Heartbeat escrita por nsbenzo


Capítulo 18
The Party


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura *-*



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Mais duas semanas haviam se passado. Havia completado quatro meses de gestação. Minha barriga ainda não aparecia muito bem, mas eu sentia meu corpo mudar, o que era um pouco assustador ainda.

Meu estresse estava se acumulando no trabalho, já que Finnick havia me colocado na área administrativa, deixando-me completamente de fora das operações em campo.

Embora a licença só venha com oito meses, ele jamais permitiria que o afilhado ou afilhada ficassem por ai, com uma mãe louca, querendo atirar ou bater em bandidos, mesmo que fosse tão pequeno ainda.

Mas havia uma coisa que equilibrava a chatice que era assinar papeis e ler relatórios.

Peeta vivia me ligando para saber como eu estava, e sempre que chegava da rua, vinha direto para minha sala.

Ele havia parado de se importar com minhas grosserias e passou a simplesmente me forçar a fazer coisas que eu não queria. Como por exemplo, tomar café da manhã, sem um café de verdade com aquele leite horrível que também não era leite de verdade.

Sem contar que Peeta não estava brincando quando falou sobre frequentar meu apartamento.

Ele parecia querer morar lá, e só saía quando eu me estressava com ele.

Porém logo voltava, me beijando carinhosamente.

Depois do momento na cozinha, sempre que ele via oportunidade, Peeta me beijava, e eu cedia facilmente. Por mais que eu sentisse medo, passar tanto tempo com ele me deixava entorpecida demais, para me importar com o que minha insegurança dizia.

Agíamos como um casal, mesmo que fosse apenas quando estávamos a sós, e isso me fazia ver que eu estava completamente rendida a Peeta Mellark.

— Pra que dar uma festa, Annie? Qual é a graça de completar 30 anos? – zombei da minha amiga, que fechava o zíper do meu vestido.

— A graça está em fazer a festa. – disse animada. – Decorar tudo, arrumar.

— Gastar dinheiro do seu marido. – ri, fazendo-a rir também.

— Claro. Mas é óbvio que Finnick não pagou tudo. Meus novos desenhos, que enviei para Los Angeles mês passado, fizeram sucesso. Acabaram comprando todos eles, você sabe. O que me garantiu uma boa grana. – explicou parando ao meu lado.

— Não sei porque ainda vende seus desenhos. Seria sua chance de se tornar estilista por conta própria. – analisei meu vestido vermelho no espelho, notando a pouca barriga por baixo dele. – Você poderia desenhar um vestido que seja bonito e que não mostre minha gravidez por ai. O que acha?

Annie soltou uma risada, encarando meu reflexo.

— Você está linda, amiga. Deixa disso. – ela sorrio. – E tenho mesmo pensado sobre ser dona dos meus próprios desenhos, ao invés de vende-los. – Annie ajeitou seus cabelos ruivos que estavam soltos e jogados pelo ombro esquerdo. – Mas isso tomaria muito do meu tempo agora, e eu quero estar com Daisy no momento.

— Estranhamente, estou começando a entender você. – virei o rosto em sua direção.

— Eu sabia que seu momento maternal chegaria. – debochou, sorrindo emocionada em seguida. – Minha filha está crescendo, e não falo sobre Daisy. – zombou, fazendo-me rir.

— Cala a boca, Cresta.

— Não sou Cresta faz um bom tempo, querida. – piscou pra mim.

— Você sempre será Cresta. – voltei a me olhar no espelho, ajeitando minha franja que estava solta, enquanto meus cabelos estavam presos em um coque perfeito que Annie havia feito.

Annie balançou a cabeça negativamente rindo.

— Quando as princesas pretendem descer? – Finnick perguntou aparecendo no reflexo do espelho, parado na porta do quarto.

— No meu aniversário de 30 anos. – respondi, ficando de frente pra ele, junto com Annie.

— Pelo menos daqui um ano e pouco você não vai estar com essa barriga gigante aparecendo no vestido. – provocou, recebendo um gesto obsceno em troca.

— Não seja assim, querido. Ela já está ficando complexada. – Ann disse caminhando até o marido.

— Katniss não me leva a sério, não é, baixinha? – disse a mim, enquanto abraçava minha amiga pela cintura.

— Vai se ferrar. – resmunguei passando pelos dois, e recebendo risadas em troca. – Odeio vocês.

