Sonhos de Uma Noite de Inverno escrita por Diundica
Notas iniciais do capítulo
Esse esclarece algumas coisas.
apreciem sem moderação.
Resolvi seguir em frente. Adiante avistei Helenna conversando com Padre, pelo visto já havia explicado a ele sobre o bilhete. O bilhete de minha mãe – doía só de pensar nisso – estava na mão do padre, e Helenna estava ao celular falando com alguém, fui me aproximando, e o Padre vinha ao meu encontro.
-Minha filha, sinto muito, faremos de tudo para encontrá-la.
-Obrigada Padre - o abracei.
Não consegui evitar que as lagrimas começassem a brotar em meu rosto, ele me reconfortou. Padre Gustavo sempre foi amigo de nossa família, desde que eu me lembre ele sempre esteve presente em minhas memórias, o Vilarejo de São Bento foi o único lugar que eu morei até hoje, todas as minhas lembranças se encontram aqui. O vilarejo não mudou muito, a igreja sempre foi esta, e o padre também, a escola, o posto de saúde, enfim, tudo sempre foi desse jeitinho. Mas com o tempo gente nova foi chegando, e nem todas trouxeram coisas boas para a nossa cidadezinha, muitas com o tempo foram embora por não serem bem aceitas.
Consegui me recompor um pouco, já não chorava tanto.
-Padre, o que iremos fazer? – perguntei soluçando.
-Só temos que esperar as autoridades agirem, Helenna já entrou em contato com elas, eles já estão a caminho.
-Nós iremos ficar parados enquanto minha mãe pode estar sendo morta? – desabei a chorar novamente.
-Não, claro que não, faremos multirões de busca pelo bosque e cidades vizinhas, sua mãe é uma pessoa muito querida todos irão querer ajudar.
Não tive palavras somente assenti com a cabeça. Corri em direção a Helenna, ela me recebeu com os braços abertos.
-Calma, vai dar tudo certo. Você vera, logo isso só vai passar de uma memória trágica e dolorosa – disse Helenna afagando meus cabelos.
As palavras de Helenna eram reconfortantes. Faziam-me sentir melhor. Ela é minha amiga desde pequena, sempre confiei nela para tudo. Já de Cristiana, não posso dizer o mesmo, ela havia chegado aqui há uns cinco anos, sua mãe morreu afogada em um naufrago então ela se mudou com o seu pai para cá. Seu pai trabalha no ramo da agricultura, e em nosso estado há boas áreas para se plantar. Junto com eles veio também a indústria agrícola da família. A sede da indústria não fica aqui, ela se localiza na cidade vizinha, que é mais industrializada que a nossa.
Nem eu nem Helenna confiávamos plenamente em Cristiana, ela já mostrou muitas vezes que do mais valor a si própria do que aos outros, mais sempre a perdoamos, porque nós somos as únicas pessoas que são verdadeiramente amigas dela – agora eu não seria mais tão amiga assim – Tenho certeza que Cristiana é a vilã de meus Sonhos. A vilã sempre foi uma incógnita, não tinha rosto definido em meus sonhos, mais as atitudes eram nítidas – como as de Cristiana.
Helenna e eu fomos caminhando lentamente entre a multidão da festa até chegarmos a minha casa. Começou a cair uma garoa. O inverno apenas tinha começado muitas tempestades ainda virão, e eu podia prever que meu resfriado só pioraria com o tempo. Assim que chegamos a minha casa Helenna foi até meu quarto arrumar uma bolsa de roupas para mim, ficaria por em quanto na casa Paroquial, como disse o bilhete – cada vez que essa memória me atingia, era como farpas sendo cravadas em meu coração - Fui até o banheiro tomar um banho e tentar por as idéias em seu devido lugar. Vesti uma roupa confortável, e fui tentar encontrar Helenna pela casa. Ela estava na sala me esperando com um sorriso amigável em seu rosto.
-Vamos? – perguntou ela.
-Claro – disse desanimada.
-Tem certeza que não esta esquecendo nada?
-Sim, podemos ir.
Da porta da minha casa podia-se ter uma visão ampla da praça, ainda garoava, e a praça ainda estava lotada. Só tinha uma pequena diferença agora com algumas viaturas, policiais e equipes forenses. Me senti estranha vendo toda essa movimentação, pessoas sendo interrogadas, e cães farejadores, equipes de buscas. Essa cena demoraria a sair da minha cabeça.
-Quer ir lá agora, ou que dar mais um tempo aqui?
-Não vai adiantar adiar as coisas agora, só vai piorar a situação, tenho que ser forte.
-Estarei no seu lado a todo tempo.
Só a abracei. Seguimos em direção a praça. Todos nos encaravam, podia afirmar que todo mundo já estava sabendo. Uma policial veio ao meu encontro juntamente com o Padre.
-Catherine, a policial Cherry quer lhe fazer umas perguntas – disse o Padre Gustavo.
-Claro, já imaginava isso.
-Bom... Catherine vamos nos sentar ali. – apontou para um banco próximo ao canteiro de flores.
Seguimos para lá em silencio.
-Qual a ultima vez que você a viu?
-Quando ela pediu minha opinião para se vestir.
-E isso ocorreu quanto tempo antes de saírem de casa?
-Cerca de uns 30 minutos, tempo suficiente para eu me arrumar. Depois só encontrei o bilhete da geladeira.
-Poderia nos entregar esse e o outro bilhete?
-Claro, eu gostaria de saber o quanto da história você já sabe?
-Bom, posso te dizer que já sei da história toda, mais preciso te pergunta para saber se a sua versão e a que os outros me deram são iguais.
-Sim, compreendo.
Olhava a multidão para ver se encontrava Helenna, a vi perto de um poste também sendo interrogada por um policial. A Cherry era muito bonita, era loira, com olhos castanhos claro que davam um contraste perfeito com a sua pele clara, mas não tanto quanto a minha.
-Então, existe alguém que guarde rancor de sua mãe?
-Não, que eu saiba. Todos que eu conheço sempre demonstraram carinho por ela – tudo o que eu falava era anotado em um bloco.
O silencio perto de nós era tão grade que era possível escutar o ruído da caneta marcando o papel.
-Você não conhece o seu pai não é mesmo?
-Sim. Não sei se ele poderia fazer isso, nunca o conheci nem tive informações suficientes sobre ele para deduzir qual é sua índole.
-Por enquanto é só isso Catherine. Obrigado –estendeu sua mão para um aperto, eu retribui.
Fiquei lá sentada no banco sentindo a garoa aumentar.
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