Grissom não demorou para abrir a porta, parecia que tinha acabado de chegar do laboratório, pois ele saiu depois que todo mundo.

Ele de fato tinha acabado de chegar e estava indo tomar um banho quando ouviu as batidas na porta.

— Oi. - ela sorriu de lado timidamente.

— Oi. - respondeu ele.

— Posso entrar? - como ele não deu espaço ela resolveu perguntar isso. _ Precisamos conversar.

— Claro. - ele então deu passagem pra ela entrar.

— Chegou agora?

— Sim, cheguei. - respondeu simplesmente.

— Cadê o Hank? - Sara estranhou ele não ter ido correndo recebê-la.

— Com a Victória.

— Hm. - ela assentiu. _ Eu... posso esperar você tomar banho, se quiser.

— Certo. Eu não demoro.

Sara assentiu e Grissom desceu as escadas em direção ao quarto. Sara sentiu o clima pesado enquanto falava com ele. Odiou aquilo. Estavam indo tão bem e de repente se desentenderam e acabaram magoando um ao outro com suas palavras. Nem tudo é um mar de rosas, ela sabia, por isso tinha que se acertar com ele, o amava tanto e aquela situação embaraçosa só estava machucando seu coração apaixonado. Ela queria morar com ele, mas não agora e explicaria a ele o porquê.

Poucos minutos depois Grissom apareceu na cozinha, bebeu um copo d’água e subiu as escadas. Parou em pé e olhou para Sara que estava sentada no sofá.

— Vem cá. - ela bateu no sofá, bem ao lado dela, para que ele se sentasse ali.

Grissom fez o que ela pediu e sentou-se ao lado dela, virado pra ela.

Sara segurou sua mão.

— Temos que falar sobre o assunto “morar junto”. Você tirou suas próprias conclusões e saiu às pressas sem me deixar explicar. Vai deixar agora?

Grissom suspirou entendendo que errou ao fazer isso, sair sem dar chance a ela.

— Desculpe. Pode falar.

— Eu usei a palavra errada... “Sufocando” ... E isso magoou você. Desculpa, não foi minha intenção. É que... é um assunto delicado. Estamos juntos há cinco meses e tem sido incrível. - ele sorriu de lado. _ Eu sei que apenas perguntou por perguntar, que não pensa em fazer isso agora. Mas eu tenho medo que morando juntos... nossos hábitos, nossas manias... acabem desagradando o outro e que isso faça a gente discutir por besteira, pelo simples fato de não estarmos acostumados com isso.

Grissom ouvia atentamente tudo o que ela dizia, entendendo seu ponto de vista e se culpando por ter agido imaturamente.

— Do jeito que estamos agora, pegando intimidade, compreendendo e amando o jeito do outro, sem questionamentos, sem regras, vivendo junto e ao mesmo tempo separados... Estamos nos acostumando com tudo isso aos poucos. Esse tempo é bom pra gente aprender a ficar longe um do outro quando precisar. O amor não vai acabar como você disse, ele só vai nos fortalecer.

Grissom concordou com tudo e assentiu.

— Entendi... e concordo.

Ela sorriu fracamente.

— Griss, eu te amo muito, eu me senti péssima depois que saiu daquele jeito.

— Eu sei... me desculpa. Eu fui... muito imaturo ao fazer isso. E ... lá na casa...

— Você pegou pesado quando incluiu o “sufocando” na conversa. - ela o interrompeu. _ Eu te magoei e você fez o mesmo comigo.

— Desculpa honey. De verdade. - ele apertou a mão dela que ainda estava sobre a sua.

— Tudo bem. - sorriu de lado novamente. _ E você? Me desculpa?

— Claro que sim. - ele chegou mais perto e a abraçou.

Sara sorriu.

Separaram-se e fitaram um ao outro.

— Eu não acho que tenha me desculpado. - disse ele.

Sara estranhou.

— Por que acha isso? - acariciou seu rosto.

— Não me deu nenhum beijo ainda.

Sara sorriu.

— Posso fazer mais que isso.

Grissom entendeu o que ela quis dizer e tentou não sorrir.

— É?

— Uhum. - ela murmurou. _ Teria reconciliação melhor que essa?

Grissom nem precisou responder, levantou-se do sofá e estendeu a mão a ela. Sara segurou e juntos foram para o quarto.

Vocês devem imaginar pra quê. Já não faziam há três semanas por causa do tempo, esse foi um momento perfeito.

...

Uma semana depois a equipe teve que investigar o caso de um proprietário que encontrou um desgrenhado grupo de jovens despejando um corpo em seu quintal. Foi logo descoberto que o grupo era uma seita, mas quando Grissom e Catherine descobriram a sede da seita, eles encontraram todos os membros mortos do que parecia um suicídio em massa. Ainda investigando, eles descobriram que o suicídio em massa não foi como o líder da seita planejou.

