Do alto da torre Eiffel o jovem Solomon observava o céu parisiense.

—Que bela noite. – Disse ele levando à taça de vinho a boca. – Não concorda comigo, Úrsula?

Perguntou para a estonteante jovem que o acompanhava.

—Realmente

Ele, levantando-se, ergueu a taça ao alto.

—O jogo está prestes a começar.

Úrsula o observava sorrindo.

—De que lado você ficará? – Perguntou ela lançando um olhar inquisitivo.

—Não me decidi, vejamos quem é digno.

***

Joseph tentava assimilar tudo aquilo.

—Eu... Eu o que?

Questionou levantando-se.

—Você carrega em si a essência de Gabriel. – continuou Raphael fazendo todos na sala ficarem surpresos. – Mas, entenda, não é que você seja uma espécie de reencarnação, você é você e Gabriel foi Gabriel.

Joseph estava completamente perturbado.

—Não...

Disse ele enquanto correu em direção à porta.

—Joseph, espere!

Gritou inutilmente Miguel indo atrás dele.

Raphael o impediu.

— Deixe-o.

Disse ele com certa preocupação.

— Ele voltará a nós.

Joseph corria madrugada adentro, podia ver pessoas que saiam de bares e casas noturnas.

Será que eles são humanos? Podem ser qualquer coisa!

Divagava ele loucamente, as palavras de Raphael martelavam em sua cabeça enquanto lembranças desagradáveis tomavam forma.

Quando passou em frente a um beco olhos o fitaram sem que ele percebesse.

Miguel estava preocupado.

—Precisamos ir atrás dele. – Falou enquanto caminhava de um lado para outro. – Ele é um alvo fácil agora.

Raviel balançou a cabeça em afirmativa.

— Miguel tem razão, Rapha. – explicou ele. – Pelo que Miguel disse Samael já tem conhecimento da identidade dele.

Raphael foi obrigado a concordar.

—Miguel, ele parece confiar em você então, vá encontra-lo. – instruiu. – Quanto mais cedo ele compreender será melhor, o tempo não está do nosso lado.

Não precisou muito para que Joseph percebesse que estava perdido.

—Mas que droga, que brilhante ideia fugir como uma menininha!

Esbravejou ele.

O som de uma lata caindo ao chão o fez se virar.

—Quem é você?

Perguntou ele quando uma jovem de cabelos curtos o observava.

—Não te interessa quem eu sou.

Respondeu ela o analisando.

—Não tenho tempo para...

Joseph foi interrompido por uma sensação estranha, logo ele percebeu que não havia somente aquela garota ali.

—A carne dele parece ser apetitosa. – Falou um jovem saindo da penumbra. – O que você acha?

Indagou para a garota que surgia por outra viela.

—Assim que o matarmos saberemos.

Joseph percebeu que estava desarmado.

—A espada de Miguel. – Lembrou-se. – Porque não a trouxe.

A estranha garota que falara com ele alguns minutos antes se moveu depressa.

—Um exorcista que anda desarmado. – Debochou. – Você só pode ser um amador.

Finalizou ela sacando duas espadas que cintilaram sob a luz dos postes.

—A propósito, esses demônios são Ghouls.

—Você é uma exorcista?

Perguntou ele surpreso.

—Bingo!

Exclamou ela partindo para cima de uma das criaturas.

—Você vem a nós dessa maneira... – disse o garoto desviando do primeiro golpe. – Não subestime seus oponentes!

Exclamou ele movendo-se rapidamente atingindo a garota com um soco.

Os dois começaram uma luta frenética onde a estranha presença tentava atingir a garota que desviava facilmente dos golpes.

—Cuide dela irmão. – Falou a outra avançando contra Joseph. – Eu cuido dele!

Os braços dela esticaram-se apertando o pescoço dele.

—Você é um imprestável! Como pode acabar com nosso companheiro tão facilmente?

Disse ela tirando-o do chão.

Joseph sentiu uma dor incomoda enquanto a criatura o estrangulava.

—Ei cara, aguenta ai, eu já estou indo! – Gritou a jovem exorcista, porém a sua distração custou caro, seu oponente a atingiu com um profundo golpe nas costelas.

—Sua vadiazinha, é isso que ganha por ser estupida!

A dor era atordoante, logo o sangue ensopou a sua blusa.

—Droga... Assim ele vai morrer...

Disse ela observando Joseph quase sem ar.

—Vamos ver que gosto você tem. – disse o seu algoz se posicionando sobre ela. – Deve ser deliciosa.

Disse ele aproximando-se do ferimento por onde o sangue jorrava, ela então sentiu a dor de uma mordida que dilacerava sua carne.

—Haaa! – Gritou ela enquanto o ghoul lhe tirou um pedaço de carne.

—Saborosa!- Gritou o demônio em êxtase. – Uma carne macia e de sabor inigualável!

Joseph sentia suas forças se esvaírem.

—Você é resistente. – disse sua agressora. – outros já teriam morrido.

Ele então olhou para a situação daquela estranha que tentou ajuda-lo.

É sempre assim, sempre as pessoas se machucam na minha frente, sempre morrem diante de meus olhos sem que eu faça nada...

—Guarde um pouco da carne dela para mim irmão, logo, logo este aqui estará morto também.

Disse o ghoul que o estrangulava.

Joseph sentiu a frustação se transformar em raiva, a lembrança dos pais mortos a sua frente, Gisele sendo agredida, tudo isso veio a tona despertando um estado de fúria no garoto.

—Vo... Vocês... – Começou ele enquanto algo começou a queimar em seu interior. – Eu... Eu vou... – disse ele segurando as mãos que o enforcavam. – Vou matar vocês!

Gritou ele explodindo sua energia espiritual, arrancando os braços da criatura.

—M... Mas o que...

Joseph interrompeu o demônio a atingindo com um soco.

A exorcista sentiu a pressão da energia de Joseph.

—Esse cara, quem é esse cara?

Disse ela espantada com tamanho poder.

—Irmã! – Gritou o outro ghoul correndo em direção à garota que Joseph atingirá. – Seu rosto.

Disse ele apontando para o rosto que se desfazia.

—E... Esse garoto... Não é um exorcista comum!

Exclamou ela enquanto o que sobrou de seus braços transformava-se em cinzas.

Joseph aproximou-se da exorcista.

—Agora pode dizer seu nome? – perguntou ele se abaixando.

—Eu... Eu me chamo Inoue.

Respondeu ela sentindo a dor aguda.

—Vou pegar uma emprestada. – disse Joseph pegando uma das espadas. – Vou terminar isso e volto logo.

Disse ele caminhando em direção a seus alvos.

—Tome cuidado. – advertiu Inoue. – Ele são fortes.

Joseph não respondeu palavra, ele sentia poder fluir através de seu corpo, uma força nova e impressionante.

—Maldito, vou arrancar seus braços como fez com minha irmã!
Gritou enlouquecido o ghoul avançando contra Joseph a uma velocidade impossível de acompanhar com olhos comuns.

Eu posso ver.

Joseph calculou o golpe enquanto avançou em direção a seu alvo.

Agora eu posso ver!

Em uma fração de segundos, Joseph atingiu o seu oponente o partindo em dois.

—Irmão!

Gritou a outra enquanto o irmão tornava-se cinzas.

Joseph apontou a espada para a criatura.

— Quem te mandou.

O ghoul deu uma risada e avançou enquanto Joseph a partiu ao meio.

Inoue observava atônita o garoto que a minutos atrás parecia um mero inútil eliminar dois ghouls rapidamente.

—Quem... É esse cara?

Questionou ela enquanto a inconsciência chegou.