POV Riley

Neste momento passou um mês desde que o Cody entrou para a academia, o vídeo está gravado, nós temos ensaiado muito para os Nacionais, mas a Miss Anna e o Bryan pensam que o nosso dueto não prende as pessoas, não as comove, é só um dueto mais e podemos não ganhar, tem que ser memorável.

Mas isso contarei de tarde, porque agora estamos em Filosofia a mostrar o trabalho, toda a turma está a ver com atenção, até o Haymitch. Assim que acaba, as luzes acendem-se e o professor começa a falar.

—Foi original, interessante, diz tudo, A+ - quando ouvimos começamos aos gritinhos e a abraçar-nos, eu nem acredito nisto, têm noção do que é.

Felizmente era a última aula e eu fui para a academia com o Cody mal acabamos de almoçar porque nos pediram para ir lá por causa do dueto. Assim que lá chegamos vamos vestir-nos e dirigimo-nos para o estúdio A, onde a Miss Anna e o Bryan nos esperavam.

—Olá! - cumprimentamos.

—Olá! - cumprimentam eles.

—Nós viemos o mais rápido possível! - acrescento.

—Obrigada, então vamos lá falar sobre o dueto! - começa a Miss Anna. - É assim, eu e o Bryan estivemos a pensar num dueto com o tema do amor, as pessoas comovem-se com estes temas, escolhemos uma música e vamos ajudar-vos a coreografar devido à falta de tempo.

—Muito bem, podem colocá-la? - engulo em seco o facto de eu e o Cody termos que ser uma espécie de casal. Assim que a música acaba percebo que eles têm razão, se fizermos uma boa coreografia, a apresentação vai ser emotiva.

—Nós pensamos em algumas coisas para vocês - começam, mostram-nos e nós aceitamos tudo, eu e o Cody vamos dando ideias e demonstrando e a coreografia fica acabada, agora é ensaiar e tratar de alterações se for necessário.

Entretanto o grupo chega e treinamos a coreografia de grupo, cuja música é o máximo, representa a união e é bem certo que ganhemos com ele, está ensaiado de forma quase perfeita, mais um pouco e não tem quaisquer falhas!

—Riley, como vai o teu solo? - questiona a Miss Anna.

—Eu tenho andado a praticá-lo, a minha mãe disse que a cada diz melhora, mas bem, é a minha mãe, apesar de vencedora dos Internacionais, não conta muito... - explico e ela assente.

—Mostra-nos! - pede e eu levanto-me para fazê-lo a música começa a tocar e eu começo no chão, levantando-me, levantada faço movimentos calmos e vou fazendo mais truques e movimentos complexos. Tenho treinado muito as minhas expressões faciais, a minha postura, tenho dado o meu melhor, espero que esteja muito melhor. Assim que acabo tudo se levanta para me aplaudir e a Miss Anna está a chorar o que faz com que eu fique feliz, era o objetivo. - Fizeste-me chorar, fizeste os teus colegas aplaudirem-te de pé, e isso sem dúvida alguma é do mais importante de sempre, está perfeito, vai treinando, mas com isto é quase certo que ganhamos. Mas sendo que a Riley já apresentou o dela, Mark apresenta-nos o teu.

Estive a falar com o Mark sobre como ele estava a lidar com a pressão de ser o solista, ele disse que estava bem com isso, que tinha trabalhado e que acreditava que ia ser um bom solista, eu acredito no Mark, tem sido o único que me tem entendido, ele tal como eu é o solista, nós somos sempre solistas e não temos muitos amigos aqui por causa disso. Ele começa a dançar, eu parei para ver, o Mark entrou quando eu entrei e isso fez-nos muito próximos.

Assim que ele acaba eu aplaudo-o, tal como toda a gente, a técnica dele, a concentração, mas o facto de não demonstrar estar concentrado, é tão natural que nos prende a cada movimento que ele faz.

—Temos os solistas prontos, falta o dueto, que foi substituído, é ensaiá-lo umas quantas vezes e daqui a um mês estamos nos Nacionais... - sorrio ao pensar em mim nos Nacionais, a loucura total.

Eu e o Cody ficamos a treinar mais um pouco, apenas a técnica, a representação seria tratada depois. É tão estranho dançar este tipo de coreografia com ele, simplesmente é esquisito, eu e ele somos amigos e aqui vamos ter que atuar como um casal...

—Bem, acho que por hoje chega - assumo e ele assente.

