França, 11h da manhã, Beauxbatons.

POV – Luiza Weasley

Fui me afastando de Brian aos poucos, a medida que o garoto me puxava pela mão. Sorri quando nós paramos no meio da pista de dança e ele dançava ao meu lado.

— Tenho uma proposta pra te fazer. – Ele disse. Eu apenas dei espaço para que ele continuasse falando. – O que acha de sairmos daqui?

— Depende. Pra onde você quer me levar?

— Fecha os olhos. – Ele pediu. Eu não o fiz. Ele repetiu o pedido. – Feche os olhos.

Fechei os olhos e me senti sendo guiada pelo menino. Logo, o barulho das pessoas conversando e dançando pelo salão se tornaram abafados pela salinha onde eu me encontrava.

— Abaffiato. - Ouvi-o dizer, provavelmente apontando a varinha para a porta.

— O que você vai...

— Quieta, ouviu? Quietinha. – Ele disse. E depois do primeiro soco que eu ainda pude sentir, paralisei. Não tinha mais forças. Eu estava desaparecendo.

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POV – Rose Weasley

— Faz quanto tempo que ela está desacordada? – Pedi. Madame Poppy olhou-me, pesarosa. – Oh, Merlin. Minha menina...

— O que aconteceu aqui? – Ouvi a voz aveludada de Scorpius adentrar a enfermaria. Envolvida pela tristeza, me joguei aos braços do loiro, que me acolheu. – O que houve com a minha filha?

— Ao que tudo indica, ela foi violentada, além de ter sido vítima de estupro. – Madame Poppy pronunciou-se pela primeira vez ali. – São ferimentos profundos, eu não poderia cuidar disso...

— O que faremos, então? – O loiro ainda abraçado a mim questionou.

— Sugiro que a levem para casa e deixem-na lá. Remédios trouxas são mais seguros para cuidar de ferimentos assim.

— Eu a levo. – Eu me soltei do loiro, enxugando as lágrimas. Scorpius me olhava, como se quisesse me dizer algo. – O que foi?

— Eu... posso ficar na sua casa por um tempo? Pra cuidar de Luiza. – Ele pediu. Sorri ternamente pra ele.

— Claro. Você ainda é o pai dela, Scorpius.

— LU! – Ouvimos a voz trêmula de Brian adentrar a enfermaria. Suas olheiras e olhos vermelhos denunciavam que este havia chorado a noite toda. – Lu... ela vai ficar bem, não vai, madrinha?

— Eu, sinceramente, espero que sim, Brian. Vamos levá-la para casa, lá poderemos cuidar dela melhor. – Eu disse. O Zabine mais novo acenou positivamente com a cabeça. E então me dirigi a Scorpius. – Você não acha justo que Eliza saiba disso? Ela é irmã da Luiza.

— Claro, claro. Vou enviar uma carta à ela, sim? Eu já volto para irmos com Luiza para casa. – Ele disse, retirando-se dali. Voltei a olhar Luiza na maca, debilitada. Os ferimentos ainda eram profundos e sua pele nunca esteve tão pálida. Vê-la daquela forma me cortava o coração.

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Londres, Hogwarts, 10h da manhã.

POV – Eliza Malfoy

Continuei com o pergaminho em mãos, recusando-me a processar o que havia escrito. Luiza havia sofrido um acidente. Estava em um coma induzido. Não sabiam quando iam acordá-la.

— Eliza. – Eu ouvi a voz de Chloe adentrar o dormitório, o olhar preocupado revelava-lhe que esta já sabia de algo. – Scorpius está aí. Quer falar com você.

— Pai? – Eu chamei. Ele olhou-me, os olhos estavam fundos, de como quem havia chorado por muito tempo até chegar aqui. – Lu... Eu quero minha irmã.

— É sobre ela que eu vim falar, filha. Vou providenciar com McGonagall uns dias para que você possa ficar com sua irmã. Ela vai precisar de você. – Ele disse, me guiando pelo castelo enquanto colocava suas mãos sobre meu ombro. Eu sentia sua falta.

Rapidamente, chegamos à sala de McGonagall. A mesma me observava com um olhar triste, podia-se ver que estava tão abalada quanto nós. Afinal, Luiza já estudara em Hogwarts antes da separação dos nossos pais.

— Diretora, eu vim aqui falar...

— Perfeitamente, senhor Malfoy. Acredito que vá pedir alguns dias para que sua filha vá para casa cuidar de Luiza, certo? – McGonagall conseguia ser igual a Dumbledore. Sempre sabia de tudo antes mesmo que nós contássemos. E em resposta, papai acenou positivamente com a cabeça. – Pois bem, então.

