A melhor parte da minha tarde monótona, foi abrir a porta da minha casa para aquele - até então- estranho. Foi encantador cada palavra que ele falou, cada sorriso cada expressão. Acho patética a forma como penso nele, foi apenas uns 2 minutos de conversação, não acredito em amor a primeira vista para deduzir que me apaixonei por ele, afinal nem sou bonita, meus olhos verdes -graças ao meu pai- cabelos ruivos e lisos, uma pele branca quase translúcida, e ainda pra piorar minha situação, sou magra, pareço mais um manequim daquelas lojas de vestidos. Não creio que tamanha beleza como aquela - do Lucas- um dia sonharia comigo, nunca, é impossível, quer saber de uma coisa não sei nem o motivo pelo qual fui tocar neste assunto. Sincera mente acho melhor viver a realidade, pelo menos enquanto estou acordada, melhor deixar meus sonhos para minha noite de sono, onde posso ser o que quiser, um dia posso ser  a mocinha, no outro já posso ser a vilã.

Minha mãe já tinha ido se deitar, achei melhor seguir o seu exemplo, fui para meu quarto, tenho certeza que amanhã o tempo estará melhor e então irei para a escola. 

Foi como mágica, ao fechar meus olhos o sonho já começou, dessa vez o sonho como uma linda historia de amor,só que o meu príncipe era na verdade um entregador de flores , e a princesa, uma boba, se amavam mas não parecia real, a vilã reapareceu, e ela e o meu "entregador" tramavam contra mim enquanto eu como uma boba, acreditava em todas as promessas de amor que o meu querido entregador me fazia.

Acordei assustada, não queria que o sonho se tornasse uma realidade, as vezes é bom sonhos, não passarem de sonhos, minha mãe veio até meu quarto já estava na hora de ir para escola.

-Vamos meu anjo levanta!-disse sorrindo.

-Claro mãe, estou animada para o dia de hoje- bocejei.

-Posso sabe o motivo?- disse no seu tom mais irônico.

 -Ué hoje é a festa de São Bento. - Sorri.

-Ah!Só por isso?- indagou.

-Sim.

Deixei-a para trás no quarto e fui me arrumar- o mais rápido possível- Escovei os meus dentes e fui a caminho da escola, precisei passar em frente da floricultura, esta fechada, ainda eram seis da manhã as coisas geralmente começavam o seu ritmo normal as sete. Hoje nossa pequena cidadezinha estaria em ritmo acelerado, em ritmo de festa, as vezes penso, se não existisse a pequena igreja de São Bento aqui em meu vilarejo, hoje seria apenas mais um dia comum, nada de extraordinário iria acontecer. Nós levamos os dias festivos muito a serio, comemoramos o dia de São Bento com grande estilo, mais até que natal ou qualquer outra data.

Cheguei a escola, não ficava muito longe da minha casa, era só atravessar nossa imensa praça e virar a esquina e mais alguns metros já estava em frente a escola. Nossa praça é como nosso centro comercial, há de tudo um pouco, tudo de mais importante se localiza na praça, a igreja, a pequena mercearia do Sr. Manoel- um português muito simpático e risonho-, a padaria do Crispim, o posto de Saúde...

O sinal tocou, entrei fui direto para o meu lugar, fui a primeira a entrar, em seguida veio todo o resto, minha turma devia ter em torno uns 37 alunos. Sou muito acanhada mais tenho amigas verdadeiras, na verdade são apenas duas, a Cristiana e a Helenna, a Cristiana é mais baixa que eu cabelos negros e enrolados e longos, ate a cintura, pele parda, e uns olhos encantadores cor de mel, a Helenna tem a minha altura, uma pele clara, chegava ate ter a bochechas rosadas cabelos ondulados, longos, e uns olhos azuis escuro de hipnotizar qualquer um, nelas eu sabia que podia confiar o mais tenebroso dos meus segredos.Sei que a aula passou depressa estava animada com a festa hoje, o dia estava muito bonito, não parecia que havia nevado ontem. Assim que passei pela praça, o ritmo estava aquecedor, era gente para tudo quanto é lado, para dar os últimos toques na decoração. Esbarrei com uma pessoa, me arrepiei ao olhar a imensidão azul novamente.

-Des-desculpa- disse envergonhada.

-Catherine!- disse Lucas abrindo um glorioso sorriso.

-Olá, esta tudo bem?- perguntei acanhada.

-Sim, muito bem, não te machuquei não é!?- perguntou, agora com um tom mais cauteloso.

-Não, imagina só foi um esbarrão.- Sorri, me perdi na imensidão azul de novo, neste momento veio na minha memória o meu sonho de duas noites atrás. O cavalheiro tão cobiçado era o Lucas.

-Que bom só assim para te encontrar novamente- sorriu envergonhado- você vira para a festa hoje?

-Sim, claro, toda a cidade vira- esbocei um leve sorriso.