Perdidos escrita por Sohma


Capítulo 4
Desaparecidos




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A contagem de alunos foi feita novamente, apenas para concluir que faltam exatamente sete alunos. Professor Octávio estava desesperado, durante a trilha não dera a falta dos alunos. O senhor virou o rosto, encontrando Raquel e senhor Marques, que se aproximavam com passos apressados.

— Algum sinal de fumaça? — Octávio indagou afobado, recebendo um leve aceno de cabeça de ambos.

— Cheguei a encontrar uma fumaça numa área mais distante, só que quando me aproximei, ela havia desaparecido. E ficaria impossível localizá-los assim. — senhor Marques explicou calmo.

— Nós precisamos encontrá-los, estão todos sob a minha responsabilidade! — o professor falava com medo, era mais que perceptível o temor em sua voz.

— Se acalme, senhor Octávio. Irei pedir que alguns funcionários vão pela nossa trilha, para procurá-los. — Raquel tentava confortar o professor, sem muito sucesso. O senhor de cabelos grisalhos estava desesperado. Precisava encontrar seus alunos o mais rápido possível.

~~~

— Como assim ninguém tem um isqueiro ou fósforo? — Amanda berrou indignada. — Nós precisávamos fazer uma fogueira para sermos encontrados!

— Mas nenhum de nós pensou que nos perderíamos! — Wesley defendeu-se.

— Por que está nos culpando, querida. Você também deveria ter trazido uma fósforo ou isqueiro! — ressaltou Deise, colocando as mãos na cintura, lançando um olhar superior para a colega.

— Normalmente é a Nathália que lembra de pegar essas coisas, eu não fiz a mínima questão de lembrar! — a loura respondeu, como se fosse algo super usual, o que ajudou a irritar Deise ainda mais.

— Parem de brigar! — Wesley intrometeu-se entre as garotas. — O que nós precisamos fazer agora é encontrar o professor, ou quem sabe a Nath, o Henri e também o Thi. — o garoto ressaltou, lembrando que o trio também estava perdido.

— E como você quer que a gente ande por aí sem se perder mais ainda? — Amanda berrou novamente, revelando sua fúria.

— Corpos celestes ajudam na orientação, e também podemos achar pontos cardeais pelo sol. — Guilherme finalmente se pronunciou, levantando a mão num gesto típico dele.

— Então vamos fazer isso... — Wesley pareceu mais animado, começando a andar no meio do mato.

— Espera! — Deise segurou o braço do colega, evitando que ele desse mais um passo. — Eu não arredo o pé daqui a menos que haja algum sinal de...

Um barulho de água soou alto, chamando a atenção de todos para uma lagoa mediana, que estava atrás de alguns arbustos. O quarteto ficou estático por um tempo, sem conseguir se mexer. Mas Wesley foi o primeiro a tomar coragem, e ir conferir o motivo daquele barulho. Quando abriu caminho no meio dos arbustos ele viu algo na lagoa que lhe chamou a atenção. A primeira vista parecia um simples tronco boiando na água, mas o rapaz era esperto, lembrava-se das palavras de Raquel durante a aula do dia anterior "os jacarés se camuflam de troncos para poder assim abocanhar suas presas", aquilo com toda certeza era um jacaré.

O rapaz assustou-se quando sentiu uma mão tocar em seu ombro, ele desviou o olhar, encontrando o rosto belo de Amanda. A garota focou o olhar naquela coisa, cerrando os mesmos, até que eles se arregalaram, reconhecendo.

— UM JACARÉ! — ela berrou, correndo para uma direção aleatória. — SOCORRO!

— Amanda, não sai correndo assim, a gente vai se perder mais ainda! — Deise começou a seguir a loira.

— Voltem aqui as duas! — Guilherme se adiantou, indo atrás das meninas.

— Voltem aqui! Não tem nenhum problema! — Wesley gritou colocando ambas as mãos na boca. Mas um grunhido alto e assustador fez o corpo do rapaz tremer, sem pensar em mais nada, ele começou a correr, seguindo os amigos.

A criatura que parecia um jacaré submergiu do lago, revelando outras duas cabeças do réptil, e um corpo humano misturado ao de jacaré. Seguindo um caminho aleatório

~~~

Thiago, Nathália e Henrique andavam pelas matas do Pantanal, O cansaço era visível no rosto no louro e da garota, enquanto o moreno continuava com seu ar alegre, aspirando de vez em quando o ar fresco que emanavam das plantas.