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França, 11h30 da manhã.

Entrei na casa de mamãe, ainda receosa. Atrás de nós, uma ambulância trouxa trazia Luiza, já que o carro era incapaz de fazer isso. Ela estava pior do que eu pensava... seus cabelos haviam perdido o brilho. Sua pele era pálida e, se nós não soubéssemos, diríamos que ela estava morta. Respirava com ajuda de vários aparelhos. Observei os enfermeiros a levarem numa maca até nosso quarto, colocando-a em sua cama.

— Lu... – Eu disse, me aproximando lentamente da menina desacordada. Segurei sua mão gelada e praticamente sem vida. – Acorda. Não deixa a gente. Não me deixa, Lu.

Segurando sua mão com mais força, lembrei do dom que nós duas tínhamos desde a infância. Não usávamos com frequência, afinal ninguém sabia. Mas aquele me parecia o momento perfeito para isso. Fechei os olhos e forcei um pouco a mente. Logo, me vi em um local escuro. Tinha apenas um banco onde eu pudesse me sentar. Como num passe de mágica, Luiza apareceu. Usando o mesmo vestido que estava usando em seu baile. Diferente do coma em que estava, Luiza tinha seus cabelos soltos e brilhosos, sua pele mais corada. Ela estava viva. Sorri ao vê-la, indo de encontro ao banquinho em que ela sentava.

— Liza. – Ela sussurrou. Apesar da aparência, sua voz aparentava fraqueza. – Você quer conversar?

— Sei que não usamos esse dom desde crianças, mas... – Eu comecei. Luiza apenas apontou para o banco, pedindo que eu me sentasse. – Preciso saber o que houve.

— Eu preciso que prometa algo antes, Liza.

— O quê? – Perguntei, curiosa. Sua expressão era misteriosa.

— Prometa que o que eu contar aqui, vai continuar entre nós. Só nós.

— Prometo, mas... porque esse mistério todo, Lu?

— Eu estava na festa. Com Brian... quando um garoto que eu nunca tinha visto apareceu. Ele pediu pra dançar comigo e eu aceitei. Depois de pararmos um pouco, ele me ofereceu uma bebida. Eu aceitei, sequer imaginei que ele poderia tentar algo comigo. Depois de estarmos novamente na pista de dança, eu estava perdendo os sentidos. Ele me ofereceu que nós fôssemos para algum lugar mais reservado, eu aceitei. Depois disso só lembro-me de uma salinha onde estava com ele. E depois do primeiro soco, só consegui sentir seus bruscos movimentos dentro de mim. Mas não tive forças o suficiente pra gritar. Quando acabou, ele me chutou novamente, e foi a última coisa que eu vi. Seu sorriso malicioso e seu rosto suado. Depois tudo escureceu.

— Por Merlin, Lu, ele estuprou você!

— Sim. Mas lembre-se da sua promessa, Liza. Só você pode ficar sabendo disso. Mais ninguém. Por favor.

Luiza foi sumindo do meu campo de vista, e logo eu estava no quarto novamente, onde ela se encontrava naquele maldito coma induzido. Continuei ali, ao seu lado enquanto pressionava suas mãos levemente, esperando que ela fizesse o mesmo.

*************

POV – Rose Weasley

— Ainda tem um quarto de hóspedes disponível. Se quiser, pode ficar por lá. – Disse, olhando as fotos que haviam na mesa do escritório, como numa desculpa para não encarar Scorpius.

— Não quero incomodar, Rosie. A sala está ótima... esse sofá parece ser bem confortável, sabia? – Ele disse, se permitindo sorrir pela primeira vez desde que saímos de Beauxbatons. Sorri involutariamente ao ver mais uma vez seu sorriso. Eu sentia sua falta, mesmo que não conseguisse admitir, às vezes nem a mim mesma.

— Pare de gracinhas, Malfoy. Você não vai ficar na sala. – Eu disse, parando de sorrir a medida que ele também. O silêncio reinou no local, até que o loiro pôs-se a falar novamente.

— O que aconteceu conosco, Rosie? – Ele pediu. Eu não soube responder, afinal nem eu mesma sabia. Vendo que eu não iria dizer nada, ele continuou. – Você foi embora...

— ...E você não veio atrás de mim. – Eu soltei, ele me olhou, sério. Deu dois passos. Estava se aproximando de mim.

