Death Tricks escrita por Midnight


Capítulo 4
The Purity of a Child


Notas iniciais do capítulo

Puppy, és a única razão pela qual continuo a postar esta história ♥
Obrigada :3

Boa leitura ^-^



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Going to Hell - The Pretty Reckless (acoustic)

Capítulo 3:

O olhar atento de Lyra pousava no conjunto de garrafas ordenadas por sabores sobre o armário de cadeira de carvalho da pousada. Embora ela parecesse entretida a admirar as garrafas, a sua total atenção estava na conversa de dois homens ao seu lado que a interessava particularmente pela simples menção de um nome conhecido por poucos: Anne. 

O Rei tinha muitas amantes, isso não era segredo, mesmo o mais ignorante dos camponeses sabia disso, porém o nome da moça era um segredo, o que levou Lyra a chegar à conclusão que aqueles eram guardas e não quaisquer guardas, eram membros da Guarda Real. Sentiu-se sortuda com vontade de sorrir, mas a sua neutralidade predominava na sua face. 

— Moça, está tudo bem? Está um pouco pálida —  uma funcionária da pousada dirigiu-se a Lyra, mostrando alguma preocupação pelo seu bem estar. 

Reparou que aquela afirmação não chamou a atenção de quase ninguém na estalagem, exceto a dos dois guardas que interromperam a conversa para a olhar. 

— Estou bem, apenas cansada e um pouco preocupada.  —a sua voz transbordava exaustão e melancolia, o que originou um olhar de pena na cara da estalajadeira que acenou e virou as costas voltando a executar a sua função atrás do balcão. 

Entretanto, os guardas retomaram a sua conversa. 

— Jayden, não deixes que isso te afete... Ela fê-lo porque assim quis, nada a fazer agora... — falou um. 

Ele aparentava ter cerca de vinte e cinco anos pela expressão de um jovem e o corpo bem desenvolvido fisicamente. A sua barba deveria ter uns dois dias e ela dava um destaque aos seus lábios de um tom vermelho indiano. Os seus cabelos de um loiro escuro não eram propriamente curtos, porém não eram longos nem algo que se pareça, eram da medida perfeita para o tornar ainda mais atraente. Por fim, os seus olhos eram de um verde lindíssimo e intenso realçados pelo tom de marfim da sua pele. Tudo nele o fazia extremamente sensual. 

— Eu... não posso esquecer aquilo que vi, Ace... Ela nem me permitiu ajudá-la, só... saltou. — Jayden respondeu, exausto e angustiado. 

Por frações de segundos, Lyra demonstrou uma reação de espanto ao perceber que aquele não era apenas um membro da Guarda Real, era portanto o líder, aquele que testemunhou diretamente a interpretação de Juliet. 

Tentar algo com ele seria absolutamente imprudente e estúpido, nem mesmo ela teria qualquer hipótese. Ela sabia disso. Além disso, sendo ele o líder, ele deveria ter uma inteligência mais avançada que a maioria dos homens que foram seus alvos. Disso ela não tinha dúvida. 

— Talvez ela gostasse mesmo do Rei... Embora isso só a faça estupidamente ingénua. — sugeriu Ace, não muito confiante da hipótese que pôs em causa. 

— Antes de ela saltar, ela falou em algo... sobre as coisas nunca acabarem bem para o lado dela. Algo me diz que ela não estava a falar do Rei. — Jayden respondeu, com uma voz baixa e reticente. 

Um momento de silêncio entre ambos foi partilhado e foi através dele que Lyra pôde ver que o orgulho de Jayden estava realmente despedaçado. Embora essa informação não mudasse uma vírgula no emocional de Lyra, ela levaria em conta que o tornaria muito mais atento, levando-a a pensar em agir mais cautelosamente. 

Questionou-se se deveria iniciar a conversa ou se o faria começar uma conversa, cogitando todas as possíveis abordagens. Porém, repentinamente, sentiu uma excessiva dor no peito que se intensificava cada vez que o ar raspava nos seus pulmões, obrigando-a a tossir freneticamente durantes uns momentos. Todos a olhavam, porém quando umas gotas de sangue escaparam da sua boca, muitos desviaram o olhar com certo nojo. Quando finalmente as suas forças se esgotaram, ajoelhou-se, até que a garganta lhe doía devido à veemência da tosse. Quando começou a desesperar pela dor, sentiu, por fim, uma mão no ombro e outra a afastar-lhe os cabelos da boca, para que estes não ficassem ainda mais manchados com sangue. 

A tosse parou, porém o olhar de Lyra não se atrevia a desviar do chão daquela madeira rugosa e escura, com receio de ver quem a havia ajudado. A sua garganta ardia e sentia que se falasse, faria ainda pior. Já havia desistido do plano, cogitando se deveria, talvez, executá-lo num outro dia. 

— Estás bem? — a voz, que reconheceu como sendo a de Ace, questionou, mostrando o mínimo de preocupação. 

Provavelmente era a sua função ajudar os civis, contudo, embora ela não o estivesse a olhar diretamente, ela sentia o olhar dele analisá-la. 

Ace reparara que as suas roupas eram simples, como as de uma camponesa qualquer, porém o rosto daquela moça, mesmo pingando gotas de um líquido viscoso vivo, portava uma beleza rara, superior à da maioria das nobres que ele conhecia nos distritos mais luxuosos. 

