Sara ficou admirada ao perceber que a mulher que eles procuravam era a mesma que esteve envolvida em um caso em que ela e Grissom investigavam. Não havia ligado os nomes, embora agora aquilo fosse inteiramente claro como água.

Já Grissom estava estático porque descobriu que quem estava deitada na maca do hospital era justamente a mulher que procurava. Ela estava longe de apresentar a mesma aparência de há quase um ano atrás. Sua pele estava pálida, parecia ter emagrecido pelo menos uns dez quilos – a jovem senhora estava muito magra quase cadavérica – o que antes fora um lindo cabelo louro e sedoso, agora era um amontoado de fios sem vida e opacos.

Ela estava acordada. Seus olhos eram de um azul intenso. Não precisava de nenhum teste de DNA para comprovar que ela era a mãe de Mae, pois a menina era a cópia fiel da mulher deitada na maca. Ela estava envolta por diversos fios. Havia um que lhe monitorava os batimentos cardíacos, recebia soro e medicamento intravenoso, e parecia que respirava com ajuda de aparelhos. Parecia que ela estava muito mal.

Hilda os viu entrar e forçou um sorriso. Até o simples gesto fazia com que todo o seu corpo doesse. Maldita doença!

― Que bom que você veio senhor Grissom! Perguntava-me mais quanto tempo o senhor demoraria a aparecer! Receio que esta não seja uma visita de cortesia – ela disse com dificuldade.

Hilda Taylor tinha 24 anos e já tinha passado por mais apuros que qualquer outra pessoa tenha experimentado. Casou-se aos 21 anos com o homem que julgava ser o amor de sua vida, o qual na verdade se revelou ser um verdadeiro patife. Ele era lindo. Ele bebia bastante e seu esporte favorito era espancar mulheres indefesas. Quando descobriu que seu marido havia sido assassinado, ela sentiu um perfeito alívio. Principalmente porque alguns meses antes, ela descobriu que estava grávida. E não queria que seu filho ou filha presenciasse aqueles maus tratos. O lado ruim da morte de seu marido foi que o assassino foi justamente a pessoa que mais amava no mundo: seu pai. Ele foi condenado à prisão perpétua.

A injustiça continuou. Quando estava com sete meses de gestação descobriu que estava com câncer, uma forma bastante agressiva da leucemia. Os tratamentos realizados não surtiram efeito. Teve forças para ter seu bebê, uma menina que chamou de Mary Ann e amamentá-la. Porém, chegou o momento que não tinha mais condições de ficar com ela, muito menos cuidar dela. Precisava encontrar alguém para cuidar de sua menina. Não foi difícil recordar-se dos peritos que comandaram a investigação do assassinato de seu marido. Quando o viu sabia perfeitamente que o que estava prestes a fazer era o correto.

― Receio que não. Não tomarei muito seu tempo, vejo que não se encontra bem. Gostaria apenas de saber por que eu? – ele indagou curioso.

― Você era e é a pessoa perfeita para criá-la e educá-la. Sei que com o senhor ela estará em perfeitas mãos – Hilda respondeu – Como pode ver não tenho muito tempo de vida. Não se preocupe senhor Grissom, pretendo passar-lhe a guarda de Mary por escrito. Tudo de forma legal – ela sorriu.

Depois de algum tempo ela pareceu notar a presença de Sara.

― Vejo que o senhor se casou com sua parceira senhor Grissom – ela constatou – Mary é uma menina de sorte. Terá um pai e uma mãe maravilhosos.

― Não somos casados. Grissom e eu continuamos sendo apenas parceiros de trabalho – Sara contestou.

― É uma pena! Vocês formam um lindo casal – Hilda comentou.

― Precisamos de uma amostra de DNA sua apenas para comprovação de que você é mesmo a mãe de Mary – Grissom informou.

Hilda levou sua mão à cabeça e retirou com facilidade um punhado de fios de cabelo e entregou a Grissom.

― Aqui está.

Eles saíram do quarto se sentindo impotentes. A jovem enferma merecia viver, merecia poder cuidar da filha, vê-la engatinhar, dar os primeiros passos, falar as primeiras palavras, enfim tudo o que uma mãe sempre sonha em fazer junto com o filho.

Antes de partir do hospital, Grissom e Sara conversaram com o médico responsável por Hilda. As notícias não foram nada animadoras. Ela tinha apenas poucos meses de vida.