POV – Eliza Malfoy

Londres, Hogwarts, 11h30 da manhã.

— Charlotte? – Eu questionei, enquanto eu, Chloe e Hellen tomávamos o café da manhã, sentadas a mesa da Sonserina. Hellen confirmou positivamente com a cabeça.

— Charlotte Clark. É. – Hellen disse, observando a menina na mesa da Grifinória. Parecia deslocada, com o olhar perdido. Hellen acenou para a garota morena dos olhos verdes, fazendo sinal para que esta se sentasse conosco. Logo, a menina estava ali, interagindo como se fôssemos amigas a tempos.

— Não sei porque você não pode sentar-se conosco na mesa da Grifinória, Liza. – Hellen reclamou. Eu, que até então comia uma torta de chocolate, larguei o garfo de minhas mãos e a fuzilei com o olhar. – Tudo bem, então.

— O quê? – Charlotte questionou, confusa quando eu e Hellen nos “comunicamos” com o olhar.

— Ah, sim. – Chloe se meteu na conversa, sorrindo maliciosamente. A fuzilei com o olhar da mesma forma que fiz com Hellen. – Nem vem, Eliza. Todo mundo tá cansada de saber da sua quedinha pelo Walters.

Olhei para a mesa da Grifinória. Charlie Walters bebia seu copo de suco de abóbora tranquilamente. Olhou de relance pra mim, sorrindo sarcasticamente antes de voltar-se para um dos seus amigos. Revirei os olhos antes de voltar-me para as meninas, que me encaravam curiosamente. Em especial, Charlotte. Ignorei o olhar curioso da novata sobre mim e saí da mesa, indo em direção aos corredores. Vi Walters fazer o mesmo, mas não dei atenção. Até este esbarrar em mim.

— Droga, Walters! Você pirou? – Eu resmunguei, vendo o moreno sorrir sarcasticamente diante da minha irritação. – Eu tenho cara de palhaça desde quando, idiota?

— Palhaça eu não sei, mas você fica linda irritadinha, Liza. – Ele disse, chamando-me pelo apelido. Ele sabia que eu odiava quando me chamava assim. Era um apelido que apenas meus amigos, incluindo Luiza, costumavam usar. Walters não estava incluido no pacote.

— Não me chame de Liza. – Eu falei pausadamente, me aproximando dele. Walters adquiriu uma postura tão furiosa quanto a do meu semblante.

— Prefere ser chamada do quê, amorzinho? – Ele ironizou novamente, seu olhar faiscava de ódio. – Ah! O que acha de vadia mirim?

— Porque seu irmão me quis? Não acho que seja a definição de vadia, Walters. Precisa rever alguns conceitos. – Retruquei.

— Uma garota que fica com mais de dois em uma semana só? É vadia sim, Malfoy. – Ele disse, apontando o dedo pra mim. Segurei seu pulso com força, abaixando sua mão novamente.

— Cale a boca, Walters. Você não sabe de nada. – Disse, soltando seu pulso e saindo dali, com três meninas em meu encalço.

— Opa! O que foi isso, Eliza? – Charlotte questionou. Eu a olhei, desconfiada. Aquela garota não estava enturmada demais pra quem havia acabado de chegar?

— Charlie Walters é um babaca. – Eu disse, apenas. Vendo que não ia completar mais que isso, Chloe se prontificou para falar.

— Ano passado, Eliza ficou com o irmão de Charlie, Caleb. Desde então os dois vivem brigando. Walters fala que Liza é uma “vadia mirim” de 14 anos.

— Pra mim, isso parece ciúme, Liza. – Agora ela já me chamava pelo apelido. Eu não te dei a famosa intimidade, Clark.

******************

POV – Charlie Walters

Eliza Malfoy era apenas mais uma vadia fútil e esnobe. Tudo estaria bem e eu não teria nenhuma implicância com a mesma, até eu descobrir que Caleb e ela haviam ficado. Tava mais que óbvio que ela só estava usando meu irmão, assim como ela usava todos os que passavam por esta.

— Que cara é essa, maninho? – O garoto questionou. Estava deitado em sua cama, lendo um livro de poções. Ao me ver, largou-o em um canto. – Parece irritado com algo.

