Um Novo Aluno escrita por Cat Lumpy


Capítulo 13
Cap. 13 A Casa Abadeer (Final)


Notas iniciais do capítulo

"Finn" dos flash back kkkkkkkk



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A luz retornou, mas não iluminava sala alguma. Um quarto idêntico ao de Marshall entrou em cena, as únicas diferenças sendo as bandas nos posteres, as peças de roupas jogadas no chão e, no lugar da guitarra no canto, um baixo que estava largado na cama desarrumada.

Uma Marceline de quinze anos tinha acabado de entrar, batendo a porta com força enquanto fechava a cara, sua expressão sombria combinando com a grande blusa preta com estampa que vestia. Ela foi em direção ao baixo.

Uma Jujuba furiosa entrou no quarto assim que a vampira começou a dedilhar as cordas do instrumento. A Abadeer suspirou, evitando olhar para a outra.

— Com licença, — a princesa disse empinando o queixo e tentando controlar sua raiva, embora a voz lhe traísse — poderia me dizer onde seu irmão está?!

— Bati a porta na sua cara, princesinha, interprete isso como um claro “não”. — Marceline resmungou, tocando uma pequena melodia no baixo.

Jujuba prendeu a respiração. Calma, pensou. Fechou as mãos em punhos e fincou as unhas nas palmas. Calma, repetiu. Mas seu rosto já se esquentava de irritação e podia jurar que queria matar aquela garota. Quer saber, já chega!

— Qual é a sua, hein?! — explodiu — Eu venho me esforçando para ser sua amiga, porque Marshall pediu, mas vou ser sincera, se não fosse por ele eu nem mesmo falaria com você!

Marceline parou de tocar, levantou o olhar para Jujuba e a princesa estremeceu. Era o que acontecia quando aqueles olhos castanhos intensos a fitavam. Eram desconcertantes, julgadores. Ferozes.

— Sincera, hmmm. — a vampira abriu lentamente um sorriso zombeteiro — Acho que também vou fazer isso.

Assim, deixou o baixo de lado e se aproximou calmamente de Jujuba. A princesa teve uma grande vontade de recuar, mas permaneceu quieta, sustentando o olhar da vampira. Marceline parou a poucos centímetros, o rosto bem próximo do dela. As bochechas de Jujuba coraram mais, a Abadeer era parecida demais com o irmão.

— O que quer com meu irmão, por que vive grudada nele?

— E-ele é meu amigo. — respondeu rapidamente.

— Pediu ele em namoro.

Silêncio.

— E o que isso tem demais?! — Jujuba a desafiou.

— Nada. — a vampira sussurrou, o sorriso desaparecendo — Não tenho nada contra o seu pedido, porque meu irmão não o aceitou.

E Marceline adotou uma expressão que a princesa já tinha visto várias vezes no rosto de Marshall. Ela ficou indecifrável. Mais silêncio.

— Ele foi ao shopping no reino Doce, princesinha. — Marceline disse e Jujuba engoliu em seco ao sentir o hálito quente da vampira misturar-se com sua respiração. Tinha cheiro de chiclete de morango.

Ela se sacudiu mentalmente, vá embora!, e pôs toda a ironia em sua voz para disfarçar o nervosismo repentino:

— Obrigada.

Jujuba fez menção de virar-se para partir, mas foi impedida. Em um movimento rápido, Marceline a empurrou contra a porta entreaberta, fechando-a. Os olhos azuis se arregalaram surpresos quando as mãos da vampira pousaram com força na madeira lisa, uma de cada lado de sua cabeça. Enjaulando-a.

— Não tenha pressa, — Marceline soltou as palavras suavemente — ainda tenho outra pergunta.

A princesa franziu as sobrancelhas diante da situação. Sentiu o coração martelar o peito.

— Se afaste de mim! — ordenou, levando as mãos aos ombros da vampira e empurrando-a.

Mas a Abadeer não saiu do lugar. Na verdade, deu uma gargalhada com a tentativa da princesa de se livrar dela. Jujuba se irritou profundamente com a diversão da vampira.

— Me diga, princesinha, — Marceline parou de rir, ficando séria e prendendo os olhos azuis em seu intenso castanho — a Phoebe beija bem?