No chão estavam as gotas de sangue e no chão repousava o olhar de Lyra, que não respondia ou sequer pensava. A sua mente estava vazia, perdida num lugar desconhecido sem saber se voltaria alguma vez à realidade. 

— Moça — Ace agora dirigia-se para a estalajadeira que olhava Lyra com uma certo desgosto, pela sujeira. — Será que ela se poderia deitar numa das camas por uns momentos? 

A mulher mostrou-se hesitante, porém sabendo que aquele pedido provinha de um guarda de alto escalão, acabou por ceder. 

Ace segurou-a na cintura e ajudou-a a levantar-se do chão, guiando-a até ao quarto indicado. Auxiliou-a a deitar-se nas camas, porém ela prontamente se sentou, olhando as suas mãos cobertas de sangue. Os seus cabelos estavam por todo o lado, estando alguns agarrados aos seus lábios avermelhados. Ele olhara-a nos olhos daquele verde jade tão intenso... Ela parecia uma pérola valiosa no meio de milhares de pedras, que ocultavam o seu verdadeiro valor. 

— Será mesmo apenas preocupação? — Ace questionou, sério, enquanto se sentava na mesma cama perto dela. 

Lyra havia acabado de voltar à realidade, um pouco perdida e sem saber o que dizer. Limitou-se a acenar com a cabeça, tornando a comunicação difícil, até que percebeu que nem tudo estava perdido e que necessitava de manter aquela conversa. 

— E não há nenhuma solução para ela? — ele insistiu no assunto, o que obrigou Lyra a agradecer mentalmente ao universo que, pela primeira vez, parecia estar do seu lado.

— Se houver, é inalcançável... — a sua voz estava rouca e ela sentia dor ao falar, embora isso apenas tenha realçado a sua postura soturna e exausta. 

Ele olhava-a fixamente, sem qualquer tipo de discrição, em perfeito silêncio. 

— Eu tenho que sair daqui... — ela murmurou, com a voz embargada pelo choro que ela estaria prestes a inventar. 

— Daqui? Da capital? — ele retorquiu. 

O rumo da conversa já ia segundo o que Lyra pretendia, então ela finalmente deixou uma lágrima escapar, tão falsa como a sua pessoa. Captando ainda mais a atenção do guarda, ela continuou a murmurar desesperadamente, desta vez soluçando: 

— Eu... eu e os meus irmãos viemos à capital, porque só aqui existe um medicamento para a nossa mãe... — mais lágrimas caíram dos seus olhos e elas eram uma mera prova do quão boa mentirosa ela era. 

— O que tem a vossa mãe? — Ace perguntou. 

Ele mostrava-se curioso, porém não havia qualquer sinal de pena ou de compaixão. O que para ela não fazia qualquer diferença, desde que ele colaborasse. 

— Ela está doente... Brevemente morrerá se não lhe levarmos o medicamento... Viemos à capital e conseguimos o medicamento mas... — ela fez uma pausa, tanto para dramatizar o ambiente como para descansar a garganta que ainda ardia. 

— A cidade está fechada... — Ace concluiu a frase, observando-a acenar lenta e angustiadamente. — Talvez eu te possa ajudar — ele sugeriu, mostrando muito interesse na sua história, embora ela soubesse que o interesse não estava na história dela e sim em algo diferente. 

— Ninguém me pode ajudar — ela retorquiu com ainda mais desespero na voz, também fingido. 

Encostou a sua cabeça na madeira da parede, chorando ainda mais lágrimas de crocodilo. 

Ace aproximou-se dela e colocou os cabelos que turvavam a beleza dela atrás da sua orelha. O movimento foi lento e extremamente sedutor, já que os seus olhos a olhavam sem desviar por sequer um segundo, permitindo-a mergulhar naquele tom de verde tão vivo quanto a luxúria na vontade dele. Aquela aproximação poderia denunciar todas as mentiras por detrás do verde dos olhos de Lyra e ela temia isso. 

Ele quebrou a corrente de ambos os olhares ao se aproximar do ouvido dela e sussurrar: 

— Eu tiro-te daqui... Só tens que me provar que tudo isso é verídico. 

Ele sorriu, arrepiando todos os pelos do corpo de Lyra. Aquele era um sorriso cheio de luxúria com uma completa e pura intenção de a provocar, de afetar todos os seus estímulos sexuais... Porém Lyra era excelente e mesmo sentindo toda aquela atração sexual do momento, ela conseguiu representar perfeitamente a ingenuidade de uma criança pura, cândida, inocente, oferecendo-lhe um olhar tão esperançoso como o de uma criança prestes a comprar uma guloseima qualquer. 

— Eu tenho uma carta do médico da minha cidade, além disso, o Doutor Cameron também poderá confirmar a doença da minha mãe. Eu encontrarei mais provas, apenas, digai-me o que tenho que fazer. 

Ace sorriu e o resto da conversa resumiu-se na entrega de vários dados acerca dela e da viabilidade da sua história, incluindo a morada da sua mãe. Além disso Ace ainda lhe disse para ela ficar ali naquela noite, pois ela necessitava de descanso. Porém a meio da noite, ela já não estava lá, mas sim de regresso à gruta, onde Juliet e Angie dormiam enroladas em cobertores finos e frios no chão. 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado x.x
Até ao próximo :)



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