As Sete Ameaças escrita por Leh


Capítulo 17
Parte I: Os Sete – Desaparecimentos 6




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— Como assim ele desapareceu? – disse Ivo boquiaberto – ele não sai de casa há uma semana!

A senhora Eagle estava aos prantos no sofá, com o marido a consolando.

— Estava aqui uma manhã, até mesmo colocou Riley para dormir e depois não estava mais.

— Mão, mão! – gritou Riley puxando a mão de Ivo.

— Riley está assim desde ontem à noite. Normalmente quando ela chora do berço, Clyde a ajuda a dormir novamente, mas ontem ela continuou chorando então pensamos que ele simplesmente estivesse dormindo.

— Eu estava tão chateada – choramingou a mãe do garoto – Eu entrei no quarto para brigar com Clyde, mas ele não estava em lugar algum, e Riley não parava de chorar e apontar para a janela chamando pelo irmão.

— Mão! Mão! – confirmou a garotinha puxando com o máximo de força que conseguia o mestre de seu irmão.

Zaki olhou ao redor agradecendo que Paul não estava ali pois ele mesmo estava com vontade de chorar. Um a um, seus amigos estavam sendo levados e ele estava se sentindo realmente ameaçado.

— Mestre Ivo – falou o menino com a voz trêmula.

O homem se virou para o garoto e viu puro medo em seus olhos, algo que nunca vira em Zaki, o mais destemido dos sete.

— Não se desespere, garoto.

— Mas mestre Ivo, eu vou ser o próximo! E depois é o Paul.

— Zaki, você não será o próximo! Nada irá lhe acontecer!

Então as lágrimas escaparam dos olhos de Zaki.

— Estou com medo.

Os Eagle o olharam assustados para o menino. Todos conheciam o temperamento explosivo e raivoso de Zaki Leeu, mas ninguém nunca esperava que ele fosse capaz de chorar, especialmente daquele jeito. O menino parecia muito desesperado com seus olhos vermelhos e nariz fungando.

John Eagle ajoelhou-se perto do menino e segurou seus ombros.

— Você precisa ser forte Zaki. Precisa ser forte por todos os outros que se foram. Precisa ser forte por Clyde.

O senhor Eagle fez esse comentário com a melhor das intenções, sem ter noção da pressão que colocava nos ombros do menino.

Mas Zaki nada disse, apenas assentiu e, com os lábios trêmulos disse:

— Está bem.

—x-x-x-x-x-x-x-

— Irmãozão – disse Paul batendo na porta de Zaki, mas ele não abriu, não queria que seu irmão o visse daquele jeito.

A verdade é que o garoto não conseguia parar de ver pessoas olhando para ele e o seguindo com o olhar, pensar em como seria esse tal de Potter Lobus e como ele agia, como seria o seu próprio sequestro. Estava pirando, andando de um lado para o outro ou apenas encolhido no canto do quarto escuro.

Zaki estava desesperado.

— Vai embora, Paul! Vai para a sua casa! – gritou de volta.

— Irmãozão, fala comigo!

— Vai pra casa... – falou com a voz trêmula.

— Irmãozão, eu sei que você precisa de um abraço, me deixa dar um abraço em você!

— Não quero abraço, Paul, quero que vá embora!

— Irmãozão...

— Vai! – berrou e pôde ouvir o choramingo do irmão ao ir embora.

Zaki se encolheu abraçando cada vez mais apertando as pernas e derramando incontáveis lágrimas com soluços profundos. Tremia tanto que nem mesmo conseguia se equilibrar.

Então escutou um barulho vindo da janela e paralisou, se virando alerta para o buraco coberto com uma cortina de pele de raposa.

Estava olhando para aquele lugar com tanto assombro e tão trêmulo, que quando um esquilo entrou por ela, o garoto soltou o mais alto dos gritos e torrou o animal com chamas tão fortes que ele nem mesmo sabia que conseguia produzi-las.

Quando se acalmou, viu não só um esquilo carbonizado, mas também a cortina queimada e a parede completamente preta.

Mas foi o que apareceu na janela em seguida que o colocou no maior dos desesperos.

