Heartbeat escrita por nsbenzo


Capítulo 3
Strange Day




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— Faça sentido, por favor. – pedi tentando manter a calma.

Dei alguns passos para trás, mantendo-me mais distante de Peeta.

Meu ex marido suspirou baixo, e passo a mão direita sobre seus cabelos que não pareciam tão loiros considerando o corte curto que ele usava.

Peeta estava nervoso. Suas reações diziam isso.

— Eu tive alguns problemas no Brooklyn. Meu tenente conversou com nossos superiores. Por isso estou aqui. – ele se moveu para ficar de lado e enxergar Finnick também. – A Katniss é citada como um exemplo de policial em várias reuniões. Você sabe disso, Finn. – Peeta comentou olhando o Odair. – Meu tenente disse que eu vim pra cá para aprender com ela. – finalizou a explicação cruzando os braços sobre o peito.

Descruzei os braços, deixando-os cair ao lado do meu corpo. Minha boca estava entre aberta, mas nenhum som saía.

— Por isso nossas equipes estarão juntas, como o Finnick disse. – ele olhou em minha direção. – E é por isso que você não conseguiria uma transferência.

— Você não pode estar falando sério. – murmurei mais para mim do que para ele.

Aquele dia não podia ficar mais estranho.

— Infelizmente estou. – Peeta falou descruzando os braços, e escondendo suas mãos em sua jaqueta.

— Eu vou me informar sobre isso. – Finnick se manifestou.

Peeta soltou uma risada sem humor, fazendo-me franzir o cenho.

— Verifique minha história, irmão. – ele pareceu levemente magoado. – Não é como se eu quisesse estar aqui.

— Claro que não. Não haveria motivos para querer trabalhar comigo. – soltei, engolindo o nó que havia formado novamente em minha garganta. Peeta me encarou, e algo passou por seus olhos. Algo que eu conhecia, mas não sabia exatamente o que era. – Mas estranhamente acredito na sua história. – prossegui, ignorando seu olhar que ainda estava em mim. Andei até Finnick, colocando-me ao seu lado. – Porém, já que eu serei o modelo que você deve seguir, tenho algumas exigências.

— Quais? – Finnick perguntou, já que Peeta havia ficado de frente para mim, em um completo silêncio.

— Peeta apenas falará comigo sobre trabalho. – ele ergueu a sobrancelha esquerda. – Afinal não temos mais nada além disso em comum.

— Katniss. – Peeta disse meu nome com a voz levemente rouca. – Não precisamos agir como se fôssemos estranhos.

— É por não sermos estranhos que estou agindo assim. – deixei minha voz soar firme. – Haverá mais exigências, mas por enquanto isso é o mais importante. – completei, passando por Peeta rapidamente, e me retirando da sala.

 

~||~

 

Com Peeta na delegacia, os três dias que se seguiram, pareceram ser os mais longos da minha vida.

Ele acatou minha única exigência citada na sala de Finnick.

Peeta havia se isolado dentro da sala, e eu mal ouvia sua voz, a não ser quando era necessário.

De certa forma, minha consciência havia passado a ignorar o que Peeta significava, e passou a raciocinar como eu devia agir dali para frente.

A história dele havia sido confirmada, por isso, em algum momento nosso contato aumentaria, quando nossos superiores notassem que ele estar ali, não estava fazendo diferença alguma.

— Ei, chefinha. – Gale me tirou do pequeno transe que eu havia entrado, invadindo minha sala de repente.

— Perdeu o juízo, Hawthorne? – ralhei com ele, soltando minha caneta azul sobre a mesa.

Gale soltou uma risada gostosa, antes de sentar à minha frente.

— Você fica muito linda quando tá brava. – brincou, segurando os braços da cadeira.

— Só quando estou brava? – entrei na brincadeira.

— Considerando que você vive com raiva... – apontou, sorrindo abertamente para mim.

— Você é um ridículo. – revirei os olhos. – E um folgado. – acusei. – Quem te deu o direito de entrar sem bater?

— Larga mão de ser assim, princesa. – Gale ainda sorria quando curvou-se para a frente. – Se isso te serve de consolo, tenho um grande pote de sorvete pra você.

— Sorvete? Não vejo nada em suas mãos. – argumentei, analisando-o.

— Está no restaurante onde vamos almoçar. Te encontro lá fora em exatamente dez minutos. – ele se levantou. – Se você não aparecer, te carregarei no colo.

— Você é um abusado. – acusei.

— E você é uma linda, princesa do gelo. – Gale riu com a própria piada, enquanto caminhava em direção a porta. – Dez minutos. – repetiu, antes de se direcionar para fora.

— Cara sem noção. – disse para mim mesma, ao começar a desligar o meu computador.

— Falando sozinha, Katniss? – a voz de Peeta me fez dar um pulo, antes de erguer os olhos para poder vê-lo.

Ele tinha o ombro direito encostado no batente da minha porta. Seus braços estavam cruzados sobre seu peito, o que, somando com seu semblante, fazia parecer um cara cheio de marra.

