Heartbeat escrita por nsbenzo


Capítulo 16
The perfect time


Notas iniciais do capítulo

E eu voltei rapidinho *-*
Boa leitura



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/703378/chapter/16

P.O.V Peeta

Como assim Katniss sabia que não era dele? Como ela podia afirmar com tanta certeza?

Isso significava que a minha Katniss, ainda era só minha? Que ela não havia estado com Gale?

É como se meu cérebro estivesse travado, pois fiquei imóvel olhando aquela mulher que eu tanto amava, deixando claro que o bebê que ela esperava era meu também.

Alguém socou meu nariz com força, fazendo-me cair sentado no chão pelo meu despreparo.

Pisquei algumas vezes até focar em meu agressor.

Finnick havia entregado Daisy para Madge, que estava mais próxima dele, e agora segurava Gale, que tinha uma veia saltada em seu pescoço, e tentava avançar em minha direção. Passei a mão abaixo do meu nariz, apenas para constatar que estava sangrando.

Fitei Katniss, que tinha a mão sobre a boca. Seus olhos brilhavam com lágrimas.

— Vamos embora, Hawthorne. – Finn pediu, puxando-o para longe.

— Eu vou acabar com você, Mellark. – cuspiu as palavras, tentando se desvencilhar de Finnick.

— Para com isso! – Katniss exclamou, chamando a atenção dele. – Peeta não fez nada sozinho. Eu tenho mais culpa que ele. – grossas lágrimas começaram a rolar por suas bochechas. Gale parou de tentar avançar em mim. – Fui eu que cedi... Eu traí você. – ela disse o óbvio, porém com dificuldade.

— Isso ficou claro. – Finnick soltou Gale, quando notou que ele apenas queria se aproximar da cama de Katniss. – Só me diga uma coisa... Por quê? – suas palavras saíram em tom baixo, o que fazia-me notar que Gale estava realmente mais do que magoado.

Meu amigo ajudou-me a levantar, pegando as muletas e entregando pra mim.

Katniss ficou muda novamente, parecendo estar em uma luta interna em sua mente, enquanto o Hawthorne a fitava com raiva.

— Gale. – Madge chamou se aproximando. – Eu sei que você está com raiva, mas você sabe que as coisas entre os dois são complicadas. – ela entregou Daisy a Annie. Gale manteve-se imóvel encarando Katniss, mas parecia atento as palavras de Mad. – Sei que apesar de tudo você gosta da Kat. E mesmo que as circunstancias sejam terríveis e confusas, nossa amiga está grávida. – ela mordeu o lábio inferior parecendo preocupada. – É uma coisa que ela achou que jamais aconteceria. – Gale virou para olhar Madge. – E mesmo que ela e Peeta vivam nesse constante amor e ódio, assim que toda a insegurança do momento passar, Katniss estará feliz. Eu sei que você quer vê-la feliz.

— É o que eu mais quero. – respondeu com a voz rouca. – Mas não com esse filho da mãe que a magoou tanto. – seus olhos estavam vermelhos de raiva, e ele voltou a me encarar, como se fosse me bater novamente.

— Ei, grandão. – Mad se colocou na frente dele, puxando seu rosto com as duas mãos. – Peeta não importa agora. Katniss estará feliz com o bebê. Isso sim é a parte legal. – Gale estava atento a Madge de novo. – Sua raiva vai passar, e você vai ver que você e ela não era pra ser.

Olhei em direção a Katniss que ainda chorava. Seus olhos pararam em minha direção.

Ela se sentia culpada. E agora eu entendia o que Madge dizia. Katniss não estava feliz. Não nesse momento. Não vendo alguém sofrendo por sua causa.

Mas eu realmente torcia para que seu sentimento mudasse em relação ao bebê, porque no fundo, apesar de tudo, aquele estava sendo o dia mais feliz da minha vida.

Gale afirmou com a cabeça devagar.

— Eu te dou uma carona pra casa. – Madge abriu um meio sorriso, soltando o rosto do Hawthorne. – Me liga depois Kat. – pediu.

Gale saiu sem dizer mais nada, sendo seguido pela loira que me salvara de outros socos.

— Podemos conversar, Katniss? – perguntei em tom baixo.

Finnick e Annie trocaram um olhar, e sem dizer nada saíram do quarto, nos deixando a sós.

