Ele demorou a chegar onde queria mais do que desejava por culpa de um engarrafamento. Era sempre assim, quanto mais se tinha pressa mais aconteciam coisas que atrapalhavam a realização da tarefa desejada. E era justamente o que estava acontecendo com ele naquele momento. Ele tamborilava os dedos no volante, um claro sinal de que estava nervoso. Teve o cuidado de informar ao laboratório onde estava indo.

Depois do que lhe pareceu uma eternidade, ele chegou ao local desejado. O Hospital em que Hilda estava internada. Ele havia deixado seu número de telefone para recado para o caso de que ela precisasse de qualquer coisa. Até aquele momento não havia recebido nenhuma ligação. Até aquele momento.

A recepcionista responsável pelo turno que lhe havia ligado disse que era urgente que o médico queria conversar com ele. Na ocasião da ligação Hilda havia sofrido uma parada cardíaca. Eles estavam fazendo de tudo para estabilizá-la.

Assim que entrou identificou-se e pediu para conversar com o médico responsável pelos cuidados de Hilda. A recepcionista pediu que ele aguardasse um instante, pois o médico responsável pela senhora Taylor estava em uma emergência. Embora estivesse extremamente nervoso, ele resolveu sentar-se em um dos bancos da sala de espera. Ele batia o pé no chão, uma clara evidência de seu estado emocional. Estava de cabeça baixa quando ouviu seu nome ser chamado. A voz ele conhecia muito bem.

― Grissom – ela o chamou.

Ele levantou o rosto e a viu. Linda como sempre, perfeita como o alvorecer, ela tinha uma expressão de preocupação no rosto.

― O que você está fazendo aqui? – ele indagou curioso. Era incrível como ele nunca agia como queria quando ela estava presente. Não sabia por que, mas frequentemente sentia a necessidade de provocar-lhe.

― Eu estava chegando ao laboratório quando vi você sair apressado, eu te chamei, mas você não me ouviu. Por isso, resolvi te seguir. O que aconteceu?

― Me ligaram informando que Hilda teve uma parada cardíaca, talvez uma resposta negativa a algum medicamento. Pediram-me para que viesse.

― E por que você não me avisou? Eu teria vindo com você – Sara queixou-se.

― Eu não queria preocupar você – ele se desculpou.

― Vê-lo saindo daquela forma, todo apressado me deixou muito preocupada. Tanto que estou aqui – ela falou sorrindo.

O médico responsável por Hilda chegou naquele exato momento interrompendo a conversa dos dois.

― Senhor Grissom, sou o doutor Peter Johnson, responsável pela paciente Hilda Taylor. Seu número constava em nossos registros para o caso de precisão e este é o caso. Sinto muito em informar-lhe, mas a senhora Taylor não resistiu. Tentamos estabilizá-la após a primeira parada cardíaca, ela reagiu, contudo logo em seguida sofreu outra da qual não voltou. O senhor conhece os parentes para avisar-lhes?

― Ela não tem mais ninguém.

― Então, o senhor pode assinar os papéis para liberar o corpo para a autópsia? Depois que tudo estiver em ordem e a autópsia feita, o corpo será liberado para o enterro.

― Ok.

Ele assinou os papéis conforme o pedido do doutor Johnson. Grissom tentava se fazer de forte. Quando o médico os deixou a sós, ele não conseguiu mais esconder a dor que sentia. Deixou as lágrimas rolarem pelo seu rosto, demostrando sua dor. Sentia realmente a perda de Hilda. Sara permaneceu ao seu lado sem falar nada. A única coisa que fez foi apertar-lhe a mão para passar seu apoio. Estava do seu lado.

― Ela era uma guerreira, entretanto, essa batalha ela não foi capaz de vencer – comentou Grissom com a voz embargada, referindo-se ao significado do nome de Hilda.