— Ah, eu tô cansado... Eu tô com fome... Eu tô...

— Você está distraído! — Thiago segurou o ombro de Henrique, puxando-o para trás, impedindo que o garoto desse mais um passo. — Você quase caiu nesse atoleiro! — o moreno apontou para um grande lamaçal na frente do amigo.

— Valeu... — agradeceu soltando um suspiro aliviado. — Mas é difícil se concentrar quando estamos perdidos num lugar horrível

— Não tem nada de horrível aqui. Aliás, se não estivéssemos nessa situação, este lugar seria o mais lindo do mundo. — Thiago comentou, mostrando para os amigos toda a visão do Pantanal, as grandes árvores e os lagos.

— Sem querer atrapalhar... — Nathália intrometeu-se. — Mas acontece que nós não estamos chegando a lugar nenhum.

Thiago pareceu ser puxado de volta para a órbita, e voltou a encarar o chão, estranhando uma coisa.

— E o mais esquisito é que a trilha está ficando fraca. Mais antiga! O mato já está até voltando ao normal. — o moreno coçava a barba que crescia, analisando a situação.

— Mas isso não faz sentido! Nesse caso, era como se alguém estivesse chegando onde a gente fez a fogueira. — Henrique se indignou.

— Ah, gente, falando na fogueira... A fumaça sumiu. — Nathália avisou, tentando procurar algum rastro.

— Mas isso é impossível! — o moreno quase gritou, extremamente surpreso. — Ela não poderia ter se apagado, não tão rápido! E sozinha...

— Nós temos que encontrar! — Henrique começou a entrar em desespero, correndo numa direção aleatória.

— Henri, se acalma! — Thiago tentou, mas o amigo já estava longe o bastante, e ele gritava cada vez mais alto.

Henrique corria desesperado, a respiração estava ofegante. Apesar de cansado, a adrenalina corria as veias do jovem, fazendo correr cada vez mais rápido. Mas ele logo se interrompeu, caindo de bunda chão, os olhos estavam arregalados, observando aquela criatura que com certeza não era normal. O que pareceu ser minutos para Henrique não se passaram de segundos, enquanto ele encarava aquilo. Começou a rastejar de costas, ao mesmo tempo em que aquela jacaré enorme de três cabeças urrava alto, um barulho assustador.

O grito ecoou da garganta de Henrique, no mesmo tempo em que a adrenalina voltou a correr pelo seu sangue, fugindo para qualquer direção.

Quando Thiago e Nathália apareceram no campo de visão do louro, ele apenas gritou enquanto corria:

— Fujam!

Quando os olhos da dupla encontraram a coisa que corria atrás de Henrique, automaticamente, começaram a seguir velozmente o caminho que acabaram de fazer. O som alto que saia da boca daquela criatura os fazia correr mais depressa.

Henrique estava por último, sentindo o corpo fraquejar. E por causa disso, alguma coisa segurou seu joelho, e novamente um grito fugiu de sua boca.

— Me ajude... — a voz feminina confortou um pouco o jovem, virando o rosto e encontrando uma garota caída no chão. Ela estava completamente nua, mas naquele momento, aquilo não pareceu incomodar Henrique. — Por favor... Me salve... Me tire daqui... Por favor... Eu te suplico...

Movido por alguma ação altruísta que nunca passou pelo seu corpo, ele segurou a moça desconhecida no colo, tentando correr, mas com o peso extra, ele não conseguia seguir na mesma velocidade de antes.

Como se uma pedra acertasse na sua cabeça, ele lembrou-se de uma coisa.

— Nathália pra direita! Thiago pra esquerda! — ele berrou o mais alto que pode. Vendo que os dois seguiram suas instruções.

Henrique continuou correndo, revezando seu olhar para a criatura e para o caminho na sua frente.

— Tomara que o lugar seja onde eu me lembro... — ele disse baixinho para si mesmo. Preparando o corpo para saltar. Deu um impulso forte, usando toda sua força, saltando sobre o atoleiro que haviam passado há pouco tempo atrás.

Ele parou, olhando para trás, vendo que a criatura caía sobre aquele atoleiro, debatendo-se, tentando levantar sem nenhum sucesso. Henrique suspirava aliviado.

Afinal, o que estava acontecendo?


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