Love Story escrita por Fofura


Capítulo 135
Para Warrick




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Grissom não havia ido direto pra casa, quis passar na banca de jornais ali perto da lanchonete pra ver se achava uma palavra cruzada nova. Não demorou nem dez minutos e ouviu o rádio de seu carro, era a central falando que um oficial tinha sido atingido no beco perto da lanchonete que estava.

Com um mal pressentimento, Gil foi até lá. De longe, viu o carro de Warrick no mesmo lugar que estava quando chegaram lá. Correu depressa até o carro e ao olhar pela janela, entrou em desespero. Warrick estava sangrando debruçado no volante, com dois ferimentos de bala no pescoço. Imediatamente Gil abriu a porta do veículo e tirou Warrick do carro o deitando no chão.

— Warrick!- o moreno cuspiu sangue tentando respirar. — Meu Deus!- Gil tirou seu casaco e colocou em volta do pescoço dele pra fazer pressão. — Fala comigo, Warrick! É o Grissom.- o CSI estava coberto de sangue e tentava falar para o chefe quem tinha feito aquilo, mas era impossível, apenas sangue saía de sua boca.

McKeen chegou na hora.

— Já estive na cena, ouvi os tiros, saí…- parou quando viu que Warrick ainda estava vivo. —… atrás do suspeito.

A sorte dele foi que Warrick só conseguia olhar pra ele, não conseguia acusá-lo. Grissom sabia que ele queria dizer alguma coisa e McKeen já colocou a mão na arma. Caso Warrick conseguisse fazer o chefe entender que foi ele quem atirou, já matava Grissom também.

— Não Warrick, não!- o CSI tentava resistir, mas não estava conseguindo. McKeen o acertou em cheio, estava perdendo muito sangue. — Vamos Warrick!- Gil olhou para Mckeen e alterado perguntou: — Cadê os paramédicos??

A contra gosto o subxerife ligou e pediu para apressarem os paramédicos, mas já era tarde.

— Por favor, não. Você vai lutar, lute por mim, eu quero que lute por mim, ok?- Warrick aos poucos ia perdendo os sentidos então, olhou no fundo dos olhos de Grissom antes de partir. — Não!- Grissom logo entendeu que aquilo era um adeus, que ele ia morrer e mesmo não adiantando ele pressionou mais o ferimento. — Reage Warrick.- o moreno então parou de respirar e morreu de olhos abertos. — Não!!- Grissom sentiu as lágrimas fazerem seus olhos arderem.

O pegou e o colocou em seu colo, abraçando forte e apoiando a cabeça na dele. Estava coberto de sangue do amigo, mas não ligava. Sabia que não teriam como salvá-lo, não mais, então chorou a perda.

Percebeu que alguém corria até eles, mas permaneceu de os olhos fechados com Warrick em seus braços. Era Nick.

— Grissom, eu ouvi o…- assim que o perito parou e viu o melhor amigo morto nos braços do chefe, sentiu como se alguém arrancasse seu coração fora. — Não…- sentiu os olhos acumularem lágrimas e sentiu uma dor absurda no peito. — Warrick!- gritou.

Grissom fechou os olhos com força ao ouvir o grito do amigo. Nick se ajoelhou ao lado deles e começou a chorar. Gil o confortou em seu ombro com cuidado para não sujá-lo de sangue também.

Nick se acalmou e se afastou, não queria ver Warrick daquele jeito. Sentou um pouco distante do corpo.

Os paramédicos e os carros da polícia chegaram para cercar o local.

Logo depois Catherine chegou, passou pela fita e caminhou até o carro de Warrick. No caminho viu Brass pegando o depoimento de Mckeen, e viu Nick sentado num canto balançando a cabeça pra ela como se dissesse que não teve jeito. Aquilo só fez seu coração bater mais forte de desespero. Um pouco mais a frente ela viu Grissom sentado no chão coberto de sangue, e um corpo ao lado dele sendo coberto por um pano branco pelo paramédico. Era Warrick, ele estava morto, aí a ficha caiu. A ruiva rapidamente cobriu a boca com uma das mãos na tentativa de abafar o soluço que escapou de sua garganta, e a outra ela colocou na barriga. Não! Aquilo era um pesadelo, não podia estar acontecendo! Chorando, ela olhou para Grissom que não conseguiu dizer nada para confortá-la, só fechou os olhos e abaixou a cabeça.

