A Porta dos Tempos escrita por Magnolya, Rizzo, Maegyr


Capítulo 10
Magnolya




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Todas da irmandade estavam unidas. Magnolya forçou a lança contra o barro e apoiou o braço na fonte da clareira. Julieta respirou fundo, tomando coragem. A líder não demonstrava reação nenhuma, mas queimava de raiva, curiosidade e nervosismo:

— Quando se sentir bem, Julieta.

A curandeira virou-se de costas para o grupo e soluçou, mas procurou manter a calma, suspirando:

— Ele tinha olhos negros, que davam medo. Eu não pude me defender, eu juro! – ela desabou a chorar. Algumas caçadoras pensaram em avançar, mas Magnolya proibiu-as, sem fazer barulho. – Ele parecia... corrompido, mas me deixou curiosa. Disse que só queria conversar, e me ofereceu um lugar para passar a noite.

— Ela escolheu passar a noite com um estranho, do que voltar para a clareira? – Sussurraram algumas das caçadoras atrás de Magnolya.

— Eu mandei ficarem quietas, droga! – ela explodiu, derrubando a lança no chão. As garotas se assustaram e calaram-se.  Acordara estressada naquele dia. O sol tinha acabado de nascer e ela tinha de ajudar uma amiga que se tornara distante.  – Pode continuar, Julieta.

— E... e eu aceitei, mas era como se fosse... uma ilusão.

Os murmúrios cessaram quando Magnolya ergueu a mão, pedindo silêncio.

— Como era o nome dele? – aproximou-se de Julieta, descansando a mão em seu ombro.

— Eu não sei! – assustou-se com o consolo e caiu para o lado, enevoada em lágrimas, a cabeça parecia estar longe. Levantou-se e recompôs o equilíbrio, correu pela trilha que levava ao parque.

As garotas se movimentaram e avançaram atrás de Julieta. Magnolya comandou a equipe. Um vento frio correu de dentro dos arbustos e empurrou-as para trás antes mesmo que entrassem na trilha. O grito surdo de Julieta ecoou, revelando sua posição, cada vez mais próxima. Seu pescoço estava envolto por dedos finos, pálidos e provavelmente gelados. As unhas eram pontiagudas, e a nuca da curandeira estava marcada com arranhões. Ela foi jogada no chão, junto da caçada. Da capa negra, um rosto expressivo, sorridente, se revelou. Todas as garotas sentiram o medo presente: era como se fosse o bicho papão, e elas fossem todas crianças. Cada uma das caçadoras gritou, tendo em suas mentes o mais profundo pesadelo. Magnolya, por sua vez, não sentiu nada. Sua mente devia ser blindada, ou algo do tipo.

— Ora, ora... – o homem olhou-as, com o sorriso sádico nos lábios. Revelou os dentes amarelados e se aproximou, espalhando a doença às plantas próximas.

— Quem é você? – Magnolya encarou-o, sentindo-se inferior. Algo dentro de si queria atacar, mas o tamanho do inimigo a deixava vulnerável. De certa forma, as garotas estranharam, mas não disseram nada pois estavam em transe, algumas até desmaiadas.

— Eu sou Fobos, ora essas. Eu sou o deus do pavor. – se não era engraçado, para ele pareceu. Depois de gargalhar, focou os olhos escuros em Julieta. – Andou falando demais, não é?

Magnolya pôde entender o que estava acontecendo. Todas puderam. Mais gritos. Fobos parecia deliciar-se com aquilo, como se fosse realmente prazeroso, mas algo em Magnolya intrigava-o: por que ele não conseguia acessar os medos da tenente? O que ela tinha de especial?

— Foi você... – Magnolya sentiu a raiva subir seu peito. Seu coração acelerou e sua cabeça queimou em fúria. Ela buscou por armas, mas não tinha. Julieta se encolheu no solo e tentou rastejar para junto das outras garotas.

— Sem drama... Magnolya? – Fobos tomou os olhos da tenente por si, ele finalmente descobriu. – Deveria chamar de Magnolya? – e sorriu, vendo as outras garotas sussurrarem entre si.

— É o meu nome.

— Claro que é. – retrucou, rindo. – Já estava demorando... – Fobos revirou os olhos e olhou para o céu, o que fez todas as garotas seguirem seus olhos.

A lua revelou-se de trás de todas as nuvens, seu brilho pareceu mais forte. De sua luz, uma forma tomou o ar: Ártemis. Munida com o arco prateado, ela carregou uma flecha e direcionou-a na direção de Fobos:

— O que faz aqui, verme repugnante?

— Poupe-se de explicações, minha querida... é uma longa história. – ele se curvou e sorriu, como se não temesse a nada.

— Deixe minhas garotas em paz. – disparou a flecha sem pensar duas vezes. O brilho celeste do projétil cruzou por cima das cabeças de toda a irmandade e aterrissou justamente no abdômen de Fobos. Ele grunhiu e apontou para a tenente:

— Você... esse não pode ser seu... – e toda a penumbra que cercava o deus engoliu-o. Desapareceu.


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Notas finais do capítulo

Estamos voltando!



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