As Sete Ameaças escrita por Leh


Capítulo 40
Parte II: O Reencontro – A entrada.


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal! Olha só quem ressurgiu das trevas! hehehehe
Desculpem por esse sumiço, do modo mais difícil eu descobri que não consigo postar todos os dias e estudar para as provas da faculdade ao mesmo tempo, então precisei ficar essas duas semanas parada. Mas eu estou de volta! :D E dessa vez para não interromper o fluxo de postagens, em vez de postar todos os dias, vou tentar postar pelo menos três dias na semana (talvez terça, quinta e sábado, mas pode ser flexível).
Então é isso e obrigada por me esperarem!



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O sol estava saindo no horizonte e Yuki olhava para ele pensativo. Embora não soubesse que estava olhando o nascer do sol.

Ouviu passos atrás de si e uma mão tocar seu ombro.

— Está tudo pronto – disse Ibraim – Vamos?

Yuki passou a mão pelos cabelos gordurosos e se perguntou se estava cheirando tão mal quanto o amigo. Podia ter sentidos apurados, mas não conseguia sentir o próprio cheiro.

— Preciso de um banho...

— Podemos fazer isso no lago da intercessão.

— Certo.

Yukiko seguiu o barulho dos passos de Ibraim na terra seca e sentiu braços fortes içando-o para cima e ajudando-o a montar no cavalo.

— Segure-se firme – disse Zaki envolvendo Yuki com os braços – Vamos cavalgar bem rápido.

— Em quanto tempo chegamos?

— Em um ritmo rápido? – perguntou a voz do velho, Quon, como tinha se apresentado – No final da tarde.

— Pronto? – perguntou Zaki, Yuki pôde sentir o calor de sua respiração em seu pescoço.

— Sim.

— Aye! – gritou Zaki, claramente uma expressão dos mares, o que explicava para Yuki onde o amigo esteve por tanto tempo, mas ele nada comentou, apenas fechou os olhos e concentrou-se nos sons à sua volta.

O vento zunia em seu ouvido e ele conseguia escutar as patas dos cavalos martelando o solo. Sentiu quando o sol ficou quente o suficiente para queimar sua pele e quando esfriou.

Sentiu a umidade antes de escutar o barulho da água.

— Estamos perto – sussurrou para Zaki, que repetiu a mensagem mais alto.

— Estamos mesmo – confirmou Quon – Vamos parar no lago da intercessão para nos lavarmos.

Yuki suspirou audivelmente. Ele perguntava-se se iria ver Anya naquele mesmo dia. Sentiu o coração acelerar diante daquele pensamento e riu consigo mesmo. Medved ainda conseguia fazer seu coração acelerar no peito mesmo depois de doze anos sem se verem. Será que ela mudara muito? Desde que recuperara as memórias, Yukiko não conseguia parar de pensar na amiga.

Zaki desmontou antes e tentou ajudar Yuki a descer, mas se tinha uma coisa que o cego detestava era quando tentavam ajudá-lo a fazer coisas, tinha a sensação de ser um inválido.

— Eu sobrevivi doze anos no coliseu lutando contra gladiadores, consigo descer de um cavalo sozinho.

O amigo apenas riu.

— Você quem sabe.

Yuki pulou e caiu com perfeição no chão. Caminhou como se visse o caminho até o lago e afundou devagar. Debaixo d’água era como um santuário, o barulho era perfeitamente abafado e todos os seus sentidos eram negligenciados, como quando estava quase morrendo, mas dessa vez, sem aquele esqueleto medonho. Era tudo trevas novamente, e ele estava muito feliz por isso.

Subiu para respirar e escutou Zaki.

— Li foi com Quon e Ibraim para outro lugar Yuki, tire as roupas e venha aqui para eu ajudá-lo a se lavar.

Dessa vez, ele não recusou. Ficava feliz por ter alguém para ajudá-lo a se lavar novamente. Como sentia falta daquilo, no coliseu eram grandes tinas de água gelada e impiedosa onde os gladiadores poderiam esfregar a pele até tirar o sangue da batalha. Mas só isso.

Tirou as vestes e entregou a Zaki, ouvindo o baque molhado quando ele as jogou no chão. Então a água ficou quente e Yuki sorriu, sabendo que Leeu tinha entrado na água.

— Você tem umas cicatrizes bem legais aí – elogiou Zaki.

— Obrigado.

— Se você pudesse ver as minhas, ficaria impressionado.

— Posso senti-las.

— Não quero homem tateando meu corpo nu.

Yuki riu.

— Então da próxima vez você pode se gabar para Clyde ou Paul.

— Sim – falou Zaki feliz – Vou me gabar com meu irmãozinho. Agora se vira para eu esfregar essas costas nojentas.

Quando Zaki concluiu que ambos estavam devidamente limpos, puxou Yuki para fora da água e esquentou suas roupas antes de lhe entrega-las. Colocar aquelas roupas quentinhas e confortáveis foi como voltar à infância, quando sua mãe guardava pedras vulcânicas nas gavetas para deixa-las quentinhas.

