POV Riley

Lá saí de casa, o meu pai está sempre a chatear-me a cabeça, se fosse com o Tobias ninguém queria saber, ele fica dias sem vir a casa, sem ir às aulas, sem dizer que está vivo, já foi parar à esquadra da polícia imensas vezes, ficou sem carta, chegou ao hospital em coma alcoólico mas nunca ninguém diz nada, ou quanto muito dizem, mas é pouca coisa. Não é justo, o miúdo teve um passado duro, é adotado, mas não é razão para serem mais leves com ele!

Em frente à minha casa está o Jonathan encostado à mota, chego perto dele e beijo-o. Pois, digamos que eu e o Jonas somos amigos com privilégios, não temos nada assumido, nenhum rótulo, simplesmente somos amigos e pronto...

—Bom-dia baby! - cumprimenta-me.

—Bom-dia baby! - sorrio.

—Vamos? - convida-me a subir.

—Claro! - e assim vamos nós em direção à nossa querida escola, aquele lugar maravilhoso, só que não. Hoje não me posso baldar às aulas e o Jonas já sabe, tenho aulas com o avô Haymitch, e apesar de o Josh me dar cobertura, o meu avô vai logo contar aos meus pais e ouvir o Sr. Mellark e a furiosa Everdeen não me agrada nem um pouco!

Mal chegamos deparo-me com uma cena que não queria ver, o meu irmão a conversar com a Barbie, eu detesto a Barbie, mas aquele trouxa dá-lhe conversa, não é que ele goste dela, o que se passa é que ele é demasiado simpático com ela. E se querem mesmo saber o nome dela é mesmo Barbie, o que ela não percebe é que o meu irmão se chama Josh e não Ken, e que já agora, não está interessado em mudar de nome!

—Mas que raio é aquilo? - reclamo furiosa.

—O teu irmão está com a Barbie, eu sei que não gostas dela, mas calma! - eu já ia ter com eles para a mandar direitinha para o lugar de onde veio, mas puxam-me pelo braço, fazem-me dar uma pirueta e meio que me deitam, dando-me um beijo em seguida, e aqueles lábios eu conhecia muito, muito bem.

—Ahahm - pigarreiam e nós voltamos às nossas posições normais. - Deves-me uma, maninha! O pai e a mãe perguntaram quem era o Jonathan e disse que era um amigo teu do colégio, tiveste muita sorte!

—Obrigada por mais uma vez me dares cobertura, de verdade agradeço-te imenso! - fui sincera.

—De nada, mas porque é que não se assumem de uma vez? - pergunta confuso.

—Porque não há nada para assumir, eu e a tua irmã somos amigos com... uns quantos privilégios, percebes? - explica o Jonas.

—Claro, eu tenho que ir ver se o Cody anda por aí, abandonou-me aqui com a Barbie e agora não sei dele! Tchau "amigos"! - fez aspas nos amigos e foi embora antes que eu pudesse falar com ele da Barbie, é esperto o rapaz.

Vamos então para a aula de espanhol, e hoje chegava o novo professor, já que o outro teve uma proposta irrecusável no colégio luso-espanhol e não hesitou em aceitar, se não o tivesse feito seria burro, primeiro porque é uma oportunidade que nem todos têm e segundo porque nós nos detestávamos mutuamente!

Assim que chego vou ter com a Willow, sento-me com ela todos os dias, faz parte da nossa rotina. Aproveitamos enquanto o professor que esperamos que seja jeitoso não chegava e pusemos a conversa em dia. Entretanto toca e já toda a gente está na sala, exceto o novo professor, e quando ele entra eu juro que ia tendo uma ataque do coração.

—TIO RYAN?! - gritamos eu e o Josh levantados.

—Olá turma! Riley, Josh, sentem-se e explico desde já, aqui eu sou o vosso professor, não o vosso tio! - eu juro que isto só podia ser um pesadelo. Eu e o Josh olhamos um para o outro e limitamo-nos a falar mudamente e gestualmente, queríamos certificar-nos que não era um pesadelo, nem uma ilusão, nem uma partida, e na realidade, não era mesmo.

Assim que aula acaba, o que demorava imenso a acontecer eu saio com a Willow para os cacifos, já que em seguida nós íamos comer qualquer coisa.

—Tens mesmo azar, primeiro tens o teu avô a dar-te aulas, agora o teu tio também te dá aulas, quem será o próximo, o teu tio Finnick? Espera, ele também já nos dá aulas de educação física! - realmente já agora toda a gente virava meu professor!

—Nem me fales nesse facto! - chegamos então ao cacifo, eu arrumo as minhas coisas e quando o fecho deparo-me com uma cena muito engraçada: a Willow a olhar vidrada para o meu irmão. - A olhar para o meu irmão? Não me digas que tens um fraquinho!

—Cala-te, é mentira! - começa ela a corar muito e eu rio-me com esse facto. 

—Não é o que as tuas bochechas dizem! - ela cora ainda mais. - Diz-me lá, gostas do meu irmão?

