Death Tricks escrita por Midnight


Capítulo 3
A Way Out


Notas iniciais do capítulo

Obrigada por comentares Puppy c:
Boa leitura :)



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Pain - Three Days Grace

Capítulo 2:

Com uma enorme dor e com toda a extensão do seu braço à mão coberta de sangue, Juliet sentiu alívio por ter resultado. Respirou fundo e mais uma vez olhou a sua mão. A pressão que a corda enrolada na sua mão exercia nesta era imensa a ponto de a fazer ficar com uma coloração roxa. A corda áspera havia praticamente rasgado todo o seu braço, deixando um rastro de sangue em toda a sua extensão.

Motivada pela adrenalina e segurando firmemente a corda em que se apoiava, levou os pés à rocha escorregadia e húmida. Ao seu lento ritmo, foi escalando o precipício até ouvir a melodia do riso que já lhe era tão familiar. Assim que, com as suas mãos, sentiu a base da saliência de onde provinha a voz que ouvira, ouviu umas quantas gotas de água cairem sobre a sua mão e obrigou-se a exercer força nos braços, mesmo que isso lhe causasse muita dor. Com os pés bem assentes no chão, deitou-se ali mesmo, observando o teto de pedra que deixava umas quantas gotas de água por ele escorrer.

— Já ouviste falar em “usar a porta da frente”? — a voz irónica de Lyra ecoou pelo local.

Juliet olhou para a moça que estava como sempre a conheceu: singelamente bela. Os seus cabelos tinham uma tonalidade de preto brilhante que refletia a luz ao longo dos caracóis. Os seus olhos, sempre cautelosos, tinham a mesma coloração indefinida que variava entre o verde da relva e o azul petróleo. A contrastar com o cabelo, tinha a sua pele nívea e sedosa com os seus finos lábios pêssego que formavam um delicado sorriso.

A tranquilidade de Lyra era óbvia, não só pelo facto de ela sempre se sentar no chão com as pernas cruzadas lendo descontraidamente um livro, como também pelo facto da presença de Juliet não a obrigar a mover qualquer músculo.

— Que tal foi? — Juliet perguntou, curiosa, levantando-se do chão.

O olhar de Lyra manteve-se por longos momentos preso no livro até que resolveu responder:

— Parabéns. As lâminas estão limpas e o rei está morto assim como o seu reinado opressor.

Juliet permitiu-se sorrir e soltar uma provocação:

— Nem tu farias melhor.

Lentamente, Lyra fechou o livro e levantou-se, aproximando-se gradualmente de Juliet.

— Sabes bem que... eu sempre faria melhor. — afirmou, com o rosto extremamente próximo ao de Juliet, que estava tão concentrada em olhar Lyra nos olhos que nem reparou quando esta levemente lhe tocou na ferida do braço ainda aberta.

Juliet gemeu em resposta, lembrando-se então que estava naquele momento a perder uma quantidade enorme de sangue.

— Para começar, eu não teria uma descida até aqui tão trágica. — continuou, até que lhe sorriu docemente — Vamos para dentro cuidar disso.

O interior da gruta era incrível, embora a humidade daquele abismo por vezes tornasse o lugar desconfortável. Claro que era apenas um esconderijo temporário. Estavam na capital e como nenhuma casa é segura o suficiente para reunir um conjunto de mercenárias sangrentas; encontraram uma gruta no meio de uma floresta, com duas entradas. Uma, escondida por pelo menos duas espécies de trepadeiras, era a mais fácil de usar, já que a outra envolvia saltar um abismo e segurar-se a uma corda áspera e dolorosa ao toque.

Durantes longos minutos, Lyra cuidou do ferimento de Juliet que apenas pensava em como sairia daquela cidade. Estava cansada dela, era desinteressante e perigosa demais, principalmente agora, que não podia arriscar ser reconhecida em público.

— Não te preocupes, Juliet, primeiro esperamos que as coisas acalmem por aqui. Depois eu tenho um plano para sairmos. — Lyra, como se lesse pensamentos, falou com uma voz meiga.

— Desde quando lês pensamentos? — Juliet questionou, fingindo espanto.

— A tua expressão é tão óbvia que eu nem preciso de ler os teus pensamentos para os conhecer.

Juliet calou-se, olhando o chão, enquanto as delicadas mãos de Lyra aplicavam medicina no seu braço. Embora provocasse uma termenda dor, Juliet não se importava. Ela abraçava a dor. Nada daquilo era sequer comparável à forma de como se sentiu na presença de um rei tão sujo como aquele ou à forma de como se sentiu a vida inteira...

— No entanto, o meu plano foi realmente bom... — Lyra, percebendo os pensamentos obscuros que se apoderavam da mente de Juliet, falou convencida.

— Qualquer podia pensar num plano assim! — Juliet respondeu, sorrindo de forma infantil.

