Dolores escrita por Marília Bordonaba


Capítulo 37
Dolores




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— Aqui tá bom? – a Dani perguntou com o braço esticado, em cima da escada, com um enorme cagaço de cair.

Dando passinhos pra trás e com o dedo indicador e polegar segurando meu queixo, eu analisava se a faixa deveria ficar mais no alto ou mais no centro.

— Cara, não sei. Será que você consegue subir mais?

— Foi mal, Lola. Dá não.

— Desce aí pra eu olhar direito então.

Ela desceu com o maior prazer e ficou ao meu lado, observando a faixa comigo.

— Acho que tá bom. - ela opinou.

— Não sei…

Quando eu ia incrementar a minha opinião, o Murilo parou ao meu lado e disse:

— Lola, a tinta acabou e eu ainda não terminei de colorir o último mural.

— Eita! 

A minha exclamação, mais alta que o necessário, acabou chamando uma atenção indesejada. 

— O que foi?

A antipática da Virgínia surgiu com uma prancheta no braço, supervisionando os últimos preparativos como se fosse a nossa chefe. E pra piorar, ela alugou o meu namorado e não deixa que ele saia do lado dela nem por um segundo!

— Ah, é só a tinta que acabou. - o Murilo a respondeu inocentemente.

— O que? Mas até agora tem mural pra pintar?! – exagerada? Imagina.

— Tem. - ele a respondeu novamente – Falta bem pouquinho, mas de toda forma vou precisar de mais tinta.

— É nisso que dá fazer tudo em cima da hora. - ela, claramente, falou isso pra mim e colocou a mão no bolso traseiro de sua calça – Toma. - e me entregou uma nota de cinquenta reais – Tem um armarinho por essas bandas, não é tão perto, mas dá pra chegar lá tranquilo. É só subir a rua eternamente, até você ver escrito “Armarinho do Seu Antônio”.

Eu adoraria recusar esse dinheiro, dizendo algo como “não preciso dessa porcaria”, mas eu tava completamente dura pra ficar de orgulho naquela hora. Muito envergonhada, peguei o dinheiro da sua mão e coloquei-o no meu bolso.

— Vê se não deixa essa grana cair, hein?! - ela falou como que se ela própria não tivesse tirado aquela nota do bolso traseiro do mesmo uniforme – E traz o meu troco.

— Até parece que eu não ia devolver. - resmunguei e me virei pra Dani – Bora comigo?

A Dani concordou, esticando a mão em direção ao Murilo e chamando-o para nos acompanhar. Enquanto caminhávamos, a nojenta gritou:

— Não demorem, que ainda tem muita coisa pra fazer!


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