— Claro. – respondeu, esfregando o rosto com as duas mãos. Ela pareceu se esforçar para parar de chorar, porém seus olhos não permitiam. – Mas você deveria ir ver seu nariz. Acho que está quebrado.

— Não está não. Foi só um soco. – sorri torto, limpando o sangue com minha própria jaqueta. – O que passa por sua cabeça agora? – perguntei.

— Tudo... Nada. Eu não sei. – Katniss me olhou, demonstrando a confusão que estava dentro dela, apenas por sua feição. – Há alguns anos era tudo o que eu mais queria...

— Você não quer mais? – questionei tentando me manter tranquilo.

Não queria assusta-la, ou fazer com que nossa conversa se tornasse uma discussão, como sempre fazíamos.

— Eu... Eu quero. – gaguejou. – Mas não queria dessa forma. – Katniss respirou fundo, passando seus dedos por suas bochechas. – Olha pra gente, Peeta. Não somos mais o que éramos naquele tempo. Agora nós somos desajustados, e vivemos em pé de guerra. – disse fechando os olhos. – O que iremos dizer para o nosso filho?

— Que ele é um milagre? – sugeri, fazendo-a abrir os olhos. – Pensa comigo, Katniss. Tentamos tanto, e nada aconteceu. Anos depois, depois de uma noite apenas, você engravida. Talvez tenha vindo no momento perfeito.

— Perfeito pra quê? – ela franziu o cenho.

— Não sei se você acredita, mas talvez esse bebê seja a oportunidade da gente se acertar. – falei observando sua reação.

Katniss abriu a boca, mas a fechou rapidamente, parecendo pensar no que diria em seguida.

— Desculpa, mas isso nem passa por minha cabeça agora. – finalmente respondeu, soltando o ar pela boca.

Decidi me aproximar um pouco mais. Katniss acompanhou meus movimentos com os olhos.

— Tudo bem. – encostei as muletas na parede, e empurrei cuidadosamente suas pernas para o lado, tomando espaço para sentar em sua cama. – Não precisamos pensar em nós dois exatamente. – comecei a falar. – Mas precisamos tentar conviver melhor... Sem tiros no pé. – sugeri, olhando-a.

Suas bochechas coraram, e ela mordiscou o lábio inferior, mostrando que sentia um pouco de culpa por aquilo, mas que jamais diria em voz alta.

— Certo. Vamos fazer um acordo. – Katniss se ajeitou na cama. – Eu paro de te agredir fisicamente... – ela parou de falar parecendo lembrar de algo. – Eu tento parar de te agredir fisicamente. – corrigiu o que dizia. – Se você prometer que não vai tentar me agarrar, só porque estarei sendo legal com você.

Tudo bem. Fazia um bom tempo que eu não tentava beija-la, mas ela me conhecia.

Katniss sabia que me dando brecha, eu tentaria, sim, agarra-la.

— Se você vai tentar, eu também tenho direito de apenas tentar e não prometer. – dei um sorriso torto.

Katniss fechou a cara, fazendo com que um bico se formasse em seus lábios.

Meu coração deu pulo em meu peito, e eu precisei contar até dez mentalmente, para segurar a vontade de beijar aquela boca.

Saí da cama com dificuldade, sentindo a dor do meu pé subir por minha perna. Fiz uma careta alcançando as muletas, e arrumando-as embaixo dos braços.

Era melhor eu evitar, antes que eu quebrasse o acordo sem ao menos tê-lo fechado.

Fiquei de frente pra ela.

— Podemos fazer esse acordo?

— Depende. São tentativas certo? – Katniss mordeu seu lábio inferior. – Por que eu tenho sido uma pessoa estourada... E a gravidez mexe com os hormônios. – tentou se explicar parecendo confusa com o que dizia. – Você entende que terei dificuldades em ser um doce de pessoa?

Acabei soltando uma risada baixa, e neguei com a cabeça.

— Você só precisa parar de me ameaçar com armas de fogo. – sugeri. – Tudo bem?

— Certo. – ela franziu o cenho. – É tão estranho.

— O quê? – perguntei.

— Tudo isso. – Katniss abaixou o olhar enquanto brincava com a borda do lençol que cobria suas pernas. – Eu, você, um bebê, agora. – seus olhos encontraram os meus. – Vai demorar para eu me acostumar.