Do outro lado estava o homem que ele mais temia. Por mais que nunca tivesse visto Potter Lobus, sabia que era ele. Tinham mais homens com ele, mas os olhos do garoto se fixaram no homem e ele paralisou.

Mesmo tendo acabado de torrar um esquilo com um grito, ele não conseguia fazer mais do que encarar os homens que entravam em seu quarto e chorar.

Ouviu as risadas e deboches dos homens enquanto eles se aproximavam e o agarravam, elevando-o para olhar nos olhos de Potter.

— Que patético, esse é mesmo Zaki Leeu?

— Zaki? – gritou a mãe do menino do outro lado da porta – Zaki está tudo bem?

E o menino fez o que qualquer criança de sete anos em desespero faria.

— Mamãe! – gritou chorando e se debatendo – Mamãe!

— Zaki!

— Faz ele calar a boca!

— Deve ser muito difícil para você, Zaki Leeu. Ser o último.

— Mãe! Socorro, mamãe!

— Zaci! – gritou Kênia Leeu – Zaci, venha aqui agora!

— Eu sinto muito, Zaki – disse o homem tocando a testa do garoto que fazia o possível para sair das garras do homem.

— Não! Mamãe!

— Rápido, ele está ficando quente! – gritaram os homens que seguravam Zaki.

— Não pega meu irmão – suplicou Zaki, parando de suplicar pela mãe – Não pega meu irmão mais novo.

Potter Lobus, encarando o menino que o olhava com fogo nos olhos molhados, deixou escapar algumas lágrimas, mesmo sabendo que o menino não tinha irmãos. Não respondeu, porém, antes de tirar tudo o que Zaki Leeu tinha. Viu quem o menino chamava de irmão e não pode deixar de se comover.

Quando acabou, o menino olhou ao redor, enquanto era colocado novamente no chão e secou o rosto com as costas da mão, sem parecer entender por que chorava.

— Vamos para casa, Taú.

— Casa? Essa não é minha casa?

— Não. Temos que ir agora, Taú – disse o homem enquanto batidas fortes eram dadas contra a porta do quarto.

— Taú é meu nome?

— Zaki! – gritou a voz grossa de um homem do outro lado nos curtos intervalos de tentativas de arrombamento – Zaki, eu estou indo!

— Vamos Taú, temos que ir imediatamente.

— Está bem.

Então o menino acompanhou os homens que o empurravam para fora de casa, bem no momento que a porta era arrombada e um homem grande e de pele incrivelmente escura apareceu.

— Zaki!

Mas o menino nem olhou para trás antes de sair pela janela e desaparecer noite adentro.

—x-x-x-x-x-x-x-

As ondas quebravam no casco do navio. Taú adorava ver aquilo, era incrivelmente tranquilizador, mesmo com a angústia inexplicável que sentia no peito.

— Ei garoto, não estou vendo você limpar o convés!

Ele suspirou antes de se endireitar e começar a passar o escorredor molhado para limpar as marcas de botas e sal do chão.

Então ouviu ao longe o grito do homem que ficava no mastro principal.

— Navio à vista!

E a próxima coisa a se ouvir foram canhões. O impacto no navio foi tão forte que a embarcação tremeu e derrubou o menino no chão que ele mesmo limpava.

O navio virou o caos. Os homens corriam de um lado para o outro carregando munição para os canhões, ajeitando as velas para ganhar velocidade e arrastando pranchas de comunicação.

— Sai do meio, garoto! – gritou um homem que segurava uma espada afiada.

Taú pulou para fora do caminho e ficou apenas olhando os homens matando a si mesmos.

Então fez uma coisa que nem ele mesmo sabia que conseguia: deu um grito que, sem mais nem menos, colocou fogo no navio inimigo.

Enquanto ouvia os gritos de desespero dos marinheiros rivais, os companheiros o cercavam, encarando como se tivesse feito algo impensável.

— Garoto – disse o capitão chegando mais perto e dando um sorriso de dentes podres de marinheiro – Você sempre soube fazer isso?

— Eu não sei, capitão Teach.

— Bem, sabendo ou não, parabéns, você é o meu novo imediato.

Taú sentiu o peito inflar enquanto, com orgulho, olhava para cima, para o mastro, vendo a bandeira negra tremulante com o símbolo Jolly Roger no centro.


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