Heartbeat escrita por nsbenzo
P.O.V Peeta
— Madge. Fala comigo. – pedi pela terceira vez.
A loira bufou antes de erguer os olhos em minha direção.
— O que você quer, Mellark? – indagou, repousando o sanduiche, que parecia ser seu almoço, sobre o prato de papelão que estava sobre a mesa da cozinha da delegacia.
— Preciso falar com você sobre a Katniss. – falei devagar, já esperando a sua reação.
— Não. – respondeu bebendo seu suco industrializado.
— Por favor. – pedi, puxando a cadeira a sua frente, e sentei.
Eu conhecia Madge como colega de Katniss há anos. Assim como conhecia Gale.
Gale. Um grande imbecil que sempre foi gentil com minha ex mulher, e que agora pude ver, que sempre deu em cima dela descaradamente.
Fechei os olhos e balancei a cabeça negativamente tentando afastar esse pensamento.
— Peeta? – Madge chamou, me fazendo erguer as pálpebras. – Você tem algum problema mental? – questionou, voltando a comer seu sanduiche.
— Talvez eu tenha. – suspirei apoiando as mãos sobre a mesa, entrelaçando meus dedos. – A Katniss e o Gale tem alguma coisa? – questionei.
— Aqui não é a sala de interrogatório. – respondeu. – E mesmo que fosse, você deveria saber que a melhor policial para interrogar as pessoas, daqui, sou eu. Então eu saberia sobreviver a algumas perguntas de um babaca, sem entregar as respostas. – desdenhou.
Respirei fundo e soltei o ar, sendo observado pela loira de olhos azuis.
— Não seja má comigo. – pedi.
— Para de ser idiota, Mellark. Você sumiu por quase dois anos da vida da Katniss, e agora quer saber se ela está com alguém? – disse com certa raiva. – E se estiver? O que você tem com isso?
— Você não entende... – respondi baixo.
— Deu de encurralar pessoas na cozinha? – a voz feminina me era conhecida.
Virei-me, podendo enxergar a esposa do meu amigo, parada a porta com um meio sorriso.
— Quanto tempo, Annie. – falei levemente desanimado.
Eu estava cercado por protetores da Katniss, que assim como ela, não entendiam nada sobre a situação.
Talvez por que eu não tenha explicado, mas isso fica para uma próxima conversa.
Levantei-me e andei até Ann, para cumprimenta-la com um rápido abraço.
Diferente dos outros, ela pareceu aceitar a aproximação tranquilamente, retribuindo o cumprimento.
— Sim. Quanto tempo, Peeta. Você desapareceu de casa. – lembrou. – Como anda a vida? – questionou soltando-me, para poder me olhar melhor.
— Bem. Na medida do possível. – respondi. – E acho que sumir foi uma boa, já que Finnick não anda sendo o presidente do meu fã clube. – zombei, passando a mão direita por meus cabelos.
Annie soltou um riso delicado, e olhou sobre meu ombro.
— Ele estava te importunando, Mad? – perguntou sorrindo docemente.
— Como se alguém fizesse isso. – respondeu soltando um riso curto. – Peeta quer informações sobre a Katniss.
Ann voltou a me olhar.
— O que quer saber? – perguntou.
— Devo confiar em você? – rebati.
— Não. – disse sincera. – Mas a Madge pode me responder essa pergunta.
— Eu realmente estou cercado. – murmurei. – Só perguntei sobre Katniss e Gale. Se estavam tendo alguma coisa. – expliquei.
— Não acho que seja da sua conta, querido. – Annie respondeu abrindo outro sorriso. – Mas se estiverem, acredite, ele a fará feliz. – ela passou a segurar as alças da sua bolsa com as duas mãos, deixando-a em frente ao seu corpo.
— Oi, linda. – Finnick disse ao se aproximar de Annie, abraçando-a por trás. – Por que não foi até minha sala? – perguntou, passando a cabeça sobre seu ombro, e depositando um beijo em sua bochecha.
Annie fechou os olhos por alguns segundos, e seu sorriso havia mudado para algo sincero.
— Desculpe, amor. Assim que entrei enxerguei Peeta. Vim cumprimenta-lo. – respondeu.
Finn soltou sua esposa e olhou diretamente pra mim.
— Que bom que está aqui. Precisamos conversar. – falou. – Nós três vamos almoçar. – determinou, indo em direção a saída.
— Isso foi um convite? – perguntei para Annie.
— Não. Foi uma ordem do seu novo tenente. – zombou.
~||~
— Cartas na mesa, Peeta. – Finnick falou, mantendo seu semblante sério.
Estávamos no restaurante fazia mais de vinte minutos. Nada havia sido dito até agora.
— Como assim? – questionei confuso, alternando meu olhar entre ele e Annie, que comia silenciosamente seu prato de salada.
— Você detonou a Katniss. Por que quer saber dela agora? – retrucou.