— E por que isso te interessaria? – rebati, erguendo a sobrancelha direita. – Isso tem a ver com alguma operação policial? – questionei ácida.

Peeta descruzou os braços e entrou, fechando a porta atrás dele.

Antes que eu pudesse reclamar da sua ousadia, ele resolveu me responder.

— Na verdade não tem. E você e Gale? Tem a ver com alguma operação policial? – rebateu no mesmo tom que eu usara antes.

Coloquei-me em pé. Meus olhos estavam semicerrados, e minhas mãos fechadas ao lado do corpo.

— Primeiro, Gale é meu amigo. Segundo, eu não devo explicações a você. Terceiro, minha única exigência foi para que você não dirigisse a palavra a mim, se não fosse sobre nosso trabalho. – comecei a caminhar até ele. – Você não tem o direito de se meter em minha vida, Peeta. – parei a sua frente.

— Você jamais conseguirá compreender tudo o que acontece a sua volta, Katniss. – seus olhos azuis focaram-se diretamente nos meus.

— Você nunca fez questão de explicar nada, Mellark. E agora já não estou mais disposta a ouvir você. – virei-me para alcançar minha bolsa sobre a mesa. – Fique longe de mim, ou você vai se arrepender. – ameacei, voltando a olha-lo.

— Desculpe, Everdeen. Mas os três dias que passei trancado naquela sala, me fez perceber que você estando por perto se tornara difícil eu esconder meus sentimentos. – falou baixo.

O analisei por alguns segundos, antes de soltar um riso sarcástico.

— Me poupe. – afastei-me dele. – Isso foi um aviso. Se você tentar se meter em minha vida novamente, não responderei por mim. – esbarrei nele ao passar, indo em direção a saída.

— Você sabe que não tenho medo de você. – debochou.

Decidi ignora-lo, afastando-me da minha sala em passos rápidos.

O que havia acontecido com Peeta?

Há três dias parecia estar arrasado demais para me confrontar. Hoje ele agia como se nunca tivéssemos estado longe e que aquilo era uma simples discussão que tínhamos enquanto estivemos junto.

Peeta Mellark apenas conseguia deixar minha mente mais confusa, e eu odiava isso.

 

~||~

 

— Você consegue prestar atenção no que eu digo, mesmo pensando no Mellark? – Gale questionou tranquilamente, dando uma colherada em seu sorvete de menta.

— Não estou pensando no Peeta. – menti olhando para minha taça de sorvete de chocolate.

Claro que eu estava pensando em Peeta. Em como ele era um idiota, que me deixava confusa, e em como eu o odiava.

— Convivemos todos os dias desde que eu entrei na delegacia. Eu vi o relacionamento de vocês. Vi como você o amava. Assim como vi o quanto passou a odiá-lo. – argumentou, me fazendo olha-lo. – Isso tudo já faz três anos e meio. Então posso dizer que eu conheço você. – Gale piscou pra mim.

— Não estou pensando nele da forma que você pensa. – suspirei derrotada, soltando minha colher. – Estou pensando no quanto eu o odeio por estar invadindo meu local de serviço.

— Nisso eu acredito. – Gale afirmou, limpando sua taça de sorvete com a colher, e colocando na boca. – Sei que lá é seu lugar sagrado. – sorrio divertido para mim. – Mas pelo que sei você não tem escolha, princesa. – apontou. – Você só precisa de alguém para amenizar o desconforto que Peeta causa. – ele se curvou levemente em minha direção. – E você sabe que eu posso ser esse alguém.

Soltei um riso ligeiramente envergonhado, balançando a cabeça negativamente.

— Você devia ser menos direto, Hawthorne. – bebi um pouco da minha água. – Isso pode constranger as pessoas.

— Eu sei. – Gale riu, olhando o relógio em seu pulso. – Temos mais quarenta minutos de almoço. – ele ergueu a mão chamando o garçom. – A conta por favor. – pediu assim que o homem se aproximou. Gale voltou a me encarar. – O que quer fazer?

Ponderei por alguns segundos. Peeta estaria na delegacia, e eu não queria encara-lo tão cedo.

— Podemos dar uma volta. – sugeri, vendo-o pegar a carteira do bolso, quando o garçom entregou a nossa conta a ele. – Você não vai pagar tudo. – alertei alcançando minha bolsa.

— Não vamos entrar em discussão, princesa. Eu vou pagar a conta, e você apenas vai me deixar desfrutar de sua companhia. – Gale respondeu entregando uma nota de cem dólares ao garçom. – Fique com o troco, amigo. – ele se levantou.

Aquela não era a primeira vez que eu almoçava com Gale, porém eu ainda me surpreendia com certas atitudes dele, o que tornava impossível ficar com raiva por seu cavalheirismo extremo.

Coloquei-me em pé, acompanhando-o lado a lado para fora do restaurante.

— Onde quer dar uma volta? – perguntou, oferecendo seu braço para que eu encaixasse o meu.

Enlacei meu braço no dele, voltando a andar devagar, para deixar que Gale me acompanhasse.

— Vamos apenas andar. – respondi.


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