Heartbeat escrita por nsbenzo
Notas iniciais do capítulo
Oioi.
Boa leitura *-*
— E ai? – Peeta perguntou ansioso, vindo de encontro a mim, enquanto eu saía do nosso banheiro.
Neguei com a cabeça de maneira lenta, tentando não demonstrar minha decepção, mas eu sabia que era impossível.
— Tudo bem. – ele disse segurando meu rosto com as duas mãos, e repousando seus lábios carinhosamente em minha testa.
— Não está, amor. – minha voz saiu fraca, enquanto eu fechava meus olhos com força. – Estamos tentando há meses. E se o problema for comigo? – senti as lágrimas se formarem por baixo de minhas pálpebras.
— Olha pra mim, meu anjo. – a voz de Peeta soou firme, fazendo-me abrir os olhos, e deixar com que as lágrimas caíssem. – Não tem nada de errado com você. – ele as secou rapidamente.
— Eu quero ir ao médico. – mordi meu lábio inferior com certa força. – Quero saber o que está acontecendo.
— Não acho que seja necessário, querida. – as mãos de Peeta desceram até meus ombros.
— É sim. Eu preciso saber, Peeta. – pisquei lentamente, sentindo o medo me corroer por dentro.
Não sabia o que realmente aconteceria se eu não pudesse engravidar, mas a insegurança me fazia pensar em um milhão de coisas que não eram nem um pouco felizes.
— Tudo bem, amor. Eu vou marcar um médico pra nós dois. – ele abriu um pequeno sorriso, selando nossos lábios.
~||~
— Por que marcar médico tão cedo? – deixei que minha cabeça pendesse pra trás, encostando no descanso do banco do carro de Peeta.
Em minha cabeça a lembrança da última vez que fui ao médico com Peeta estava fresca, deixando-me desconfortável.
A partir dali tudo começou a ruir ao meu redor. Dias depois eu descobria da minha quase infertilidade, afinal 10% de chances em 100%, não é muita coisa.
— Porque era o único horário pra hoje. – Peeta respondeu, tirando-me de meus pensamentos.
Virei a cabeça para olha-lo.
Ele estava nervoso. Era nítido pra mim, como se estivesse escrito em sua testa.
Peeta estava atento a rua, e mal mexia seu corpo, a não ser quando necessário. Os nós de seus dedos ficavam esbranquiçados, sendo enquanto ele segurava o volante, ou o câmbio de marcha.
— Você poderia, por gentileza, colocar o cinto de segurança? – sua voz soou com uma ponta de sarcasmo, fazendo-me revirar os olhos.
Desencostei a cabeça, e puxei o cinto, prendendo-o sem muita vontade.
— Você consegue perceber que me fez acordar cedo em pleno sábado? – reclamei olhando pela janela, observando o grande fluxo de carros. – Sem contar que vamos ficar o dia todo na rua, por culpa do transito.
— Tomou café? – questionou, ignorando completamente o que eu dizia.
Suspirei cansada, virando a cabeça para olha-lo.
— Não. Eu mal acordei, Mellark.
Peeta parou o carro no semáforo. Em seguida soltou o cinto, e se esticou até o banco traseiro.
— Comprei caso sinta fome. – ele estendeu um saquinho de padaria e um copo de papelão em minha direção. – Sei que você não tem comido de manhã. Mas se quiser, é todo seu. – Peeta percebeu que eu não pegaria, por isso o mesmo colocou o copo com cuidado entre minhas pernas, e o saco sobre meu colo. – De nada. – falou sarcasticamente, prendendo o cinto novamente.
Estreitei os olhos, fitando-o, mesmo que Peeta já não prestasse mais atenção em mim, e sim nas luzes coloridas acima de nossas cabeças, que ainda estava parada no vermelho.
Decidi abrir o saquinho, dando de cara com uma enorme rosquinha de chocolate, o que fez meu estomago reclamar de fome, coisa que ele não havia feito até então.
Notei o olhar que Peeta deu pra mim, acompanhado de uma risada.
— Cala a boca. – resmunguei, tirando o copo do meio de minhas pernas. – O que tem aqui? – perguntei.
— Café descafeinado com leite de soja. – Peeta acelerou, saindo da avenida, e entrando em uma rua secundária.
— Ta tirando com a minha cara? – soltei, torcendo o nariz.
— Você vai consumir a rosquinha de chocolate, que é gordurosa demais, por isso o leite de soja. E você precisa se acostumar a consumir menos cafeína por dia. – tentou explicar, mas permaneci encarando-o incrédula. – Que foi? – perguntou olhando-me rapidamente, antes de voltar a atenção para a rua.
— Cafeína é vida, Mellark. Você não pode me dar um café assim. E esse leite deve ser horrível... – resmunguei. – Só pode ser brincadeira.