— Ah, é? Então por que não pensaste nele antes? — Lyra retorquiu, sentindo logo a vitória daquela discussão.

Juliet fez uma pausa até que mais uma vez sorriu. Não podia negar, estava feliz por ter terminado.

Entretanto, ouviram passos de alguém entrar na zona da gruta onde elas estavam. Angélica olhava-as orgulhosa, porém com uma certa preocupação.

Angélica vinha de uma pousada, onde ouvira rumores acerca da morte do rei e outros assuntos típicos da capital. Os seus cabelos de um tom loiro claro mas vivo estavam completamente despenteados, embora a beleza dela nunca pudesse ser turvada por tal detalhe, uma vez que os olhos, amendoados e delicados, azulados e serenos, eram suficientes para fazer dela uma mulher bela. Ainda mais, o tom de pele marfim destacava o coral dos seus lábios finos e graciosos.

Todas estavam lá para garantir a morte do rei que fora requisitada por muitos clientes e as três juntas formavam uma boa equipa. Todas belas, todas habilidosas, todas mentirosas... O tipo perfeito de mulher para tais missões, sem qualquer necessidade de sujar uma lâmina, usar qualquer ingrediente para um veneno, ou desperdiçar qualquer flecha num corpo...

— O plano não podia ter corrido melhor — ela falou, sorrindo. — Fingir ser amante do Rei para ter fácil acesso a documentos confidenciais... Então divulgá-los e deixar os tribunais e o povo lidar com o resto. Sim, brilhante!

— Já acabou? Podemos voltar? — Juliet inquiriu, com uma voz exausta e com um receio de ter de ficar mais um minuto na capital.

Com um olhar reticente, Angie sentou-se ao lado delas e Lyra, que já havia acabado de cuidar do ferimento de Juliet, prestou atenção na conversa de ambas.

— Eles suspeitam que alguém roubou aqueles documentos confidenciais... Já estão a fechar a cidade e qualquer pessoa que tente sair é suspeito e será interrogado.

Juliet olhou-a indignada, porque ela nem poderia sair daquela maldita gruta por vários dias.

— Pode ser qualquer guarda! Por que eles não deixam sair? Uma pessoa do povo nunca teria acesso ao castelo. — Juliet exaltou-se.

— Os guardas também não podem sair... — Angie respondeu.

Lyra ouvia tudo atentamente e calada, esperando que elas sozinhas chegassem a uma conclusão. A sua preocupação era nula, na verdade tudo nela transbordava tranquilidade. Resolveu falar apenas quando ambas as moças a olharam pedindo por um milagre.

— Esperamos uma semana, depois saímos — falou simplesmente.

— O quê?! — Juliet e Angie questionaram simultaneamente.

Mais nada disse, apenas sorriu. Juliet sabia que ela tinha algo já planeado, mas Angie tinha a mente fechada, não vendo como sairiam da capital em uma semana.

— A cidade deverá permanecer fechada por mais de um mês, como julgas fazer isso? Vais incriminar alguém? — Angie mostrava raiva e principalmente receio.

Lyra continuava a rir baixo, de forma irónica, e mesmo na sua verdadeira personalidade ela era das mulheres mais bonitas e sedutoras que haviam conhecido.

— Nós somos mulheres, seres inofensivos cuja função é engravidar, cuidar da casa e das crianças. Seres inferiores como nós nunca teriam qualquer capacidade de assassinar alguém tão poderoso como o Rei.... — Lyra respondeu num tom puramente sarcástico e cheio de nojo e repugnância pelo machismo da sociedade.

A expressão de Angie aliviou-se percebendo onde ela queria chegar e também ela desejava sair daquela cidade a todos os custos e o mais rápido possível.

— Só precisamos de uma história digna de pena... — continuou.

— E a quem contaríamos essa história? — questionou agora Juliet, percebendo o plano, porém ainda receosa.

— Um membro da Guarda Real. — falou simplesmente, obtendo uma Juliet extremamente apreensiva.

— Vai à merda, Lyra, todos os guardas do rei sabem como eu sou, arruinaria tudo.

Lyra suspirou, já esperando uma reação assim.

— Posso continuar? Sem ser interrompida ou julgada? — obteve o silêncio de ambas — Eles não sabem como eu ou a Angie somos, nem sequer sabem quantas pessoas estavam envolvidas no roubo dos documentos, portanto só necessitamos da história que os fará sentir o mínimo de pena.

— E qual será essa história e como a provaremos? — Angie inquiriu, séria.

— Vocês não são sortudas? Eu já tinha tudo planeado... E amanhã começarei.

Outro sorriso sádico tomou conta dos lábios de Lyra enquanto ela contava o plano e tudo o que elas teriam que fazer.


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Notas finais do capítulo

:'(
Espero que alguém tenha gostado c:



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