A conversa com o doutor Albert Robbins realmente deu muito que pensar a Grissom. Não a brincadeira que ele fizera em relação a sua masculinidade – porque ele via assim, como uma brincadeira e não como algo sério – mas o que ele havia falado sobre felicidade. Sua vida seria tão mais fácil se ele quebrasse as regras de vez em quando, se não fosse tão criterioso quanto às normas. Mas ele era. Não era de seu feitio desobedecer a leis, ele nunca faria isso, pelo contrário, faria absolutamente qualquer coisa para continuar na linha até mesmo desistir de sua felicidade.

O turno seguiu sem mais problemas. Tanto ele e Sara quantos os demais, não tiveram dificuldades para resolver os casos os quais lhes foram conferidos. Quando enfim seu expediente findou-se, ele dirigiu-se até sua sala, retirou e guardou seu colete, pegou seus objetos pessoais, os quais não podia levar para a cena do crime e seguiu em direção ao estacionamento.

Abriu a porta do carro, entrou, deu partida, acelerou e partiu. Enquanto dirigia para sua casa, permitiu que seu pensamento fosse conduzido para outro lugar, para outra pessoa. Sara. Se ele fechasse os olhos naquele momento seria capaz de sentir seu cheiro e mais ainda podia sentir novamente o gosto de seus lábios sobre os seus, podia sentir o calor que sua pele emitia cada vez que ele a abraçou. Voltou sua atenção para o trânsito. Não podia envolver-se em acidente. Havia alguém muito especial lhe esperando.

Lembrou-se de Mae. Instantaneamente seus lábios se abriram em um grande sorriso. Como estava com saudades de sua pequena, de sua abelhinha. Era a primeira vez desde que a menina havia chegado a sua casa que ele ficava tanto tempo longe dela. Já contava os minutos para chegar a casa e enfim poder vê-la, pegá-la e brincar com ela.

Estacionou o carro em frente a sua casa. Desceu do veículo, pegou a chave de casa do bolso, enfiou-a na fechadura, abriu a porta e entrou em seu lar. Estava em silêncio.

― Cheguei! – ele anunciou.

Gabi, a babá que ele havia contratado poucas horas antes, veio da cozinha com Mae em seus braços.

― Olha só quem chegou Mae! Foi seu papai! – ela comunicou à menina sorrindo, indo em direção a Grissom.

Grissom gostou de ouvir aquela palavra. Papai. Ele realmente se sentia pai de Mae. Mesmo que não fosse o pai biológico daquela coisa fofa, ele era seu pai de coração. Ele recebeu a criança dos braços da babá. Parecia que Mae também havia sentido falta dele porque assim que percebeu que estava em seu braço, se aconchegou a ele e presenteou-lhe um sorriso banguela, o sorriso mais lindo que ele conhecia.

― Ela já tomou banho e já tomou o leite, senhor Grissom.

― E como foi cuidar dela?

― Ela é uma graça e muito calma. Se todas as crianças que eu cuidei fossem assim, eu não teria do que reclamar – ela respondeu sorrindo.

― Obrigado Gabi. Seu horário já chegou ao fim. Pode ir para casa – ele comunicou – Pode deixar que a partir de agora eu cuido dessa mocinha. Até hoje mais tarde, ás 17h00m.

― Até.

Gabriela pegou sua bolsa e partiu, não sem antes observar com emoção como o tão famoso entomologista forense Gilbert Grissom cuidava da criança. Se ele dedicava tanto amor a um bebê que não era seu filho, como seria então com um filho seu. A mulher que fosse a mãe do filho do senhor Grissom tiraria a sorte grande, ela pensou.

Assim que Gabi saiu, Gil olhou para Mae e disse:

― Agora somos somente eu e você. Como estava com saudades de você minha pequena. Papai estava morrendo de saudades.

Ele aproximou a barriguinha de Mae de sua boca e começou a fazer cócegas na menina depois foi a vez do pescoço e logo em seguida a axila. Quando estava satisfeito com a brincadeira das cócegas, beijou-lhe diversas vezes. Depois lhe deu um abraço apertado. Ainda permaneceu um bom tempo brincando com Mae, aproveitando o tempo que dispunha para ficar com ela, junto a ela.