Harmony Blanks

Acordei por volta das oito e vi Omaha engatinhar no tapete do quarto e depois sentar entretida com um mordedor. Meus peitos estavam doendo, então demorei pra finalmente levantar e pegar minha filha no colo.

—- Vamos trocar essa fralda, ok? E espero que esteja com fome porque meus peitos estão mais cheios do que qualquer teta de vaca. -- Eu poderia parecer uma louca falando com minha filha, mas pra mim já era normal. A gente conversava sobre tudo:  desde filmes a babadores com estampas bobas demais.

Fiquei por um tempo parada com as mãos na cintura observando o quarto com paredes brancas e papel de parede de arco-íris. O chão coberto por um tapete de material semelhante a borracha, a cômoda que guardava minhas roupas e da Omaha, os pacotes de fralda que ficam ao lado da cômoda, a pequena arara onde separo minhas roupas do dia a dia, nossos sapatos no chão e uma caixa de plástico onde deixo guardado alguns poucos brinquedos da minha filha. Não era muita coisa, não deu pra acumular muito e sabíamos que esse quarto era temporário. Pensei em trazer algumas caixas e empacotar tudo para a mudança.

Mas eu tinha pouco tempo para me encontrar com o corretor e ver um apartamento que ficava a duas quadras daqui e estava pedindo a todos Deuses do Olimpo que o preço não ultrapassasse meu orçamento.

Troquei a fralda dela na bancada da cômoda e saí do quarto com ela mamando e com a fralda suja em mãos. Tentei abrir a porta do banheiro, mas Leah estava lá. Sem me preocupar muito, joguei na lixeira da cozinha e voltei para o quarto pensando em qual roupa usaria para a visita da casa. Desde que engravidei o uniforme do trabalho era a coisa mais séria e formal que eu tinha. E olha o poder que o avental tinha sobre qualquer blusa e calça jeans…

Não me importei muito, tirei de lá uma calça jeans e a blusa que eu mais gostava de usar antes de ficar parecendo com um elefante: uma blusa dos Beatles. Adam que me deu de presente de Natal. Ele dizia que eu não parecia uma boba completa usando ela. Estava tão escondida no armário que estava com um tom de velho na sua cor preta.

Deixei Omaha esvaziar bastante meus seios antes de tomarmos banho, a arrumei e depois vesti minha roupa.

—- Tem certeza que não quer que eu fique com Omaha enquanto você vai visitar a casa? -- Leah insistiu mais uma vez antes de eu colocar minha filha no bebê canguru, o que me deixa parecida com uma mãe canguru.

—- Você não vai trabalhar hoje?

—- Ah, é verdade… Mas daria tempo até você chegar.

—- Obrigada Leah, mas realmente não precisa. -- Peguei minha bolsa que de minha só usava a parte externa já que só carregava fraldas, pomadas, remédios, lanches e coisas pra Omaha e aaí a caminho do apartamento.

Fomos a pé e o corretor nos aguardava na frente das escadas que dão acesso ao prédio. Não era tão diferente de onde estávamos, só era bem menor. A cozinha e sala equivaliam ao quarto que eu e Omaha dividimos, o banheiro parecia ser do mesmo tamanho e tinha dois quartos. Eu não poderia reclamar. Estava com alguns móveis velhos e o orçamento permitia que eu economizasse cinco mil dólares. Então, resolvi dar inicio ao processo de compra. Não entendi muito bem que talvez minha oferta poderia não ser aceita, de qualquer maneira, agradeci o corretor que entraria em contato comigo durante a semana.

Passei o resto da tarde no Picker’s Coffee, sim, mesmo com folga eu almocei lá, comentei sobre minha vontade de voltar a estudar e tentei pensar em tudo menos como estaria sendo a festa com Adam e Marie-Ann.