A semana seguinte foi complicada, principalmente para Nick que se envolveu no caso. Os CSIs foram chamados para uma casa na qual os moradores, uma família de quatro pessoas, desapareceram, e grandes poças de sangue foram encontradas pelo chão da casa, porém sem corpo nenhum. Assassinato é logo suspeito, mas sem corpo, é difícil a equipe averiguar o que aconteceu. Grissom não estava lá pra ajudar. Uma hora antes de Sara chegar ao local, ela estava com Grissom, ele estava arrumando a mala. Ele ia dar uma aula sobre recuperação de restos humanos na The Body Farmy e teve que se despedir dela pra ficar fora aquele turno. E como Sara não é besta, quando chegou na cena, ela disse para o “irmão” que Grissom ligou pra ela do aeroporto pra avisar onde iria e que era pra ela ir ajudar Nick na casa.

Greg chegou na cena quando Sara estava olhando o quadro de tarefas da caçula, haviam estrelinhas verdes e vermelhas coladas nos dias da semana.

— Acho que descobri quando aconteceu. - disse a morena. _ A Cassie não chegou a fazer as tarefas de sábado de manhã... Eu adorava estrelinhas douradas quando era pequena.

— E agora não? - perguntou Greg.

Sara franziu o cenho e saiu de perto dele sem responder. Greg sorriu.

Greg pegou umas contas pra olhar enquanto Sara colocava um saco dentro da caixa de evidências. Tinha bastante pó.

— Uou! O relógio de luz dos McBride’s deve estar quebrado. Mesmo que deixassem todas as luzes acesas dia e noite isso não chegaria a dois mil dólares. Talvez o Brass consiga verificar isso.

— Eu acho que esse pó está me incomodando. Você pode terminar aqui pra mim?

— Eu ganho uma estrelinha dourada? - sorriu.

— Haha!

Sara passou por ele e encontrou uma porta que parecia ter sido arrombada no trinco. A porta dava pro porão e quando Sara desceu encontrou um depósito de maconha.

Chegaram à conclusão de que quem matou a família estava atrás dessas ervas. E de fato foi isso. Havia sangue do pai, da mãe, e do filho mais velho, mas nenhuma manchinha sequer da Cassie, então Nick passou a acreditar que a garotinha ainda estava viva. Em uma conversa com Sara ele deixou transparecer isso.

— Você acha que ela está viva? - Sara perguntou.

— E você não?

Sara suspirou.

— Não tinha sangue nenhum dela na casa.

— Eu acho que ela foi drogada e ... ela teve sorte se... tudo o que fizeram depois disso foi matá-la.

— Eu não acho que ela foi drogada. Ela é uma garotinha inteligente. Ela escondeu o xarope pra tosse dentro do sapato, isso é igual esconder comida ruim no guardanapo.

— Espero que esteja certo. - ela sorriu. _ Mas pela nossa experiência sabemos que com certeza os quatro estão mortos.

— Eu prefiro não desistir.

— Ninguém está desistindo. É que... está agindo como se fosse resgatar uma pessoa e não recuperar um corpo, e ... nesse trabalho... não é bem o que costuma acontecer.

Nick sorriu.

— Eu fui resgatado.

Ela sorriu também.

— Porque não era o seu dia de morrer. - disse ela. _ Quando chega o seu dia, é o seu dia, sabe?!

Nick assentiu.

— Eu acho que não era o dia da Cassie.

...

Ao assistir o interrogatório do suspeito, Nick perdeu o controle, entrou na sala e partiu pra cima dele. Sara ficou preocupada com a atitude do amigo e assim que saíram de lá, tentou conversar com ele.

— Posso conversar com você?

— Claro. O que foi?

— Quero falar sobre o que aconteceu na delegacia.

— Ah. - ele sabia que ia ouvir sermão. Sempre que fazia algo errado Sara dava uma bronca nele. _ Tabom. - cruzou os braços.

— Eu estou preocupada sobre o efeito disso no caso, mais do que isso, eu estou preocupada sobre os efeitos do caso em você, Nick. - ela disse na maior calma e preocupação do mundo. _ E ... tenho certeza absoluta que há seis meses... não teria perdido a cabeça assim.

— Eu sei, me desculpa. - ela tinha razão e ele sabia disso. Antes de ter sido sequestrado ele não agiria daquela forma. _ Me desculpa, de verdade.

Depois dessa conversa, ambos foram pro lago procurar pelos corpos e encontraram os três lá, menos o de Cassie. As esperanças de que a garotinha ainda estava viva aumentaram em Nick. Ele a encontrou à noite – depois de terem prendido os culpados –, no meio do mato e ela tinha um corte pequeno na garanta, porém ainda estava viva.

