Entre dois mundos escrita por Vicky18


Capítulo 72
A última Ala




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Assim que colocou seus pés dentro do laboratório um cheiro de fumaça queimou dentro de suas narinas.Mas não havia fogo lá.Ou pelo menos não naquele andar.

Cebola não tinha ideia de que iriam incendiar o local,mas não duvidava do quão longe aqueles “cientistas” iriam para apagar todas as provas dos seus crimes.

A cada ala que descia aquela fumaça se tornava cada vez mais densa, serpenteando pelo chão,deslizando pelas paredes e subindo até o teto.Assim como a sua respiração foi ficando cada vez mais ofegante,enquanto seus pulmões procuravam por um vestígio de oxigênio que pudesse lhe preencher.

Perto da ala psiquiátrica a situação estava cada vez pior e Cebola teve que usar todos os recursos que tinha para conseguir chegar vivo até a Ala médica.O calor também estava ficando insuportável dando a sensação de que estava dentro de um forno.

Cebola havia rasgado boa parte de sua camisa para cobrir seu nariz e sua boca, mas não era o suficiente.Com a fumaça invadindo seus pulmões,o garoto começou a tossir sem parar.Mesmo assim,ele não parava de correr pelos corredores da ala psiquiátrica.Faltava muito pouco para a última Ala e também faltava muito pouco para que Cebola não chegasse lá com vida.

Quando seus olhos começaram a arder,o garoto tentou ao máximo não perder o foco e não se desesperar,tudo o que ele precisava era de um pouco de água.Um pouco não seria o suficiente,mas seria o bastante para chegar até a Ala médica.

E antes mesmo que seus olhos se fechassem por completo,uma luz no final do corredor atraiu o garoto para a última sala daquele corredor.A sala 67.

Sem pensar duas vezes ele passou pela porta daquele dormitório que não lhe trazia lembranças nada agradáveis.O corpo do guarda estava estendido no carpete e o de Anne estava a poucos metros de distância.

Cebola se abaixou para verificar se algum dos dois ainda estava respirando, mas não encontrou nenhum sinal de vida.O que deixava aquilo tudo ainda mais macabro.

Logo após a verificação,o garoto correu até o banheiro e agradeceu aos céus pela torneira ainda estar funcionando.Umedeceu todo o tecido que cobria a sua boca e também o que restou da sua camisa.Se ele tivesse sorte,poderia encontrar água na ala médica também.

Quando saiu da sala 67,Cebola já conseguia respirar bem melhor do que antes e enxergar também,já que se certificou de encharcar bem o seu rosto antes de retomar o caminho até a última Ala.

—MAGALI!- A voz do garoto ecoou por toda a Ala médica assim que chegou lá, mas não obteve nenhuma resposta.-MAGA!- Cebola continuou a chamá-la antes de chegar a sala 2,onde a sua amiga, supostamente, estaria lhe esperando.

Magali corria contra o tempo depois de ter lido o que estava naquela folha,o bairro do limoeiro em que estava no momento não era muito diferente em relação ao real,por isso não seria difícil encontrar o último lugar onde a tal fórmula foi vista.

A porta da sala 2 estava aberta.

Quando escutou o primeiro trovão,Magali pôde ver que o céu começou a rachar como uma pintura descascando de uma parede.Ela precisava encontrar a escola antes que fosse tarde.

Cebola entrou sem pestanejar na sala.

Magali entrou sem pestanejar nos portões da escola quando a viu a poucos metros daquele posto abandonado em que estava.

O garoto viu sua amiga inconsciente em uma maca.Tudo a sua volta estava jogado as traças,os bisturis,luvas de plástico,injeções.Mas ao menos ele pôde ver um pingo de humanidade no gesto daqueles médicos ao não terem desligado o aparelho de oxigênio que mantinha sua amiga viva.

A escola estava igualmente abandonada,a cada degrau que subia,Magali lembrava de todos os momentos que esteve lá antes da sua vida ter virado de ponta cabeça.E de um dos últimos lugares que frequentou e onde tudo começou. O laboratório de ciências.

Cebola tentou medir os sinais vitais da amiga.