— Já experimentou?
— Não.
— Então sem julgamentos, antes de tomar. – Peeta abriu um meio sorriso, fazendo-me revirar os olhos.
Levei o copo até a boca, e deixei meus lábios sentirem a quentura da bebida. Logo o líquido molhou minha língua, me fazendo torcer o nariz novamente.
— Não, obrigada. – coloquei o copo no porta copos do carro. – Só a rosquinha mesmo. – a tirei do saquinho, já dando a primeira mordida.
— Às vezes você ainda parece a garota com 18 anos que conheci. – comentou, fazendo-me virar o rosto em sua direção.
— Isso é ruim? – perguntei, mordendo outro pedaço do doce.
— Não. – ele riu baixo, balançando a cabeça negativamente. – Eu me apaixonei por você quando te conheci. Então você agir dessa forma, me faz ver que eu estava certo, e que ai dentro ainda existe um pouco da minha Katniss.
Fiquei calada, deixando o que sobrou da rosquinha cair dentro do saquinho.
Peeta estacionou o carro, e virou para me olhar. Um sorriso surgiu em seus lábios, assim que seus olhos pararam em meu rosto.
Ele soltou seu cinto, fazendo o mesmo com o meu. Logo Peeta se aproximou, fazendo-me ficar mais paralisada do que eu já estava.
— Não precisa ficar com essa cara de assustada, meu anjo. – disse baixo. – Eu prometi que não te agarraria. – seu polegar passou no canto da minha boca. – É que tem chocolate por toda sua boca. – Peeta riu, passando o dedo do outro lado.
Senti minhas bochechas queimarem de vergonha, mas continuei em silêncio, deixando-o me limpar.
— Vamos? – Peeta perguntou, saindo do carro.
Eu não tinha muita escolha. Apenas desci, deixando o resto da rosquinha no banco do carona, e caminhei lado a lado com Peeta.
~||~
— Então está tudo em ordem? – Annie perguntou, me estendendo Daisy que tentava colocar toda sua mão dentro da boca.
— Sim. – respondi, a ajeitando em meu colo.
— Mais ou menos. – Peeta se meteu, entrando logo depois de mim.
Revirei os olhos, andando até o sofá.
— Por quê? – Ann me olhou confusa.
— A doutora disse que Katniss está com falta de vitaminas por se alimentar mal.
— Não quero saber de sermão, então calem as bocas. – falei irritada, antes que Annie começasse seu longo discurso. – Não quero saber de ninguém me enchendo o saco. – sentei com Daisy, segurando-a em pé, com os pés sobre as minhas pernas.
— Não vou dar sermão em ninguém. – Ann pareceu ressentida. – Apenas coloque na sua cabeça dura, que agora você tem um ser humano dentro de você, que depende de boas e responsáveis atitudes para crescer saudável. – ela caminhou em direção a porta que dava para seu quintal, onde, com certeza, Finnick preparava nosso almoço na churrasqueira
— Odeio isso. – olhei Daisy que tentava estender a mão babada em minha direção.
— O quê? – Peeta perguntou, mas eu sabia que o mesmo viria com a resposta em seguida. – Que estejamos tentando cuidar de você e do bebê?
— Sim. – o olhei, percebendo que ele estava com os braços fortes cruzados em frente ao peito, e com a cara levemente fechada. – Eu não sou criança.
— Mas age como uma. – retrucou. – Você ouviu o que a médica disse. Que você precisa se cuidar. E eu tenho certeza que não fará isso sozinha, porque parece que você não se importa com nosso filho.
Estreitei os olhos, segurando Daisy junto ao meu corpo e colocando-me de pé. Peeta não recuou, pois permaneceu com cara de quem estava com raiva.
— Não vamos entrar nessa discussão, Peeta. Será melhor para ambas as partes. – falei com raiva contida. – Mas antes que continue a pensar que eu sou um monstro, eu me importo sim com o bebê. – olhei em seus olhos que pareciam ter minguado um pouco em relação a raiva. – Eu só não me adaptei ainda. São muitas informações para uma pessoa que quase foi declarada como louca depois de perder o marido e as esperanças de ser mãe, tudo no mesmo ano, e que agora está grávida do ex marido. – Peeta soltou os braços ao lado do corpo, e sua expressão havia mudado para algo que eu não conseguia decifrar. – Então vai com calma, Mellark. – a cabeça de Daisy havia se encostado em meu ombro, fazendo-me sentir sua leve respiração em meu pescoço.
— Eu sei que isso ainda está confuso em sua cabeça, mas eu estou aqui pra te ajudar a se adaptar. – Peeta não olhava especificamente pra mim, mas sim para mim e Daisy, pois seus olhos estavam exatamente em minha mão que acariciava as costas do bebê. – Apenas baixe a guarda, Katniss.