Nick foi pro hospital visitá-la. Sara entendeu o comportamento do amigo, aconteceu a mesma coisa com ela em relação a Abby, ele sentiu uma ligação forte com ela e tentou protegê-la e salva-la. Foi o que Sara tentou fazer também, e ainda tentava.

Quando Grissom voltou ele conversou com todos eles pra saber como tinha sido e disse também que eles ganharam um dia de lazer no Hotel Mediterranean, e que eles iriam depois do próximo turno.

Depois de assinar uns papéis, Grissom foi para a casa de Sara ficar com ela.

...

Sara saiu da suíte de banho tomado, foi até a cama onde ele já estava deitado esperando por ela e deitou-se também. Cobriu-se com o cobertor e apoiou a cabeça em seu peito. Gil a abraçou e Sara suspirou.

— Sabe quanto tempo sonhei com isso?

— Isso o que?

— Chegar em casa depois de um dia cansativo de trabalho, deitar na cama e dormir nos seus braços, sentindo o seu cheiro e o seu amor. - aspirou seu perfume e aconchegou-se mais em seu peito abraçando sua cintura.

Grissom sorriu.

— Também sonhei muito com isso. - ele disse enquanto acariciava seus cabelos.

— Adoro quando faz isso.

— O que?

— Cafuné.

Ele sorriu e beijou sua testa.

— Isso também.

— Beijo na testa?

— E no topo da cabeça.

Já que ela gostava, então ele também deu um no topo da cabeça.

Ela abriu um lindo sorriso.

— Como foi a viagem?

— Foi ótima. Como foi ficar sem mim um turno inteiro? - sorriu.

— Foi péssimo. Não faz mais isso não. - ela brincou.

Grissom riu.

...

O turno seguinte passou tranquilamente. Cerca de uma hora e meia depois que saíram, todos os sete – Lindsey estava junto – se encontravam em frente ao hotel.

— E aí galera! - Greg foi o último a chegar.

— Sempre atrasado, não é Greg?

— Ah, desencana Sarinha! Está louca pra dividir o quarto comigo, não é?

Grissom olhou feio para Greg, mas o mesmo não notou. Só de raiva Greg ia dividir o quarto com ele e não com Sara. As vezes Gil pensava que fosse melhor todos saberem logo de seu namoro com Sara para Greg parar de dar em cima dela. Morria de ciúmes.

Sara riu.

— Eu vou dormir sozinha, espertinho!

— Ah. - ele imitou uma cara triste e todos riram.

— Acostume-se Sara. Greg não vai desistir. - Warrick disse balançando a cabeça e acompanhando os amigos pra dentro do hotel.

— Ah, ele vai sim. - Sara garantiu sorrindo, e olhou para Grissom discretamente.

Minutos depois, no corredor...

— É o seguinte...- Grissom começou. _ Quatro quartos pra sete pessoas. Nick e Warrick dividem um. Greg e eu dividimos outro.

— Ops! - Sara riu do amigo.

— Ah, Grissom! Porque não me colocou com a Sara?

— Porque a Sara vai ficar sozinha, garanhão.

Todos riram do jeito que Grissom falou com Greg.

— Sara fica com um, Catherine e Lindsey com outro. Pode ser?

— Claro! - todos concordaram, menos Greg.

— Ainda estou chateado.

— Se quiser eu te coloco pra dormir aqui fora.

Todos gargalharam.

— Não, obrigado. - Greg sorriu forçadamente e entrou no quarto. Os outros fizeram o mesmo.

Antes de entrar em seu quarto, Sara olhou para Grissom que piscou pra ela fazendo-a rir.

Não demoraram muito nos quartos, pois desceram pra aproveitar a piscina e o bar.

Grissom e Warrick, com suas bermudas de praia e suas camisetas folgadas, jogavam xadrez nas cadeiras de praia perto da piscina. Lindsey brincava de bola com Nick e Greg dentro da piscina. Já Catherine e Sara iam em direção a eles com seus biquínis, suas cangas amarradas na cintura e seus óculos de sol. Os homens ficaram de queixo caído, principalmente Gil e Rick que até esqueceram do jogo.

— Vocês estão lindas! - elogiou Grissom.

— Nunca tínhamos visto vocês com trajes de praia. Estou admirado.

— Obrigada! - elas sorriram.

— Aí Sara! - Warrick chamou a atenção dela. _ Greg também está.

Sara se virou pra piscina pra ver a cara do amigo e Greg estava literalmente de boca aberta, ele não se mexia.

Sara riu e acenou pra ele, que devolveu o aceno todo abobalhado.

Grissom sorriu. Greg podia ficar bobo o quanto quisesse, aquela deusa por quem o jovem estava de queixo caído, era toda dele.

