Inoue despertou em um quarto que mais parecia uma enfermaria improvisada.

—Onde estou, quem é você?

Perguntou assustada ao garoto que estava a frente dela com uma bandeja.

—Essa é a casa de um amigo. – Começou Joseph. – Ele nos encontrou ontem, cuidou dos seus ferimentos e também mandou te dar comida.

Finalizou ele com palavras rápidas.

Inoue lembrou-se dos ghouls e de como fora abatida.

—Você deu cabo deles, cadê minhas armas?

Joseph apontou para a mesa ao lado onde as espadas e o que sobrou da blusa suja de sangue estavam.

Inoue então pode analisar que dos seios até a barriga haviam faixas, e isso a fez ruborizar.

—Me diga que este seu amigo é uma mulher.

Joseph riu.

—Não ele não é. – Explicou ele. – Mas também não tem esse tipo de desejos.

Ela não compreendeu muito bem, mas decidiu acalmar-se.

Joseph posicionou a bandeja para que ela pudesse comer.

—Obrigada. – disse ela enquanto levava o café a boca. – Porque está cuidando de mim?

Questionou ela sem olhar para ele.

—O inimigo do meu inimigo é meu amigo. – respondeu ele olhando através da janela. – Digamos que sigo essa lógica.

—Nunca vi um exorcista inexperiente lutar daquela forma.

Continuou ela.

Joseph soltou um suspiro.

—Acontece que não sou, digamos, um exorcista. – Explicou ele com olhos estreitos. – Antes fosse isso, simplesmente descobri a existência desse mundo a menos de uma semana e já estou mergulhado nele...

O garoto parecia triste.

—Talvez eu esteja envolvido nisso desde que nasci.

Finalizou ele levantando.

—Onde vai? – Perguntou Inoue. – Esse lugar é seguro?

Joseph levantou-se e foi em direção a porta.

—Estamos no interior. – falou ele. – Depois que estiver recuperada pode ir, se quiser.

Ela o encarava.

—Se precisar, estarei no jardim.

Finalizou ele saindo do quarto.

Caminhando pelo corredor do sitio, Joseph encontrou Miguel em uma janela.

—Obrigado por ir encontrar a gente. – falou ele encostando-se na parede. – E me desculpe pela infantilidade.

Miguel havia encontrado os dois logo depois de Joseph ter eliminado aquelas ameaças.

—Joseph. – Falou ele olhando-o nos olhos. – Resolvi mudar para cá por sua segurança, Samael vai te caçar como quem caça um animal...

Miguel deu uma segurada.

—Sei que é difícil ter de deixar seus amigos, sua casa, mas entenda que agora você é um alvo para as forças demoníacas.

Finalizou enquanto Joseph escutava atentamente.

—Agora eu entendo. – disse ele. – Miguel, preciso que me ensine a lutar, quero dominar esses poderes.

Disse ele determinado.

—É exatamente o que vamos fazer.

Respondeu ele.

—Quando? – Indagou Joseph.

—Agora!

Exclamou Miguel enquanto acertou um soco em Joseph o lançando pelo imenso jardim.

—Ficou maluco Miguel!

Gritou Joseph, foi então que Miguel avançou contra ele furiosamente.

—Vamos defenda-se! – disse enquanto golpeava o garoto que tentava esquivar-se.

—Como, sabe que eu não consigo!

Gritou Joseph quanto Miguel o atingiu com um chute tão forte que arremessou contra uma arvore, fazendo o vegetal cair.

—Você já derrotou três demônios. – explicou Miguel. – Sabe lutar, só tem receio.

***

Alex, não saia do quarto a dias, mantinha as cortinas fechadas e habitava na mais profunda escuridão.

—Deus... – disse ele debilmente. – Você me abandonou.

Começou ele enquanto caminhava até a sala.

—Do que me adianta crer em um Deus que tirou tudo de mim!

Gritou ele esmurrando a parede que começou a rachar devido a força.

—Me tirou meus pais! – continuava ele quebrando os corrimões da escadaria.

—Me tirou minha irmã! – gritou ele enquanto socou o chão abrindo um buraco nele.

Então seus olhos encontraram a foto de Joseph e ele no orfanato.

—Agora até Joseph me abandonou...

Finalizou lançando-se ao chão.

—Vê como ele é egoísta?

Disse Caim aproximando-se dele.

—Você, você sabe que voz é essa que perturba meus sentidos não sabe?

Falou Alex em tom ameaçador.

—É a sua própria voz, Alex. – disse ele abaixando-se.  – Ou devo dizer, Samael.

***

Miguel continuava arremetendo contra Joseph.

—Vamos, me mostre aquele poder!

Gritou ele disparando uma esfera de energia, Joseph então desviou-se por pouco e pode ouvir o estrondo da explosão.

—Você quer me matar Miguel?

Perguntou ele desesperado.

Inoue levantou-se e foi até lá fora para ver o que acontecia e assustou-se ao ver Miguel atacando o garoto.

—Ei! – Chamou ela. – Tem certeza que ele é seu amigo?

Miguel acertou uma sequência de socos em Joseph o derrubando ao chão.

—Já chega Miguel.

Disse Raphael para o amigo.

—Se prosseguir realmente vai acabar com ele.

Ali no chão, Joseph sentia o amargo da derrota.

Sou mesmo um inútil.

Resmungava para si.

Como vou proteger alguém se nem consigo lutar?

Foi então que as palavras de Miguel vieram a sua mente.

“Assim que descobrir a chave, segure a memorize a maneira de usa-la...”

A chave...

Pensou ele tentando recordar-se, lembrou-se de Elisa e de como ela precisava de ajuda.

Ajudar?

E então tudo fez sentido.

—Miguel...

Começou ele levantando-se.

—Se lembra de como despertei minha energia espiritual? – Perguntou enquanto uma pressão chamou a atenção de todos.

—Agora vai ficar interessante. – disse Raviel rindo. – Aposto que o garoto vai fazer Miguel beijar a lona.

Joseph explodiu sua energia espiritual, isso fez com que as pedras começassem a soltar-se.

—Esse cara... – começou Inoue aterrada. – Eu nunca vi um exorcista com tamanha massa de energia!

As palavras de Joseph voltaram a sua mente, “não sou bem ao certo um exorcista, antes fosse...”

—Quem é você Joseph?

Miguel estava abismado.

—Entendeu agora? – perguntou ele se posicionando. – A chave para seu poder?

Joseph avançou contra ele.

—O desejo de ajudar alguém!

Gritou acertando uma cotovelada em Miguel que por sua vez atingiu a casa com grande estrondo.

—Incrível. – Disse Michael. – Eu nem mesmo vi ele se mover até atingir Miguel.

—Eu te disse que as coisas iam ficar interessantes.