Desci as escadas dando de cara com Madge.

— Você está show. – ela disse sorrindo pra mim.

— Não precisa mentir. – respondi desanimada.

— Ela não está mentindo. – a voz de Gale me fez erguer os olhos, encontrando-o parado atrás de Madge. – Você realmente está linda.

Acho que era a primeira vez, desde que descobri sobre a gravidez, que ele falava comigo sem que fosse obrigado.

Pude notar a mão de Gale no ombro de Mad, o que me fez acabar questionando com os olhos.

Madge corou fortemente, enquanto seu olhar parecia me pedir permissão.

Sorri para minha amiga, o que a fez relaxar, abrindo um pequeno sorriso em troca.

— Obrigada... Aos dois. E fico feliz que estejam aqui. – pude notar a mão de Gale descer até a cintura de Madge, me fazendo perceber que ele também havia compreendido meu sorriso. – Annie ficará feliz em vê-los.

Os dois sorriram juntos, o que deixou claro o quanto combinavam.

— Um de vocês viram com quem Daisy está? – perguntei.

— Vi Peeta com ela, acho que ele estava indo para o quintal. – Madge respondeu.

— Obrigada. – agradeci andando em direção ao lado de fora da casa.

Ao chegar na porta de vidro já pude enxergar Peeta deitado na rede, com Daisy sendo segurada em pé sobre seu abdômen.

Abri a porta silenciosamente, apenas para observa-los.

— Logo seu primo ou prima vai nascer, e ai você vai poder ensinar algumas coisinhas, não é? – Peeta falava com nossa afilhada, erguendo-a com os braços, fazendo soltar alguns gritinhos de felicidade. – Não vai ser seu parente de sangue, mas de coração, sabe? – ele continuou, colocando-a sentada. – Igual eu sou seu tio de coração, mas também sou seu padrinho. – Daisy parecia um robozinho, tentando se manter sentada, enquanto Peeta a segurava com cuidado. – E a tia Katniss, que é de coração também, mas é sua madrinha. – abri um pequeno sorriso. – Você deve amar a tia Katniss né? Você só dorme sem dar trabalho com ela. – Peeta a colocou de pé novamente. – Sei como se sente. Também me sinto em paz quando Katniss está por perto. – ele riu com o próprio comentário, fazendo-me morder a parte interna do meu lábio inferior. – Você sabe que é assim que me sinto em relação a você, não é, Katniss? – questionou ainda com os olhos em Daisy.

Abri a boca surpresa, mas permaneci muda. Peeta segurou nossa afilhada e levantou, ficando de frente pra mim.

— Achou mesmo que eu não reconheceria seu perfume? Ou seus passos? – ele deu a volta pela rede, se aproximando.

— Então isso me faz crer que tudo o que vi e ouvi foi completamente encenação. – acusei evitando sorrir.

— Claro que não. – Peeta sorrio, colocando a mão nas costas de Daisy. – Foi sincero, mas é a única forma de falar sobre sentimentos com você. Indiretamente. – explicou.

Ele usou sua mão livre para me puxar pelo braço, para que saíssemos da frente da porta de vidro.

— Espero que Daisy não se importe. – Peeta disse baixo, ajeitando-a no colo. – Mas eu vou beijar a madrinha dela.

Com sua mão livre ele me segurou pela cintura, e logo seus lábios estavam sobre os meus, enquanto Daisy resmungava, me fazendo soltar um riso curto antes de corresponde-lo.

Segurei sua camisa, sentindo-o acariciar minha cintura, enquanto eu manchava seus lábios com meu batom.

Pude sentir as mãozinhas de nossa afilhada tentar agarrar meus cabelos que tanto deram trabalho a Annie, por isso interrompi nosso beijo, selando nossos lábios.

— Não faça isso comigo, anjinho. – falei olhando-a, enquanto eu me afastava.

— Cortando meu barato. – Peeta resmungou me fazendo rir baixo, enquanto ele a ajeitava em seu braço novamente. Ele me puxou pra perto, com a mão em minha cintura. – Você está linda, meu anjo.

— Esse vestido está mostrando minha barriga. – reclamei, estendendo a mão para limpar seus lábios que estavam avermelhados. – E você está lindo de batom.

Peeta riu, deixando-me limpa-lo.