Jujuba arfou. Foi como se seu mundo parasse por longos segundos, para depois, explodir.

— C-como você... — ela miou quando recuperou a voz — Como sabe disso?

— A Princesa de Fogo não tem uma língua presa.

Mais silêncio no quarto. Dentro da cabeça de Jujuba, seu cérebro fervilhava. Ela sabe, ela vai me arruinar! Preciso mantê-la quieta!

— O que quer? Dinheiro? Qual o preço do seu silêncio? — perguntou em um sussurro.

Suas mãos suavam e sua respiração ficou mais rápida por conta da ansiedade. Podia notar que Marceline estava calma, mesmo que o castanho de seus olhos estivessem revoltos, ela não dava sinal algum de alteração.

— Você a usou. — a vampira disse, ignorando a proposta de Jujuba.

A princesa acabou inclinando um pouco a cabeça, inconscientemente. A Abadeer tinha acabado de dizer...? Não, não podia se controlar diante de tal coisa. Encheu os pulmões de ar e deixou que aquela raiva que sentia da vampira subir-lhe a cabeça. Por que ela sempre tinha de despertar o pior de Jujuba? Por que sempre escolhia o jeito difícil?

— Eu não usei ninguém! — a princesa defendeu-se, as palavras escapando por entre seus dentes — Eu disse a Phoebe que não era nada sério, não é minha culpa se ela acabou se apegando a mim!

Por Glob, estava mesmo discutindo esse assunto com a vampira? É, Marceline sempre a fazia se despojar de todas as suas máscaras.

— Você a usou e depois a jogou fora. — a Abadeer reforçou, sua aparente calma sumindo, retirou as mãos da porta e afastou-se dois passos de Jujuba — Pediu meu irmão em namoro quando ainda estava com ela.

Sua expressão estava contorcida em desprezo. Jujuba nunca tinha sido olhada daquela maneira. Foi como se uma mão invisível a esbofeteasse. Ela se sobressaltou, atordoada.

— Isso... Isso não é da sua conta! — balbuciou, ainda surpresa pelo olhar da vampira.

Marceline continuou parada, observando-a. Jujuba tentou se apoiar mentalmente, não era sua culpa se Phoebe tinha se apaixonado, a vampira não tinha o direito de acusa-la, não tinha. E se pegou irada novamente ao perceber que Marceline só sabia de seu segredo por causa da Princesa de Fogo. Aquela maldita! Pensou. Achava que Phoebe não diria nada a ninguém, afinal, ela também era uma princesa, se Jujuba caísse, faria questão de levá-la junto.

— Diga logo o quanto quer! Sei que n... — começou, firme.

Mas um risinho duro da vampira a interrompeu.

— Não quero seu dinheiro. — cuspiu as palavras na cara de Jujuba.

A princesa gelou. Abriu a boca uma, duas vezes, mas nada saiu. Suas mãos começaram a tremer.

— V-vai me expor?! — a voz de Jujuba saiu aguda.

Marceline a detestava. Sabia disso. Contudo, nunca chegou a tentar medir o tamanho da aversão que a vampira sentia por ela.

— Não. — ela respondeu suavemente, desviando a atenção para um ponto qualquer, ficando novamente indecifrável.

— Então o que quer? — Jujuba indagou baixinho, tendo a sensação de que se gritasse algo se romperia dentro dela.

E os segundos que a irmã de Marshall demorou para dizer algo dilaceraram os nervos de Jujuba.

— Admita que está errada.

A princesa ficou estática, sem compreender a vampira.

— Como?

— Admita! — Marceline perfurou os olhos de jujuba com os seus mais uma vez — Admita que está errada! Diga logo que usou Phoebe! Diga que é sua culpa!

Jujuba inspirou fundo.

— Vai guardar meu segredo se eu o fizer?

Marceline não respondeu, só ergueu as sobrancelhas inquisidoramente, esperando pela confissão da outra. Jujuba comprimiu os lábios. Inacreditável.

— Como posso confiar em você? Como posso saber que vai mesmo manter a boca fechada?