Revirei os olhos diante de sua observação óbvia. Caleb notou a referência.

— ...Ou alguém. – Ele completou. – Eliza?

— Aquela vadiazinha mirim. – Eu disse, sentando-me na cama em frente à Caleb, enquanto tirava meus sapatos, descontando toda minha raiva nele. Caleb olhou-me, assustado.

— O que você tem contra a Liza?

— O que você tem contra a Liza? – Imitei seu tom de voz, ao mesmo tempo que Caleb revirava os olhos. – Tudo. Ela te seduziu muito bem por sinal, irmãozinho.

— Eu quis ficar com ela. Você deveria parar com esse ciuminho bobo e experimentar, Walters. Ela é muito mais do que só aquele estresse.

— Prefiro ficar assim mesmo, obrigado. – Eu disse, encerrando a conversa. Ciúmes... até parece que eu, Charlie Walters, que tinha todas as garotas de Hogwarts aos meus pés, sentiria ciúmes de Eliza Malfoy. Me poupe.

*****************

POV – Charlotte Clark

— Você não passa de uma vadia de quinta, Clark. – Anna Potter se aproximou de mim lentamente, proferindo as palavras com raiva. Michael estava entre nós, mas sem se meter na discussão.

— Até onde sei, eu não sou comprometida. Michael também não. Para de ser enxerida e nos deixe em paz, Potter. – Retruquei.

— Michael ainda vai ver a roubada que você é. Mas não vou ser eu que vou avisar nada. – Ela disse, e antes de sair, digiriu-se ao irmão. – Boa sorte, Mike.

************

Entrei no dormitório rapidamente, certificando-se de que as meninas ali dormiam profundamente. Tirei dos bolsos das vestes um frasquinho, ao mesmo tempo que abria-o e colocava pequenos fios de cabelo neste. Bebi rapidamente o conteúdo, fazendo uma careta devido ao gosto desagradável que o líquido tinha. Rapidamente, ele começara a fazer efeito. Adquiri os mesmos cabelos loiros de Eleanor Scott. Os olhos verdes, a boca fina. Toda a sua aparência. Olhei-me no espelho, sorrindo. Saí de fininho em direção ao dormitório masculino, com cuidado, até chegar ao de Mike. Abri a porta lentamente, indo até a cama deste. Ele dormia profundamente, mas eu sabia que seu sono era leve. Toquei seu rosto carinhosamente, como eu sabia que Eleanor faria. Logo este acordou, me olhando, surpreso.

— El? – Ele chamou-me (ou ela), pelo apelido. – O que você tá fazendo aqui?

— Mike. – Eu disse. Ele sorriu ao ouvir a voz suave de Eleanor. – Vim ver meu namorado. Não posso?

— Pode, mas... - Silenciei-o com o dedo indicador. Mike sorriu, abraçando-me pela cintura e beijando-me intensamente. Sorri entre seus lábios, afinal, era isso que eu queria.

***********

Entrei na sala de Olympe, já prevendo o que viria a seguir. Mike e Anna estavam ali, ambos me olhando com raiva.

— Srta. Clark. – A mulher começou, me analisando da cabeça aos pés. – Tanto sr como a sra Potter dizem que você usou poção polissuco para se passar por Eleanor Scott. Isso procede?

— Diretora, você sabe que a Potter me detesta por eu e Mike termos um relacionamento. Tá mais que óbvio que isso é mentira.

— Então como a srta explica o sr Potter ter dormido com Eleanor Scott e acordado com você?

— Eu... – Tentei. Olympe cortou minha fala antes que eu continuasse, analisando-me com um olhar reprovador. Merda.

Meu próximo passo? Charlie Walters. A Malfoy pode ter tentado disfarçar, mas eu sei bem a relação de amor e ódio que paira entre ela e o Walters. Mas ele era meu próximo alvo. Eliza que se cuide.

***************

França, Casa dos Blake, 12h50 da manhã.

POV – Rose Weasley

— Então Lilá esteve em Londres? – Olívia questionou. Eu acenei positivamente com a cabeça. – Imagino como ela deve ter ficado com a notícia da Catarina...

