As Sete Ameaças escrita por Leh


Capítulo 42
Parte III: Os Animais Guias – Um rato.


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal! Um bom sábado pra vocês e aproveitem com um presentinho no final do capítulo!



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Maus caminhou calmamente até onde estava o totem dos sete.

— O que é isso? – perguntou Pamela boquiaberta.

— Nós não sabemos – explicou Clyde – Eles estavam aqui antes de nós chegarmos.

— Nós os chamamos de animais guias – falou Zaki – Cada um deles parece aceitar apenas um de nós.

— Que incrível – murmurou Imad tentando tocar um cachorro que pareceu rosnar quando seus dedos se aproximavam.

— Eu e Paul estamos há um tempinho aqui – falou Riley – Nós descobrimos uma coisa que gostaríamos de mostrar para vocês.

Os dois se olharam e Maus assentiu tocando o rato que estava equilibrado na cabeça do leão. E sumiu novamente, aparecendo perto de Zaki com um ratinho cinzento na mão, mas ele era mais de pedra, ele se mexia e chiava, agitado.

Paul lembrava-se da primeira vez que acontecera. O susto fora tão grande que ele gritara e soltara o rato, mas depois ouviu sua voz, chamando-o.

“Paul” ele dizia “eu sou você”.

“De jeito nenhum! Eu não sou um rato! ” respondeu.

“Você não pode me negar, Paul. Eu sou você. Eu sou o...”

— Reflexo da minha alma – falou em voz alta para que todos escutassem – Cada um desses animais de pedra é o reflexo da alma de alguma Ameaça. Por isso só aceitam que seu verdadeiro dono as toquem. Usem suas ameaças enquanto os seguram e eles ganharão vida.

Os outros o olhavam boquiabertos, apenas Riley sorria. Ela ficava animada com qualquer coisa que ele fizesse. No começo ele achou que ela era tonta ou só uma garotinha apaixonada, mas com o tempo passou a venerar a garota. Ainda não entendia o que sentia, mas se aquilo o que sentia sempre que aqueles olhos cinzentos o encaravam era amor, então ele amava sentir amor. E ele odiava admitir isso.

— Como você sabe disso? – perguntou Clyde, que ainda parecia irritado com ele por causa do flagra.

— Ele me disse – respondeu mostrando o ratinho que chiava gloriosamente em sua mão como se dissesse “me escutem, humanos inúteis”. De fato, era o que ele gritava e o que Paul não ousava repetir.

Maus, como o rato gostava de ser chamado, era ligeiramente arrogante e extremamente sério. Ele parecia desprezar todos que não fossem do seu agrado e na verdade só parecia bravo por que ninguém realmente o entendia. A criatura era exatamente como Paul sem tirar nem por.

Nina saiu de perto de Sophie e tocou a ponta do bico do flamingo, experimentando.

— Acorde! – ordenou e ele ganhou vida e cor. Piscou os olhos e soltou um grasnado, convidando Nina a interagir. Ela, por sua vez, sorriu e acariciou a cabeça peluda do animal – É de verdade!

— Você achou que eu tinha roubado um rato qualquer no chão e inventado essa história?

Paul imediatamente sentiu o olhar frio de Riley e olhou para baixo.

“Não a irrite. Ela já é boa demais para você” resmungou o rato.

“Você acha que eu não sei disso? ”

“Não parece saber”

Pouco a pouco os outros também foram para o totem dos sete – agora totem dos cinco – para tocar em seus animais respectivos para acordá-los. O leão rugiu, a borboleta voou, o urso bufou, a águia alçou voo piando alto e a coruja virou sua cabeça até as costas para encarar Sophie.

— Você disse que todas as Ameaças têm um – falou o homem que se apresentou como Imad – Nós também temos?

— Se vocês forem Ameaças, então sim. Todos têm.

Li, Imad e Quon começaram a vasculhar a sala. Paul riu consigo mesmo.

“Nem considera avisá-los? ” perguntou Maus.

“Deixe que perguntem. “

— Do que você está rindo? – perguntou Riley chegando perto.

Maus chiou alguma coisa e pulou para o ombro da garota. Aparentemente ele também gostava muito dela.

