O que mais me incomoda no começo do bimestre é esse clima de propaganda enganosa. Já estamos na sexta-feira e to me recusando a confiar nessa facilidade que to sentindo nas matérias. Aposto que eu to me iludindo, achando que Química tá fácil. Alô, Química não é fácil! Então como eu to conseguindo fazer tudo direitinho? Se eu quebrar com a minha cara nesse ano de novo, olha, eu juro, EU JURO que me mato!

— Oi Virgínia!

Eu conheço essa voz…

— Oi Rebeca. Tudo bom?

— Tudo! E com você?

— Tudo. - lá vamos nós – Por que você faltou durante a semana?

— Ah, primeira semana nem tem nada de tão importante assim, preferi ficar dormindo mesmo. - ela soltou uma risadinha.

— Hum… - sei bem pra que ela tá me ligando; a Rebeca liga por outro motivo por acaso? – Você quer que eu te diga os deveres que os professores passaram durante a semana?

— Por favor.

Às vezes eu me arrependo por ser o tipo de pessoa que não recusa uma mão amiga e que, pelo contrário, incentivo e faço parecer que podem me procurar a qualquer hora. Não é pouco comum que eu me canse das pessoas que eu não tenho tanta intimidade e que vêm falar comigo, pedir coisas ou me contar paradas que eu num to muito aí. E o que eu faço? Exato, vou lá e digo: “quando precisar, viu?”. Isso, fala isso mesmo, sua anta! Aí agora o seu celular simplesmente não para, é mensagem disso, telefonema praquilo.

— Acho é pouco. Isso é pra você aprender por não querer fazer parte das redes sociais. Tenho certeza que facilitaria muito a sua vida nesse aspecto.

É o que a Jéssica vive me dizendo, mas eu já expliquei pra ela umas mil vezes que não quero, não quero, não quero e ponto final! Eu sei o tempo que perco estando de fora de um perfil onde posso tornar pública as minhas ideias, as minhas fotos, os meus gostos, a minha vida! E sei muito bem o dobro de tempo que eu gastaria fazendo parte de tudo isso. To fora.

— Nunca vou entender como que você consegue ficar de fora das tecnologias que o mundo tem a nos oferecer!

— E quem disse que eu to fora?