Pensar nisso só fez com que ficasse mais ansioso para voltar para casa.

— Vamos logo.

Os dois caminharam até onde os outros estavam.

— Em dois quilômetros e meio, vamos encontrar uma árvore com um buraco. Será impossível levar os cavalos pelo buraco e talvez um pouco difícil de passar por ali, mas ele irá nos guiar por uma rede de túneis subterrâneos que nos levará ao nosso lugar seguro.

— O Vale das Pedras.

— Abaixo dele, mais especificamente.

— Maravilhoso – disse Ibraim – Podemos ir? Em uma ou duas horas irá escurecer e ficará frio.

— Claro, vamos.

— Eu vou cavalgando – declarou Yuki.

— Tem certeza que está bem? – perguntou Zaki incerto.

— Eu faço um trabalho muito bom!

Yukiko riu.

— Sim e eu sinto falta de correr como cavalo.

— Certo.

O homem se transformou em um incrível cavalo de pelagem negra com crina branca e olhos leitosos. O animal bateu os cascos no chão, ansioso para correr, e Zaki não lhe recusou isso.

Fazias parecia apostar corrida com Yuki, correndo a plenos pulmões, mas o outro era muito mais rápido e passou o alazão com facilidade, mas logo recuou o passo, pois precisava seguir Zaki.

Chegaram no lugar em menos que minutos. Yukiko voltou à sua forma original e passou as mãos nos cabelos revoltos para arrumá-los. Zaki desceu de Fazias e tirou o alforje e a cela do animal, preparando-se para se despedir.

Ibraim, Li e Quon chegaram alguns minutos mais tarde e fizeram o mesmo com seus cavalos.

— Por aqui – disse Zaki afastando a folhagem para mostrar um buraco apertado em uma das árvores da floresta.

— Parece uma toca de coelho – comentou Li com excitação na voz.

— Creio que seja proposital – falou Yuki – Vocês passam primeiro e eu vou atrás para organizar as folhas.

— Está bem – falou Leeu – Vou descer primeiro para fazer a luz – e falando isso colocou os pés para dentro do buraco e pulou, seguido do barulho abafado de seus pés atingindo o solo e a fraca chama iluminando paredes rudimentares de terra.

Li, Quon e Ibraim foram em seguida, deixando Yuki sozinho enquanto organizava as folhas novamente no buraco e transformava-se em uma formiga, passando entre as folhas.

Voltou à forma original, tocando os pés no chão e encostando a mão em um ombro qualquer.

— Vamos.

Os passos dos cinco ecoavam pelas paredes, fazendo um barulho alto e quase ensurdecedor no silêncio.

— Você sabe por onde estamos indo, não é mesmo? – perguntou Li depois de um tempo.

— Espero que ainda me lembre – respondeu Zaki – Eu não vinha aqui muitas vezes, esse lugar me assustava. Nina, Clyde e Sophie eram quem mais vinha para explorar esses túneis.

— Eu posso nos guiar – falou Yuki – Nunca tentei isso antes, mas existe um animal tão cego quanto eu que se movimenta com o som.

— Chamam-se morcegos – falou Ibraim.

— Creio que sim. Posso tentar nos guiar pelos corredores desse jeito.

— Vamos tentar.

— Eu vou primeiro mais à frente – falou Yuki – E volto quando tiver o caminho pronto.

— Certo.

Yuki então se transformou em um morcego e começou a bater suas asinhas finas para manter-se no ar e então soltou a primeira onda ultrassonora e pôde perceber os arredores com perfeição. Quatro pessoas ao seu redor, paredes e curvas, inclusive aquelas bem adiante. Começou a voar para frente, explorando o labirinto.

Quem quer que tivesse construído aquele labirinto sabia o que estava fazendo, mesmo com a ecolocalização, era muito difícil saber com certeza onde estava indo. Até que, depois de virar diversas vezes, encontrou o que procurava: uma cúpula cheia de imagens de pedra.

Refez seu caminho com pressa e facilidade até encontrar quatro figuras paradas no meio de um corredor e, embora ter certeza de que não era ali que tinha deixado os outros, supôs que eles tivessem se movido.

Transformou-se de volta quando estava perto o suficiente e caminhou em direção deles.

— Achei a cúpula – anunciou.

Mas nada foi dito, embora ele conseguisse escutar a respiração acelerada das quatro pessoas à sua frente.

Não tinha errado o caminho, tinha certeza disso, mas agora sabia que aqueles não eram Zaki, Li, Quon e Ibraim. Entrou em posição de batalha até uma simples voz tirar todas as suas defesas.

— Yuki...

E embora mais madura, levemente mais grossa e carregada de emoção, Yukiko a reconheceu.

— Nina? – falou antes de sentir braços finos o envolver.


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Notas finais do capítulo

Por favor, mandem reviews! Dicas, críticas, elogios, qualquer coisa, apenas mostrem que estão vivos! :D