assistente social, Grissom sentiu um arrepio em sua espinha. Algo não estava correto. O que aquela mulher queria com ele, ali na casa dele? Ele não demoraria a ter sua resposta.

Lembrou-se da cortesia. Não podia deixar a mulher ali plantada na soleira da porta. Ele deixou que ela entrasse. Por mais que seu sexto sentido, intuição ou o que quer que fosse lhe alertasse para que não o fizesse.

― Por favor, entre! – ele a convidou.

― O senhor deve estar se perguntando o porquê de minha visita sr. Grissom, não é mesmo? – ela o questionou.

― Devo confessar que não me passa pela cabeça a razão de sua visita sra. Hernandes, ficaria muito contente se pudesse me esclarecer – ele verbalizou.

― Muito bem – sem que fosse convidada ela sentou-se no sofá e cruzou suas pernas curtas e grossas – Estou aqui por causa da menor Mary Ann Taylor. Ela está sob seus cuidados, não está? – ela indagou já sabendo a resposta.

Grissom viu seu mundo girar, escurecer e ruir. Não conseguia acreditar que aquilo estivesse acontecendo. Não com ele. Não podia ser. Tinha de ser uma brincadeira!

― Sinto muito sr. Grissom, mas com a morte da senhora Taylor, a menor terá de ficar em um abrigo, sob nossa custódia, ela deverá ficar aos cuidados do serviço social – a mulher sentenciou – Por favor, não resista.

Ela tomou a menina dos braços de Gil. Mae chorou por ser arrancada dos braços daquele a quem ela considerava seu porto seguro.

Grissom viu a menina ser levada, sentiu-se impotente. Seu coração estava partido. Ele não estava preparado para aquela separação. A porta foi fechada e ele pôde extravasar tudo o que sentia. Não se importou de soltar um urro de dor. A dor que sentia era quase mortal. Era como se lhe tivessem arrancado uma parte de si.  Suas lágrimas lavavam seu rosto. Lembrou-se de contatar uma pessoa. Só havia uma pessoa em quem ele confiava, a única pessoa que ele sabia que seria capaz de compreender o que ele estava sentindo naquele momento. Pegou o celular e discou o número tão conhecido. Somente ela podia lhe ajudar. Somente ela podia amenizar aquela dor.

Ela atendeu no primeiro toque. Ele nem deixou que ela se identificasse direito:

― Sara, sou eu, o Grissom. Preciso de você urgente! – ele rogou entre lágrimas.