Grissom ainda sentia a dor da perda de Hilda. Sentia principalmente porque ela era uma jovem e tinha toda uma trajetória pela frente, porém agora ficaria somente a lembrança de uma jovem mãe que fizera tudo o que estava ao seu alcance para o bem de sua filha. Para ele, os jovens não deveriam morrer tão cedo. Achava uma injustiça que pessoas boas e jovens fossem tiradas tão cedo deste mundo. Talvez elas partissem cedo para que não vissem a podridão, a maldade desta sociedade vil.

Havia passado somente um dia desde a certificação do óbito de Hilda. Grissom tomou a liberdade de organizar seu funeral. Não havia muitas pessoas, apenas ele, Sara, o pessoal do laboratório – Grissom conseguiu junto a Conrad Ecklie, o diretor do laboratório, com que todos fossem dispensados - e a senhorita Anna Anderson, a governanta da casa de Hilda. Mae havia ficado aos cuidados de Gabi. Todos ali se mostravam tristes pela partida precoce da senhora Taylor, embora eles não a conhecessem. Mas assim como Grissom, partilhavam da tristeza de uma moça na flor da juventude morrer de repente e por uma doença tão infeliz. Havia também um reverendo para realizar o velório o qual foi realizado na Igreja Batista. Grissom comprou uma coroa de flores para a defunta.

― Estamos aqui reunidos, amigos e familiares, para rememorar a vida de Hilda e a importância dela para cada um de nós. Certamente ela foi um exemplo de mãe e de esposa e, portanto, deixará saudades – declarou o reverendo e depois continuou com seu sermão.

Enquanto o reverendo falava, o entomólogo vagava pensando em como Hilda fora importante para ele. Havia confiado a ele a tarefa de cuidar de seu bem mais precioso. Embora ela não o conhecesse muito bem, ela acreditou que ele era capaz de ser um bom pai para Mae. Ela lhe havia dado um presente. O melhor de todos os presentes de sua vida.

Finda a cerimônia fúnebre, o caixão o qual seu corpo repousava foi trasladado para o cemitério que ficava ao lado da igreja – Grissom cedeu um jazigo que era de sua família – e ali a enterraram. Quando o caixão ia baixando os presentes jogaram uma rosa branca cada um.

Grissom voltou para casa exausto. Anunciou-se para que Gabriela soubesse que ele havia chegado a casa. Assim que ele entrou, ela veio em sua direção e entregou-lhe Mae nos braços. Ele deu um abraço apertado na menina.

― Agora somos somente você e eu, minha abelhinha. Somente você e eu.

Decorreram-se apenas alguns minutos do disfrutar da companhia de sua agora filha. A campainha tocou interrompendo a demonstração de afeto entre pai e filha. Grissom não fazia ideia de quem poderia ser naquele momento. Ele não esperava ninguém. Talvez pudesse ser Sara. Ele mesmo dissera a ela que não era preciso que ela ligasse que poderia vir a sua casa sempre que quisesse e sentisse vontade de ver Mae.

Ele abriu a porta e ficou atônito.