Júpiter escrita por sofi weber


Capítulo 2
"Brotheragem"




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―O que está acontecendo? ― A voz madura ecoou no quarto, enquanto o dono dele olhava para os dois com os braços cruzados. 

―Sagi! ― Peixes gritou quando reconheceu o timbre ― Eu falei pa vozê non conthá po Firgem! ― soluço.

―Eu não contei pro... ― Nesse momento, Sagi finalmente olhou para a porta. Na sua cabeça, começou a tocar a música tema de quando o Professor Girafales encontrava sua querida Dona Florinda na vila. Ele tirou a boina que usava e, com as bochechas avermelhadas, continuou, num tom mais baixo ― V-virgem... Oi...

―Eu já perguntei uma vez! ― o tom do moreno não amoleceu ― E vou perguntar de novo. O que aconteceu aqui?

―O Zagi ligô pra polizia e pro iternopol e pro MIB!

―MIB?

―Meins in bléque! ― o pisciano explicava, abrindo os braços ― Sabe, polizia. Ingual em As Branconas.

―Branquelas ― Sagi corrigiu.

―Razismo inverso! ― o menor gritou, apontando para Sagi, mas depois riu ― Brincadeira, izo non ecziste!

Em algum lugar da casa, o Sensor Militante Problematizador Social de Aquário apitou.

―Peixes, você bebeu? ― o virginiano se aproximou devagar, franzindo o cenho na direção do azulado. Depois, olhou bravo para Sagi ― Eu não acredito que você deu bebida para ele!

No momento que Sagitário sentiu aquele olhar, sentiu seu coração se apertar. Em situações normais, com pessoas normais, não reagiria daquela maneira, mas era Virgem! Qualquer palavra proferida enquanto aqueles olhos verdes estavam pousados em si serviam para tirar o fôlego dele, mas nunca tinha visto seu paquera usando aquele tom. Era severo e no caso, desnecessário e assustador.

―Mas eu... Eu não...

―Você não sabia que ele ia ficar assim, não é? Eu já ouvi essa história antes! ― Enquanto ele gritava, sua toga balançava e os cabelos caíam na cara. O rosto estava levemente avermelhado.

―Eu não dei bebida para ele, Virgem! ― Sagi enfim conseguiu dizer, com a voz levemente trêmula. O pisciano agora já tinha parado de chorar, apenas assistia.

―Ah é, ele pegou sozinho, com certeza. Se você quer manter esses malditos hábitos e beber, beba! O problema é seu! Mas não invente de envolver os outros nisso.  ― Ele revirou os olhos e agarrou a mão de Peixes, que levantou desorientado ― Vamos, Peixes, vou te levar para o banho. 

Sagi viu a porta ser fechada, sentado na cama, totalmente desolado. Esperava tudo, menos aquela reação. Naquela hora, preferia que Peixes tivesse o beijado e Escorpião tivesse visto. Desse jeito, só levaria alguns tapas. Entretanto, as palavras de Virgem o atingiram com tanta intensidade que ele mal conseguia se mexer ou processar o que tinha acontecido. 

No banheiro, Virgem guiava o embriagado para a banheira, com cuidado para não se manter muito perto, caso ele vomitasse ou algo assim. O apoiando com um braço, ligou a água gelada e colocou o pisciano ainda vestido ali embaixo. O corpo pequeno se retraiu assim que sentiu o líquido. Ele se abraçou e choramingou.

―Calma, eu já esquento a água, só preciso que você acorde um pouco... ― Virgem falou mais calmo, mas ainda com uma carranca. Depois de respirar fundo e tomar coragem, começa a tirar as roupas do outro ― Eu vou te lavar, ok?

Peixes, tremendo um pouco, concordou com a cabeça e levantou os braços para facilitar o trabalho do outro. Virgem olhou o tórax branco e pouco definido dele, dando uma risadinha. Quase o lembrava de uma criança. O moreno sentia muito afeto ― em algumas ocasiões ― pelo azulado. Sentia vontade de protege-lo, exatamente como um irmão mais novo. Te irrita, bagunça suas coisas e você acha retardado, mas mesmo assim ainda gosta dele. Após tirar todas as roupas dele, levou a mão até o cabelo azul.