— Eu sei que é confuso, mas de qualquer forma hoje é o melhor dia da minha vida. – confessei.

Ela pareceu ponderar por alguns segundos.

— Acho que o meu também. – Katniss deu um pequeno sorriso, soltando o lençol. – Bom... Acho que você realmente deve ir ver se está tudo bem com o seu nariz. – mudou de assunto. – O sangue está me incomodando.

Eu sabia que esse tipo de conversa sem briga, era raro, e que provavelmente demoraria a acontecer de novo. Mas de qualquer forma, eu tentaria ser o melhor pai possível, e acho que Katniss sabia disso, pois pelo olhar que ela lançou pra mim quando virei-me para olha-la antes de me retirar de seu quarto, deixava claro que pela primeira vez, depois de tanto tempo, eu havia passado segurança a minha ex esposa.

E eu me esforçaria ao máximo para que tudo continuasse a se encaminhar dessa forma.

 

P.O.V Katniss

Eu ainda estava confusa, e um pouco em choque, mesmo depois de uma semana que eu havia recebido a notícia da minha gravidez.

A ficha parecia não ter caído, e se não fosse os enjoos que se tornavam frequentes pela manhã, eu acharia que estava presa novamente em um truque da minha cabeça.

Mas não. Era real. Estava acontecendo. Eu ainda me sentia um pouco em pânico. E embora eu tenha chorado algumas noites seguidas, pensando na confusão que minha vida estava novamente, eu me esforçava para tentar acreditar na veracidade dos fatos.

Eu estava mesmo grávida. Grávida de Peeta Mellark. Meu ex marido. Meu ex marido que me traiu e que eu mandei embora de casa há alguns anos.

Qual era o sentido disso tudo? Eu realmente não sabia.

A conversa que tivemos no quarto não fora uma conversa comum. Se eu estivesse em mim naquele momento, talvez eu tivesse surtado, e nem teria tido a sensatez de tentar dialogar com Peeta. Porém eu estava entorpecida demais para encenar alguém que eu não era.

Peeta tinha razão quando disse sobre a Katniss que eu tentava manter, porém naquele momento, máscara nenhuma conseguiria esconder quem eu realmente era.

Ali estava a Katniss de anos atrás. A que tinha medo de tudo, que era insegura, que precisava de alguém para protege-la. E estranhamente, o olhar de Peeta, me passou toda a segurança que eu precisava, então decidi ignorar qualquer outra coisa que não fosse o nosso acordo naquele quarto.

Gale me evitou durante a semana que se passou, mas Madge parecia estar fazendo um bom trabalho, já que ao menos ele não agrediu Peeta nenhuma outra vez enquanto se esbarravam por ai.

E notando agora, a forma que Mad tem agido, acredito que minha amiga esteja apaixonada pelo Hawthorne. A forma que ela cuida dele, que se preocupa, e parando pra pensar, o quanto Madge tentava estar por perto, desde que se conheceram.

Talvez eu tenha sido egoísta demais para enxergar que minha amiga está apaixonada há muito tempo por Gale.

— Eu não quero comer. – reclamei com Peeta, que havia colocado uma caixa de papelão com comida chinesa sobre minha mesa.

Não. Ele não tinha errado na escolha. Sua memória era boa, e o mesmo sabia que minha comida preferida era chinesa. Porém eu estava completamente estufada, mesmo sem ter comido nada desde a noite anterior.

— Você precisa se alimentar. – Peeta sentou na cadeira a minha frente e abriu sua própria caixa. – E já que você não quis sair pra almoçar comigo, almoçamos aqui. – ele pegou seu hashi, e começou a comer seu yakissoba.

— Isso está parecendo tão nojento hoje. – torci o nariz, empurrando a caixa pra longe de mim.

— Você nem abriu a sua. – Peeta ergueu a sobrancelha esquerda.

— Mas vi a sua. – rebati, cruzando os braços. – Não vou comer. – ergui a sobrancelha direita, desafiando-o.

— Vou ligar para Annie. – ameaçou, pegando o celular em seu bolso.

Revirei os olhos, e puxei a caixa pra perto.

— Se eu enjoar, e vomitar aqui, você vai limpar tudo. – alertei, abrindo-a.

