As Sete Ameaças escrita por Leh


Capítulo 41
Parte II: O Reencontro – Abraços.


Notas iniciais do capítulo

Esse foi o capítulo mais fofo que acho que já escrevi na vida (já dá pra ver até pelo título não é?) Mas fala sério, quem não gosta de abraços? o/



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— Está tão escuro aqui – queixou-se Pamela.

Sophie amava a amiga, ela foi a primeira pessoa simpática nos últimos doze anos. Todos os outros duvidavam de uma criança perdida e sem memórias, apenas Pamela, tão gentil e companheira ficara ao seu lado. Mas ela também era medrosa e muito mimada. Sophie se perguntava qual fora a última vez que ela tinha pensado em alguém que não fosse ela mesma e se decepcionou com a resposta. Ficava aliviada por não ser como ela.

— Estamos perto de chegar – assegurou Clyde.

— Como pode ter certeza? – perguntou Saulo desconfiado. Anya já tinha dito que ele era uma daquelas pessoas que não gostava de confiar em ninguém, embora parecesse estar muito confortável perto de Imad. Ela sorriu, era seu segredo e ela gostava muito de ter segredos só dela.

— Eu e Sophie passávamos muito tempo aqui com nossa amiga quando éramos crianças.

— Eu gostava muito de estudar esses túneis – explicou Hibou – Eles são fascinantes.

— Há controvérsias.

— São medonhos – disse Pamela agarrando-se ao braço de Sophie, que suspirou internamente, mas repousou a mão nos ombros da amiga, confortando-a.

— Só estou dizendo isso – explicou-se Saulo – por que estamos andando há bastante tempo e não consigo ver nada através dessa escuridão.

— O segredo – explicou Clyde – é deixar a mão esquerda na parede e acompanha-la. Tão simples que ninguém iria notar.

— Não importa onde esteja é só colocar a mão esquerda na parede? – perguntou Imad intrigado.

— Sim.

— Consigo ver uma luz! – disse Pamela triunfante, como se ela fosse a responsável por chegarem ali.

— Eu também – Observou Ana – Fiquem em silêncio agora – salientou – Já deveria ter escurecido e tem luz ali.

— Uma fogueira – adivinhou Sophie começando a sentir a adrenalina em seu sangue e cobrindo os amigos com um escudo.

— Zaki? – perguntou Clyde incerto.

— Pode ser que sim e pode ser que não, mantenham o silêncio e os olhos atentos.

Nenhum deles falou nada depois disso, tinham todos, inclusive Pamela, entendido o recado.

Eles andaram, cautelosos, pelo caminho até o portal que levava a cúpula. Sophie prendeu a respiração, agitada e nervosa.

O salão era grande e lotado o suficiente para esconder várias pessoas entre suas estátuas, mas Clyde seguiu a fonte de luz, passando pelos animais de pedra com destreza.

À medida que chegavam perto, Pamela apertava mais o braço de Sophie até ele começar a latejar, mas a outra respirou fundo e apenas continuou. Se sua amiga precisava dela, ela teria seu suporte, nesse caso um braço para apertar.

No entanto ela não ficou por trás, andava na mesma linha de Clyde, curiosa com o que estava por vir. No fundo, desejava que fosse um intruso, sentia falta dos treinamentos de Ivo e de usar sua ameaça para algo efetivo e não apenas quando livros caíam de estantes. Os dois últimos dias tinham sido uma injeção de adrenalina em Sophie e ela estava muito feliz com aquilo, quase viciada.

Chegaram ao centro da cúpula, onde estava o totem dos sete e ali estava a vela que iluminava a sala. E também dois adolescentes. Se beijando.

O garoto era loiro e atlético e a garota era miúda e morena, mas tinha uma presença tão forte que até Pamela pareceu sentir, ao se encolher mais.

Embora Sophie não soubesse quem eram aqueles adolescentes, Clyde pareceu reconhecer pelo menos a garota.

— Riley?

A garota empurrou o menino com força e olhou os outros assustada. Só então Sophie pôde perceber o quão parecida era a menina de Clyde. Os mesmos olhos determinados, os cabelos lisos e castanho-escuros, o nariz empinado e a pele eternamente bronzeada. Em um segundo, o rosto de Riley se iluminou e ela gritou de excitação.

— Clyde!

A adolescente se jogou nos braços do irmão com o maior dos sorrisos. Mas Clyde não estava disposto a esquecer o que vira tão facilmente.

Por sua vez, o menino estava de cabeça abaixada, como se quisesse enterrar-se no chão e deixar de existir.

— Ei! – gritou o Eagle mais velho afastando delicadamente a irmã.

Sophie nunca vira Clyde tão furioso, seu nariz estava inflado e uma veia saltava em sua têmpora. O menino deu um pulinho ao ouvir o grito e desapareceu.

— Todo mundo é uma ameaça aqui? – falou Logan irritado.

— Nem me fale – comentou Saulo.

— Ele sumiu! – falou Pamela impressionada – Ele sumiu mesmo!

— Você assustou ele! – falou Riley irritada – Paul? – chamou ela.

— Paul? – falou Clyde, surpreso.

— Paul! – repetiu Sophie, alegre.

— Parem de gritar meu nome – falou o menino saindo de trás do totem – Tenho dor de cabeça quando o repetem de mais.

— Você prefere rato? – falou Clyde ironicamente irritado.

— Bom te ver também Clyde. Desculpe estar apaixonado pela sua irmã por sinal.