—Vamos para casa! - pegamos nas nossas coisas e saímos, cada um vai para a sua casa e mal chego está toda a gente na mesa para jantar.

—Demoraste hoje! - observa a minha mãe.

—A Miss Anna e o Bryan estiveram a falar-me a mim e ao Cody sobre o novo dueto, estivemos a ensair a coreografia de grupo e os solos - contei.

—E que tal o teu solo, sempre está melhor? - pergunta o meu pai.

—Fiz toda a gente aplaudir-me de pé e a Miss Anna emocionar-se - sorrio e eles aplaudem-me.

—Isso é ótimo, e quanto ao dueto? - pergunta o meu irmão.

—Eu e o Cody vamos dançar uma versão do "It's All Coming Back To Me Now", a música foi escolhida pela Miss Anna, ela diz que precisamos de algo que comova as pessoas, que as faça lembrarem-se e aplaudirem de pé - conto.

—Essa música é das mais lindas de sempre, basta a coreografia ser linda e a interpretação também que vocês ganham de certeza! - observa a minha mãe e eu acredito ela esteve neste meio.

—Nós por hoje ainda não interpretamos, estivemos a tratar da técnica, espero que corra bem! - anseio, os Nacionais estão a ganhar, nessa semana a escola larga as aulas e vê os Nacionais, toda a gente gosta disso.

—Espero um dia chegar aos Nacionais como tu! - eu sorrio quando a Bella diz isso porque significa que me admira.

—Eu espero que tu chegues o mais longe possível e que dances muito bem! - motivo-a.

—A Miss Melissa passa a vida a dizer-me que eu não faço as coisas direitas, que precisa de alguém na Equipa B como tu já foste e quer que eu seja essa pessoa - revela e eu olho para ela.

—Quero que faças o melhor que conseguires e quero que sejas a Bella, não uma cópia fiel a mim, eu sou eu e tu és tu! - esclareço. - A Miss Anna exige muito de mim, tu fazes solos, és a solista maioritária e eu também o sou, espero que quando faças a audição para a equipa A, continues a ser a solista e a seres tu!

—Obrigada pela força - agradece. Assim que acabo de jantar vou para o quarto e o Josh vai lá ter.

—Nem temos tido o nosso momento de gémeos... - lamenta ele e deita-se ao meu lado.

—É... o nosso momento de gémeos tem deixado de existir, tu tens andado com a Willow e eu tenho andado a treinar infernalmente para os Nacionais... - observo. - Por falar nisso, como vão as coisas entre ti e a Willow?

—Vai tudo ótimo, a cada dia que passa estou mais apaixonado por ela! - ele fica tão engraçado apaixonado. - Quanto ao dueto com o Cody não é estranho dançar como se fosses apaixonada por ele?

—É esquisito, há toques muito coisos e movimentos, e as caras têm que ter um certo brilho e sentimento, além de que há um pormenor, a dança vai acabar connosco a agir como se nos fossemos beijar... - eu sei que não deveria dizer, mas olha, já está!

—Ui, esse dueto deve comover mesmo! - eu também penso que ele vá comover muita gente, não podia ser de outra forma, se eu e ele não o fizermos a Miss Anna vai cair-nos em cima!

—Os Nacionais estão quase aí e eu ainda nem acredito que temos que ensaiar o dueto em tão pouco tempo! - começo a stressar.

—Vai correr tudo bem, tu e o Cody vão conseguir fazer tudo direitinho, são o máximo a dançar, têm química, todos sabemos que vocês vão conseguir! - tenta tranquilizar-me e abraça-me o que me deixa mais contente, o meu irmão sabe sempre o que dizer.

Acabo por adormecer, nos braços dele, estava cansadíssima!

1 semana depois...

Eu e o Cody vamos neste momento começar a treinar com música, tudo como se fosse na performance! Eu estou uma pilha de nervos, eu estou a treinar mas é a primeira vez completa, como deve de ser!

A música começa a tocar, começamos a dançar e um turbilhão de emoções misturam-se durante a dança, é como se eu estivesse mesmo a sentir tudo, o que é uma tolice, mas esta é o melhor dueto que fiz na minha vida. Assim que começa a acabar, ele puxa-me e nós posicionamo-nos para um beijo, eu só sei que a minha respiração estava descontrolada, fiquei a olhar para ele e o meu coração quase me saltava da boca.

Uma dose de realidade aparece e eu afasto-me, fingindo ter uma mensagem da minha mãe.