Não demorou para amanhecer já que Warrick foi morto pela madrugada, umas cinco da manhã. Depois que se acalmou, Catherine ligou para Greg e contou o que houve.

— O Greg estava no aeroporto, ele está indo pro laboratório.- suspirou. — Vamos levar sua roupa pra ser processada.

Ecklie se ofereceu para levá-lo, mas Gil quis ir com Warrick. Nick e Catherine ficaram para trabalhar a cena. Gil fez questão deles mesmo investigarem a morte do amigo, foda-se o conflito de interesses.

Enquanto isso, no aeroporto, Greg ligava para informar alguém.

— Oi Greg!- Sara atendeu com um sorriso.

— Oi…

Sara percebeu o quão estranho foi aquele “oi”.

— O que houve?

— Mataram o Warrick, Sara.

O sorriso da morena sumiu e ela teve que se sentar.

— O que?- seus olhos marejaram.

— Eu estava com ele e o resto da equipe não tem nem uma hora. Eu estava indo pra Los Angeles agora.

— Pro seu livro?

— É. Catherine acabou de me ligar, eu estou voltando. Vou adiar o lançamento do livro.

— Tá, eu… vejo você em breve.

— A gente se vê…

Despediram-se e Sara cobriu a boca e o nariz com as mãos. Como assim seu amigo fora assassinado? Será que tinha sido um dos capangas de Gedda? Sara sentiu as lágrimas escaparem e imediatamente foi fazer sua mala.

~ ♥ ~

Em menos de duas horas Sara desembarcava em Las Vegas. Jamais imaginou que voltaria tão cedo àquela cidade, mas não demoraria, não estava pronta ainda. Pegou um táxi e foi direto ao laboratório. Viu Juddy na recepção.

— Oi Juddy.

— Oi Sara.- disse a simpática secretária, porém ela tinha um sorriso tristonho. — Soube do Warrick…- Sara assentiu também triste. — O senhor Grissom deve estar com o Hodges agora, entregando as roupas. Estavam cobertas de sangue.

Sara sentiu seu coração doer mais. Grissom tinha tentado salvá-lo?

— Posso esperar na sala dele?

— Claro, pode ir lá.

Sara agradeceu e entrou na sala do supervisor. Colocou suas bagagens nas cadeiras e deu uma olhada em como estava a sala.

Deu a volta na mesa e um sorriso brotou em seus lábios ao ver uma fotografia dela. Ele devia estar sentindo muita falta dela. Deu a volta novamente na mesa e se encostou na cadeira esperando por ele.

Assim que Grissom deixou sua camisa com Hodges e a calça também que estavam manchadas de sangue, o supervisor vestiu um macacão e foi até sua sala ficar um pouco sozinho. O luto que se instalou em seu coração nos últimos momentos já doía no fundo de sua alma. Parecia que veio em duas vezes, a dor de perder Warrick e a dor de perder Sara.

Pensando neles, entrou em sua sala e se deparou com Sara encostada em uma das cadeiras, virada pra porta. Suas bagagens estavam na cadeira ao lado, seu olhar era triste.

A reação de Grissom foi de total surpresa. Nenhum dos dois disse nada, aproximaram-se lentamente sem desviar seus olhares, e assim que Grissom estava perto dela, Sara o abraçou com aquela súbita vontade de chorar, mas se conteve.

— Peguei o primeiro avião.- disse com a voz baixa e triste.

Grissom fechou os olhos com força quando a sentiu em seus braços de novo. Quanta falta sentiu dela! Abraçou sua cintura com mais força.

— Quem te avisou?

— Greg.

Só se separaram do abraço, mas seus corpos continuaram juntinhos. Sara tocou o rosto dele e ele o dela. Seus olhos disseram o quanto sentiram falta um do outro. Não resistiram a um beijo curto, cheio de saudade e dor.

— Cortou o cabelo.- ele comentou depois de admirá-la após o beijo. Sentiu tanta falta dela!

— É…- ela desviou o olhar por um instante. — Quis mudar um pouco.

— Ficou lindo.

Sara sorriu de lado, mas logo voltou a ficar com a expressão triste.

— E o Warrick?

— Está com o Albert no necrotério.- suspirou. — Foi horrível.