Riley sorriu e correu para onde o namorado estava.

— Você está o quê? Eu não escutei direito.

Paul ficou vermelho do modo mais adorável e desapareceu novamente.

— Você está namorando o Maus? – falou Clyde irritado.

— Estou e você não vai dizer nada. É bom ver você também, agora senta aí e vem ver o que a gente descobriu.

— Sim, senhora – falou o irmão sentando-se no chão.

— Paul?

Maus apareceu ao lado de Riley em um piscar de olhos.

— Mostra para eles o que a gente descobriu.

O garoto encarou bem Clyde e balançou a cabeça.

— Não.

— O que? – gritou Clyde irritado.

— Paul, não faz isso.

— Não gosto do seu irmão.

— Se fosse o Zaki pedindo, tenho certeza que mostraria – alfinetou Ana.

Paul corou novamente.

— Zaki era meu irmão mais velho! – falou um pouco estridente.

— Era? Não sou mais?

Sophie se virou com todos e viu Zaki, com uma chama na mão e dois orientais seguindo-o. Ele estava maior, mais forte e definitivamente bem mais... masculino, como se exalasse testosterona. Até mais que Clyde. O velho que estava com ele tinha cabelos e barba brancos, mas um corpo musculoso de um adulto e a menina era incrivelmente delicada com os olhinhos puxados e a pele de porcelana com fios finos e negros de cabelo esvoaçando mesmo com o pouco vento.

— Zaki? – falou Paul sorrindo de orelha a orelha.

— Ei irmãozinho!

Pela primeira vez vendo um sorriso de Paul talvez desde quando era pequeno, Sophie acompanhou enquanto ele desaparecia e aparecia em frente ao amigo para lhe dar um abraço.

Enquanto isso outro homem apareceu. Ele tinha traços grossos e sérios, nariz grande, barba negra e farta. Ele sorriu ao ver o grupo e falou:

— Olá filho.

— Pai! – falou Imad assustado – Pensei que você estivesse morto!

— Eu estava apenas em um trabalho de campo.

Imad sorriu .

— Senti sua falta.

— Eu também filho – falou o homem andando para dar um abraço no filho.

— Que maravilha – disse Sophie – Agora só falta Yuki e Nina!

— Yuki estava conosco – falou o velho oriental – Mas saiu para procurar a cúpula e não voltou mais.

— Yuki está perdido? – falou Ana preparando-se para sair da sala.

— Aonde você vai? – perguntou Saulo.

— Procurar Yuki! Ele pode estar perdido.

— Ora, mas não precisa se preocupar – falou Zaki – Ele pode se transformar em um morcego e encontrar a saída, provavelmente apenas encontrou alguém.

— Além do mais – salientou Ibraim – Como ele gosta de dizer sempre, não precisa da ajuda de ninguém.

— Você o conhece? – perguntou Imad confuso.

— Mas é claro ele era o melhor gladiador do Coliseu!

— Gladiador? – perguntou um coro.

— Eu não entendo por que estão todos tão surpresos – falou Yuki andando com confiança para onde estavam todos – Sou completamente capaz de lutar e vencer.

— Olha só quem apareceu! – cumprimentou Zaki.

— Como assim “olha só quem apareceu”? Eu voltei onde tinha deixado vocês e não achei mais! Sorte que encontrei Nina ou estaria procurando vocês eternamente.

— E teria nos deixado lá sozinhos se ainda estivéssemos lá?

— Com o maior prazer do mundo.

— Yuki! – gritou Anya com a voz embargada, jogando-se no pescoço do homem.

Ele pareceu confuso inicialmente, franzindo a testa afastou Ana e tocou seu rosto, sorrindo devagar no processo.

— Anya – suspirou puxando-a novamente para o abraço.

Sophie sorriu consigo mesma. No fundo, esse era o encontro que ela mais ansiava ver. E não ficou decepcionada enquanto via Yuki envolvendo Ananya com seus braços fortes e enterrando seu rosto nos cabelos ruivos dela, com os olhos cerrados e um sorriso sincero e extasiado.

— Só falta uma pessoa – falou Sophie consigo mesma.

— Eu? – perguntou uma voz atrás de si.

Sophie se virou e encontrou um garoto sorrindo para ela. Um garoto muito atraente. Mas olhando mais atentamente, ela reconheceu os cabelos lisos e castanhos, os olhos grandes escuros e sorriso de dentes brancos e reluzentes.

— Nina? – o garoto abriu ainda mais o sorriso – Nina! – gritou Sophie exultante de alegria e pulando na amiga para lhe dar um abraço – Que saudade Nina!

— Também senti muito a sua falta Soph! Caramba, você cresceu! E parece muito mais...

— Corajosa – falou Clyde chegando perto – A Sophie está bem mais corajosa.

— Como uma leoa – falou Nina.

— Exatamente como você previu, Nina. Bom ver você.

Os dois sorriram um para o outro deixando Sophie um pouco enciumada, afinal, por mais que soubesse que os dois eram predestinados, não conseguia deixar de pensar em Clyde. E não só como um amigo.

— Podemos mostrar agora o que nós descobrimos Paul? – perguntou Riley.

Paul Maus, ainda com o maior sorriso que Sophie já o vira dar, virou-se e sorriu ainda mais.

— Agora sim.


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Notas finais do capítulo

Não é o capítulo mais fofo que vocês já leram (vindo de mim)?