— Como sabe que...? – comecei.
— Você foi ao banheiro. – Annie me interrompeu.
— Ok. Tem sentido. – recostei-me na cadeira. – Eu sei que a forma que o nosso casamento acabou, fez parecer que a culpa foi completamente minha.
— E foi. – Ann pontuou, bebendo seu suco natural.
— Tudo bem. Eu sei que foi. – suspirei. – Mas eu a amo. – soltei a frase como se aquilo tirasse um grande peso do meu peito.
— Você ama a Katniss? – Finnick questionou. – Cara. Nós nos tratamos como irmãos desde os quinze anos. Eu conheço você. Ou achava que conhecia. – ele balançou a cabeça devagar em negativa. – Ela descobriu sua traição exatamente dois meses depois do mundo dela começar a desmoronar. E não foi uma surpresa só pra ela. Foi para todos nós. – confessou. – Saber disso acabou com toda a fé que eu botava em você. – Finnick respirou fundo. – Essa conversa deveria ter acontecido assim que Katniss descobriu, mas eu te odiei cara. Porque apesar de tudo, nós quatro nos tornamos uma família. E a Kat jamais mereceu o que passou.
Engoli em seco, permanecendo em silêncio.
— Logo depois você sumiu da nossa casa, talvez pela culpa. – Annie se manifestou. – Porém precisamos falar disso agora, já que você, além de aparecer novamente, vem dizer que ama minha amiga. – ela cruzou as pernas devagar. – Você não é mais criança, querido. Deve saber que para cada ação há uma reação. – Ann abriu um pequeno sorriso. – Não seria justo você se meter na vida dela agora.
— Vocês não entendem. – falei baixo, encarando a pequena porção de camarões que eu havia pedido como entrada, e que estava pela metade ainda.
— Então explica, merda. – Finnick se alterou.
— Calma, meu bem. – Annie disse, alcançando a mão que ele deixara repousada sobre a mesa. – Tente explicar, Peeta. – ela falou calmamente, olhando em minha direção, enquanto acariciava o dorso da mão de Finnick.
— Eu não posso. – falei frustrado. – Não agora.
Finn balançou a cabeça negativamente.
— Eu tento te entender, irmão. Mas não dá. – sua voz era mais tranquila. – E eu estou cansado de ter que agir como pai de vocês dois. – murmurou, antes de respirar devagar. – Só vou te pedir uma coisa. – seu semblante ficou mais sério.
— O quê? – perguntei.
— Fica longe da Katniss. Por favor.
— Mas eu...
— Você não tem ideia do estrago que causou na vida dela. – Annie me interrompeu. – Foram três meses de psiquiatra, até Katniss conseguir finalmente parar de chorar ao ouvir seu nome. Depois mais quatro meses para ela controlar o ódio que passou a sentir por você. Seu temperamento tornou-se explosivo e perigoso. Ela se tornou frágil. – algo em sua voz deixava-me mais angustiado ao ouvir cada palavra. – Suas almas estavam ligadas. Quando você causou tudo isso, você as desligou a força, fazendo com que Katniss sofresse mais, por não estar esperando ser sugada para esse abismo que você a encaminhou. – seus olhos verdes analisavam meu rosto. – Gale foi uma das pessoas que ajudou em sua recuperação, sendo um bom amigo, e esse é um dos motivos de você não ter nenhum direito de se incomodar com ele.
— Eu não traí a Katniss. – soltei rapidamente. – E não a deixaria pelo problema que surgiu. – passei a mão direita por meus cabelos. – Dói ouvir o que causei a ela. Dói saber que Katniss mudou por minha causa. Mas vocês precisam entender que eu não sou esse cara que pensam.
— Katniss recebeu fotos de você com outra, e quando perguntou, você não negou. – Annie franziu o cenho.
Olhei em volta, antes de voltar a encara-los.
— Assim que possível, eu prometo que falaremos sobre isso. Eu vou provar que nada disso foi culpa minha. – falei baixo. – Eu realmente amo aquela mulher, e também estou sofrendo com essa separação. Eu lutei contra isso durante esse tempo, porque era o melhor a ser feito. Mas fui obrigado a voltar para perto dela, e eu percebi que não dá mais para ficar assim. – coloquei-me em pé. – Eu sei que Katniss ainda me ama, e eu vou lutar por ela.
— Você não vai querer fazer isso, Peeta. – Finnick me encarava.
— Finn. Somos irmãos. Pense em tudo o que aconteceu. Veja se faz algum sentido, tratando-se de mim. – neguei com a cabeça. – Vocês dois me conhecem sim. Apenas não conseguiram enxergar as coisas, por passarem a me odiar também. – tirei dinheiro da carteira e joguei sobre a mesa. – Raciocinem um pouco, e depois conversamos.
Dei as costas para eles, caminhando em direção a saída do restaurante.
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