—Tenho um fraquinho por ele! - eu começo a festejar toda animada, ela o sonho de cunhadinha! Entretanto, como se fala do diabo, ele resolve aparecer.

—Como é que é possível que o nosso novo professor de espanhol seja o nosso tio? Porque é que ele e os nossos pais não nos prepararam? Já temos o avô Haymitch, o tio Finn e agora temos o tio Ryan, será possível? Quem será o próximo? - ele estava tão chocado como eu.

—Nós vamos ter que tirar essa história a limpo com os nossos pais, quer dizer, isto agora é assim? A família vai começar a dar-nos aulas? - fiquei furiosa.

—Nem vale a pena comentar! É verdade, a mãe pediu-me para te avisar que o teu treino foi remarcado para hoje, o estúdio amanhã vai fechar mais cedo, eles vão explicar tudo hoje à noite de uma melhor forma! - informou-me.

—Obrigado por avisares. Nós íamos comer qualquer coisa ao bar, queres vir connosco? - tenho que dar a operação cúpido como começada. 

—Sim, até comia qualquer coisinha agora! - aceita.

Vamos para o bar, pedimos e resolvemos sentar-nos numa mesa. Como eu tenho que continuar com esta operação, faço-me de desastrada (o que nem é mentira, mas pronto) e entorno sumo de laranja na perna.

—Que desastrada, já fiz porcaria! Tenho que ir à casa de banho limpar isto! - levanto-me.

—Eu ajudo-te, vou contigo! - voluntaria-se a Willow, mas eu já conheço a peça, só não quer ficar sozinha com o meu irmão, mas eu não vou deixar que isso aconteça.

—Não é preciso! - insisto e nesse momento aparece o Jonas.

—Já te sujaste, princesa? Não te preocupes, vamos lá limpar essa porcaria toda! - pega-me ao colo, olho para ele, que parece perceber o que estou a tentar fazer.

—Vês, eu vou com o Jonas, fica aqui, na boa! - ela lá se sentou e ficou com o meu irmão enquanto eu internamente festejava.

—Já estás a dar uma de casamenteira? - pergunta a rir.

—Eles foram feitos um para o outro! - argumento.

—Então agradece-me, porque sem mim não terias conseguido! - veio todo convencido. - E já agora, limpa-te com este papel, eu peguei-o pelo caminho.

—Obrigada! - agradeço e limpo-me.

—Só isso? Não tenho direito a nada? - reclama e eu dou-lhe um grande beijo, que ele retribui e ficamos assim no corredor, mas separamo-nos por conta de uma presença que não era suposta estar presente neste momento.

—Opá! Que grande beijo, até parece de filme! - e a minha cara foi de "Acabou! Estou F-O-D-I-D-A!".

—Tio Finn... - olho para ele assim que vou para o chão.

—Eu não vou comentar com a tua mãe, e muito menos com o teu pai, fica descansada!- fiquei aliviada e ambos nós suspiramos de alívio. 

—Obrigada, tio Finn! - agradeço e dou-lhe um abraço.

—Tens sorte de ter sido eu a apanhar-te e não o teu avô, vocês pensam que podem andar para aqui aos beijos, aos apalpões e que nenhum professor tem olhos na cara, mas tanto eu, como outros professores já vos vimos imensas vezes! Tenham cuidado e assumam-se de uma vez. Falei com o teu pai hoje de manhã, pediu-me a ficha do Jonathan completa. - alertou.

—O meu pai é um exagerado! Acreditas que andou a perguntar ao Josh? - mostrei-me indignada e chocada ao mesmo tempo.

—Acredito, ele tem razões para estar preocupado, tu és demasiado inconsciente e fazes tudo para provocar, és como a KitKat e vê o que ela fez. Mas vocês têm que se decidir e assumir o que se passa de uma vez, namorados sabemos que não são, mas comportam-se como tal, contem de uma vez tudo porque ninguém pode ficar eternamente a mentir por vocês! - grande lição de moral a do meu tio.

—Nós vamos ver o que fazemos quanto a isso tio, obrigada por nunca teres dito nada! - sorrio e ele faz aquele nosso gesto de tropas que eu retribuo, e sai deixando-nos sozinhos.

—O teu tio é mesmo porreiro, ele sabe de nós e nunca disse nada, mas e agora que fazemos? - pergunta.

—Não sei, mas ele realmente tem razão mentir aos meus pais não é solução, mas neste momento não é NADA boa ideia rebentar a bomba lá em casa! - reflito sobre o assunto e nesse momento toca.

—Filosofia? - pergunto.

—Filosofia! - responde.

—Haymitch... - torcemos nada animados pela aula. Vamos para a sala e ele entra logo a seguir de nós.

—Bom-dia adolescentes com hormonas a fervilhar ansiosos por saírem desta sala apesar de terem entrado ainda agora! - e isto era o habitual. - Hoje é dia de dar o nosso ponto de vista do mundo em relação à sociedade, como tal podem começar a ler o primeiro capítulo todo e resumi-lo, o que não acabarem aqui, acabam em casa.

E assim foi passada a nossa estúpida aula, a resumir o primeiro capítulo, podia ser melhor? Tendo em conta que não o ouvimos muito, sim... foi ótimo!