Magali finalmente entrou no laboratório,se deparando com as maçãs expostas em cima da bancada (estranhamente, a que estava dentro da pirâmide estava podre,enquanto a que estava fora parecia intacta) junto a um caderno muito familiar.Ela se recordava bem quando tinha o entregue para Franja naquela manhã.

Ela estava respirando com muita dificuldade,mesmo com a ajuda dos equipamentos.Sua pele estava pálida e aquele curativo em seu estômago já tinha absorvido sangue o suficiente.

— MAGALI!- A voz do doutor licurgo ecoava pelos corredores da escola abandonada.-EU SEI QUE A FORMULÁ ESTÁ AQUI!!-Parecia que Cebola tinha razão quanto a ele.Agora só restava a garota fugir dali o quanto antes.

Cebola estava tentando pensar em qual seria a melhor alternativa.Ele tinha que sair de lá o mais rápido possível,mas Magali poderia perder muito sangue no trajeto.

Era difícil não tropeçar no vestido enquanto descia aqueles degraus gelados de pés descalços.Magali não queria que Licurgo escutasse seus saltos ecoando por toda escola,mas tirar os sapatos não foi o suficiente para sair da mira do doutor.

A garota ainda estava inconsciente quando seu amigo passou camadas e camadas de um rolo de atadura que encontrou perto da maca,antes de tentar tirá-la de lá.

Assim que desceu as escadas,Magali deu de cara com o Doutor licurgo que se encontrava a poucos metros de distância no mesmo corredor.- ME DÊ O CADERNO!-O senhor começou a acelerar o passo assim que viu Magali do outro lado.

—Maga,por favor...Vamos.-Cebola tentava acordar amiga enquanto tentava respirar um pouco mais.O pedaço de pano que cobria sua boca já estava ficando seco e o calor estava se tornando cada vez pior lá dentro.

—NUNCA!-O segundo trovão surgiu, agora mais forte.Causando um tremor dentro da escola,fazendo com que o Doutor Licurgo perdesse o equilíbrio e tropeçasse.Deixando o corredor liberado para que Magali passasse.

A fumaça branca contrastava com a luz vermelha que piscava incessantemente dentro daquela sala.Cebola sabia que se ficasse lá mais um segundo,botaria tudo a perder.

Faltava muito pouco para sair da escola quando Magali sentiu Licurgo agarrar um dos seus tornozelos.-VOCÊ NÃO VAI A LUGAR NENHUM!-A Garota tentou se defender e proteger o caderno com a sua vida,tentando mantê-lo o mais afastado possível das mãos daquele lunático.

As primeiras labaredas invadiram a sala 2,se espalhando aos poucos como uma cobra de fogo que rastejava pelo chão.

O terceiro tremor veio mais forte quando as primeiras gotas de chuva da tempestade começaram a cair,Magali conseguiu se soltar do Doutor Licurgo antes que o quarto tremor abalasse as estruturas da escola que já estavam rachando.

Magali fora arrancada da maca antes que as chamas engolissem as paredes.

Já era tarde da noite no bairro do limoeiro,o céu estava escuro e uma nuvem negra trazia consigo um temporal.Cada gota caia no asfalto como uma pedra,cada relâmpago como um meteoro e o trovão vinha como um estrondo.

Magali estava no meio de tudo isso,correndo rapidamente sem rumo com o vestido do show no corpo e o material todo encharcado.Ela estava perdida e confusa,sua cabeça doía como se tivesse levado várias marteladas,seu corpo não tinha forças para prosseguir, mas sua mente estava mais do que focada em superar os próprios limites.

Porém, nem todo o foco do mundo fora capaz de evitar o pior,quanto mais ela corria mais os faróis de um carro surgiam em meio a escuridão daquela rua.O veículo começara a perseguir Magali, acelerando a cada tentativa do mesma de escapar daquele local.

Já Magali não aguentou e perdeu o equilíbrio no meio da rua,enquanto o carro se aproximava ainda mais prestes a atropelá-la,foi então que quando virou para trás as luzes do carro a cegaram deixando-a inconsciente.


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Notas finais do capítulo

Meus amores,em breve vou postar o ultimo capitulo,por isso já postei 3 de uma vez pra saciar a curiosidade de vocês:)Bjs da Vick e até o próximo capitulo♥♥



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