As Sete Ameaças escrita por Leh


Capítulo 16
Parte I: Os Sete – Desaparecimentos 5


Notas iniciais do capítulo

Como eu disse, houve um erro entre domingo e segunda e esse era para ser postado hoje... :D



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— Potter Lobus – disse Ivo – Eu o conheço.

— Como? – perguntou Clyde.

— Ele era do exército comigo. Na verdade, éramos rivais e ele era só um adolescente na época. Contudo, se aposentou quase ao mesmo tempo que eu. Lembro que nos avisavam para evitar contato com ele durante batalha.

— Por quê? – questionou Zaki.

— Por que sua ameaça é muito perigosa. Ele consegue limpar a cabeça de alguém, deixando essa pessoa sem memória alguma.

Paul arfou e segurou a blusa de Leeu mais forte.

— Eu não quero esquecer do irmãozão nem do mestre Ivo e nem do papai e nem da mamãe e nem...

— Já entendemos que não quer perder suas memórias, Paul.

— Não vou deixar que tirem sua memória, não se preocupe, irmãozinho.

— Por isso insisti que ficassem em casa, a essa hora Yuki, Nina, Sophie e Ana devem estar vagando sem memória ou mortos.

— Como eles conseguiram ser pegos?

— Estavam sozinhos, Clyde. Vocês ainda não completaram seu treinamento, não são mestres e por mais que sejam fortes, ainda não são invencíveis.

— Você vai me proteger, não é irmãozão?

— Nada vai acontecer conosco, por que nós não vamos mais sair da vila nem que uma bomba exploda ao lado.

— Certo!

— É exatamente isso que quero que aconteça. Não tomem mais nenhum risco, não enquanto a poeira não baixar.

— Eu não quero ser um prisioneiro da minha própria casa! – argumentou Clyde se levantando – Eu não nasci para viver em cativeiro e esses homens não me assustam!

— Deveriam assustar – disse Zaki – Eles sequestraram Yuki, Sophie, Nina e Ana com uma facilidade tremenda.

— Mas não assustam! Eu não vou ficar preso em casa por causa de algumas pessoas que querem que façamos exatamente isso! Eu não sou burro, mestre Ivo! Somos uma ameaça real para eles! Claro que querem se livrar de nós, todos querem! Mas eu sou um guerreiro, eu vou lutar até o fim!

— Clyde, eu não vou arriscar perder você também. Se você não aceitar ficar em sua casa por bem, vai ser literalmente um prisioneiro. É isso mesmo o que você quer?

O menino trincou os dentes.

— Quero achar meus amigos e trazê-los de volta para casa.

— E nós vamos fazer isso, quando tudo estiver mais calmo.

— E quem garante que ficará calmo tão cedo? E se matarem ales até lá.

— Eu prefiro ficar com três aprendizes do que perder todos.

— Não pode desistir deles tão facilmente! Você é um guerreiro!

— Eu não vou arriscar vocês e a mim mesmo lá fora com tantas pessoas empenhadas em matar vocês!

Clyde recuou alguns passos estreitando os olhos para seu mestre.

— Você era meu herói, mestre Ivo. Era o homem que eu queria ser quando crescesse. Agora, eu não tenho mais tanta certeza.

Então ele se virou e se encaminhou para a porta.

— Onde você vai? – gritou Zaki, já que Ivo agora estava paralisado.

— Para casa!

E bateu a porta atrás de si.

Clyde podia ser o que fosse e dizer as coisas mais dolorosas a quem fosse, mas era obediente quando a ordem que lhe era dada tinha fundamento. O menino foi para casa como lhe foi ordenado e se trancou no quarto, raivoso.

—x-x-x-x-x-x-x-x-

Passou-se dias sem que nenhum incidente ocorresse e as pessoas da vila já estavam esquecendo do que tinha acontecido, tirando alguns boatos e fuxicos por aqui e ali.

Clyde não tinha nem chegado perto de Ivo, Zaki e Paul. Orgulhoso como era, tinha obedecido a ordem do mestre ao pé da letra: ficara trancafiado em seu quarto por todo o tempo, saindo apenas para comer e beber água.

— Mão? – falou Riley, a menor dos Eagle entrando no quarto. Com seus dois aninhos de idade, a menina era tão inteligente quanto Clyde e, embora não tivesse ameaça declarada até agora, era uma forte candidata para ser a próxima aprendiz de Ivo.

— Oi, Riley.

Ela deu um sorriso de ralos dentes e entrou no quarto correndo com suas perninhas curtas até onde o irmão estava.

Os irmãos Eagle eram inseparáveis dentro de casa e mesmo que Clyde estivesse muito irritado com todos ao seu redor, ele ainda acolhia Riley em seu colo e lhe contava uma história todo dia antes dela ir dormir, como era de costume.

— Qual você quer hoje?

— Ago! Ago!

— A história do lago?

— Sim!

— Certo, vejamos... era uma vez, uma princesa que morava em um exuberante castelo e um camponês que morava à beira de um lago...