E agora era a hora do almoço e como tal, eu, o meu irmão, a Willow e o estúpido do Cody comemos juntos, nem sei porque é que o Cody vem, ele devia estar com a equipa de basketball, não connosco!

Durante o almoço fiquei calada, o que o tio Finn tinha dito estava a martelar-me na cabeça e eu não conseguia parar de pensar na possibilidade de os meus pais descobrirem tudo o que eu faço no colégio. De repente dão-me um beijo no pescoço, o que me fez arrepiar.

—Olá baby - sussurra-me ao ouvido e eu mordo o lábio.

—Olá baby - ia dar-lhe um beijo mas nesse momento o Josh puxa-me para trás visto que o meu avô entrou com o tio Ryan no refeitório, ele devia estar a conhecer as instalações. -Obrigada Josh.

—Eu salvo-te sempre! - e por muito que eu quisesse negar, não podia porque era verdade, eu estava perdida se não fosse o Josh. Assim que eles saem definitivamente eu dou um beijo ao Jonas.

—Que estás aqui a fazer? Não devias estar com a equipa? - perguntei surpreendida e feliz por ele estar comigo.

—Dever devia, mas não estou porque não me apetece, preferi almoçar com a minha baby! - eu derreti-me toda e nós voltamos aos beijos.

—Ei, ei! É para comerem a comida, não para se comerem uns aos outros! - reclama o Josh e nós rimos. O resto do almoço foi muito animado, próxima aula era Inglês com a Enobaria, a professora vampira, isto porque ela tem dentes tão afiados e um olhar tão agressivo que acho que nos rasgava logo a garganta!

Assim que eu e a Willow chegamos à aula, ela já estava lá a acabar de pegar nuns papéis, e algo me diz que isto não vai ser nada bom. Assim que a turma toda chega, ela levanta-se da cadeira e caminha até à secretária, sentando-se nela.

—Ora bem, cá vamos nós à desgraça! Os vossos testes estão corrigidos e foram uma desgraça para muitos, algo que correu muito bem para outros - começou então a distribuir e quando chegou à minha vez e vi o teste ao contrário até fiquei satisfeita com o resultado, tirei B. - Mais uma vez a melhor nota da turma foi a da Willow, o Josh também teve um bom resultado, a Riley é o costume.

Estivemos a fazer a correção e assim que tocou fui para casa com o Josh, já que o Jonas tinha treino e eu também teria o meu, por isso tinha que me apressar para ir buscar as roupas.

Assim que chego a casa digo olá à Hazelle, que me disse ter-me preparado o saco e fui a correr para a academia, infelizmente os meus pais não podiam ir levar-me porque ficaram a trabalhar até tarde.

Mal chego vou para os vestiários troco-me e começo a alongar, estivemos a praticar a coreografia, já que havia umas elevações um pouco complicadas. Não vou ter mais treinos porque a D. Kate vai ter que fechar o estúdio porque tem que ir à sua terra tratar de uns assuntos familiares.

Volto para casa e tomo um banho, vestindo o pijama e descendo para o jantar, que já estava pronto.

—Senta-te Riley, agora que está toda a gente aqui, eu e o teu pai queremos explicar-vos os próximos dias - porque é que me cheira a mudanças? - Nós vamos ter que ir ao Canadá tratar de uma das coisas da empresa, vocês ficam em casa do avô Andrew, a Hazelle está de férias porque vai tomar conta da irmã ao hospital, por isso estão por vossa conta. 

—Ok - assentimos todos e foi aí que me veio uma luzinha à cabeça, mas não vou dizer nada, se for para enganar é o avô Andrew.

—Sendo assim, como correram as aulas? - perguntam todos contentes, é um hábito cá em casa falarmos sobre os nossos dias.

—MAL! - pronunciamo-nos eu e o Josh.

—O meu dia correu bem, recebi o teste de ciências e tirei um A+ e depois houve um menino que disse que eu era bonita! - fica radiante a Bella, tipíco.

—Correu bem, aulas e aulas e aulas sem fim! - responde o Connor.

—Isso é ótimo querida! - sorri a minha mãe.

—Filho, a escola é assim! - explica pela enésima vez o meu pai.

—E NINGUÉM QUER SABER DE NÓS? O NOSSO DIA FOI PÉSSIMO! - reclamamos em uníssono.

—Que se passou? - resmunga impacientemente o Tobias.

—Primeiro o nosso professor de espanhol é o nosso tio, depois o nosso avô é nosso professor, depois o nosso avô manda-nos resumir um capítulo todo e por fim recebemos o nosso teste de Inglês! - reclamamos.

—Quanto é que foi? - perguntam cautelosamente.

—B - respondemos em uníssono. - Mas é só com isso que se preocupam?

—Meninos bem-vindos à vida, é assim! - limitam-se a dizer-nos e ficamos obviamente chateados, e com razão!

Assim que o jantar acaba vai cada um para seu canto, eu vou dormir, porque estou cansada, e assim que me deito, caio num sono profundo.

Continua...