Dolores escrita por Marília Bordonaba
— O Murilo chegou. Até amanhã, Lola. - a Dani me deu um beijo na bochecha e nem esperou que eu me despedisse, pois já saiu correndo pro carro do namorado universitário.
Falando em namorado, cadê o meu? Meu futuro namorado, tenho que deixar claro.
Eu sei que eu falei que estamos caminhando a passos de tartaruga, mas acho mesmo que chegaremos, logo, logo, a algum lugar. Desde o ano passado, depois que nos beijamos pela primeira vez no último dia de aula, todo contato que tivemos foi um avanço.
Nunca conversamos sobre o beijo, mas fica o tempo inteiro implícito que queremos repetir a dose. Ele sempre me procura por mensagens e é ótimo, porque nenhum dos dois deixa o assunto morrer e, principalmente, enrolamos toda vez que vamos nos despedir. Se isso não quer dizer nada, quero saber o que quer dizer alguma coisa então.
Obviamente o fato de ele falar nesse exato momento com a Virgínia não significa nada. Significa?
— Oi. - ele disse assim que veio em minha direção, após se despedir (abraçando) da Virgínia.
— Oi. - tentei disfarçar o quanto pude do meu desconforto, mas não consegui segurar a pergunta – Tava falando com a Virgínia é? – e cocei minha nuca – Aconteceu alguma coisa?
— Ah não, é que a gente sempre vai no grupo de Biologia e eu fui perguntar se hoje ia ter encontro, porque a monitora disse pra gente na semana passada que não viria essa semana. Aí eu queria saber se teria algum substituto.
Desde quando os dois vão ao mesmo grupo de estudo?
— Ah… - só por cima do meu cadáver que esses dois vão frequentar esses grupos sozinhos – E é que horas que começa mesmo? Eu to boiando em genética. - não, não tava boiando, só que alguém precisa fazer alguma coisa pra não deixar o Lucca e a Virgínia a sós.
— Começa às 14 horas, só que hoje não vai ter. Um alívio, porque eu to com aqueles deveres atrasados, sabe?
— Hum. - era por isso que ele não tinha confirmado ainda se iríamos estudar juntos hoje à tarde? - Então você vai poder ir lá pra casa?
— Eu posso se você puder.
— Posso sim. Então hoje às…?
— 14 horas, se for possível.
— É sim.
— Então beleza. - ele olhou pro lado – Meu ônibus vai passar daqui a pouquinho, então vou correr lá pra parada. Até mais tarde então.
— Até. - bom mesmo que você vai passar a tarde comigo e não com aquela imbecil.
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