— Vem.- ela pegou a mão dele e o levou pra sentar.

Frente a frente, de mãos dadas, ele disse:

— Ele não queria morrer, Sara.

— Me conta...

— Segurei ele…- ele sentiu seu peito doer ao lembrar daquele momento. — Meu Deus, eu senti a vida nele…- Sara escutava sem nada dizer, sentindo o quanto foi difícil pra ele ver Warrick morrer. — Eu senti que se… segurasse ele firme… ele escaparia.

— Você sabe que não há lugar no mundo que ele ia preferir pra morrer…- sua voz embargou um pouquinho. — Ele te amava.

— E eu o amava.- disse Gil. Era a primeira vez que dizia aquilo. Nunca disse que amava alguém que não fosse Sara ou sua mãe.

A morena assentiu tendo consciência daquilo. Sabia que Grissom amava não só ela e Warrick, como Nick, Cath, Jim, Albert e Greg também. Todos eram muito importantes pra ele.

Foram interrompidos por Catherine que entrou na sala de Gil e surpreendeu-se com Sara lá. A morena soltou a mão de Grissom e se levantou para ir até ela. As duas trocaram um abraço apertado.

— Eu sinto muito.- disse Sara. A ex perita sabia dos sentimentos da amiga por Warrick e imaginava o quanto aquela situação estava sendo difícil pra ela.

— Que bom estarmos juntos.- sorriu Catherine tentando segurar o choro.

Greg e Nick chegaram logo atrás de Catherine, e Sara desfez o abraço com ela pra poder abraçá-los também. Primeiro Greg que disse que foi bom ela ter se juntado a eles nesse momento. Grissom apenas observava Sara cumprimentar os amigos dando os pêsames ao mesmo tempo com o olhar.

Ao desfazer-se do último abraço, que foi o de seu maninho, Sara olhou para Grissom e ofereceu:

— Olha, talvez eu possa ajudar em alguma coisa… Eu não posso trabalhar no caso, mas eu posso fazer os… arranjos.

— Seria ótimo.- respondeu Gil.

— Eu te ajudo.- disse Greg.

— Eu ia adorar.- ela agradeceu.

— Desde o falecimento da avó nós éramos a família dele. Disse que gostaria de ser enterrado do lado dela.- informou Nick.

— Eu fui ao funeral com Warrick.- Gil se lembrou. — Ela foi… enterrada no cemitério Batista, no leste.

— Vamos precisar da chave da casa dele.- pediu Sara.

— Eu tenho uma.- disse a ruiva. — Uma vez eu fui até a casa dele pegar roupas limpas quando… ele estava preso.

Sara podia sentir a dor de Catherine em seu coração. Ficava pensando o que faria se estivesse no lugar dela, se perdesse Grissom, o homem que amava. Não saberia como seguir.

— Warrick estava certo sobre Gedda e sobre o departamento…- afirmou o texano. — Vamos fechar isso por ele.

Grissom assentiu concordando plenamente com o que o amigo disse. Quem fez aquilo com Warrick ia pagar muito caro e quem quer que fosse que estava junto com ele.

— Griss me contou por alto que Warrick estava encasquetado com Gedda, mas não me deu muitos detalhes depois.

— Aconteceu tudo muito rápido, honey. Eu mal tive tempo de te deixar a par do que acontecia aqui.

— Por que Rick foi preso?

— Gedda foi assassinado e incriminaram Warrick. Quando foi inocentado…- Nick nem precisou terminar, estava inconformado.

Sara abaixou a cabeça, triste com o que ouviu. Os outros também. Levantaram o olhar e Gil e Sara se fitaram. Gil estendeu a mão pra ela que aceitou e o abraçou pela cintura apoiando a cabeça de lado em seu ombro, ambos virados para os amigos.

— Por outro lado até estamos felizes né?- comentou a ruiva tentando ver o lado bom. — Sara está de volta.

Sorriram de lado.

— O Grissom estava precisando precisando de você, Sa.- disse Greg.

Sara levantou a cabeça e o olhou, ele lhe lançou um sorriso fraco.

— E eu dele.

Fecharam os olhos ao encostarem suas testas.

Os peritos sorriram.

Sara suspirou e olhou para seu amigo maluco.

— Bom, vamos Greg?

— Vamos.