—Eu não posso treinar mais hoje, desculpa, eu tenho que ir, a minha mãe chamou-me para ir para casa - pego nas minhas coisas e praticamente fujo sem o deixar dizer qualquer coisa.

Assim que chego a minha casa passo pela sala e subo as escadas a correr, felizmente o Josh era o único na sala.

—Que se passou? - fecha a porta e deita-se ao meu lado, como de costume.

—Ele quase me beijou mesmo! - choro e ele fica sem entender o problema.

—O Cody que te beijou, qual o drama? Quantos rapazes já não te tentaram beijar? - questionou sem perceber.

—É diferente! Eu senti uma coisa na dança que não era suposta, deve ter sido da emoção, não sei! - ele faz-me olhá-lo nos olhos.

—Não foi da emoção, e tu sabes! Está na altura de parares de mentir-te a ti própria porque não enganas ninguém a não seres tu mesma e quem sabe o Cody! - ele estava sério. - Tu gostas do Cody.

—Não, eu não posso, eu não quero, eu sei os meus sentimentos! - renego qualquer possibilidade, não pode ser, não mesmo!

—Para de te mentir, tu sabes que gostas dele só não o queres admitir, no início podia ter o seu encanto, mas começa a ser irritante o facto de vocês gostarem um do outro e não admitirem esse facto! - ele parecia irritado. - Quero que vocês se reconstruam e sejam felizes, são os meus melhores amigos e quero que sigam em frente!

—Eu talvez precise de um tempo para perceber - enxuto as lágrimas e admito.

—Espero que o teu tempo te faça perceber a verdade - ele vai embora e eu fico no quarto a lembrar-me do que aconteceu, é tão surreal, eu acho que nos deixamos levar pela personagem.

Mais tarde resolvo descer e fico paralisada quando chego à sala, os meus pais e os meus tios Clove e Cato estavam lá com a Maya e com o Cody.

—Riley, volta aqui, nós temos que falar! - intervém o rapaz que eu chamo de parceiro de dança.

—Não! Eu não quero falar contigo! - recuso-me mas ele agarra-me no braço e eu tento soltar-me o que faz com que ele me tenha pegado ao colo e levado para a piscina quando o Josh trancou as portas todas. Eu fiquei encharcada e irritada por isso.

—Qual foi a tua ideia? - indago quase a comê-lo vivo!

—Eu quero falar sobre o que aconteceu hoje durante a coreografia! - eu já sabia!

—Não há nada para falar, nós só estivemos a dançar e se continuares a misturar tudo na próxima semana, quando chegarmos aos Nacionais vamos perder! - tento fazer-me acreditar nisso.

—Tu queres que eu fuja ainda mais ao que sinto? Tu não percebes que o dueto ficou muito melhor quando sentimos o que estávamos a dançar? - confronta-me.

—É assim que vai ser, somos amigos, somos colegas, estamos apenas a atuar mentaliza-te disso e vai ser melhor para todos! - tento sair mas ele puxa-me e cola os nossos corpos fazendo-me ficar a poucos centímetros dele e a minha vontade de o beijar vai para além do imaginável, ele quer beijar-me, os nossos narizes roçam, mas logo em seguida eu percebo que eu não quero isto e afasto-me.

—Vais dizer que estavas a atuar? - ele está mais atraente que nunca mas eu vou ser forte.

—Não, estava a ver até onde ias e já percebi, desculpa! - vou embora e entro em casa toda molhada.

—Que se passa? - pergunta a minha mãe confusa, como toda a gente ali presente.

—Passa-se que o teu afilhado não percebe o significado de a coreografia ser apenas uma coreografia, é suposto encená-la, este dueto não é para ser sentido por ninguém, é apenas um dueto, e de onde este veio muitos virão, há que saber separar as águas! - reclamo e a minha mãe respira fundo.

—Sabes Riley, não se trata de misturar as águas, trata-se do facto de se sentir ou não, tu não podes evitar sentir, podes esconder, apenas isso, mas quando uma dança é sentida é sempre melhor e emotiva, ele sentiu o dueto, respeita isso, porque aqui toda a gente sabe que tu o sentiste de igual forma! - what? porque é que me dizem sempre isto?

—Eu não senti nada, foi mais um dos milhentos duetos que fiz na minha vida toda! - recuso-me a dar-lhes razão, não vou dar nunca porque eu não sinto absolutamente nada!

Continua...