―Eizpera! Melhor non, se não eu vô querer transar sexo com vozê! ― Peixes alertou, porque tinham o avisado de como ficava sem sua xuxinha de cabelo, então decidiu se policiar. Virgem retraiu seu braço na hora, arregalando os olhos com a fala do pequeno, sem entender patavina.

Enquanto isso, no quinto quarto do corredor, Sagi estava encolhido na cama. Leão apenas o olhava de braços cruzados, depois de tomar a decisão de deixar o amigo chorar tudo que precisava. Mas depois de uns vinte minutos apenas assistindo, gritou:

―CHEGA! ― ele abriu os braços e foi até a cama. Se sentou ― O que aconteceu?

―Eutavalánojardim ― fungada ― eaioPeixesfoibuscaroviolãoe... ― Sagi respirou fundo ― AieletavademorandoeaielebebeueoViiiiiiiiiiiii ― E então voltou a soluçar. Leão, ao seu lado, apenas bufou e começou a fazer carinho nas suas costas. Depois de mais algum tempo, as carícias se tornaram pequenos tapas ― Ai! Tá, calma! ― Novamente o sagitariano respirou fundo e então começou a explicar com calma.

Depois de ouvir toda a explicação, Leão respirou fundo e se deitou, trazendo o amigo consigo.

―Ele não tem o direito de falar com você assim. Sabe, nem com você, nem com ninguém. ― Leão falou calmamente, aninhando o amigo ― As vezes o Virgem me dá nos nervos. Ele não merece alguém tão dedicado quanto você, sabia?

―Eu.., Eu não sei, Leão, mas... ― Sagi suspirou e colocou a mão no peito. O coração ainda batia forte, os olhos continuavam molhados e seu corpo se mantinha tremendo de leve. De olhos fechados, ele apertou o tecido da própria camisa ― Eu gosto tanto dele! Chega a doer! Ele é tão bonito, aqueles olhos... ― Após alguns segundos de silêncio, ele completou com um sorriso mínimo no rosto  ― São mais preciosos que qualquer jade que eu já vi...

O leonino ouviu tudo atenciosamente e até se sentiu mal por ter tentado algo com Virgem anteriormente. Tinha desistido depois de perceber que o virginiano não lhe dava o valor merecido, assim como fazia com o jupiteriano que tanto o apreciava. Então, após uma revolta interna, o de cabelos acobreados segurou o rosto do outro pelo queixo. Olhando fundo nos olhos castanhos escuros, falou calmamente:

―Sagi, você é um garoto incrível. Você tem tanta disposição e força de vontade, não gosto de te ver gastando água do seu corpo por causa de um cara desses. Eu não te dei um squeezer todo lindo, todo top modelo pra você ficar chorando! ― com um leve carinho, ele levou a mão até a bochecha bronzeada do outro ― Procure alguém digno para ti, meu amigo.

O coração sagitariano voltou a bater forte. Logicamente amava Virgem, mas nunca poderia negar que Leão era o tipo de garoto bonito que podia arrancar suspiros ― e também outros tipos de sons ― de quem quer que fosse. E Sagi estava incluso nesse grupo. Entretanto, de qualquer maneira, só conseguia ver Leão como seu melhor amigo, então sorriu para ele e concordou com a cabeça. Murmurou um “vou tentar” e começou a se levantar para sair da cama, mas sem perceber, enganchou o pé no lençol dourado e rolou para o chão, levando Leo consigo. Primeiro, sentiu os peso do corpo dele sobre si, depois os lábios macios encostados nos seus e por último, viu os olhos dele tão arregalados quanto os seus. No mesmo momento, ouviu a voz de Virgem novamente.

―Ei, Leão, eu preciso falar com vo... cê?


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