— É, vamos acabar logo com isso.- Gil suspirou.

Sara desfez o abraço com Grissom e o olhou.

— Qualquer coisa liga, tá?

— Tabom.

Sara tocou seu rosto e lhe deu um selinho. Em seguida ela e Greg seguiram Catherine pra pegarem a chave.

~ ♥ ~

Enquanto Catherine analisava a arma e Nick o carro no laboratório, Sara e Greg que pegaram a chave da casa de Warrick com a ruiva, foram até lá buscar uma roupa para vesti-lo.

— Parece que ele não parava em casa.- comentou Greg.

— É.- ela concordou.

Greg foi até o quarto de Warrick enquanto Sara dava uma olhada por ali.

A atenção do perito foi para a cômoda do amigo. Observou uma foto dele quando era criança e seus olhos foram direto para o porta-retrato ao lado. Era uma fotografia dos seis amigos juntos num dia marcante no quintal de Catherine, antes de Sara ir embora. A de Greg também ficava na cômoda dele. Cada um tinha uma cópia da foto.

Sara apareceu na porta e olhou para a cama bagunçada de Warrick.

— Indo à tantas casas de vítimas, eu nunca saía da minha casa sem arrumar a cama e tirar o lixo, pro caso de eu não voltar.

— Sério? Mas e agora?

— Desde que saí de Vegas não faço mais isso.

Greg sorriu discretamente e Sara se dirigiu ao guarda roupa de Warrick.

— Acha uma gravata.

— Tá, vou procurar.

Enquanto Sara escolhia um terno para Warrick, Greg dava uma olhada nas gavetas. Achou alguns documentos interessantes e chamou Sara pra ver. Ficaram chocados com o que leram.

— Warrick tem um filho?! Você sabia?

— Ele nunca falou nisso, pelo menos não comigo.- deu mais uma olhada na papelada e num CD. — Isso é do advogado: segue anexo o resultado do DNA que foi listado no tribunal com uma cópia da sua avaliação psíquica segundo ordem do juiz, relativo à batalha pela custódia do seu filho.

Sara o olhou mais triste ainda.

— Greg, ele vai crescer sem o pai.

— E eu achando que não podia ficar pior.

Ambos suspiraram.

Pegaram tudo o que precisavam e foram para o laboratório. Enquanto esperavam o corpo de Warrick ser liberado, Sara e Greg foram assistir o vídeo que acharam junto com o teste de DNA de Warrick e Eli. O que viram partiu o coração deles.

— É do Grissom que ele estava falando né?

— Eu preciso mostrar isso pra ele. Pode ir vendo as coisas na igreja enquanto isso? Eu já encontro você lá.

— Claro.

— Valeu Greg.

Sara procurou seu namorado pelo laboratório e o encontrou no corredor.

— Você tem que ver uma coisa.

— Depois, vamos voltar ao beco.

— Tem que ser agora!

Grissom franziu o cenho.

— É tão importante assim?

— É. Eu não te chamaria se não fosse.

— Está bem. O que é?

— Na sua sala, vem.- pegou a mão dele e o levou até lá.

— Por que colocou a TV aqui?

— É um arquivo pessoal do Warrick, achei melhor não colocar na sala de áudio e vídeo.

— Ah.

Sara então deu play no vídeo pra ele ver.

“— O que o faz pensar que é um bom pai? Você foi criado por sua avó, jamais conheceu seu pai biológico.- disse a mulher que o estava entrevistando.

— Por isso Eli precisa conhecer o dele.- Warrick respondeu. — A melhor forma de se criar um filho é como dar amor a ele. Eu fui amado.”

Sara sorriu ao ouvir isso. Todos eles amaram muito Warrick, principalmente Grissom e Catherine.

“— Eu sempre tentei ser um bom homem e eu consegui. E quando eu não conseguia, tem um cara que sempre me colocou na linha.”

Grissom sentiu o impacto daquelas palavras, mas não imaginava o que ainda iria ouvir.

“— Eu aprendi muito com ele. Como ser justo, como perdoar, como ter inspiração e como inspirar os outros.”

Sara olhou para Grissom que não tirava os olhos da tela. Era óbvio que Warrick se referia a ele no vídeo e Sara tinha certeza que aquilo doeria muito nele, mas era importante que ele visse aquilo. Gil ensinou muita coisa pra todo mundo. E os ensinamentos e cuidado dele fizeram de Warrick um homem melhor.