— Se for por te beijar, não tenho problemas com isso.

— Se comporta. – sorri para ele.

Alguém abriu o portão lateral do quintal, que dava na rua de trás, fazendo-me afastar rapidamente de Peeta.

Eu e ele viramos a cabeça ao mesmo tempo, podendo enxergar um homem alto, de cabelos cor de mel, vestido de maneira formal, entrar sem pedir licença.

Olhei em direção a Peeta, que parecia ter perdido a cor do rosto.

Em seguida o mesmo me olhou, estendendo Daisy para mim, que peguei sem pestanejar.

— Vá pra dentro. – foi o que ele disse.

— Peeta? – o chamei.

— Eu o conheço. Deixa comigo, Katniss. Só leve Daisy daqui. – pediu.

Não retruquei. Apenas entrei, e fui em busca de alguém para ficar com o bebê que havia acabado de ficar agitado em meus braços.

— O que foi, Katniss? – Gale me parou no meio do caminho.

— Você pode ficar com Daisy? Preciso resolver uma coisa. – pedi, entregando-a para ele.

— Está tudo bem? – questionou, ajeitando-a em seus braços.

— Espero que sim. – falei dando as costas para ele, e correndo até a cozinha dos Odair.

Alcancei uma faca leve, que seria o suficiente para jogar em alguém, e decidi voltar para perto da porta que dava no quintal.

O olhar desesperado de Peeta não era comum. Sabia que havia algo errado, por isso decidi finalmente agir como uma verdadeira parceira, e eu lhe daria cobertura, por mais que eu soubesse que Peeta ficaria muito bravo se soubesse meus planos.

Encostei na parede, onde eu conseguia ouvir a conversa, já que eu havia deixado a porta de vidro entre aberta.

— Por que está aqui, Cato? – a voz de Peeta era séria.

— Tenho notado sua proximidade com sua ex esposa. – o homem começou a falar. – Achei que você e a Cartwright estivessem juntos.

— E estamos. – falou, fazendo meu estomago dar um nó.

Encostei a cabeça na parede e fechei os olhos com força, apertando o cabo da faca em minha mão.

— Certo. Você sabe que é o melhor pra vocês dois, não sabe?

— Sei sim. Eu e Katniss somos apenas parceiros na delegacia. Não voltaríamos a ter um relacionamento. Delly é a única mulher que vejo em meu futuro. – Peeta disse com a voz firme, fazendo as lágrimas escorrerem pelo canto dos meus olhos.

Permaneci imóvel contra a parede que usava para me esconder, enquanto sua frase ecoava em minha cabeça.

Exatamente a mesma frase que ele dissera pra mim, em meu apartamento. Exatamente a mesma frase que havia me desestruturado e me feito ceder de vez a ele.

Minhas pernas haviam fraquejado, e meu coração nunca pareceu doer tanto como doía agora. Ele parecia se contrair mais a cada batida, tornando-se cada vez menor.

Desisti de ouvir qualquer outra coisa. Abri os olhos, afastei-me da porta, e voltei para a cozinha, jogando a faca sobre a pia, enquanto as lágrimas desmanchavam minha maquiagem.

O que eu estava pensando? Onde eu estava com a cabeça? Eu só podia ter realmente enlouquecido, ao deixar de lado tudo o que Peeta me causara no passado.

Segurei com força a pia, tentando me manter em pé. Um gosto amargo subiu por minha garganta, fazendo-me correr escada acima, em busca do banheiro mais próximo.

Soltei tudo o que tinha em meu estomago, enquanto as lágrimas ainda caíam sem controle.

Peeta havia destruído todas as barreiras que eu havia criado ao meu redor, para me proteger de qualquer sofrimento. Eu só não conseguia admitir, até sentir meu interior se ferindo novamente por causa dele. Foi ai que percebi que as muralhas que eu havia construído não eram nada comparado a força da destruição que Peeta Mellark causava em mim.

 

~||~

 

— Amiga! Onde você estava? – Annie veio de encontro a mim, enquanto eu terminava de descer as escadas.

Eu não tinha certeza de quanto tempo eu havia ficado trancada em seu banheiro, mas sei que foi tempo suficiente para que meu enjoo cessasse, e eu controlasse minhas lágrimas.

Minha maquiagem estava refeita, exceto pela falta de batom, e eu tentava manter um sorriso congelado no rosto.