— Eu jamais me negaria a isso. – zombou, voltando a guardar o celular, e pegando o hashi novamente. – É para o seu bem e do bebê. Você precisa se cuidar. – Peeta voltou a comer.

Revirei os olhos novamente.

Peguei o par de hashi e pesquei um pedaço de couve flor que estava marrom por culpa do molho shoyu.

Fiz uma careta de desgosto.

— Olha... Não vai dar. – coloquei de volta na mesa. – Sei que suas intenções são boas, mas é sério, não me force a comer.

Peeta continuou comendo seu yakissoba, mas seus olhos estavam atentos em mim.

— Não vejo como eu poderia força-la a qualquer coisa. – respondeu voltando sua atenção para sua comida.

— Que bom que tem isso em mente. – empurrei minha cadeira com os pés, afastando-me mais da mesa.

— Mas amanhã você terá sua primeira consulta com uma médica ai, que eu esqueci o nome. – falou de boca cheia. – Sei que é ginecologista obstetra, e que eu vou com você.

— Quem te deu liberdade para marcar consultas para mim? – questionei irritada.

— Annie Odair. – respondeu, fazendo-me ficar calada. Peeta soltou uma risada. – Parece que alguém tem medo da ruiva.

— Não tenho medo dela. – disse observando-o comer. – Eu tenho respeito por Annie e seu momento maternidade. – pontuei. – Ela sabe o que faz.

— Eu também sei. – Peeta franziu o cenho. – Acha mesmo que não tenho lido sobre o assunto?

Soltei uma risadinha debochada, mas saber que ele estava tentando fazer as coisas da maneira correta, mexeu com algo dentro de mim, fazendo com que meu estomago gelasse.

— E por que precisou de Annie pra marcar minha consulta? – perguntei.

— Porque Ann sabe mais do que eu. E ao menos eu sabia qual médico procurar. Só precisava saber de alguém de confiança. Ela indicou a médica que cuidou dela. – explicou. – Annie disse que eu deveria marcar, sem esperar por você, porque você, talvez, ainda esteja um pouco em choque. – ele colocou a sua caixa sobre a mesa.

Mordisquei meu lábio inferior nervosamente, descruzando meus braços.

— Como Delly reagiu sobre a gravidez? – decidi perguntar.

— Eu e Delly não somos como você pensa, Kat. – falou passando a mão direita por seus cabelos.

Ergui minha sobrancelha direita, mas decidi me calar. Era melhor, antes que virasse uma discussão, coisa que eu estava evitando.

— Então eu tenho uma consulta amanhã? – perguntei.

— Sim. Passo na sua casa para te pegar. – avisou.

— Vou adorar. – disse ironicamente.

Peeta sorrio e negou com a cabeça, voltando a comer.

Eu já havia notado que ele não dava mais corda para minhas implicâncias, o que, no fundo, eu agradecia por isso. Realmente era algo incontrolável, e que eu só notava agora, que eu sabia o motivo.

Ficamos em silêncio por alguns minutos.

Peeta almoçava seu yakissoba que ainda parecia nojento no momento, enquanto eu o observava comer.

Em outros dias ele faria algum comentário imbecil, por eu não parar de olha-lo, mas agora isso também havia mudado, por isso eu pouco ligava para o que Peeta pensava sobre o meu olhar atento sobre ele.

Eu tinha meus motivos.

Aquilo era tudo muito surreal ainda.

Ter Peeta a minha frente me mandando comer para o bem de nosso filho, era algo louco demais, mas ainda assim era uma forma de eu tentar me agarrar a realidade, por isso meus olhos mal se mexiam, enquanto Peeta estava desatento tentando pegar algo em sua caixa de papelão.

— Peeta. – eu o chamei.

— Sim? – ele me olhou.

— Vamos ter um bebê. – soltei a frase, mais para mim do que pra ele.

— Sim, meu anjo. Vamos ter um bebê. – Peeta disse abrindo um grande sorriso.

Acabei sorrindo com sua afirmação.

Nós teríamos um bebê, e mesmo que fosse a coisa mais louca que poderia acontecer na nossa situação, eu estava feliz com o fato.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E foi isso gente *-*
Obrigada por tudo.
Até os reviews ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Heartbeat" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.