“— Parece uma pessoa especial.- disse ela.

— E é.- confirmou. — Se eu pudesse escolher um pai, seria ele.”

Sara parou o vídeo e o olhou.

— Tinha ideia do quanto significava pra ele?

Os olhos de Grissom encheram-se de lágrimas e ele negou com a cabeça.

— Não sei se me sinto melhor ou pior com esse vídeo.- disse fazendo o possível para não chorar. — Achou na casa dele?- esse tempo todo Grissom não tinha tirado os olhos da TV.

— Achei. Ele tinha te contado sobre o Eli?

— Não, mas eu já desconfiava.- fungou. — Obrigado por me mostrar.- finalmente olhou pra ela.

— De nada.- sorriu triste. Quando viu os olhos dele brilhando por causa das lágrimas que ele tentava segurar, Sara sentiu seu coração doer. — Vem cá.- o chamou para seus braços e Gil a abraçou forte.

— Parece um pesadelo.

— De pesadelos eu entendo bem.

— Falando nisso…- ele desfez o abraço. — Você está bem?

Sara sorriu por ele ainda se preocupar com isso, afinal, foi por esse motivo que ela foi embora.

— É, estou melhor. Mas a gente fala sobre isso depois. Respira fundo e foca no caso, tá?- disse acariciando o rosto dele. — Os dias seguintes vão ser difíceis.

— Eu não vou superar a morte dele, Sara. Como eu tiro aquela cena da cabeça?

— Não vai tirar, Griss. Certas coisas sempre ficam com a gente. Mas com o tempo aprendemos a lidar com elas. Vamos sempre sofrer a perda do Rick, todos nós.

— Eu ainda tenho muito o que aprender com você.- também acariciou o rosto dela.

Sara sorriu.

Ouviram Catherine chamar por Grissom e se viraram. Ela parou na porta.

— Tudo pronto pra ir?

— Sim.- disse ele.

— O que estavam fazendo?

— Achei um depoimento do Warrick e quis mostrar pro Griss.- respondeu Sara.

— Ah.- ela sorriu triste. — Vamos Gil?

— Vamos.- segurou o rosto de Sara e deu um selinho nela. — Tchau amor.

— Tchau.

Catherine sorriu. Era fofo ver os dois juntos. Se não tivessem feito aquilo com Warrick, ela podia estar assim com ele agora.

— Você tem muita sorte, Gil.- ela comentou à caminho do estacionamento. Nick já esperava por eles no carro.

— Eu? Por quê?

— Você tem um grande amor… Eu acabei de perder o meu.

A cara de surpresa que Gil fez seria cômica se o momento não fosse trágico.

— Eu sei…- ela se adiantou. — Nunca contei pra ninguém, exceto a Sara.

— Sara sabia?

Ele estava chocado. Achou que os únicos que gostavam de alguém do trabalho eram ele e Hodges — era óbvio que o técnico gostava de Wendy.

— Uhum.

— Eu estou surpreso.

— Não deixa a Sara partir, Gil. Você não vai querer sentir a dor que eu estou sentindo.

Mais uma vez ele se surpreendeu. Não achava que ela se abriria com ele assim, ainda mais num assunto desse. Mas também foi sincero.

— Eu já sinto essa dor, Cath.- suspirou. — Eu sei que já perdi a Sara.

— Como assim?

— Simples. Ela não pode ficar e eu não posso ir.

~ ♥ ~

Voltaram ao beco para provar que o que McKeen disse era verdade, que ele ouviu os tiros e foi até Warrick vendo o suspeito correr.

Claro que o desmentiram, não teve como o subxerife ter ouvido os tiros, então ele virou o principal suspeito do crime. Além de que as digitais dele estavam no cartucho da bala. Ele estava levando Pritchard pra fora do país, mas o policial atirou nele na estrada e o carro capotou num barranco. Pritchard morreu e McKeen tinha se arrastado para o meio da floresta. Nick que foi com Brass e os policiais persegui-los, viu uma trilha de sangue e a seguiu. Encontrou o subxerife sangrando com um ferimento a bala e apontou a arma para ele quando o mesmo tentou se explicar.