— Posso ver o jogo? - Sara se sentou ao lado de Grissom, quase colada.

— Eu nem lembro de quem era a vez. - Grissom disse com um pouco de vergonha.

— Acho que era sua, Griss. - disse Warrick rindo.

...

Já era tarde da noite quando Grissom se levantou devagar para não acordar Greg, saiu do quarto e pra dar uma de João-sem-braço, o supervisor bateu na porta de Nick e Warrick.

O mais alto que atendeu.

— E aí Griss! Oque que tá pegando?

— Desculpe Warrick, mas tem algum lugar sobrando aí? - Grissom sabia que não tinha, por isso perguntou, pra ele dizer que não.

— Só o chão, mas não acho que seria bom para as suas costas. - ele sorriu.

— Engraçadinho! Greg não para de roncar, e isso está me dando nos nervos.

Warrick quis gargalhar, mas conteve-se.

— Eu posso trocar com você, se quiser, com um sopapo meu ele para.

Grissom não resistiu ao sorriso.

— Você acha que eu não já dei? Esse garoto parece um trator, ninguém aguenta.

— Não sei como te ajudar, Griss.

— Acha que a Sara se importaria se eu dormisse lá?

— Não, pelo contrário. - Warrick sorriu. _ Brincadeira. Talvez ela deixe você dormir no sofá.

— Vou pedir a ela. Obrigado. Desculpe te acordar.

— Sem problemas. - Warrick ainda ficou parado lá esperando Grissom bater na porta de Sara, já que o quarto era na frente no dele e de Nick.

Sara não estava dormindo, apenas lia um livro deitada na cama quando ouviu uma batida na porta. Levantou pra atender.

— Oi Griss. O que aconteceu?

— Te acordei?

— Não, eu não estava dormindo.

— Eu posso ficar aí com você? O ronco do Greg é insuportável.

Sara colocou a mão na boca e riu. Olhou para Warrick que riu também.

— Ele pediu pra ficar aqui, Sara. - disse o moreno. _ Mas não tem lugar. Deixa ele ficar aí com você.

— Tudo bem. - ela sorriu. _ Entra Griss.

— Obrigado. - ele fingiu timidez e entrou no quarto.

— Boa noite Rick!

— Boa noite Sah!

Ambos entraram e trancaram as portas.

Sara olhou para Grissom que já estava deitado na cama e se segurou para não gargalhar com a cena que acabou de presenciar. Grissom fez o mesmo.

Sara correu pra cama sem fazer barulho e deitou-se com ele.

— Greg estava mesmo roncando?

— Não. - ele riu.

— Seu mentiroso! - deu um tapa no braço dele e riu.

— Foi um plano incrível, não foi?

— Tenho que admitir, você foi engenhoso. Ficou bravo porque ele ficou todo bobo quando me viu de biquíni? - sorriu.

— Fiquei. Onde já se viu?!

Sara sorriu e o beijou bem devagar, apreciando o gosto e passeando por toda sua boca. O beijo foi ficando mais intenso, com mais vontade, mais pegada. Quando já estavam ficando excitados, Sara interrompeu o beijo.

— Acho melhor não. - disse ofegante. _ Alguém pode escutar.

— Não se não fizermos barulho.

Sara sorriu e ficou por baixo dele.

— Essa era a sua intenção quando veio pra cá?

— Não, mas já que rolou... Fiquei sem poder beijar você o dia inteiro.

Sara sorriu e o puxou pela nuca para mais um beijo. Assim que separaram seus lábios depois de alguns minutos, Grissom direcionou os mesmos para o pescoço dela.

Sara tentava não gemer pra não desconfiarem de nada, mas estava meio difícil, ela suspirava bastante, não só por conta dos beijos, mas também por causa dos carinhos que Grissom fazia em seu corpo com as mãos. Estava tudo escuro e silencioso. Eles conseguiam ouvir um pouco do barulho lá fora por conta da música na piscina – Las Vegas nunca dorme –, mas só isso. Foi quando Grissom deu uma mordiscada no pescoço dela e Sara soltou um gemido sem querer. Tapou a boca imediatamente e olhou para Grissom. Ele fez o mesmo que ela e ambos abafaram o riso nas mãos.

— Acho que é melhor terminarmos isso no seu apartamento quando voltarmos.

— Também acho.

Riram baixinho e deitaram um ao lado do outro.

— Hey, admite. - sussurrou. _ Também ficou bobo quando me viu hoje.

— Sempre fico.

“Logo eu que nem pensava

Eu não imaginava te merecer

E agora sou o dono desse amor

Eu nem quero saber porquê

Eu só preciso viver o resto desta vida com você” ― Jorge e Mateus