— Devastada. – Eu completei, lembrando de Lilá chorando em cima do túmulo da filha. – Depois daquele dia não tive mais notícias dela, aliás. A única coisa que sei é que ela se mudou pra Londres e não sai mais de casa a não ser pra visitar o túmulo da filha.

— Lilá e Catarina não tinham uma boa relação, mas... acredito eu que Lilá se importava. Nem que fosse um pouquinho, mas se importava.

****************

França, Beauxbatons, 13h da tarde. 

POV – Luiza Weasley

— Ih, Anna, olha só. – Eu disse, com o pergaminho em mãos. Era uma carta de Liza. A loira pegou-o, lendo rapidamente cada linha a fazendo uma expressão confusa ao terminar. – Liza desconfiou dessa tal de Charlotte, ao que parece..

Anna pareceu lembrar de algo e então voltou seus olhos para a carta. Arregalou os olhos, eu a encarei confusa.

— Charlotte Clark? – Ela questionou. Eu acenei positivamente com a cabeça. – Puta que pariu.

— O que, Anna? – Perguntei

— A Clark estudou aqui um tempo, era uma das peguetes do Mike. Ela só arranjou problemas depois que ele e a El começaram a namorar. – E então puxou-me pelo braço. – Se Eliza quiser viver em paz e as meninas também, melhor ela manter distância dessa vadia. Ela não presta.

****************

Londres, 11h da manhã, Hogwarts.

POV – Eliza Malfoy

— FELIZ ANIVERSÁRIO! – Acordei com a voz estridente de Chloe em meus ouvidos. Não que sua voz fosse irritante, mas em um sábado tão cedo, qualquer som se torna incomoda aos meus ouvidos. – Acorda, criatura! Hoje é seu aniversário e a gente precisa comemorar!

— Eu queria continuar aqui, posso? – Pedi. Em resposta, a Potter tirou as cobertas de cima de mim, fazendo-me abrir os olhos repentinamente, com raiva. – Vai se foder, Potter.

— Também amo você, amiga. – Ela disse, irônica. – Agora levanta que nem eu, nem Char, muito menos Hellen, vamos deixar esse dia passar em branco!

— Char? – Eu ri involuntariamente

— É, Charlotte. – Ela respondeu, eu voltei a sorrir. Chloe me encarou, confusa. – O que foi agora?

— Vocês não acharam essa tal de Clark meio esquisita? – Eu questionei. Desde que havia recebido uma carta de Anna dias atrás, minhas desconfianças sobre a novata só aumentavam. – Ela parece ser uma bela chave de cadeia, isso sim.

— Você que é desconfiada demais, menina. Para com isso, vai. Agora vem, a gente precisa arrumar os detalhes da festa!

Levantei rapidamente, enquanto ouvi as vozes de Hellen e Charlotte entrarem no dormitório. Após a higiene matinal, estávamos prontas para sair.

— Feliz aniversário, Liza. – Ouvi a voz de Caleb Walters dizer, assim que me virei para abraçá-lo. Vi Charlie passar, irritado com a cena presenciada. Esse dia promete.

****************

Usava uma saia de malha, rodada e preta, junto a uma bota de cano baixo e uma blusa branca. Os cabelos, loiros, estavam soltos e encaracolados nas pontas. A maquiagem era composta de uma sombra brilhante, os lábios vermelhos.

Hellen usava uma calça preta, apertada de forma que mostrava as curvas de suas pernas. Usava um scarpin preto, junto a uma blusa curta. Os cabelos, pretos como os do pai, estavam amarrados em um rabo de cavalo alto. A maquiagem era composta de um delineador e um batom rosa que realçava seus lábios.

Chloe usava um vestido solto, junto a uma sapatilha preta. Os cabelos claros estavam soltos, assim como os meus, porém sem madeixas cacheadas. A maquiagem era composta de um batom roxo, e um lápis de olho.

E por último, Clark. Usava uma saia extremamente curta, jeans, uma bota de cano alto e uma blusa igualmente curta e apertada, que mostrava seu umbigo. Mais vadia impossível.