— Eu já baixei a guarda demais pra você, Peeta. – respondi sinceramente. – Acho que agora você vai precisar aprender a passar por minhas barreiras.
— Você está me dando permissão pra isso? – ele acabou abrindo um sorriso grande demais.
— Não significa que seja seguro. – falei depois de analisa-lo por alguns segundos.
— É um sim? – Peeta não parecia se importar com o que eu havia dito.
Mordi o lábio inferior, ainda sentindo o medo de me arrepender gritar dentro de mim.
Apenas abri um novo sorriso para ele, antes de sair em direção ao quintal dos Odair.
~||~
— Tá vendo? Devíamos ter andado de táxi o dia todo. Você mal consegue parar em pé. – acusei Peeta, que resolveu descer de seu carro ao me deixar em frente ao meu prédio.
— Não devo dizer de quem é a culpa, certo? – provocou, andando atrás de mim, até ficar ao meu lado, fazendo-me notar que ele estava mancando.
Senti meu rosto esquentar.
Seu pé não havia sofrido tantos danos com o tiro que eu havia dado, mas ele sentia dores ao se esforçar muito, já que era recente.
E como ele havia dirigido na parte da manhã e agora a noite ao me trazer para casa, era de se esperar que ele sentisse dores.
Passei pelo porteiro, andando pelo pequeno corredor.
— Por que está me seguindo? – questionei ao entrar no elevador, e Peeta parar ao meu lado.
— Porque você ainda não me mandou embora. – respondeu prontamente, fazendo-me virar o rosto para olha-lo.
— Tudo bem. Vá embora. – disse grosseiramente, já andando até a porta do meu apartamento.
— Nem parece que você estava um amorzinho na casa dos Odair há alguns minutos atrás. – comentou parando próximo a porta, que eu já abria com as minhas chaves.
— Eu não sou um amorzinho, querido. Coloque isso em sua cabeça. – entrei, e não fiz questão de manda-lo sair quando o mesmo me seguiu e fechou a porta.
— Você era. – Peeta se jogou em meu sofá, como se já estivesse familiarizado com meu apartamento, mas na realidade, era a primeira vez que ele entrava ali.
— Acredito que você esteja se aproveitando, já que Finnick tirou minhas armas. – falei andando até a cozinha, em busca de água.
— Você não poderia atirar em mim. Temos um acordo. – ele rebateu. – E você não deveria mandar embora quem te serviu de motorista o dia todo. Na verdade, você devia me deixar tomar um banho e cuidar de mim.
Virei a cabeça em sua direção com os olhos semicerrados, podendo notar o sorriso em seus lábios.
— Sonhe. – peguei uma garrafinha de água mineral na geladeira. – Vai querer? – perguntei abrindo-a.
— Não. – ele franziu as sobrancelhas. – Para ser sincero, agora que você citou uma coisa... – Peeta se levantou e começou a andar em minha direção mancando levemente. – Você disse que Finnick tirou todas suas armas? – questionou parando a minha frente.
Ergui minha sobrancelha esquerda, franzindo os lábios.
Eu sabia onde ele queria chegar.
— Temos um acordo. Você não pode quebra-lo só porque não vou atirar em você. – falei enquanto dava um passo pra trás e bebia minha água.
— Na verdade... Eu posso sim. – Peeta deu um sorriso torto. – O que tem demais, se eu te beijar agora? – questionou dando um passo em minha direção. – Fizemos coisa pior no ano novo, e bem que resultou em uma coisa boa. – argumentou. – Não somos tão ruins juntos.
— Você tem namorada. – falei baixo, apertando a garrafa levemente.
Meus olhos pararam nos dele.
Como eu sentia falta de acordar e dar de cara com o mar azul que eram seus olhos.
— Eu e Delly... Nós não temos nada. – Peeta passou a mão esquerda em seus cabelos, tirando-os do lugar.
Suspirei, cortando o contato visual e ficando de costas para ele, para me concentrar em minha pia que transbordava com louças do dia anterior, e talvez do outro dia.
Deixei minha garrafa de lado, e comecei a ensaboar os talheres.
— Katniss. Acredite em mim. – seu tom denunciava que ele estava implorando.
— Eu acreditei das outras vezes, Peeta. E sempre aconteceu algo que me fez desacreditar. – respondi continuando meu serviço. – E da última vez eu estava disposta a te ouvir, mas você não quis me explicar. – mordi o lábio inferior. – Acho que para o bem da nossa relação como pais, e para o bem do bebê, é melhor você não insistir. Pelo menos não agora.
Pude ouvi-lo se mover atrás de mim, mas não me importei. Continuei a ensaboar um dos pratos sujos.