— Eles estão procurando seus animais guias feito idiotas – comentou ainda rindo – Nunca vão achar assim. Existem milhares de animais guias aqui.

— E como eles podem achar?

— Eu não sei, mas desse jeito não é.

“Se usarem suas ameaças irão sentir onde os seus animais guias estão” falou Maus cheirando o pescoço de Riley.

“Saia daí, só eu posso fazer isso. “

O leão de Zaki chegou perto de Paul e o olhou, triunfante. Ele parecia um rei com aquela juba dourada ao redor da cabeça.

— É impressionante que nunca tenhamos notado isso – falou Nina maravilhada.

— E Paul descobriu em dois dias – resmungou Clyde.

Paul acariciou a cabeça do leão, que fechou os olhos, feliz, enquanto ronronava. E ele nem mesmo sabia que felinos grandes como aquele ronronavam.

— Foi Riley quem descobriu – afirmou – Eu só testei.

Uma pomba passou voando com pressa pela cúpula. Algum dos idiotas tinha descoberto seu animal guia.

Zaki riu chegando perto de Paul.

— Acho que Quon encontrou seu animal guia.

— O velho?

— Sim.

— Como sabe?

— Ele é o senhor dos pombos.

— Você viajou esses dois dias com um homem que se auto intitula “O senhor dos pombos”?

— Se você rir de mim, vou mostrar o que aprendi nesses doze anos – falou Zaki como brincadeira.

Por mais que Paul também tenha rido, uma olhada na tatuagem Jolly Roger no braço do amigo o advertiu que não deveria continuar com a brincadeira.

— O que exatamente são eles? – perguntou uma das acompanhantes de Nina, a mais jovem.

— Eles são a representação de nossas almas – explicou Paul reproduzindo o que Maus tinha dito a ele no primeiro dia. Novamente. Paul odiava repetir as coisas.

— Você já disse isso – falou a mulher olhando-o – Quero saber o que exatamente eles são. De onde eles vieram.

Paul olhou Maus no ombro de Riley.

“Você sabe de onde veio? “ resmungou o rato.

“Não exatamente. “

“Então não me pergunte de onde diabos eu vim. “

“Aturar minha própria personalidade é algo muito difícil. “

“Nem me fale. “

— Não sei – falou alto dessa vez – Maus também não sabe.

Um outro pássaro passou voando, um completamente marrom como barro e fofinho como a garota que veio com Zaki. Até seu pio era doce como ela.

— Você pode se comunicar com ele? – perguntou a garota loira intrigada.

— Sim – resmungou zangado por repetir aquilo mais uma vez. “Infelizmente. “

“Eu ouvi isso. “

“Infelizmente. “

Paul abafou o xingamento do rato sorrindo. Por isso Riley às vezes sorria quando ele estava furioso. Sua raiva era quase cômica.

Os três que tinham saído antes retornaram. Como esperado, Quon e Li estavam com os pássaros empoleirados no ombro, mas Imad parecia frustrado.

— Use sua ameaça – falou Clyde – Eagle diz que funcionará.

— Eu irei derrubar isso tudo se usar minha ameaça.

— Faça fraco – instruiu Ibraim.

O homem então fechou os olhos e o chão tremeu levemente por alguns segundos. Tempo o suficiente para ele abrir os olhos sorrindo, como se tivesse feito uma incrível descoberta e correr novamente por entre as estátuas e voltou pouco tempo depois com uma toupeira seguindo-o.

Estavam todos ali. Ameaças com seus animais guias. De repente, tudo pareceu ficar bem mais sério.

Paul se encolheu. Passou anos querendo que aquilo acontecesse. Finalmente iriam agir, não é mesmo? Mas parecia que a cada segundo que passava o peso em seus ombros aumentava e Maus nem estava mais ali. Sentiu Riley apertar sua mão e a encarou. Ela estava vibrante de felicidade.

Talvez, só talvez, ele poderia aguentar aquilo por ela. Sim, ele faria qualquer coisa por ela.

 


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Notas finais do capítulo

Gostaram do Paul? Eu peguei a ideia lendo a fic da maravilhosa Jupiter Lemaris (que eu inclusive recomendo muito!)
Então a cada capítulo a partir de agora terá uma foto de um dos personagens principais com a sua ficha técnica!