Ainda naquela tarde, um pouco antes da chegada da babá para a entrevista, Gil viu chegar em sua casa o restante das coisas que havia comprado para o enxoval de Mae, as coisas que ela precisaria para ficar confortável em sua casa. Quando encontrassem a mãe da menina, certamente entregaria a ela as coisas que havia comprado para ela. O que chegou foram os móveis, grandes demais para carregá-los no porta-malas do carro, como o guarda roupas, o berço de madeira e a cômoda. Todos eles eram brancos. Grissom sinalizou para o montador que veio junto com o caminhão de entregas, onde colocar e montar as compras.

                O servidor de montagem realizou seu trabalho em pouquíssimo tempo, como ele possuía uma vasta experiência de onde se encaixava cada peça, não levou mais que uma hora para executar o serviço. O supervisor do turno noturno ficou tão satisfeito com o serviço prestado, com a amabilidade do trabalhador e com sua eficiência que lhe ofertou uma generosa gorjeta. Os móveis assentaram-se bem no cômodo. Depois de tudo pronto e em seu devido lugar, ainda houve espaço para a permanência da cama de solteiro e ainda para a inclusão de uma poltrona a qual Grissom não usava mais no quarto que agora pertencia à menina.

                Grissom olhou para o aposento. Estava quase perfeito. Faltavam somente os enfeites femininos como cortinas, bonecas, bichos de pelúcia e coisas afins que compunham o quarto de uma menina. Assim que o montador deixou o aposento, Grissom pôs-se a colocar os pertences de Mae em seus devidos lugares. Pôs as roupas no guarda roupas, as roupas de cama, toalhas e mantas na cômoda e os itens de uso pessoal sobre a cômoda. Pronto! Tudo estava no lugar certo.

                Ainda sobrou-lhe tempo para arrumar-se. Não podia fazer feio em sua entrevista com a possível babá de Mae. Por isso tomou um banho relaxante, enxugou-se e vestiu uma roupa confortável e ao mesmo tempo bonita. Precisava causar uma boa impressão.

                Sentiu-se feliz por Sara estar ali o auxiliando. Devido a chegada do montador de móveis e o seu trabalho, Mae acordou um pouco mais cedo que seu horário habitual e por isso ficou um pouco emburrada. Choramingou até que Sara a retirou do berço e levou-a até o quarto de Grissom, levando consigo a roupinha que colocaria em Mae, sua toalha e os artigos de higiene pessoal.

                Era a primeira vez que entrava no quarto masculino. O aposento era decorado com simplicidade e poucos  móveis e estava impregnado com o cheiro dele. Deixou o cômodo e dirigiu-se até o banheiro, onde já se encontrava a banheira da menina. Deu banho nela, perfumou-a com uma colônia infantil, passou pomada contra assaduras em suas dobrinhas, vestiu-lhe a fralda descartável e pôs a roupa que havia escolhido. A menina ficou uma graça trajando um vestidinho azul claro que lhe chegava até os pés e que combinava com seus encantadores olhos, uma faixa também azul claro enfeitando sua cabecinha delicada e os sapatinhos pretos.

                — Pronto meu amor! Você está muito linda e pronta para receber sua futura babá – ela explicou para a criança e ao final deu-lhe um beijo no topo de sua cabeça – Tenho certeza de que assim que ela te ver, se apaixonará assim como eu.

                No horário marcado a campainha tocou.

                — Deve ser a babá – Grissom comentou indo atender a porta – Pontual – ele consultou o relógio – Ela já ganhou pontos comigo por isso.

                Quando abriu a porta deparou-se com uma linda morena de aproximadamente um metro e sessenta, de cabelos castanhos cacheados longos, olhos também castanhos. Ela carregava no ombro uma bolsa e seu olhar transmitia um pouco de segurança.

                — Sou Gabriela Lima. Vim para uma entrevista com o senhor Grissom – ela explicou com timidez.

                A timidez de Gabriela se explicava devido a pesquisa que fizera assim que recebera a ligação. Ela gostava de saber com quem estava tratando, se seu possível empregador tinha ficha criminal, se era violento, entre outras coisas. A senhorita Lima era uma jovem senhora de trinta anos, brasileira, natural do estado de São Paulo. Tinha um filho, um garotinho de seis anos chamado William. Já residia nos Estados Unidos há dez anos junto com o marido. Por isso sempre pesquisava as informações sobre seus futuros empregadores. Queria ter a certeza de que ela e sua família ficariam em segurança.

                — Eu sou Gilbert Grissom. Fui eu quem ligou – Grissom anunciou.

                — Prazer em conhecê-lo, senhor Grissom – ela o cumprimentou, logo em seguida cumprimentou Sara, que já se encontrava ao lado de Gil – Prazer em conhecê-la também, senhora Grissom. E essa deve ser a filha de vocês, a garotinha que deverei cuidar – ela disse apontando para Mae.

                Sara corou ante a saudação de Gabriela.

                — Não somos casados. Sou apenas uma amiga de Grissom – Sara corrigiu.

                — Oh, me desculpe! Eu não sabia. Mas é que vocês formam um lindo casal, parece uma família.

                — E a menina não é nossa filha. Estamos cuidando dela temporariamente e precisamos de alguém que cuide dela enquanto estamos no trabalho – retificou Grissom – Catherine Willows falou muito bem de você senhorita Lima.

                — Oh, podem me chamar de Gabi, por favor – ela pediu – a senhora Willows é um amor de pessoa e a menina Lindsey é um doce.

                — De acordo. Por favor, Gabi, sente-se – Grissom indicou o sofá para que ela se sentasse. E a babá obedeceu.

                — Por quanto tempo você trabalhou com Catherine? – ele indagou.

                — Trabalhei com ela por cinco anos. Até quando a menina passou a frequentar a escola.

                — E quanto a suas qualificações? – foi Sara quem perguntou.

                — Bem, tenho cursos de primeiros socorros, de linguagem corporal, além de uma vasta experiência.

                Grissom pareceu aprová-la. Ela parecia uma moça de confiança e de muita responsabilidade.

                — E quanto a sua disponibilidade de horários? Eu trabalho a noite chego apenas pela manhã.

                — Não há problema.

                — A senhorita pode começar hoje mesmo?

                — Sim, eu posso. Posso segurá-la um pouco? – Gabi pediu.

                — Claro! – Grissom concordou.

                Sara passou Mae para Gabi. A babá começou a brincar com a menina arrancando-lhe uma gostosa gargalhada. Aquilo respondia a pergunta interna que estava se fazendo, se a menina se daria bem com a nova babá. Ele anotou alguns números em um papel e entregou para Gabriela.

                — Aqui tem meu número de celular, o de Sara e o do laboratório caso você precise de alguma coisa. O quarto de Mae é o segundo a esquerda no corredor. No quarto dela tem todas as coisinhas dela. Qualquer coisa me ligue, certo?

                — Certo – ela concordou novamente.

                — Sara e eu sairemos agora, eu a levarei para casa e depois disso já iremos para o trabalho.

                Eles se despediram de Gabi e de Mae e saíram.