— Está bem. Quer saber por quê?- disse ele com zero arrependimento do que fez. — Warrick tinha a boca grande, tinha que ser fechada. Eu tentei avisá-lo, mas ele era idiota demais pra ouvir.- riu. Nick estava fumaçando de raiva e ela só aumentou ao ouvi-lo. — Quando eu atirei, ele…- riu mais uma vez ao lembrar. —… ele tinha um sorriso na cara. Eu falei que ele continuaria no emprego, estava sem coragem para atirar nele.

— Cala a boca…- ele não estava aguentando mais aquele desgraçado falando, queria matá-lo ali mesmo.

— Você era amigo dele!- gritou. Nick tinha lágrimas nos olhos e segurava a arma com força. — Que tipo de amigo você é?? ATIRA, SEU CRETINO!

Nick não suportou a dor de ouvir aquelas palavras e não quis perder a oportunidade de matar aquele infeliz. Puxou o gatilho… Mas não atirou nele, errou de propósito, mas aquilo aliviou um pouco. Não era um assassino como ele.

Brass efetuou a prisão, cagou pra ele estar ferido. Por ele podia morrer igual o policial.

— Jeffrey Mckeen, está preso pelo assassinato de Warrick Brown.

~ ♥ ~

Mckeen estava preso, o caso estava fechado, e os CSI’s estavam indo para suas casas para se prepararem para o funeral.

Sara passou na sala de Grissom para chamá-lo para ir embora. O caminho foi em total silêncio pelo luto. Ao chegarem, Hank quase teve um surto de alegria por ver Sara de novo.

— Oi meu amor!- Sara o abraçou forte e fez carinho nele. — Que saudade!

Grissom não pôde deixar de sorrir. Hank também sentiu muito a falta de Sara. O supervisor amava ver os dois juntos.

— Eu vou tomar um banho enquanto vocês matam a saudade, tabom?

— Tabom.- ela respondeu sorrindo e dando um beijo na cabeça do cão.

Foi inevitável não chorar enquanto a água molhava seu corpo. Ele só queria que tudo aquilo só fosse um sonho ruim e que ele podia acordar a qualquer momento pra ver Warrick no laboratório, bem e vivo.

Ficou uns quinze minutos no banheiro e ao sair, Sara estava esperando por ele sentada na cama com Hank em seu colo. Ela havia separado seu terno, ele estava sobre a cama.

— Pegou a camisa azul?!

— Combina com seus olhos.- ela respondeu.

Grissom deu um sorriso fraco e viu que a roupa dela também estava separada. Uma calça com duas blusas, uma regata preta e uma transparente de manga, e um vestido. Ele a olhou confuso.

— Ainda não sei qual vou usar.

Grissom sorriu.

— Vai ficar linda com qualquer um.- beijou sua testa ao dizer.

Sara então se levantou e foi pro banho. Ao sair, preferiu colocar a calça com as blusas.

Enquanto Sara se arrumava, Gil esperava na sala sentado no sofá, pensativo. Tinha escrito um discurso para o funeral de Warrick, só não sabia se conseguiria falar.

Não demorou muito para Sara ir até ele.

— Pronto pra ir?- perguntou massageando seu ombro.

Grissom balançou a cabeça, negando.

— Eu sei que está doendo, amor. Mas você precisa ser forte.- o abraçou por trás, pelo pescoço.

— Está doendo em dobro… porque eu sei que não perdi só o Warrick.

Sara imediatamente entendeu o que ele queria dizer com aquilo.

— Não fala isso, Griss. Você não me perdeu.

— Você só voltou porque Warrick morreu.

— E você disse que entendia.- endireitou a postura se soltando dele.

Grissom suspirou. Não queria brigar. Levantou-se, segurou o rosto dela com as duas mãos, beijou sua testa e a abraçou.

— Desculpa…

— Tudo bem.- ela disse após suspirar. — A gente vai se atrasar, melhor irmos logo.

Gil desfez o abraço e lhe deu um beijo sem que ela esperasse por isso, mas sentiu-a correspondê-lo. Ele precisava da força daquele beijo, seria uma longa e dolorosa tarde.

~ ♥ ~

Bancos e altar de madeira escura, flores, coral vestido de amarelo, pastor sentido, caixão com a bandeira do país, e tripé com uma fotografia, data de nascimento e morte de Warrick Brown… era assim que se encontrava aquela igreja.

