Perdidos escrita por Sohma


Capítulo 5
Mariara




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— Ótimo! — Deise gritou irritada lançando seu olhar para Amanda. — Graças à você nós estamos perdidos!

— Ah, claro né fofa. Agora estamos perdidos! E antes sabíamos totalmente onde nós estávamos, certo? — a loura respondeu irônica, cruzando os braços num gesto óbvio que sarcasmo.

— Mas eu prefiro ter seguido a Amanda do que ter virado comida de jacaré. — Guilherme respondeu, arrumando a lente dos grandes óculos.

Wesley ficou quieto, sua mão coçava o queixo num gesto pensativo. Havia estranhado aquele rosnado, aquilo com certeza não era um jacaré. Mas achou melhor se manter quieto, não queria deixar seu grupo ainda mais assustado.

Um ronco alto foi ouvido, assustando as garotas, que num gesto repentino se abraçaram ao mesmo tempo em que gritavam baixo.

Guilherme cobriu a barriga com as mãos, ficando com o rosto corado.

— É meu estômago... Estou com fome. — o garoto assumiu ser o responsável pelo barulho. As garotas entreolharam-se, desfazendo aquele abraço repentino.

— Alguém trouxe alguma comida na mochila? — Wesley finalmente se pronunciou, abrindo a sua, remexendo no fundo da mesma, procurando alguma coisa.

— Não. — Deise negou, revirando sua mochila.

— Também não. — desta vez foi Amanda. — Normalmente é a Nathália que lembra de trazer essas coisas.

— Pelo menos a Nathália serve pra alguma coisa. — Deise alfinetou a colega, que se limitou a lançar um raivoso olhar para a morena. — O pior é que também estou com fome. — a garota tocou levemente sua barriga.

— É melhor ficarmos calmos...

— Você diz pra gente ficar calmo, mas nós temos motivos de sobra pra ficar em pânico! — Guilherme interrompeu Wesley, levantando os braços num gesto de desespero.

— Se o Thiago e a Nathália estivessem aqui nós não estaríamos passando por essas coisas! Já teriam nos achado! — Deise comentou alto.

— Desta vez tenho que concordar com a Dê! — a loura apontou um dedo para a morena. — Thiago já teria montado uma fogueira e a Nathália teria comida e água.

— Será que eles estão bem...? — Wesley pensou alto. — E quanto ao Henri? Será que ele está com eles? — o rapaz ficou pensativo, coçando o queixo. — Mas espera... Lembrei de uma coisa! Guilherme você pode nos ajudar! Você pode falar qual caminho seguir! — Wesley pareceu se animar, enquanto segurava os ombros do amigo, o chacoalhando.

— Eu? — Guilherme indagou alto. — Como eu posso ajudar? — continuou perguntando afobado.

— Ué, você falou lá atrás. Corpos celestes, pontos cardeais e tudo mais... — Amanda pareceu lembrar também, aproximando-se mais do grupo.

— Ah... — ele pareceu constrangido. — Eu disse que podíamos usar isso... Mas eu não sei como fazer. Apenas li sobre isso. — terminou a explicação por fim, envergonhado.

— AAAARGH! ESTAMOS PERDIDOS! — a voz de Amanda e de Wesley berraram em uníssono. O rapaz acabou perdendo sua calma, explodindo.

— Sem pânico! — Deise e Guilherme responderam juntos.

Um barulho vindo dos arbustos chamaram a atenção dos alunos, virando os corpos num gesto brusco. Logo, um silêncio mórbido se formou, fazendo com que o único som ouvido fosse a respiração dos amigos. Deise deu um passo para trás, seu pé quebrou um galho, fazendo um som alto ecoar pela mata.

Um rosnado incomum foi ouvido.

E automaticamente, todos recuaram alguns passos. Tremendo de medo.

~~~

Henrique estava deitado no chão, cansado, seu corpo estava exausto. Levantou seu rosto levemente, vendo Nathália e Thiago se aproximando dele.

— Você está bem? — Nathália foi a primeira a se pronunciar. A respiração da garota estava descompassada.

— Você pensou bem! — Thiago elogiou o amigo. — Um jacaré de verdade não fica preso em atoleiro, mas uma coisa daquele tamanho não tinha chance!

Henrique apenas acenou a cabeça, ainda tentando normalizar a respiração. O rapaz virou o rosto, encarando a garota que estava parada numa árvore, cobrindo o corpo nu. Seguindo o olhar do amigo, Nathália e Thiago encararam a garota nua. A aluna foi a primeira a soltar um leve grito agudo, retirando a mochila de suas costas, pegando uma muda de roupas.

Thiago ficou alheio aquela cena. Seus olhos não desgrudavam da garota, ele estava encantado. Nunca vira uma garota como ela.

— Quem é ela? — as palavras deixaram a boca de Thiago.

— Também não sei quem é ela. A encontrei caída no chão, ali atrás. — Henrique respondeu calmo, voltando a consciência.

— Minhas roupas ficaram um pouco apertadas, mas é melhor do que você ficar nua. — Nathália avisou calmamente para a garota, levantando-se do chão. — Como você veio parar aqui? Você também é da fazenda "Bastos de Mello"? Está perdida...?

— Perigo! — a garota gritou alto, interrompendo Nathália. — Não parem! Nós temos que continuar correndo! Temos que...

— Calma! — Henrique interrompeu a misteriosa garota. — O que está acontecendo...? Ah... É, qual seu nome? — o aluno indagou repentinamente, observando a garota.

Thiago nada comentou. Continuava estático. Hipnotizado pela beleza daquela mulher.

— Eu... Eu... — ela balbuciou confusa. — Meu nome... é... Mariara.

— Um nome tão lindo quanto a dona... — Thiago falou baixo. Nathália ouviu as palavras, virando o rosto levemente, seus olhos encararam o colega. Um desconforto incomum tomou parte do corpo da estudante. Ela girou a cabeça, como se tentasse tirar qualquer coisa de seus pensamentos.

— Temos que fugir! Nós temos que...

— Calma, Mariara! — Henrique segurou os ombros da menina, olhando diretamente para ela. — O jacaré está preso, ele não vai...

— Não! — ela empurrou o rapaz, gritando cada vez mais alto. — Vocês não entendem! Aquela fera não é o problema! — Mariara se debatia desesperada. Henrique tentava controlar a garota, mas ela estava num estado deplorável. — Estamos todos em perigo! Por causa... — ela parou, enfraquecendo-se. — de alguém... muito pior. — a voz dela ficava cada vez mais baixa, até que ela por fim desmaiou.

Nathália e Henrique entraram em desespero, acudindo a garota misteriosa. Já Thiago continuava estático no mesmo local.

Uma figura ficava observando os pequenos grupos, vendo cada um de seus atos. Sua mão acariciava uma espécie de ave. Ele estava sentando num galho grosso, numa das árvores mais altas do Pantanal.

— Já está na hora desses estranhos aprenderem. — ele falava baixo. — Eles pensam que podem invadir meus domínios? Pensam que podem levar o que é meu? — ele indagava para si mesmo. — Eles podem ter escapado de um dos meus bichinhos, mas eu tenho muitos outros. Não é mesmo, meu Jabiru? — a criatura acariciava aquela ave estranha, que parecia uma cegonha, grande e selvagem. — Esses intrusos não vão fugir daqui. Nunca levarão Mariara para longe de mim. — terminou de falar, estalando os dedos.


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