— Quando você disse que eu deveria aprender a passar por suas barreiras, o que quis dizer com isso? – questionou, me fazendo notar que ele estava mais perto. – A única barreira de verdade que há entre nós dois, é o seu medo de me deixar ficar por perto, e de confiar em mim. – senti seus braços me envolverem, enquanto suas mãos repousaram em minha barriga, me fazendo soltar a panela que eu lavava. – E você sorrio pra mim. Aquilo foi um sim. Que eu tinha permissão para tentar, e é por isso que eu estou aqui.
Meu corpo estava congelado no lugar, enquanto a água fria da torneira caía sobre minhas mãos que tinham repousado sobre as louças que ainda restavam dentro da pia.
— Eu quis dizer sobre eu não aceitar ajuda. – falei, mas minha voz havia falhado na última palavra ao sentir seus lábios quentes beijarem a curvatura do meu pescoço. – Peeta. – eu o chamei, fechando a torneira. Ele continuou a beijar até alcançar meu ombro. – Peeta. – murmurei mordendo o lábio inferior. – Me ouça, está bem? – pedi.
— Tudo bem. – sussurrou contra minha pele causando-me arrepios. – Eu posso te ouvir. – falou afastando-se. – Mas só um pouco. – completou, soltando-me em seguida.
Alcancei o pano de prato para secar minhas mãos e me virei para olha-lo.
— O que há entre você e a Delly que eu não posso saber? – questionei, o que pareceu assusta-lo.
— Não tem nada, Katniss. Ela é minha colega do Brooklyn. Apenas isso. – afirmou sem pestanejar.
— E não teria sido simples me dizer isso antes? Ou ter negado antes, quando eu dizia que ela era sua namorada? – minha voz estava tranquila, enquanto meus olhos analisavam suas reações.
— Não estamos falando sobre mim e Delly. – ele suspirou cansado. – E sim sobre mim e você.
— Não existe eu e você, se existe você e Delly, por isso estou perguntando. – falei, jogando o pano de prato sobre o fogão, que estava com a tampa de vidro abaixada.
— Eu tive alguns problemas no Brooklyn, e a Delly apenas tentou ajudar. Eu não estou com ela, nunca estive. – ele respondeu. – Você é a única mulher que imagino em meu futuro. – suas mãos seguraram meu rosto.
Abri a boca, mas as palavras pareciam ter sumido.
Peeta se aproximou devagar, mas ao invés de beijar minha boca, seus lábios repousaram demoradamente em minha testa.
— Eu não me importo de ter que ganhar sua confiança, e nem que eu tenha que esperar até você tê-la novamente. – disse se afastando para olhar em meu rosto. – E é por isso que não vou te beijar agora. Porque quero que você confie em mim. Se eu disse que não vou quebrar nosso acordo, não o quebrarei.
Continuei estática, olhando-o nos olhos, sentindo minha respiração alterar com tão pouca distância que havia entre nós dois.
Meus olhos desceram para sua boca e voltaram para os seus olhos.
— Mas bem que queria quebrar nosso acor...
Antes que ele completasse sua frase, eu mesma havia ficado nas pontas dos pés, e tocado meus lábios nos dele.
Peeta não pensou duas vezes para corresponder, e descer as mãos para minha cintura.
Minhas mãos repousaram em sua nuca, enquanto ele intensificava o beijo.
Eu não sabia o que realmente acontecia comigo, mas algo parecia encobrir todos os sentimentos confusos, fazendo-me focar apenas em quanto sentia falta de Peeta.
Ele me encostou contra a pia, pressionando seus dedos em minha cintura, fazendo-me sorrir entre o beijo. Meus dedos da mão esquerda se enterraram em seus cabelos loiros, enquanto minha mão direita deslizava até alcançar seu ombro.
Eu mordi seu lábio inferior sem força, e me afastei em seguida, apenas para olha-lo.
Peeta tinha um sorriso no rosto.
Suas mãos passaram a acariciar minhas costas, enquanto continuamos a nos encarar.
Eu sabia que não devia estar cedendo, mas era tão bom beija-lo que eu não me importava agora.
— Eu te amo, Katniss. – ele disse baixo, olhando em meus olhos.
Mordi meu lábio inferior, sentindo que a resposta estava na ponta da língua, porém algo me impedia de dizer.
Abri apenas um pequeno sorriso, selando nossos lábios.
— Você sabe que você acaba de me dar permissão para frequentar seu apartamento, certo? – questionou, não parecendo se importar com minha falta de resposta.
— Acho que não será de todo ruim. – respondi, acariciando a parte de trás de sua cabeça. – Mas não conte com muita gentileza da minha parte.
Peeta riu baixo e negou com a cabeça.
— Eu não me importo.
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Até o próximo.
Beijos ♥