— Eu senti um pouco de enjoo, mas já passou. – aproximei-me de minha amiga que estava de cenho franzido. – Você está linda, ruiva. Desfaça essa cara, que causa rugas. E pra sua idade, é melhor tomar cuidado. – zombei.

Suas feições mudaram, como se ela relaxasse pelo fato de eu ter feito uma piada, e Annie acabou sorrindo pra mim.

— Calada. – ela enganchou seu braço no meu, arrastando-me para a sala de estar, onde tinham algumas pessoas conversando.

Os olhos de Peeta logo pararam em mim, desviando-se da conversa que mantinha com Finnick do outro lado do cômodo.

Prendi a respiração, tentando controlar minhas emoções.

— Peeta estava te procurando, Kat. – Annie disse, fazendo o ar escapar por minha boca.

— Eu já notei. – sorri novamente, virando-me de costas pra ele, e ficando de frente para Annie. – Eu vou acabar com ele. – sussurrei para minha amiga, que arregalou os olhos. – Eu vou corta-lo em pedacinhos, Annie. – senti minha voz vacilar, mas continuei com o sorriso no rosto.

— O que ele fez agora? – perguntou, olhando rapidamente sobre meu ombro, e voltando a atenção para mim.

— Peeta Mellark é um idiota. – soltei uma risada curta. – E agora eu notei que ele é pior do que uma doença terminal. – falei baixo, sentindo as lágrimas formarem novamente em meus olhos.

Annie percebeu a gravidade da situação, por isso segurou meu braço e me arrastou para a sala de jantar que estava completamente vazia.

— Como assim, Katniss? Fale coisa com coisa. – pediu.

— Um doença terminal, quando você descobre, você se conforma que não tem mais jeito, e que sua vida já era. Mas com Peeta... Você descobre que ele está te matando, e logo parece que algo vai mudar, o que te dá esperanças. Porém, no fundo ele ainda está te matando, e te sufocando aos poucos. Quando você percebe, você voltou ao estado terminal. E ai você vive preso nessa montanha russa de sentimentos, e dores, que no final vai te matar do mesmo jeito, porém com mais dor e sofrimento.

— Amiga. Me conta o que aconteceu, por favor. – a voz de Annie era preocupada.

Eu conhecia seu olhar. Sabia o que significava. Eu estava entrando em crise.

Abri a boca para responder, mas meu coração pareceu falhar ao ver Peeta entrar, e caminhar até nós duas.

Senti que minha fisionomia havia mudado, e sem deixar Annie me deter, voei para cima de Peeta, encostando-o contra a parede, colocando meu braço direito em sua garganta. Sua mão segurou meu cotovelo, mas ele não fez menção de se soltar.

— Não quero que você se aproxime de mim. – falei entre dentes. – Nunca mais. – meus olhos ardiam, misturando a raiva com a dor de sentir o coração quebrado em pedaços novamente. – Nem de mim, nem do meu filho. – cuspi as palavras encarando seus olhos, dando ênfase na palavra “meu”. – Você não vai mais brincar comigo, Mellark.

— Solte-o, Katniss. – senti a mão de Annie segurar meu ombro direito.

Continuei encarando os olhos de Peeta, que não parecia nem um pouco confuso com minhas palavras. Acho que ele sabia que eu havia ouvido a conversa mais cedo.

Eu o soltei, observando-o esfregar o lugar que eu apertei com o braço.

— Me impressiona você não acreditar em minhas atitudes, mas acreditar em uma conversa que você ao menos sabia o motivo de estar acontecendo. – Peeta estava sério, e parecia magoado. – Achei que estava claro como eu me sentia em relação a você, mas percebo que jamais confiará em mim novamente.

— Realmente não vou. – respondi de imediato.

Peeta passou a mão direita por seus cabelos, que ficaram bagunçados instantaneamente por culpa do gel. Ele me olhou mais uma vez, antes de decidir caminhar em direção a saída da sala de jantar.

— Onde vai? – Annie perguntou.

— Resolver isso tudo, e mostrar para Katniss que minha vida longe dela, se resumiu apenas no quanto a amo.

Foram as últimas palavras que Peeta disse antes de sair, e sumir da festa de Annie.


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Notas finais do capítulo

Não
Me
Matem
Obrigada ♥

Prometo que é para o bem maior *-*
Beijos



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