Eu me sentia um completo estranho naquela igreja e, embora for uma igreja, parecia mais um hospital de tantos doentes que tinham lá e eu estava começando achar que aquele pastor deveria ser chamado de doutor. A minha querida amiga, que jogou suco na minha cara, disse que eu tinha que chamar atenção do pastor, para ele me ver logo e fazer uma oração poderosa e cheia de milagres. Eu não sabia como fazer isso, então, me fingi de retardado.

—Oh, Deus! Onde é que estais? —Falei gritando e balançando a minha cabeça, como se estivesse em um show de rock. —Me abandonastes nessa cadeira, a cadeira do caos. Estou nela e ela está em mim e seu nome é Lucille, veja, Oh Deus, até nome ela já tem.

Todos começaram a me olhar de um jeito estranho, bem, pelo menos estava dando certo porque até o pastor estava olhando.

—O que tens, ó pobre homem? —Questionou o pastor.

—Não consigo mover meus braços, minhas pernas, não consigo levantar meu pen... —Fui interrompido, pela minha amada amiga, com um tapa na cabeça.

—Não diga besteiras, pois você está em uma igreja. —Sussurrou ela em meu ouvido.

O pastor ficou olhando com cara de jumento para nós, na verdade, ele parecia um tralhoto com aqueles olhos enormes.

—Bem, querido pastor —Falei deixando escapar uma risadinha—Eu não sinto meu corpo, apenas minha cabeça e... Eu acho que, Deus pode fazer um milagre e... Fazer-me andar novamente.

Todos os irmãos da igreja falaram em uma só voz “Ô glória Deus!” e eu fiquei com vergonha, mas a parte pior foi quando o pastor desceu do púlpito e colocou as mãos sobre minha cabeça e orou da seguinte maneira:

—Senhor cure este pobre ser, que perdeu os movimentos das pernas, dos braços e do seu pen, Deus eu não sei o que é isso, mas tu sabes de todas as coisas e, agora, ele não pode mais fazer nada além de ficar com esta bunda em uma cadeira de rodas que se chama Lucille.

Ele começou a me sacudir gritando CURA ESSE HOMEM, SENHOR. E todos gritavam AMÉM. Esse pastor maluco começou a me rodar de um lado para o outro, eu já estava ficando tonto quando fui arremessado da cadeira. Eles logo foram me acudir.

—Nunca mais me leve para uma igreja como essa —Falei já deitado na cama de meu novo lar, a casa da amiga louca que joga suco azedo na cara dos outros.

Por sorte não me machuquei, como da última vez. Eu estava pensando em fazer um pacto com o Satã, para ele me fazer andar, mas essa louca não ia deixar.

—Ei, qual seu nome? —Perguntei.

—Ah, verdade, nem me apresentei desde aquele dia —Disse ela sorrindo—Me chamo Lily Collins.