E como sempre acontecia, a pequena Riley dormia aos braços de Clyde antes mesmo de saber o fim da história.

— Boa noite – sussurrou ele beijando a testa dela e a levantando para leva-la ao quarto.

Então voltou para o seu e começou a ler um livro qualquer.

Não conseguiu saber quanto tempo ficou ali envolvido com a história, mas foi despertado pelo choro de sua irmã.

— Deve ser um pesadelo – falou consigo levantando para falar com ela. Essa era a sua tarefa na casa: cuidar de Riley quando seus pais estavam cansados ou ausentes. Considerando que seus pais estavam sempre cansados, o menino sempre tomava conta da irmã.

Porém, ao chegar no quarto, levou um susto. Três homens vestidos de preto cercavam o berço da garotinha e um deles a segurava apontando a adaga para a garganta trêmula dela.

Clyde olhou ao redor para os três homens e pela primeira vez desde que os desaparecimentos começaram, teve medo. Sabia que conseguiria vencer os três com facilidade, mas também tinha consciência de que se desse um passo e atacasse, o homem afundaria a adaga no pescoço de sua querida irmã.

Finalmente entendeu o receio de seu mestre em ir procurar os outros.

Então ele fez o que era preciso: levantou as mãos, com lágrimas nos olhos e disse:

— Podem me levar, mas não façam mal a ela.

— Fique quieto – disse o homem da direita.

Clyde Eagle assentiu e não moveu um único músculo enquanto o bandido amarrava suas mãos.

— Mão! – gritou a pequena Riley.

— Fique quieta, pirralha!

A faca encostou no pescoço da menininha e um filete de sangue escorreu por ele, fazendo a Eagle derramar mais lágrimas.

— Vai ficar tudo bem, Riley – tranquilizou ele – Não faça nada – disse enquanto o outro bandido que estava à esquerda se aproximou e tocou sua testa.

— Você é um garoto muito corajoso, Clyde Eagle. Vou dar um futuro de honra e glória a você.

O menino estreitou os olhos para o homem, com raiva.

— Potter Lobus.

O homem arqueou as sobrancelhas, como se não esperasse que ele o reconhecesse.

— Faça logo o que tem de fazer, eu não irei lutar, contanto que deixem minha irmã intacta.

— Eu lhe faço essa promessa – disse Lobus antes de lhe arrancar tudo.

—x-x-x-x-x-x-x-

Aquele homem disse que seu nome era Kyle McLash. E não falou mais nada sobre o que estava acontecendo, nem sobre a garotinha que gritava coisas sem sentindo enquanto ele ia com o homem.

Os outros dois homens foram embora e ficaram só Potter Lobus e Kyle. O mais velho o deixou em um campo de batalha e o vestiu com uma armadura brilhante adornada com uma crista vermelha.

— Você é um soldado do reino de Paladium. Você luta pelo rei Hommer.

— Por quê?

— Por que ele é o seu rei. Nunca questione nada que lhe é dito ou ordenado aqui, entendeu?

— Sim.

— Agora vá e mostre para eles do que você é capaz.

Kyle entrou na legião e logo chamou a atenção dos outros, por ser muito novo.

Plenamente ciente da atenção que atraía, resolveu então dar um motivo para ficarem boquiabertos. Abriu a cortina da maior tenda que havia, bem no centro da legião e olhou os homens com armaduras pesadas e grandes elmos encostados nos braços.

— O que faz aqui, criança?

Ele chegou perto e olhou a mesa estratégica cheia de soldados, tendas e carroças em miniatura dispostos pelo mapa.

— Se você levar a legião por aqui, irá perder todos os seus soldados.

— O que disse? – falou irritado o general.

— Isso é um cânion.

— Estou ciente, é o meio mais rápido de levar os soldados para a batalha.

— É árido...

— Temos mantimentos.

— É quente...

— Nada que prejudique nossos soldados.

— Por quê está discutindo com uma criança, Laroy?

— E além disso é óbvio.

— O que disse?

— Ora, não é óbvio? O inimigo está há aproximadamente cinquenta metros do cânion e assim como vocês sabem de sua localização, ele também sabe a nossa. Cânions são bons locais para emboscadas. Metade do exército de um lado e a outra metade do outro lado. Não há escapatória. Além de cansados e famintos, seus soldados estarão vulneráveis.

Os homens olhavam boquiabertos para o garoto. O general olhou o mapa, entendendo o raciocínio do menino e se perguntando por que não pensara em algo tão evidente antes.

— Se vocês forem por aqui, poderão evitar a armadilha e surpreender o inimigo. Podem esperar e atacar à noite, acordando-os. Sua reação será retardada. Vitória fácil.

O general Laroy e os outros de altas patentes olharam o mapa, entendendo. Alguns ficaram vermelhos de vergonha por receberem estratégias de uma criança.

— Quem é você?

— Kyle McLash, prazer em conhece-los.


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