Caminhamos lentamente em direção à Sala Precisa. Nossos passos lentos lembravam-me quando mamãe ia à festas escondida, junto de Lily e Dominique. Só que, diferente da época, não tinha nenhum segurança ali.

— FELIZ ANIVERSÁRIO, LIZA! – Eu ouvi os convidados dizerem. Sorri. Aquela festa prometia... será que Lu estaria em alguma festa em Beauxbatons?

****************

França, 21h da noite, Beauxbatons.

**POV – Luiza Weasley

— Gente, eu acho que não quero ir pra esse baile. – Eu disse. Anna, Kimberly e Kate me olharam, chocadas. – Eu não posso ficar aqui? Digo, podemos fazer uma festa do pijama e...

— Ah, não, Weasley, nem vem. Eu, como filha de Dominique Potter, tenho o dever de te arrastar para as festas. Além do mais não tem mais como fugir. Nós já compramos o vestido e estamos prontas. Você vai, sim. – Anna retrucou. Me vi sem saída.

Usava um vestido azul de seda, longo, tomara que caia. Era simples, sem muitos detalhes, mas elegante. Os meus cabelos, ruivos, tinham duas mechas da frente amarradas para trás por uma presilha de brilhantes. Usava um salto prateado, que combinava com o vestido. Os meus lábios estavam vermelhos, além da sombra, prata, sem exageros.

Kate usava um vestido roxo, com alças finas. Era bordado no colo, e solto e leve da cintura pra baixo. Os cabelos, negros, estavam presos em um coque frouxo e simples. Usava um scarpin preto. A maquiagem era de lábios rosados e um delineado simples.

Kimberly usava um vestido branco, nem tão longo. Era até os joelhos, mas era tão galante quanto os nossos. Usava um scarpin igual o de Kate para combinar. Anna, por último, com o talento para cair bem em qualquer roupa (herdado da mãe), usava um vestido vermelho, longo, bordado. Os cabelos loiros soltos e encaracolados nas pontas e uma maquiagem composta apenas de um batom bege e um lápis de olho.

Descemos as escadas do dormitório, enquanto Mike e Brian nos esperávamos. Brian olhou-me, sorrindo.

— Linda. Mais ainda. – Ele disse, beijando as costas da minha mão. Corei. Anna provavelmente sentiu o clima ali, mas eu não me importei com mais nada quando enlacei meu braço ao dele. Caminhamos lentamente até o Salão de Jogos, onde estava delicadamente decorado. Brian me puxou para a pista de dança.

Dançávamos como nunca. Brian enlaçou minha cintura com suas mãos. Encostou seu rosto no meu, sorrindo.

— Eu já disse que você tá linda? – Ele disse. Sorri, corando com suas palavras. – Não, não. Você é linda.

— Brian...

— Não fala nada, Lu. – Ele disse. Senti seu rosto se aproximar do meu, lentamente. – Não fala...

Encostou seus lábios nos meus, lentamente aprofundando o beijo aos poucos. O mundo parou. Eram apenas nós dois ali.

****************

A música que agora tocava era animada. Eu e Brian dançávamos, sorrindo.

— Ainda bem que as meninas te convenceram a vir. – Ele disse. Sorri em resposta.

— Com licença. – Vi um homem se aproximar, sorrindo angelicalmente. Sorri de volta. – Posso dançar com a dama?

— Claro. – Respondi. E então, antes de me afastar de Brian, sorri e sussurrei algo como “nos vemos depois.”

****************

POV – Brian Zabine

Não vi mais Lu depois que ela fora dançar com outro cara. Me preocupei, afinal, já fazia duas horas que ela tinha sumido.

— Vocês viram a Lu? – Perguntei para Kimberly e Anna, que acenaram negativamente com a cabeça.

— Ih gente, de onde que aquela salinha ali surgiu? – Kate observou. Olhei para a mesma direção que ela. Parecia um armário de vassouras.

— Eu vou lá. – Disse. Algo me dizia que tinha alguma coisa muito errada ali. Abri a porta da salinha em um estrondo, arregalando os olhos ao ver quem estava ali. Desmaiada. Despida. Ferida.

— LUIZA!