— Eu não sabia que você queria que eu viesse. – Ele continuou a se aproximar. Ao tocar meu rosto com a mesma delicadeza que ele costumava fazer a alguns anos atrás, eu caí na realidade novamente. Então me afastei. – Me desculpe, Rosie. Onde fica o quarto de hóspedes mesmo? Vou me instalar por lá e já vou ficar um pouco com Luiza.

— No corredor, terceira porta a esquerda. – Eu disse, estática. Não conseguia me mover ao menos para acompanhá-lo. Vendo que eu nada ia fazer, Scorpius apenas pegou suas poucas malas e dirigiu-se até o quarto. Continuei ali, até recuperar os sentidos e voltar a olhar para o escritório novamente. Havia fotos ali, fotos nossas. Minhas e de Scorpius, principalmente. Havia uma em especial, que me fez sorrir. Na foto, eu e um Scorpius de 15 anos sorríamos para a câmera. Eu usava um vestido vermelho estonteante que contrastava bem com o terno elegante que Scorpius usava. Ele me abraçava pela cintura enquanto eu sorria, assim como ele. Sorri com a lembrança da foto, no baile do dia dos namorados no quarto ano. Ao invés de ir com Catarina, ele foi comigo.

A outra foto era mais recente, digamos assim. Outra vez eu usava um vestido, mas dessa vez um branco e longo. Scorpius usava um terno cinza. Era o dia do nosso casamento. Havia também uma foto onde tiramos com Eliza e Luiza. As duas, ainda com 3 anos. Eu segurava Eliza no colo enquanto ele segurava Luiza. As duas garotinhas sorriam olhando para a câmera assim como nós. Involutariamente, uma lágrima escorreu pelos meus olhos.

— Mãe? – Eu ouvi a voz de Eliza adentrar o local. Limpei a lágrima rapidamente, olhando para a menina a minha frente.

— Sim, querida? – Eu disse. Ela parecia cansada, triste. Eu a entendia. – Pode descansar. Eu fico com sua irmã, sim?

A loira logo se retirou dali, enquanto eu ia até o quarto das meninas. Luiza continuava estável. Continuei ali, apenas observando-a, sem dizer nenhuma palavra. Eu só esperava que aquilo não demorasse mais tanto tempo.

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Beauxbatons, 12h da manhã.

POV – Brian Zabine

Segui em passos curtos e lentos até o salão de festas. Este ainda tinha resquícios da festa da noite anterior. A salinha onde Luiza fora encontrada estava aberta. Seu vestido que fora cruelmente rasgado ainda tinha pedaços de tecido pelo chão. Lembrei do quanto ela estava radiante naquela noite. E imaginei como seria quando ela acordasse.

— Brian? O que faz aqui? – Ouvi a voz de Kimberly adentrar o salão. Virei-me para esta.

— Você lembra de ontem? De como Lu estava feliz? – Eu questionei com o olhar perdido, mas pude ver Kim olhar-me com pena. Isso fez eu me sentir pior. – Ela tava tão linda, Kim...

— Brian, a única coisa que temos que ter agora é paciência. Lu foi pra casa e deve estar sendo bem cuidada...

— Eu quero vê-la, Kim. Eu preciso vê-la.

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Casa dos Weasley, 13h da tarde.

POV – Eliza Malfoy

— Ela não deu nenhum sinal? – Mamãe perguntou-me, enquanto nós duas estávamos no quarto, observando Luiza. Eu apenas assenti negativamente com a cabeça quando ouvimos um barulho de porta batendo. – Vá até lá por mim, sim? Deve ser seu pai.

Corri até a porta, esperando ver papai, mas acabei me deparando com outra pessoa.

— Onde está Luiza?

— O que você tá fazendo aqui, Brian?

No próximo capítulo de Double Trouble...

— O que aconteceu com ela, Eliza?

— Porque você acha que eu sei? Não sei se você já notou, Brian, mas ela está em coma.

**

— Eu não vou ficar com você, Charlotte. - Charlie foi curto e grosso, a garota ficou surpresa.

— Não me diga que está preocupadinho com o estado da Eliza. Por favor, Charlie, ela sabe se cuidar. Eu tô aqui e sou muito melhor que ela. 

**

— Vamos, Liza. Dê outro sinal de novo. Lembra de quando nós conversamos ontem? - Eliza pediu. Nada acontecia. Desistindo da ideia e se dando por vencida, ia largando a mão de Luiza quando esta pressionou a mão da irmã.

— Lu?