— Não vai mesmo admitir, não é? — a vampira falou em tom sombrio.

Jujuba contraiu a mandíbula. Inacreditável.

— Por que não me diz logo se posso confiar em você?! Se fizer isso eu faço o que quiser! — alteou a voz, detestando o seu tom desesperado. E então, amargo: — Por que sempre tem de implicar comigo?! Eu quis ser sua amiga, tentei desde o começo, mas você sempre me tratou como se eu tivesse matado seu pai!

— Muito bem. — Marceline falou se aproximando, não dando ouvidos a Jujuba — Vou te ensinar uma lição, princesinha metida.

E, antes que Jujuba pudesse ter uma ideia do que Marceline quis dizer, a vampira a imprensou na porta do quarto. As mãos pálidas agarraram o rosto rosado e... Lábios contra lábios.

Jujuba arregalou os olhos, para depois, os fechar fortemente. Tentou afastar Marceline, entretanto, seus esforços foram em vão. E quando sentiu uma das presas afiadas roçar seu lábio superior, estremeceu.

— Hummm! — resmungou, fez uma nova tentativa de empurrar Marceline. Fracassou de novo.

Daí, as mãos da vampira a largaram e Jujuba teve uma chance. Aproveitou-a. Virou a cabeça, esquivando-se do beijo.

— O que pensa...? — iniciou a pergunta, contudo...

Marceline meteu uma mão em seus cabelos rosados e os puxou. Um gritinho estrangulado escapou da garganta da princesa, mas foi abafado.

Choque. Jujuba nunca se esqueceria de quão poderosa foi a reação de seu corpo quando a língua de Marceline invadiu sua boca. Nunca. Arrepiou-se por completo e gemeu involuntariamente.

E, sem que notasse, começou a duelar com a Abadeer. Mas não com espadas. Retribuiu o beijo de Marceline tão avidamente o quanto podia. Sem delicadezas.

A vampira se apertou contra ela e um cheiro familiar invadiu o nariz de Jujuba. Marshall. O shampoo de Marshall. E acabou fantasiando com o moreno ao tocar uma presa afiada com a língua. Como era possível ter se apaixonado por Marshall? Ele era um garoto...

Seios. Apertaram-se contra os seus. E ela se deu conta de que a boca que beijava não era a do vampiro, era da irmã dele. Marceline. E não podia ser possível. Não podia estar gostando tanto daquilo. Não suportava Marceline. Não tinha como estar gostando tanto daquilo. Mas estava. Nunca estivera tão faminta. Não se sentira desse forma nem quando beijara Chiclete, e nem quando beijara Phoebe.

Suas mãos moveram-se por conta própria, deslizando pelo pescoço de Marceline e enroscando-se em seus fios escuros. Estava mesmo apaixonada por Marshall?

E no exato momento em que pensou ter a resposta para essa pergunta, Marceline encerrou o beijo bruscamente. As respirações misturaram-se agitadas. Jujuba desejou que a vampira tomasse seus lábios mais uma vez, até mesmo chegou a inclinar um pouco a cabeça para trás.

Mas, Marceline a largou, afastou-se dela. E riu. Jujuba arfou, abrindo os olhos e vendo o triunfo se desenhando no rosto de Marceline por meio de um sorriso. Então, a princesa lembrou-se da conversa que estavam tendo. Raiva coloriu ainda mais seu rosto. Sentiu-se humilhada. Sentiu-se...

— Viu? Não é uma sensação boa, é? — a vampira disse em um sussurro.

... Usada.

Tinha começado a tremer. Abriu a porta e saiu rápido dali. Quando estava fora da casa Abadeer, Jujuba tentou se tranquilizar: ao menos agora ela não pode mais revelar meu segredo. Se ela o fizer também a levarei comigo! Mas alguma coisa devia estar errada, pois mesmo tendo certeza de que estava segura, lágrimas continuavam escapando de seus olhos.

E Jujuba correu rua acima, desaparecendo junto da escuridão que começou a envolver a casa. Até que tudo desapareceu com um sopro gelado...

“Finn! Finn! Acorde!”


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Notas finais do capítulo

Bjs :* até o próxxxximo capítulo!



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