Quando Gil e Sara chegaram, a igreja não estava tão cheia, alguns policiais e técnicos ainda não haviam chegado. O casal foi ao encontro de Nick e Catherine que esperavam do lado de fora com Greg, Jim e Albert.

Sara sem demora abraçou Catherine com força. Sua amiga estava se segurando para não desmoronar. Quando foi abraçada pela morena, Catherine não conseguiu evitar algumas lágrimas.

— Está doendo, Sara.

Sara fechou os olhos com força ao ouvir isso.

— Eu sei.- desfez o abraço depois de alguns segundos. — Você vai ficar bem.

Cath entendeu o que ela quis dizer e não acreditava muito que fosse possível, mas teria que seguir em frente.

Sara então foi abraçar o texano enquanto Gil abraçava Catherine. Nick retribuiu o abraço da amiga e disse:

— Não consigo entrar pra vê-lo…- sua voz embargou. —… naquele caixão sem…- sua garganta travou e Sara viu os olhos dele encherem de lágrimas ao desfazer o abraço. Os dela encheram também.

— Quer que eu vá com você?

Nick assentiu e Sara segurou seu braço adentrando a igreja.

O caixão estava aberto com Warrick deitado e muito bem vestido do jeitinho que Sara organizou. Ao vê-lo ali sem vida mais uma vez, como no beco, Nick não aguentou e começou a chorar sendo amparado por Sara que também não conseguiu segurar as lágrimas.

Viram Catherine se aproximar também com o olhar mais triste do mundo e dar um beijo na testa dele. A ruiva tinha em mãos um colar dourado com a letra inicial de seu nome. Envolveu a corrente nas mãos de Warrick deixando o “C” pra cima. Assim, ele levaria parte dela com ele, além da metade de seu coração.

Gil e Greg também se aproximaram e olharam para o amigo. A dor no coração era tamanha.

A igreja foi enchendo, todos viram Warrick no caixão e depois o mesmo foi fechado para que a cerimônia de homenagem pudesse começar.

Todos se sentaram. Detetives e policiais de um lado e o restante do outro. Na primeira fileira estavam os mais próximos de Warrick com exceção de Tina e Eli que estava no colo da mãe chupando chupeta. Gil estava na ponta, Sara ao lado dele segurando seu braço, Nick em seguida, Catherine, Greg e Albert.

O pastor fez a reza ao silêncio de todos, e assim que acabou, sinalizou para Grissom subir ao altar.

Gil se levantou segurando seu discurso e subiu até o altar. Com os ouvidos atentos de todos, começou a falar.

— Como peritos de cenas de crime conhecemos pessoas no pior dia de suas vidas, quando perdem algum parente, alguém que amavam, não raro de forma horrível. Parte de seus corações se foi e não será substituído. A frase treinada para dizer a eles “sinto por sua perda”... como sabemos agora, não diz muita coisa. Warrick Brown era um garoto quando seus pais faleceram, jovem demais pra saber que a vida é tragicamente curta. Mas penso que isso o ensinou quão preciosa é a vida, então ele viveu sua vida intensamente, cada dia, como se fosse o último. Eu estava com ele em seu último dia… Todas as qualidades que o definiam, sua tenacidade, seu grande senso de lealdade, sua coragem pra arriscar a vida pelo que ele sabia ser certo. Tudo isso estava com ele naquele último dia. Antes dele morrer, nós… tínhamos jantado juntos…- olhou para os rostos da primeira fileira. — Nossa equipe... seus amigos… sua família…- sentiu uma dor no coração enorme e abaixou o olhar. — E o Warrick era…- sentiu um nó na garganta. — Ele era…- ficou uns dez segundos sem conseguir prosseguir, fazendo o possível para não desmoronar. Fez isso o tempo todo nos últimos dias. — Eu vou sentir muita falta dele.- sua voz embargou um pouco e seus amigos sentiram os olhos arderem pelas lágrimas. Os quatro abaixaram a cabeça em luto.

Grissom não conseguiu mais falar e abaixou a cabeça, Sara se levantou para tirá-lo de lá de cima, Nick foi junto, pois também queria falar do amigo.

— Vem amor…- Sara sussurrou pra ele segurando seu braço com a mão esquerda e tocando seu cabelo com a direita.

Gil foi com Sara e Nick assumiu o palanque.

