Dolores escrita por Marília Bordonaba


Capítulo 6
Virgínia




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— Eu tava pensando em perguntar à diretora se eles vão deixar que os candidatos façam campanha. - comentei com a Jéssica enquanto saía da sala, já no intervalo – Todo ano prometem aos estudantes que no próximo ano vai rolar uma grande campanha pras eleições de representantes e nunca acontece. Quero só ver agora! E se eles deixarem que a gente faça campanha, eu tenho um monte de ideias! E eu acho que…

— Ai, chega! – apertando os olhos e os dedos, extremamente impaciente, a Jéssica me interrompeu quase a ponto de explodir – A gente acabou de voltar pra escola e você já tá enchendo o saco com isso? Se brincar, vão demorar umas duas semanas até que se comece a falar em escolha de representantes de turma. Segura sua onda, garota!

— Eu hein, foi mal! – às vezes parece que o simples fato de eu ter entusiasmo irrita as pessoas – Quer falar do que então, ô chata?

Abrindo um sorriso malicioso, a Jéssica aproximou seu rosto e cochichou:

— Você viu que gracinha o menino novo da nossa sala?

— Vi não. Quem? – na verdade eu vi sim, só não quis que esse assunto parecesse importante.

— O único gracinha que entrou esse ano!

— Não, nem notei.

Pode-se dizer que é uma meia verdade, porque sim, eu vi o aluno novo. Mateus, acho. Grande coisa! Quem não se chama Mateus hoje em dia? Bonitinho, é verdade, mas tanto faz. Não é nisso que eu quero pensar esse ano. E não deveria ser no que a Jéssica deveria pensar também, mas ela simplesmente não me ouve! Existem coisas muito mais importantes que garotos – e não é pra menos que quero fazer da Jéssica um projeto também, exatamente como a minha mãe fez comigo.

Além de haver assuntos mais relevantes que garotos, existem coisas importantes que têm de rolar pra mim nesse ano e como tem se comprovado em experiências passadas, essas pessoas cujo órgão sexual extravasam o entre pernas são sinônimo de distração, e eu to fora.

— A gente bem que podia falar com ele. - a Jéssica disse colocando os cabelos por trás do ombro e passando-os pra frente logo em seguida, tentando deixá-lo mais sexy.

— Pra que?

— Ué, pra ele se sentir incluído.

Lançando um rápido olhar pelos arredores, procurando pelo “novato”, avistei-o rodeado de pessoas que se impressionam facilmente com beleza física.

— Ele me parece bem incluidinho, viu? - concluí.

— Aff! Tá malhando pra que então, Virgínia? Se é pra ficar se esquivando dos meninos, era melhor não levantar tanto peso.

— Agora eu cuido da minha saúde por conta de macho? Eu hein! - minha mãe bem que poderia estar aqui pra me ver falando assim, ela ficaria orgulhosa.

De qualquer jeito, se fosse pra ter de pensar em algum menino, preciso nem dizer que eu pensaria no Lucca. O que não vai acontecer, porque, como eu já disse, esse ano não se trata disso.

— Tá cheia do blá-blá-blá aí, mas você já viu quem é que tá ali? – com a voz toda cheia de ironiazinha, a Jéssica me deu um tapinha no braço e indicou com o queixo pra que eu olhasse na direção correta.

— É o Lucca com a Dolores ali? – agora me processem por eu não ter conseguido segurar essa pergunta.


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