A maioria acompanhou o casal com o olhar enquanto o texano falava.

— Warrick era meu melhor amigo, nós nos divertíamos muito e às vezes brigávamos também. Sempre achei que seríamos como aqueles velhos que se sentam numa mesa de bar conversando sobre os velhos tempos e falando pras pessoas há quantos anos éramos amigos. Pensar que ele morreu antes mesmo de completar quarenta…- a voz embargou mais. — Eu vi o corpo dele coberto de sangue e… acho que aquela imagem nunca vai sair da minha cabeça.- fungou e secou as lágrimas. — Vocês não tem noção do quanto dói.

~ ♥ ~

Assim que a cerimônia acabou, o caixão foi levado até o cemitério para que Warrick fosse enterrado. Todos acompanharam calados até o amigo ser completamente coberto pela terra. Depois disso, eles foram até Tina para conhecer Eli. Ela deixou que cada um segurasse o pequenino, mesmo que nunca tivesse tido contato com eles, sabia que eram a família de Warrick e não viu problema em deixá-los se aproximar da criança daquela vez, pois seria a única. Não queria a ajuda de nenhum deles, pois achava que podia criar Eli sozinha e que com isso o menino dependeria somente dela, não ia querer ficar perto dos “tios”. O pequeno Eli não estranhou nenhum deles, era um anjinho.

Depois de brincarem um pouquinho com o menino de um ano, os peritos se despediram mais uma vez do amigo para irem embora.

— Catherine!- a morena viu ela indo até o carro e a chamou. A mesma se virou. — Sua mãe e Lindsey estão em casa?

— Não, mas… eu acho que é melhor assim.- fungou. — Acho que eu preciso ficar um pouco sozinha.

— Não quer que eu vá com você?

Catherine sorriu. Sara tem sido uma grande amiga pra ela nos últimos anos.

— Obrigada, mas não precisa. Fica com o Gil.- apontou com a cabeça pra trás de Sara vendo Gil se despedir de Nick. Sara fez o mesmo. — Ele precisa mais de você do que eu.- Sara suspirou e olhou pra ela novamente.

— Se quiser conversar, pode ligar, tá?

— Eu sei.- a abraçou e soltou depois de alguns segundos. — Obrigada.

Sara se despediu dela e de todo mundo, e depois ela e Gil foram pra casa.

Ao chegar lá, Sara sentiu o peso nos ombros dele. A morena percebeu que desde que o reencontrou em sua sala, Gil estava fazendo um esforço absurdo para não deixar a dor dominá-lo e ele acabar parecendo “fraco” diante os fatos e o caso. Até mesmo no velório de Warrick, ele evitou chorar, sempre se mantendo forte para pelo menos tentar passar força, não só para Catherine e Nick, como para os outros que estavam sofrendo com o acontecido. Esqueceu dele. Gil era assim. Sara não queria que ele guardasse aquilo. Ela sabia como era reprimir uma dor e como desabar no choro aliviava.

O seguiu até o quarto vendo-o tirar o paletó e jogá-lo sobre a cama, seu corpo grande e forte também repousou na mesma. Sara o observou parada no batente da porta.

— Griss, não faz isso.

— O que?- perguntou confuso e sentando na cama.

— Guardar toda a dor dentro de si… fez isso o tempo inteiro. Quando seus olhos ameaçavam deixar as lágrimas caírem, você as engolia. As vezes isso não ajuda, sabia?

— E o que ajuda?- sua voz embargou um pouco.

Sara se aproximou e passou a mão por seus cabelos grisalhos e sedosos. Ao olhar em seus olhos ela viu, mais uma vez, eles brilharem pelas lágrimas que gritavam pra sair.

— Chorar ajuda, Griss…- o fez apoiar a cabeça de lado abaixo de seu peito. — Chora.

Grissom se rendeu aos soluços e acabou por quase encharcar a blusa de Sara com suas lágrimas quentes. Chorou como nunca chorou na vida. Agarrado ao corpo de Sara como se dependesse dele, apertava sua cintura com a dor que sentia. A morena, ao presenciar aquilo, chorou com ele, o amparando e dizendo que tudo ia ficar bem.

Pelo menos, era nisso que acreditava. As tempestades passam… elas passam.


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Notas finais do capítulo

R.I.P Warrick



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